De manhã o Sr. Weasley se arrumou e bem cedo foi com os três filhos mais velhos ao Ministério. Fred e Jorge acordaram cedo e também sairiam. Seria a primeira vez que aparatariam sozinhos e estavam ansiosos para fazê-lo. Agora que estavam formados poderiam finalmente montar a loja de brincadeiras e logros com os galeões que Harry lhes dera dois anos antes. A Sra. Weasley estava apreensiva em relação aos gêmeos mas sabia que embora fossem um tanto quanto desmiolados não eram indignos da sua confiança. Então permitiu que aparatassem em Hogsmeade. Ela ainda não sabia mas eles já haviam arranjado uma bonita loja, muito bem localizada, próxima ao Três Vassouras e a Dedosdemel. Estavam pretendendo fazer uma surpresa para Harry, Rony e as meninas quando fossem visitar Hogsmeade durante o ano letivo, por isso ainda não tinham contado nada sobre a loja. Molly estava ansiosa para saber qual era a carreira que os meninos seguiriam.
- Eu não entendo por que vocês não deixam o pai de vocês arranjar um emprego lá no Ministério para vocês. Com Moody como Ministro seria bem fácil.
- Francamente mãe - disse Jorge. - Já pensou, nós, trabalhando no Ministério?
- É mãe, não seria nada apreciado o nosso talento por lá, seria um desperdício... - emendou Fred.
- E desde quando explodir as coisas é um talento?
- Essa é nossa mãe! - brincou Jorge. - Isso aí, mulher, isso é que é ter orgulho dos filhos.
- É mamãe - disse Fred. - Nós realmente vamos acabar achando que a senhora gosta mais de nós do que dos seus outros filhos desse jeito - a mãe ficou vermelha mas sorriu, os dois a abraçaram.
- Boa sorte garotos. E tentem não arrumar muita confusão, na medida do possível. Se não for pedir demais. Pensem nos seus irmãos, está bem? - e fizeram uma reverência pomposa, cada um desaparatou fazendo uma pose engraçada, curvando-se para a mãe. Ela ainda tinha o sorriso nos lábios quando os filhos menores desceram as escadas, acompanhados dos respectivos namorados. - Bom dia queridos. Sentem que eu vou preparar o café de vocês.
- Bom dia Sra. Weasley - disseram Harry e Hermione juntos. Molly sorriu ao ver Harry puxar a cadeira gentilmente para que Gina se sentasse ao seu lado. Rony fez uma careta, debochando da atitude do amigo, mas ao perceber que Mione esperava que ele fizesse o mesmo repetiu o gesto com uma seriedade que arrancou risadas até mesmo da própria Hermione.
- Mãe, cadê todo mundo? - perguntou Gina, estranhando o vazio da casa.
- Estão todos fora. Papai foi com os seus irmãos mais velhos para o Ministério. Devem interrogar o Percy, pobrezinho. Mas ele quer muito ajudar... Já os gêmeos... Deus queira que não estejam aprontando - ela olhou o relógio Weasley e viu que os nomes dos gêmeos apontava "trabalhando". Sorriu e disse, como quem pensa alto. - Eu vou pedir para o pai de vocês colocar outros dois ponteiros nesse relógio, um para o Harry e outro para a Hermione, afinal eles são da família - os dois sorriram e agradeceram, felizes, a atenção de Molly. Mione teve certeza de que não tinha guardado nenhum rancor por ter contado a Harry sobre o paradeiro de Gina. - Não sei como fazem para o relógio apontar trabalhando mas espero que estejam bem, o que quer que estejam fazendo - os quatro riram enquanto a Sra. Weasley colocava uma enorme pilha de panquecas e voltava para a cozinha, onde fritava várias salsichas para os meninos.
Harry adorava o cheiro do café da manhã n'A Toca, era como se estivesse experimentando uma sensação de proteção que nunca tinha tido na casa dos Dursley. Agora também podia ter a mesma sensação na sua casa, com a madrinha, mas por ter sido privado da presença de Gina desde que fora morar lá ainda não tinha desfrutado, de fato, sua nova vida. Estava justamente pensando sobre isso quando Edwiges entrou voando na cozinha e pousou gentilmente em seu ombro, dando bicadinhas de leve na orelha do garoto.
- Edwiges! Isso significa que fizemos as pazes? - a coruja soltou um pio solene que indicava que sim. Já havia perdoado Harry por tê-la feito voar milhas e milhas até a França e voltar para a Inglaterra. Várias e várias vezes. A coruja branca trazia uma carta de Allana para ele.
