Capítulo Oito - Revelações e Confusões Gigantescas

Pela manhã todos tomaram o café no Salão Principal. Os meninos acharam muito estranha a sensação de comer naquele salão tão vazio mas não deram muita importância, estavam todos ansiosos pela realização do feitiço. Dumbledore explicou que os Weasley teriam como fiel do segredo Allana, e Harry, Sirius. A sala de aula de Transfigurações já tinha sido adequadamente preparada para a realização do feitiço e tão logo todos os ingredientes estivessem em ordem iniciariam a arrumação do ritual. O diretor explicou que demoraria um pouco, devido ao grande número de pessoas a serem protegidas pelo Fidelius.

Depois do café da manhã os adultos e os três Weasley mais velhos ficaram no Salão Principal, discutindo com os professores sobre a política do Ministério e os novos rumos que seriam tomados a partir de então. Os gêmeos e os outros três não quiseram ficar para ouvir a conversa dos pais e resolveram dar uma volta no castelo, aproveitando que não poderiam ser pegos pelo zelador ou mesmo algum monitor.

Quando já tinham andado por vários corredores ouviram pesados passos correndo. Era Colossus, que foi até os cinco meninos e, com uma expressão de derrota no rosto, virou para Harry e Rony.

- Eu deixei cair o frasco com a poção "polizuda" no chão enquanto colhia maçãs e ele quebrou - Rony abafou um risinho mas Gina o cutucou. Harry respondeu, segurando também para não rir.

- É Polissuco, Colossus. Mas por que você não fala com a professora McGonagall para pedir mais poção? - o gigante abaixou a cabeça e puxou as enormes orelhas para baixo, corando. Parecia muito desapontado consigo mesmo.

- Se eu fizer isso Vasta vai saber que eu sou um inútil, desajeitado. Eu não quero que ela saiba... - Harry e os outros perceberam que o gigante tinha uma quedinha por Vasta e ficaram penalizados.

- E o que nós podemos fazer? - disse Rony, de modo prático.

- Eu falei com Rúbeo, ele já contou para nós das inúmeras vezes em que vocês resolveram encrencas muito piores do que essa. Então ele me deu isto - Colossus mostrou a chave mestra de todas as portas não mágicas de Hogwarts. Os meninos arregalaram os olhos ao ver a chave dourada, decorada com uma águia, um texugo, uma serpente e um leão na base.

- Caramba! - disse Rony. - O que nós não daríamos para ter uma destas na época das provas finais. Nós poderíamos ter os maiores NOM's da história de Hogwarts - os outros riram e Colossus fechou a mão sobre a chave na mesma hora. Harry mudou para uma expressão séria e perguntou.

- Mas Hagrid quer que nós façamos exatamente o quê?

- Ele sabe que vocês podem ir até o armário de Poções e pegar mais da poção Poli.... Poli... Essa aí - falou, sem paciência. - E então ninguém precisa ficar sabendo que eu fui desastrado - os outros se entreolharam. É claro que ajudariam o gigante, além do mais também seria divertido fuçar as coisas do seboso professor Snape. Quem sabe descobriam algum podre do professor de Poções?

- Está bem Colossus. Nós vamos fazer isso. Aguarde na cabana do Hagrid. Na hora do almoço estaremos lá com a poção.

O gigante deu um enorme sorriso, que poderia assustar alguém que não soubesse que ele estava feliz, e fez uma desajeitada reverência para Gina, em agradecimento. Por fim saiu andando quase saltitando, causando grande impacto no chão, até desaparecer no fim do corredor. Harry colocou a chave mestra no bolso e foram direto para as masmorras.

Quando chegaram na porta da sala de Snape gelaram. Mesmo sabendo que o professor só estaria ali no dia seguinte sentiram o mesmo medo que se tem antes de saltar de um trampolim. Até que Harry, vencendo o medo, enfiou a chave na fechadura e a rodou. Imediatamente a porta se abriu. Os cinco trocaram sorrisos e entraram na sala. Havia uma infinidade de armários com portas de vidro fechados e outros tantos com portas de madeira, até mesmo com cadeados, que os meninos imaginaram que não abririam com feitiço algum. Mas em qual dos armários estaria a Poção Polissuco?

