Capítulo Seis - Do Beco Diagonal À Azkaban

O final das férias passou voando, foram vários os passeios que Allana proporcionou aos quatro. Rony e Gina já estavam ficando bem à vontade no mundo trouxa e repararam que a idéia que tinham do modo trouxa de se vestir era muito equivocada.

Finalmente chegou o dia em que iriam embora, era também o dia em que fariam as compras para o ano letivo no Beco Diagonal. Hermione, Gina e Rony iriam para casa e passariam o último final de semana na companhia das suas famílias. Harry não tinha ficado muito feliz mas tinha resolvido ficar na sua própria casa, para não deixar a madrinha sozinha. Sabia que ela sentia muita falta de Sirius e devia dar apoio a ela.

Depois de tomarem um delicioso café da manhã - com direito a pizza e tudo - foram, via Flu, para o Beco Diagonal. Harry sentiu o café da manhã querendo voltar. Decididamente pizza e Flu eram uma combinação perigosa.

Quando chegaram lá encontraram o Sr. e a Sra. Weasley na Florean Fortescue. Molly estava tomando um sundae com Arthur, que veio correndo, ansioso para falar com os filhos.

- E aí meninos? Como foi? Vocês viram muita coisa? Como é que funciona o cinema? É verdade que os trouxas entram em uma tela de pano? - todos riram.

- Olá para o senhor também papai - disse Gina, divertindo-se da ansiedade de Arthur.

- Ah! Querida, me desculpe! Olá – disse, dando um forte abraço na garota. Nesse instante Molly os alcançou.

- Olá Allana. Muito obrigada por ter feito isso por eles.

- Não foi nada Molly. Foi um prazer. Seus filhos são adoráveis. E Hermione também - fez questão de acrescentar.

- Foi realmente muito legal - disse Rony. - Mas depois nós contamos para você papai. Temos que ir fazer as compras agora.

Andaram até o final da rua e viraram à direita. Em alguns minutos estavam dentro da Floreios e Borrões. A loja estava estranhamente vazia. Parecia que as pessoas já tinham feito as suas compras. Como no ano anterior, Gilderoy Lockhart veio atendê-los.

- Olá, em que posso servi-los? - disse com um sorriso extremamente exagerado e artificial.

- Nós gostaríamos de três conjuntos de livros do sexto ano e um do quinto – Molly entregou a lista para Lockhart.

A lista era idêntica a do ano anterior, à exceção do "Livro de Feitiços Padrão", que tinha passado por uma revisão bibliográfica e era agora mais atualizado. O novo livro de Defesa Contra as Artes das Trevas era novamente um livro trouxa, "O Homem que Calculava", de Malba Tahan, e era o mesmo para todos os alunos. Além disso tinha o livro de Adivinhação, que na realidade não tinha um título, na capa uma grande interrogação dourada ("?") dava a idéia de que o livro seria capaz de ensinar como adivinhar o seu próprio título. Rony e Harry riram muito.

- Dessa vez a morcegona seca passou dos limites - disse Rony, referindo-se à professora Trelawney.

- É, Ron, já não basta termos que inventar os deveres agora teremos que inventar a bibliografia também - concordou Harry, folheando o livro e mostrando a Rony que por dentro era preenchido por interrogações nos lugares das letras.

- Caramba! O autor é mais charlatão que o professor Lockhart - disse Rony baixinho, apenas para os amigos, evitando que o próprio ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas ouvisse.

- Eu não entendo como vocês podem fazer essa matéria - disse Mione, revoltada. - Essa matéria é ridícula, uma vergonha não é, Gi... - ela parou a frase no meio quando viu que Gina segurava o mesmo livro ("?") na mão. - Gina, você está fazendo Adivinhação agora? – perguntou, espantada.

- É -  a menina respondeu timidamente. - É que... - mas Rony continuou.

- É a única matéria que ela pode fazer junto com o Harry, Mione. Os motivos dela não são lá muito acadêmicos - Gina corou e mesmo Harry sorriu sem graça.

- Você sabia disso, Harry? - perguntou Mione.

- Na verdade - o garoto disse, meio encabulado - fui eu que sugeri - ele abaixou os olhos. Mione sacudiu a cabeça negativamente.

- Isso prova que amar é dividir os sofrimentos. Você devia seguir o exemplo da Gina, Mione - ironizou Rony mas a namorada ignorou.

- Mas vocês odeiam a matéria! A coitada da Gina vai ter que aturar aquela professora falsária também?

