Capítulo 6- Os escritos de Derfel

N/A: Ufa! Depois de uns capitulozinhos de enrolação, vamos colocar essa fic nos eixos. Vamos ver o que acontece agora que a biblioteca saiu de reformas.

Nos últimos dias, Seren andara muito distraída, devida às preocupações com sua missão, que nem fora iniciada ainda. Passava as aulas todas pensando em como explicar seu atraso à Grã-Sacerdotisa. Ela não aceitaria que a biblioteca estivesse simplesmente em reformas. E durante as refeições, ela levava a mão à lua crescente em sua testa o tempo todo. Um dia, vendo-a fazer isso repetidas vezes, Harry perguntou-lhe o porque.

- Simplesmente porque ela me lembra que eu jurei lealdade à Deusa, e que não estou cumprindo minha missão.

E foi num desses dias, durante o almoço, quando Seren tocava a cicatriz, e murmurava palavras de desculpa, que Dumbledore anunciou:

- Alunos, tenho o prazer de informar que a biblioteca já está funcionando normalmente. E...

Antes que Dumbledore pudesse terminar, Seren levantou-se e saiu do Salão. O diretor pareceu não ligar e continuou dando os avisos.

Foi com grande alegria que ela viu que, realmente, a biblioteca estava aberta.

- O que deseja? – perguntou Madame Pince à garota (que, incrivelmente, usava o uniforme da Corvinal)

- Você, por acaso, teria um livro... ou pergaminhos, com o Evangelho de Jesus Cristo em saxão?

Por sorte, nesse instante Seren se lembrou que os druidas a tinham advertido que os escritos de Derfel Cardarn estivessem escondidos, sob o pretexto de ser o Evangelho de Jesus.

- Se me permite perguntar, por que uma sacerdotisa da Ilha Sagrada procuraria pelo Evangelho?

- Digamos que nada parece ser o que na verdade é.

- Vou procurar.

Madame Pince sumiu atrás de algumas prateleiras, para depois voltar com um livro muuito grosso, velho, escrito em letras douradas: "O Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo", que Seren só conseguiu ler porque aprendera saxão.

Felicíssima, ela pegou os escritos e foi para seu dormitório. Assim que lá chegou, ela pegou seus materiais para as aulas que teria logo em seguida e saiu do dormitório, indo para a aula de Transfiguração. Chegou na sala quando ainda tinham poucos alunos. Então abriu o livro na primeira página e começou a lê-lo.

" Há muito tempo, numa terra chamada Britânia, estas coisas aconteceram. O Bispo Sansum, a quem Deus deve abençoar acima de todos os santos vivos e mortos, diz que estas memórias deveriam ser lançadas no poço sem fundo junto com as outras imundícies da humanidade decaída, pois são as histórias dos últimos dias antes que a grande escuridão baixasse sobre a terra que chamamos de Lloegyr, que significa Terras Perdidas, o país que um dia foi nosso mas que nossos inimigos agora chamam de Inglaterra. Estas são as histórias de Artur, o Senhor das Guerras, o Rei que Nunca Existiu, o Inimigo de Deus e – que o Cristo vivo e Sansum me perdoem – o melhor homem que conheci. Como chorei por Artur!"

Seren continuou a ler, até que a professora entrou na sala, e ela guardou o livro. Mas não se agüentou muito tempo e voltou a ler.

"Hoje está frio. Os morros são de uma palidez mortal e as nuvens escuras. Teremos neve antes do anoitecer, mas Sansum certamente nos recusará a benção de um fogo aceso. É bom para mortificar a carne, diz o santo. Agora estou velho, mas Sansum, que Deus ainda lhe dê muitos anos, é ainda mais velho, de modo que não posso usar a idade como argumento para destrancar o depósito de lenha. Sansum dirá apenas que o sofrimento é uma oferenda a Deus que sofreu mais do que todos nós, e assim, nós, os seis irmãos, trememos no semi-sono, amanhã o poço estará congelado e o irmão Maelgwyn terá de descer pela corrente para bater com uma pedra no gelo, antes que possamos beber."

Seren se entreteu tanto na leitura, que passou a aula toda lendo. Só percebeu que o fizera quando ouviu o sinal tocar.

Na próxima aula, voltou a ler, e na próxima e na próxima. E assim foi, até que todas as aulas daquela tarde se passaram. A última aula daquele dia foi Herbologia. Quando todos os alunos já estavam saindo, a prof. Sprout chamou Seren.

- Minha querida, o que lia de tão interessante, que nem mesmo prestou atenção nas belas flores que ensinei a plantar hoje?

Envergonhada, Seren respondeu calmamente:

- Nada de mais, professora. Um livro interessantíssimo que peguei na biblioteca hoje. Prometo que não faço mais.

- Então vá. Leia seu livro à vontade.

Quando ela estava já para dar a senha para entrar no Salão Comunal da Corvinal, Draco se aproximou dela.

- Oi, srta. Emerië. Quer... ajuda com os deveres de hoje. Soube que tem muitos trabalhos a fazer.

Ela olhou assustada para ele.

- Trabalhos? Eu.. não sei, não prestei atenção nas aulas. Estava lendo os pergaminhos. Aqueles que eu procurava. Mas eu... vou rapidinho perguntar a alguém o que temos de tarefa e já volto, para que possa me ajudar.

N/A: Os trechos que aparecem dos pergaminhos de Derfel, não fui eu quem inventou. Copiei-os da primeira página de "O Rei do Inverno", livro de Bernard Cornwell