- E agora, Harry? - disse Fred.

- É, e agora, a gente faz o quê? Chora? - completou Jorge, brincando.

- Bem - disse Rony. - Temos que começar por algum armário, né?

- Mas não podemos abrir todos. Passaríamos metade do dia só para abri-los, quem dirá para procurar a Poção em cada um deles e depois fechá-los - concluiu Harry mas Gina se mostrou confiante.

- Francamente! Vocês homens... Vocês não têm visão periférica mesmo não, é? - disse Gina, arrancando a chave da mão do namorado. - Me dá aqui a chave, Harry - o garoto abriu a boca, espantado, e observou a namorada.

Gina foi andando até o fundo da sala e quando chegou lá olhou para os menino, com a expressão impaciente. Afinal, era óbvio para ela onde a poção deveria estar. Os meninos a seguiram mas continuaram com a expressão baratinada. Gina suspirou fundo, soltando o ar com força pelo nariz para aumentar a sua cota de paciência.

- Vocês repararam que os armários têm uma letra minúscula na porta? - os garotos olharam em volta e Harry viu, após ajeitar os óculos e apertar a vista, uma pequena letra "o" escrita no armário que estava à sua frente.

- Ordem alfabética? – perguntou à namorada, que sorriu.

- Exatamente - apontou para cinco armários. - A letra "p", de Polissuco, começa neste armário e vai até aquele. É só a gente procurar nesses.

- Nossa! O seboso até que é organizado - riu Rony.

Cada um então foi para a frente de um armário e a chave mestra passou de mão em mão enquanto abriam cada um seu armário correspondente. Vasculharam tudo mas não encontraram nada. Gina fez uma cara de derrotada.

- E agora, maninha? Perdemos mais alguma coisa óbvia? - implicou Jorge.

- O que a nossa genial Weasley sugere? - disse Fred cinicamente. Rony olhou aborrecido para os gêmeos mas a menina não pareceu se importar.

Enquanto Harry e os outros meninos fechavam os cadeados dos armários ela rodava a chave dourada na mão, circulando a sala. Por fim parou em frente a um armário e, enquanto os três meninos Weasley pareciam estar começando uma séria discussão iniciada por Rony sobre o modo correto de tratar a irmã caçula, Gina, alheia totalmente ao que acontecia, chamou Harry apenas com um olhar. O menino parou ao lado dela e o conduziu com os olhos a reparar no armário que estava exatamente à sua frente. Em minúsculas letrinhas ele leu "Assuntos Pessoais e Poções Muy Potentes".

Os olhos de Harry brilharam e a menina enfiou a chave no cadeado, rodando-a. Eles não se preocuparam em chamar a atenção dos outros, que agora estavam do lado de fora da sala decidindo quem gostava mais de Gina, parecia que os rumos da discussão tinham ido para em um campo extremamente oposto ao inicial. Gina começou a fuçar dentro do pequeno armário. Tirou um bezoar lá de dentro, depois uma pena de escrever totalmente cor de rosa, o que fez com que Harry desse uma gargalhada, depois algo empoeirado que parecia uma agenda ou diário, entregou para Harry.