- Ah! Mione, eu nem ligo - disse a menina, olhando direto para Harry. - O que importa é que é a aula que eu vou gostar mais de assistir.

- Eu também - disse Harry, quase sem acreditar no que dizia. Os outros acabaram rindo e continuaram a ver os livros que precisariam.

Alguns livros de Fred e Jorge serviriam para eles e, da mesma forma, Gina ficaria com alguns livros de Rony. Quando acabaram as compras pediram para dar uma volta. No meio do caminho encontraram os Granger, que tinham se atrasado um pouco, já que os bueiros da rua que moravam tinham transbordado. Não só os da rua deles como vários outros ao longo da cidade. Estava um verdadeiro caos. O cheiro das ruas embrulhava o estômago e parecia que a companhia de esgoto não tinha ainda uma explicação para o fenômeno.

Continuaram andando agora juntos. Mas, como no ano anterior, as meninas queriam ver os vestidos da "Madame Malkin - Roupas para todas as ocasiões" e os meninos queriam ir à "Artigos de Qualidade para Quadribol". Então o Sr. Weasley e o Sr. Granger foram com os meninos e a Sra. Weasley, a Sra. Granger e Allana com as meninas.

Quando chegaram na loja de quadribol Harry foi falar em particular com o vendedor. Rony já sabia do que se tratava mas estava ocupado vendo um livro novo de fotos dos jogadores do Chudley Cannons desde a fundação do time e não acompanhou o amigo.

Harry havia contado, em segredo, a Rony e Hermione que daria uma vassoura de presente para Gina. Mas era uma surpresa. Harry escolheria uma vassoura ideal para uma artilheira, agora que a namorada faria parte do time da Grifinória. A vassoura de Gina teria que ser rápida e leve. Mas ao mesmo tempo resistente e segura, acima de tudo. Ele não queria vê-la machucada. Então escolheu uma Quick Queen 500, uma vassoura muito feminina, de tom claro, em madeira marfim. Era extremamente elegante e bonita. Acertou a compra discretamente e mandou entregar, via reembolso coruja, em Hogwarts no primeiro dia de aulas. Depois se juntou ao resto do grupo para observar os novos kits de manutenção de vassouras.

Enquanto os meninos se deliciavam na loja de esportes Hermione e Gina estavam indecisas em relação aos vestidos que escolheriam para o baile. Entraram na loja enquanto suas mães e Allana se sentaram na loja em frente para tomarem um chá. Estavam observando os vestidos quando Gina ouviu uma voz fina e anasalada familiar.

- Weasley! Eu pensei que você estava na França - Gina e Mione se viraram e deram de cara com ninguém menos que Cho Chang. Mione arregalou os olhos e Gina pareceu estranhamente calma.

- Não Chang. Você está enganada. Eu estou de volta à Inglaterra.

- Para as férias? - perguntou em um tom de desprezo.

- Não. Para sempre - respondeu calmamente, agora sem olhar para o rosto da outra garota, continuando a examinar os vestidos. A outra ficou um tempo calada, apenas observando Gina de cima a baixo. Hermione estava se sentindo extremamente desconfortável.

Gina e Mione foram então até o fundo da loja e cada uma experimentou cerca de uma dúzia de vestidos até que escolheram os seus de baile. Gina optou por um preto com a parte superior justa no corpo, de veludo, um decote em "U" nas costas. Hermione ficou com um vestido branco muito esvoaçante e leve, "tomara-que-caia". Pagaram os vestidos e já estavam quase saindo da loja quando Cho, que ainda estava escolhendo o seu, virou-se para Gina.

- Você tem visto o Harry? - perguntou de modo cínico. Hermione gelou.

- Por quê? – questionou Gina.

- Porque eu tenho, sabe? Eu o vi, várias vezes durante as férias – disse, blefando.

Pelo jeito ainda estava muito aborrecida com o que tinha acontecido no Baile de Inverno no ano anterior, com toda a cena de ciúmes que tinha sido armada em torno de Gina, e queria se vingar. Hermione engoliu em seco mas Gina sorriu, depois começou a rir aos poucos, até que em segundos estava gargalhando.

- O que foi que eu disse de tão engraçado, Weasley? – perguntou, olhando furiosa para Gina.

- Nada não. Nada - disse Gina, enxugando as lágrimas do rosto.

Tinha chorado de tanto rir. Gina então olhou para trás de Cho, através da vitrine, e viu Harry acenando para ela. Ele e os outros já haviam terminado as compras e tinham vindo encontrá-las na loja. Ela sorriu para Cho.