"Querido Harry,
Estou muito feliz por você e pela Gina. Espero que agora eu possa finalmente conhecê-la, por isso quero que você a convide e aos seus amigos para passarem o resto das férias aqui. Poderemos fazer alguns passeios de trouxas (Snuffles permitiu por livre e espontânea pressão)." Harry riu, sabia que o padrinho tinha pânico de que algo acontecesse a ele. Afinal, não estava ainda cuidando do afilhado pessoalmente. "Espero que os Weasley permitam que Rony e Gina venham. Telefonei para os Granger e permitiram que Hermione viesse.
Aguardo sua resposta.
Beijos da sua madrinha.
Allana Figg."
- O que diz, Harry? - perguntou Rony, curioso.
- Bem, é um convite. Vocês querem passar o resto das férias lá em casa? Allana vai nos levar para fazer alguns passeios trouxas.
- Como assim? - perguntou Gina. Mione sorriu e se antecipou, respondendo.
- Como cinema, parque de diversões, essas coisas. Algumas eu já mencionei a você - os olhinhos castanhos de Gina cintilaram. Ela olhou para Rony, que também tinha ficado empolgado. Molly retornou a sala com um prato repleto de salsichas e bacon no mesmo momento.
- Qual é o motivo de tanta animação, meninos?
- Mãezinha! - começou Gina, toda melosa. Molly adivinhou as intenções da filha.
- O que você quer, Virgínia Weasley? - disse, desconfiada.
- Mãe! - disse Rony. - Coitada da Gina. Que injustiça. Assim a senhora parece que está duvidando da nossa imensa estima pela senhora - a mãe prosseguiu, incluindo-o agora também.
- Desculpe tê-lo deixado de fora, Ronald Weasley. O que vocês, meus caçulas, completamente isentos de segundas intenções, querem? - ela sorriu para os dois.
- Eu explico - disse um Harry divertido com a situação. Ele entregou a carta da madrinha para Molly, que leu, muito séria. Ela ficou um tempo calada e finalmente respondeu.
- Eu deixo, né? Eu devia consultar o pai de vocês mas quando ele descobrir tudo o que vocês poderão contar a ele do mundo trouxa não vai querer nem saber para onde vocês estão indo - os quatro gritaram vivas e a própria Sra. Weasley respondeu a carta de Allana rapidamente, colocando o pergaminho com a resposta na patinha de Edwiges que, após tomar um gole de água e comer um pedacinho de bacon, saiu voando pela janela. Era bem melhor efetuar vôos curtos.
Quando Molly retornou à cozinha, os meninos voltaram a falar empolgadamente sobre os passeios que fariam.
- Nossa! Vocês vão A-DO-RAR o cinema - disse Mione, enfática. Os outros três fizeram um coro animado, dizendo que sim. Mione estranhou a participação de Harry. - Harry, você nunca foi ao cinema? - ele sacudiu os ombros e a cabeça.
- Não! Só ao zoológico. Mas é um passeio deprimente, aqueles animais todos enjaulados... Na realidade eu me sentia um também, por isso eu detestei. Acho que vou ser tão apresentado às diversões trouxas como os outros, Mione. Do mundo trouxa eu só conheço o que diz respeito a afazeres domésticos, se é que você me entende - todos riram.
Enquanto isso, no Ministério da Magia, o Sr. Weasley conduzia Percy até a sala do Ministro. Moody estava aguardando ansiosamente por Percy Weasley. O rapaz contaria tudo o que Fudge andava fazendo na Irlanda, bem como dizer os nomes dos seus conhecidos e aliados fora da Inglaterra. Começava uma nova etapa na guerra contra o Lord das Trevas. As peças estavam todas no tabuleiro, o jogo estava apenas começando.
Quando Percy entrou na sala de reuniões encontrou não só Moody como também Dumbledore, Arabella e um homem bigodudo, atarracado, com uma aparência engraçada, esperando por ele. Seu pai fez as apresentações.
- Mundungo, esse é o meu filho, Percy - o homem se levantou, secando o suor da testa com um lenço encardido, colocando-o no bolso do colete.
- Mu-muito prazer, meu jo-jovem! Mundungo Fletcher ao seu di-dispor.
- O prazer é todo meu - respondeu cordialmente.
Percy olhou divertido para o homem que lhe apertava as mãos. Ele era baixo e gordo, os poucos cabelos que tinha eram brancos, emplastrados para trás com alguma espécie de fixador. Os bigodes espessos grisalhos, o rosto rosado. Usava uma roupa trouxa mas algo que não era adequado há mais de cinqüenta anos, um colete de couro surrado que não abotoava mais devido a barriga que despontava.