O garoto estava ajudando Gina, ela ia dando as coisas para ele, que as ia colocando sobre a bancada. Por fim ela reconheceu o vidro de Poção Polissuco, o mesmo que a professora McGonagall havia levado para distribuir aos gigantes. Harry pegou um frasco vazio e ela entornou um pouco da poção. Depois Harry começou a devolver as coisas para ela enquanto Gina colocava tudo de volta, no mesmo lugar. Então quando Harry ia devolver a agenda para ela algo caiu de dentro da mesma. Harry abaixou para pegar. Era uma carta. Virou o envelope e leu o remetente: "Lílian Evans". Ele gelou. Era uma carta de sua mãe. Ignorou a mão de Gina estendida, que esperava o próximo item a ser guardado, fazendo com que a menina se virasse para ele. Harry mostrou a carta, em silêncio. Gina o consultou com o olhar, se poderia ler junto com ele. O garoto confirmou e os dois se sentaram no chão, lado a lado, para ler. Estavam cometendo uma séria indiscrição mas afinal de contas se tratava da mãe de Harry e tinha que descobrir o que havia na carta, não teria outra chance para isso. Abriram o envelope e começaram a ler.

"Severo,

Eu sinto muito mesmo que nós não possamos continuar amigos. Eu sempre gostei muito de você. Você sempre teve o dom de me divertir, de me fazer sorrir, de me fazer sentir viva. Mas nós, infelizmente, não escolhemos o dono do nosso coração. Eu sei que você sabe disso ou não sentiria o que eu sei que você sente ainda por mim, embora você negue." Harry sentiu o sangue gelar dentro das veias, arregalou os olhos, Gina não sabia o que fazer. Fez menção de se levantar mas Harry a segurou, não suportaria continuar sem ela. A menina continuou a ler com ele. "Eu sei hoje que nunca deveria ter tentado algo diferente de amizade com você. Eu gostaria que um dia você me perdoasse por ter feito isso, talvez esse seja o primeiro passo para eu me perdoar. Sofro muito com a sua ausência. A sua amizade era importante para mim, mesmo você e os meus outros amigos se odiando... Saiba que meu arrependimento é porque esse foi um golpe fatal na nossa amizade, não é porque eu te despreze ou te ache indigno de mim. Não Severo. Não é por isso que eu terminei o nosso relacionamento. É porque eu sempre quis ser sincera com aqueles que eu amava, com os meus amigos. E eu não podia te enganar, mesmo que no início tivesse enganado a mim mesma, forçando o nosso namoro a continuar." Harry quase vomitou nessa hora, sentiu o café da manhã voltar quase à boca. Sua mãe tinha namorado Snape! "Eu não posso mentir para você, eu não o amo como homem. Embora o ame absolutamente como amigo. Eu amo outro: Tiago Potter. Ele é o dono do meu coração, do meu destino, da minha vida. Me perdoe por dizer assim, pode parecer cruel mas não é. Eu apenas preciso dividir isso com alguém. Ainda te considero meu amigo e não poderia dizer isso aos outros, poderiam contar para Tiago e eu ficaria envergonhada. Sei que Tiago Potter nunca vai me olhar da forma que eu olho para ele. Eu serei sempre a doce e meiga amiga Lílian. Mas não vou usar você para esquecê-lo. Até por que eu não conseguiria fazer isso. Nem com você, nem com ele e nem comigo mesma. Não seria justo.

Beijos da amiga que te ama.

Lílian Evans"

Harry ainda segurou a carta nas mãos por alguns minutos, mesmo já tendo acabado de ler, estava no mais absoluto choque. Gina viu os três irmãos se aproximando e, arrancado-a das mãos de Harry rapidamente, dobrou a carta e a enfiou dentro da agenda. Ela se levantou rápido, terminou de enfiar o resto das coisas no armário e o trancou de volta. Ela foi rápida, seus irmãos nem mesmo perceberam o que tinha acontecido. Só estranharam ver Harry sentado no chão, os olhos injetados e o semblante perdido. Gina rapidamente se explicou.

- Ele inalou um pouco de uma poção anestesiante. Ficou assim mas já vai passar. Vamos sair daqui agora. Tomem - entregou o frasco aos três irmãos. - Levem isso e isso - era a chave dourada - para a cabana de Hagrid. Eu vou dar um pouco de água ao Harry. E não se esqueça de dar uns fios de seu cabelo para o Colossus, Ron - os Weasley saíram preocupados com o amigo.