- Com licença, sim? O meu namorado chegou para me buscar.

Ela se retirou graciosamente e Cho acompanhou o trajeto com o olhar. Viu perfeitamente quando Gina atravessou a rua e se pendurou no pescoço de Harry Potter, recebendo dele um grande beijo apaixonado. Mione, que ainda estava dentro na loja, em choque, deu um sorrisinho maroto para Cho e se despediu.

- Adeus Chang. Te vejo na escola. Vamos aproveitar os últimos dias de férias agora. Fizemos tantas coisas, sabe? Eu, o Rony, a Gina e o HARRY. Foi ótimo termos passado as férias INTEIRINHAS juntos - disse enquanto se retirava, segurando muito para não rir.

Cho ainda continuou observando o animado grupo se afastar. Gina agarrada à cintura de Harry e o garoto, que nem sequer notou que Cho estava na loja, com a mão por cima do ombro da namorada. Gina ainda se virou para trás antes de virarem a esquina e deu um tchauzinho para Cho, piscando o olho para a apanhadora da Corvinal. A garota ficou realmente furiosa. Ela se virou, bufando, mas percebeu que tinha mais alguém conhecido na loja. Alguém que ninguém tinha reparado que estava ali antes.

- Interessante Chang. Interessante. Nunca pensei em você dessa forma, como uma mentirosa compulsiva.

- Malfoy?

Draco estava na loja experimentando as novas vestes de gala que Narcisa, sua mãe, tinha lhe encomendado. Estava atrás de um biombo, recebendo um atendimento diferenciado, e ouviu cada palavra da conversa das três meninas. Viu quando Gina foi direto para os braços de Harry. E, embora tenha ficado feliz pela garota, teve uma sensação tão estranha como uma dor de estômago - já que os Malfoy não se alegram com a felicidade alheia; aliás, de preferência nem se alegram, apenas ficam satisfeitos. Draco teve também uma ponta de inveja, ciúmes de Potter. Afinal aquela ruivinha tinha estado a milímetros de ser sua no ano anterior. Mas não aceitaria ser prêmio de consolação de ninguém.

- Sou eu sim Chang! Não tá me vendo apropriadamente? Deve ser por que a sua cara está aí ó, no chão - disse, apontando para baixo. - Quer que eu pegue para você? – perguntou, abaixando-se, simulando que pegava algo do chão e erguendo com cara de nojo na direção da garota. Ele limpou as mãos em seu lenço depois, finalizando a cena. Estava se sentindo extremamente bem, vingando Gina daquele jeito. Mas Cho Chang não tinha ficado nada feliz com o que tinha dito.

- Cale a boca, Malfoy.

- Nossa Chang! "tima resposta! Adoro quando me respondem assim, à altura... Quanta criatividade! Realmente! Depois dessa eu vou até me retirar. A imbecilidade pode ser contagiante, às vezes. E não adianta insistir que perspicácia não é como gripe, você não vai pegar, mesmo que tente - e com essa última frase ele saiu sorrindo maquiavelicamente da loja, deixando para trás uma Cho Chang extremamente irritada.

Depois que todos já tinha feito as suas compras eles se reuniram n'O Caldeirão Furado, onde Tom preparou um delicioso cozido para todos. Ficava extremamente feliz em receber Harry Potter no seu estabelecimento. Quando acabaram de comer chegou a parte ruim. Era hora de se separar, pelo menos até a segunda-feira, quando embarcariam no trem para Hogwarts.

Gina deu um forte abraço em Allana, o mesmo fizeram Rony e Hermione. Depois de se despedir dos Weasley e dos Granger, chegou o momento difícil. Harry teria que se despedir de Gina, Rony de Mione. Só que os últimos já tinham passado por isso no ano anterior e não seria tão difícil como para os outros dois. Harry pegou Gina pela mão, afastando-se um pouco das pessoas.

- Gina... - ele suspirou, desanimado. - Agora eu entendo o que você quis dizer naquela carta, com não ser capaz de se despedir - disse, colocando uma mecha do cabelo ruivo para trás da orelha dela. Gina sorriu.

- Vamos combinar uma coisa, Harry? Ao invés de dizermos "tchau" ou "adeus", que são palavras difíceis, vamos facilitar um pouco. Vamos dizer, apenas "eu te amo". O resto fica subentendido - ele concordou.

- Então é isso. Eu te amo! Até segunda - disse, sorrindo.