Mundungo era um chefe de polícia trouxa mas era bruxo. Trabalhava infiltrado mas desde que tinha iniciado o seu trabalho, há muitos anos, nunca havia reformulado seu vestiário. Tinha o hábito de fumar charutos e beber uísque mas foram as únicas manias trouxas adquiridas por ele. Era um tanto quanto gago, principalmente quando ficava nervoso. Mas, embora fosse muito enrolado, gozava da mais absoluta confiança do novo Ministério. Estava ajudando a lidar com alguns incidentes ligados a práticas mágicas que tinham acontecido no mundo trouxa e, obviamente, participaria da reunião.
- Bem, Percy - adiantou-se Moody -, creio que você deva ter muitas coisas para contar para nós. Será fundamental sabermos tudo. Eu sei que não será uma tarefa muito fácil para você, meu rapaz - Arthur olhou para o filho, encorajando-o. - Mas penso que só assim poderemos tomar as medidas necessárias.
Percy sacudiu a cabeça e começou a contar tudo que sabia, desde as visitas estranhas que Fudge recebia em seu escritório na Irlanda, quando mandava que ele se retirasse, até o modo como encarou a morte de Penélope. Ao final, Dumbledore olhou demoradamente para o rapaz por cima dos seus óculos de meia-lua. Ficou calado por um tempo enquanto os outros falavam juntos, discutindo sobre o depoimento de Percy. Então o diretor se manifestou.
- Meus caros - disse, olhando Percy -, acredito que o jovem Weasley mereça algum descanso depois de prestar este enorme serviço para nós. Arthur, leve Percy para casa. Acho que Alastor não vai se importar que você tire o resto do dia de folga. Vocês dois devem estar exaustos.
- Concordo Arthur - disse Moody. - Vá para casa descansar. Amanhã retomaremos as reuniões - Percy abaixou a cabeça, respirou fundo, tomando coragem, e se virou para o Ministro.
- Eu gostaria de me retratar com os senhores. Eu sei que agi mal mas estou disposto a ajudar agora. Gostaria de poder fazer alguma coisa de útil.
- Você já está fazendo, Percy - disse Dumbledore.
- É claro que sim - concordou Moody. - Por isso amanhã espero que venha trabalhar com o seu pai - Percy arregalou os olhos, surpreso.
- Quer dizer... - disse, corando até a raiz dos cabelos.
- Ora, meu rapaz, você não acha que pode ajudar? Então o que poderia ser melhor do que trabalhar ao lado de seu pai?
- Nada, Sr. Moody, nada me daria maior satisfação - disse, sorrindo para o pai, que ficou com os olhos marejados de sentir pela primeira vez que o filho tinha orgulho dele.
Com tudo resolvido, Percy e o pai aparataram de volta para casa mas o verdadeiro motivo da reunião ainda não tinha sido exposto.
Poucos minutos tinham se passado quando Severo Snape, Sirius Black e Remo Lupin aparataram, quase ao mesmo tempo, na pequena sala de reuniões. Dumbledore se adiantou, dirigindo-se a eles.
- Nós esperávamos por vocês. Obrigado por virem. Teremos que agir antes do que imaginávamos. Em resumo, os Comensais estão cometendo atentados em grande número fora da Inglaterra. Segundo Mundungo, muitos trouxas estão sendo vitimados também. O número de acidentes e catástrofes que acontecem no mundo trouxa cresceu de forma assombrosa no último ano. Estão sendo amplificadas por poderosa magia.
- Então chegou a hora não é, professor - disse Sirius, pausadamente.
- É, Sirius, de fato, chegou.
- Eu imaginei que ainda pudéssemos esperar alguns meses - continuou Remo. - O nome do Sirius ainda não está limpo. Mesmo tendo a confiança do Ministro, seu nome ainda consta nos arquivos como assassino e traidor. Isso restringe um pouco nosso poder, professor.
- Eu sei - respondeu Moody antes que Dumbledore pudesse dizer algo. - Por isso eu pedi a Mundungo que começasse a limpar os arquivos trouxas de Black. O que é mais fácil. Ele está fazendo isso há alguns meses. Conseguiu retirar as acusações mas o maior problema é que o rosto dele ainda pode ser reconhecido. Por isso está sendo preparada uma ação frente à imprensa trouxa, no intuito de esclarecer que tudo não passou de um engano, uma confusão, que Sirius foi confundido com um criminoso. e isso ficará registrado dessa forma nos arquivos trouxas, que explodiu uma carga de dinamite, matando a si e aos doze trouxas que estavam em volta. Será publicada uma retratação e um pedido de desculpas formal a ele - Sirius se espantou.
- Nossa Alastor! Eu não sabia que as coisas já estavam tão bem encaminhadas assim.
- Estão si-sim, Si-sirius - disse Mundungo. - Mas ainda fa-falta resolver o pro-problema com os bruxos.
- É - concordou Arabella. - Esse sim é o grande problema. Como poderemos limpar o nome de Sirius se nem a metade dos bruxos acredita que Você-Sabe-Quem retornou? Não acreditariam que Pedro Pettigrew está vivo. E muitos dos bruxos que poderiam julgar esse caso em tribunal são simpáticos aos Comensais, ou mesmo são Comensais da Morte.
- É aí que entra a minha participação, professora Figg - disse Snape, que até então tinha permanecido calado. Ele olhou seriamente nos olhos de Black e disse, dirigindo-se a Dumbledore. - Eu já tenho os nomes daqueles que não deverão ser convocados para participar do júri que julgará o caso de Black.
- O quê? - disse Sirius. - Você está ajudando nisso? - Snape continuou a falar, de modo seco mas cordial.
- A pedido de Dumbledore retomei algumas antigas amizades, se é que eu posso chamar assim. Como é o Ministro quem convoca o júri posso garantir que será um julgamento justo, desde que não convoque aqueles que eu indicar - disse entre os dentes.
- Julgamento? Dumbledore, isso é loucura! Mesmo com o júri idôneo, como podemos garantir que acreditarão em Sirius?
- Dessa vez autorizaremos o uso do Veritasserum - respondeu Moody. - E poderemos contar com o testemunho de Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley, se necessário. Eles presenciaram a confissão de Pedro na Casa dos Gritos.
- Você está louco, Moody? - disse Sirius, sobressaltado. - Os três são bruxos menores de idade e, depois, eu não quero expor o Harry a isso. Ele já sofreu demais. Se mesmo com um novo julgamento eu for condenado não quero que sinta que foi responsável, que o que ele declarou não foi suficiente para me livrar. E sei como o promotor de justiça pode fazer com que ele se sinta durante o seu depoimento. Eu não quero mais esse trauma para ele. Prefiro morrer em Azkaban.
- Calma, calma - disse Dumbledore. - Não creio que será necessário o testemunho dos três jovens bruxos. Nós só temos que fazer com que a promotoria peça o Veritasserum. Eu creio que Severo poderá desempenhar este papel, convencendo-os de que uma poção poderá arrancar a confissão de Sirius e mandá-lo de volta à prisão. Tudo bem, Severo? - Snape engoliu em seco e respondeu ainda olhando com desprezo para Sirius.
- Sim diretor. O senhor sabe que tem a minha lealdade.
- Então é isso - continuou Moody. - Mundungo, quando o nome de Sirius estará limpo no mundo trouxa?
- Dentro de-de um mês. Em me-meados de setembro, no final no-no máximo - respondeu o chefe de polícia.
- "timo. Nós poderemos fazer o julgamento em dezembro, então. Mas deve ser mantido em sigilo. Ninguém deve saber. Nem Harry, Sirius, a ansiedade poderia prejudicar o garoto. Ele já tem muito com o que se preocupar – informou o Ministro.
- Remo, você deve acompanhar essas negociações. Sirius deve permanecer escondido até que o acordo esteja feito. Cuide disso, como você fez ano passado, em segredo. A promotoria terá que assinar um acordo concordando que Sirius se entrega, sendo mantido aqui no Ministério sobre minha responsabilidade até que vá a julgamento. Então, até lá, Severo convencerá a todos de que devem usar o Veritasserum. É claro que Sirius deverá se opor a isso, para que realmente peçam a minha autorização para usar o feitiço. E então tudo será resolvido.
- Bem - disse Remo -, com isso nós, se Merlim ajudar, teremos a ajuda de Sirius até o final do ano. Mas até lá teremos que manter as forças unidas. Não sabemos o que está por vir.
- Sim Remo. Você está certo - disse Arabella, que até então pouco tinha se manifestado. - Mas é por isso que estamos reunidos hoje aqui - disse, recebendo apoio do olhar de Dumbledore, que a interrompeu.
- Meus caros, eu reuni vocês todos aqui porque são da minha mais absoluta confiança e teremos que retomar algo que eu não pensei que teríamos que retomar novamente. Um trabalho de equipe. Equipe essa que, infelizmente, hoje se encontra em muito desfalcada. Novos membros deverão ser escolhidos futuramente. Possivelmente outros mais para substituir os que nos faltarem ao longo da jornada - ele fez uma pausa solene. - Mas, ainda assim, deveremos retomar a tarefa que começamos há muitos anos atrás. Hoje veremos o despertar de algo que se manteve adormecido. Nós, hoje, daremos início ao ressurgimento da Ordem da Fênix - todos olharam espantados para o diretor. Realmente não estava com expectativa de que as coisas fossem melhorar.