- Eu também te amo. Até lá. - ela o abraçou forte, inalando seu cheiro com força, e Harry parecia fazer o mesmo, por fim deram um beijo e ela foi com os Weasley para A Toca.

Os Granger atravessaram O Caldeirão Furado e foram para fora, buscar o carro. Mione viu o caos e o fedor que emanava das ruas trouxas. Realmente parecia que o encanamento de esgoto tinha explodido. Harry, logo depois, entrou na lareira e foi para casa com Allana.

Quando chegaram em casa estranharam o fato de Arabella não ter chegado ainda. Normalmente ela chegava cedo às sextas-feiras. Resolveram jogar uma partida de Xadrez de Bruxo para distrair. Harry ficou impressionado como a madrinha jogava bem.

- Nossa Allana, como você é boa! Acho que você ganharia até do Ron – disse, os olhos arregalados.

- Eu aprendi com o melhor, Harry – respondeu, piscando, um sorriso maroto.

- Com quem? – perguntou, curioso.

- Com Sirius, é claro - Harry ficou surpreso, cada vez conhecia um pouco mais do quebra cabeças que era o padrinho.

- Ele te ensinou?

- Na realidade foi como nós nos conhecemos melhor - Harry ficou atento. - Eu fui educada em casa, você sabe disso. Minha mãe me deu aulas. Meu pai era trouxa e não queria que eu estudasse em um internato. Mas a sua mãe era muito minha amiga, era minha vizinha. Às vezes seu pai e alguns amigos deles vinham passar uns dias na casa da sua mãe. Os pais dela adoravam mas sua tia, Petúnia, ficava muito aborrecida e ia sempre para a casa do namorado, Válter. Acabava passando o resto do tempo por lá enquanto nós nos divertíamos a valer.

- Meus avós não se importavam? - perguntou, surpreso.

- Não. Eles tinham muito orgulho da sua mãe. Adoravam Tiago e os marotos. Sirius, é claro, era o preferido de todo mundo. Menos para mim.

- Ahn? Como assim?

- Eu o odiava, Harry. Pelo menos no início. Nós brigávamos o tempo todo, sabe. Ele implicava comigo e eu tinha vontade de bater nele às vezes. Entende? - Harry riu, sabia bem o que era isso, era exatamente assim que Rony e Hermione se comportavam antes de começar a namorar.

- Até que Lílian resolveu fazer um campeonato de Xadrez de Bruxo. Estava uma chuva danada naquelas férias. Nós já íamos começar o quinto ano.

- A minha mãe jogava xadrez? - interrompeu, interessado. Era a primeira vez que Allana falava algo sobre o passado.

- Harry, sua mãe fez tantas coisas... Até do Clube de Duelos ela foi campeã feminina - Harry ficou de queixo caído. - Então nós fomos jogar na casa da Lílian. Mas Sirius estava estranhamente calado naquela noite. Ele perdeu várias partidas. Ficava olhando para a chuva caindo lá fora, pensativo. A lua cheia encoberta pelas nuvens carregadas. Eu não simpatizava muito com a idéia de consolá-lo mas quando chegou a vez de ele jogar comigo eu não agüentei e perguntei o que estava havendo.

- E o que ele disse?

- Nada Harry. Ele olhou profundamente dentro dos meus olhos e disse: "Posso te ensinar a jogar xadrez de verdade?". Eu fiquei assustada mas a minha curiosidade foi maior. E ele começou a me ensinar, jogava o tempo todo comigo. Era nesses momentos em que ele parecia estar despreocupado.

- Mas o que o preocupava tanto?

- Na época eu não sabia. Mas hoje eu sei que a preocupação dele era com Remo. Eles ainda não tinham conseguido se tornar animagos e o amigo estava passando por maus bocados, se transformado em lobisomem todos os meses. Era isso que estava deixando Sirius tão abatido. Ele adorava Aluado como um irmão. Nós continuamos a jogar xadrez. Conversávamos muito durante os jogos. Sempre que sua mãe e os marotos podiam vinham passar os feriados na casa da Lílian. Virava um verdadeiro albergue. Petúnia tinha passado a permanecer na escola para garotas que estudava, quando saía nos feriados era para a casa do namorado que ela ia. Ela nunca assumiu para a sua mãe mas eu acho que tinha muita inveja por ter nascido trouxa ao invés de bruxa.

- Será? Eu não sei, ela tem tanto horror... - ponderou.

- Eu acho que sim Harry. Ela não teria outro motivo para abominar tanto assim a magia.

- Mas como você começou a namorar o Sirius?

- Ah! - ela corou. - Foi nas férias do sexto ano. Ele estava muito feliz. Tinha conseguido se tornar animago e ele e os outros agora se chamavam pelos apelidos que você conhece. Um dia eu acabei ficando com ele sozinha na sala. Estávamos jogando tão bem que as nossas partidas eram duelos de titãs, demoravam horas. Todos já tinham ido dormir e nós continuamos a jogar. Parece até que eu estou vendo a cena.

Allana fechou os olhos e se viu na sala da casa de Lílian. Estava com os olhos vidrados no tabuleiro, pensando na jogada que faria em seguida. Não percebeu mas os olhos azuis de Sirius tinham fugido do jogo e estavam fixos nela.

"Xeque", ele disse.

"Ahn?", ela respondeu, desconcentrando-se do jogo. "Não, ainda não", mas ele levantou, ficando de joelhos no tapete, derrubando o tabuleiro e todas as peças. "Sirius!", disse, espantada. "Por que você fez isso? Você estava ganhando."

"Não, Não estava. Agora eu estou", ele agarrou a garota pela cintura e, trazendo-a para si, beijou-a demoradamente, até quase perder o fôlego. Allana tremia enquanto se sentia cada vez mais dominada por ele. Quando acabou ele a abraçou, sorrido, e disse baixinho em seu ouvido.

"Xeque-mate", depois desse dia eles nunca mais se separaram, até que ele foi preso e mandado para Azkaban. Allana abriu os olhos e continuou a contar a história para Harry.

- Então nós começamos a namorar nesse dia. Ele me contou tudo sobre virar animago, o Mapa do Maroto. A única coisa que ele não me disse foi que não seria o fiel do segredo de seus pais. Se eu tivesse sabido talvez pudesse ter testemunhado a favor dele. Eu lembro até hoje da dor que eu senti quando apreenderam a varinha dele e o arrastaram para Azkaban. Parte de mim morreu naquele dia. Aí eu comecei a tentar provar a inocência dele. Eu sabia que nunca faria mal à sua família. Ele amava os seus pais como dois irmãos, daria a vida por Tiago. E você? Nossa! Você precisava ver como ele adorava você. Você era bebê e não se lembra mas ele amava muito você. Tinha orgulho em dizer que era o nosso afilhado. Brincava comigo, dizendo que devíamos casar, ara que eu tivesse um filho só para brincar com você... O resto da história você sabe. Eu virei um animago e Pedro me enfeitiçou, me prendendo como animal por todo esse tempo. De certa forma eu e Sirius tivemos muitos anos roubados das nossas vidas. Os mesmos anos que você também teve, vivendo com aquela gente miserável - Harry olhou para a madrinha. Agora a admirava ainda mais.

- Está tão tarde, Allana. Arabella já devia estar em casa - tinha acabado de perder a partida de xadrez mas a conversa tinha sido um prêmio bem melhor.

- É mesmo, ela nunca faz isso sem avis... - mas ela perdeu a palavra no meio. Arabella aparatou no meio da sala, extremamente nervosa.

- Mamãe?

- Allana, mande o Harry agora para a casa dos Weasley. Você vai junto. Aqui não é mais seguro - disse rapidamente.

- O quê? - Harry estava tonto. Arabella conjurou o malão dele e a gaiola de Edwiges, que desceram magicamente as escadas.

- Arthur Weasley já sabe que vocês vão para lá. Levo o resto das suas coisas depois. Se estiver faltando alguma coisa.

- Mãe, o que houve?

- Agora não dá para explicar. Tudo o que eu posso dizer é que Azkaban está acabada. Os dementadores sumiram e os bruxos que estavam lá fugiram.

Harry e Allana ficaram abismados mas não tiveram tempo de se manifestar, em poucos segundos Arabella entregou na mão deles uma meia furada e Harry sentiu o mundo rodar. Piscou e a chave de portal já tinha os levado para A Toca. Os nove Weasley esperavam por eles, com caras assustadas e ansiosas. Ele não imaginou que fosse ver os olhos castanhos de Gina tão cedo. Ainda mais com tanta apreensão contida neles. Não pôde dizer nada. Apenas olhou para o Sr. Weasley, que falou para Allana com expressão extremamente consternada.

- Agora não tem mais jeito. Aconteceu o que mais temíamos. A guerra vai realmente começar.