Rony ainda tentou ficar mas Gina disse que se não fosse provavelmente os gêmeos dariam um jeito de copiar a chave mestra e isso daria problemas para o Hagrid. Então Rony foi como guardião da chave e Gina arrastou Harry até a primeira sala vazia que encontrou. Precisava muito dela naquele momento.

Assim que entraram na sala Harry andou até a janela e ficou olhando o dia lá fora. Estava um lindo dia ensolarado e o sol estava alto, devia estar perto da hora do almoço. Ele não conseguia dizer uma palavra. Por fim deu um soco na parede, machucando violentemente a mão, que agora sangrava. Gina se assustou. Nunca o tinha visto daquele jeito.

- Harry não! - disse, aproximando-se. A mão dele tinha ficado muito machucada. Harry afastou o braço, novamente em posição para dar um novo soco na parede, mas ela se colocou entre ele e esta. O garoto a olhou, aborrecido. - Não - disse de novo. - Não faça isso com ela - Harry manteve o olhar de antes. - Então não faça isso comigo - emendou, percebendo que o argumento anterior havia falhado. O último surtiu efeito, pois Harry logo se manifestou enquanto Gina conjurava ataduras. - Férula! - murmurou e a mão dele ficou bem enfaixada.

- Por quê, Gina? – disse, os olhos se enchendo de água, ainda com o olhar perdido lá fora.

- Harry, as pessoas se enganam. Você leu a carta até o fim... Sua mãe se confundiu, as pessoas fazem isso: se enganam, enganam os outros. O importante é que a sua mãe foi honesta, ela não fez nenhuma das duas coisas - estava preocupada, imaginando que Harry estivesse tremendamente decepcionado com a mãe.

- Gina... - ele a abraçou, as lágrimas agora corriam pela face ainda rubra de raiva do menino. Ela retribuiu o abraço.

- Não sinta raiva do que houve, ela não teve culpa. Eu passei por isso, sei exatamente o que ela sentiu... - de repente ela travou, não sabia se devia ter dito aquilo.

Gina sentiu a respiração de Harry parar enquanto estava abraçado à ela. Ele então a afastou suavemente e olhou dentro se seus olhos.

- Eu não estou com raiva da minha mãe, Gina. Eu tenho raiva de ter que descobrir isso assim. Tudo o que eu descubro sobre os meus pais vem de outras pessoas, de pistas, de cartas, fotos, documentos... Isso me dá raiva. Eu não saber nada da minha mãe e um cara como Snape, por exemplo, saber mais do que eu mesmo. Eu não imaginaria que ela pudesse ter sofrido tanto por amor. Deve ter sido horrível para ela e... - ele parou o que dizia, lembrando-se de onde queria chegar. - Deve ter sido horrível para voc. Me perdoe por ter feito você passar pela mesma situação. Mas eu não conseguia enxergar o meu coração. Quando eu fiz isso descobri que ele você - Gina sorriu.

- Harry, você é maravilhoso sabia? - e apenas abraçou o namorado. Ficaram ainda algum tempo ali e depois, quando acharam que já estava na hora do almoço, foram até o Salão Principal.

Após o almoço os meninos jogaram um pouco de xadrez até o final da tarde, quando então Dumbledore os chamou para realizarem o feitiço Fidelius. Foram para a sala de Transformações. Havia dois círculos pintados no chão, com uma interseção entre os dois, nela ficariam, de costas um para o outro, Allana e Sirius. Dentro de cada círculo ficariam aqueles que protegeriam, ou seja, a família Weasley e Harry, respectivamente. Após arrumarem as pessoas, Dumbledore mandou com que os dois proferissem as palavras.

Era algo intelegível e a única coisa que Harry entendeu - ou pelo menos pensou entender - foi "Protectus". No final Allana e Sirius abriram os braços e da extremidade de cada mão saiu um fio de luz que após percorrer a circunferência, criou uma redoma de luz azul em torno de cada respectivo círculo. Ficou por alguns segundos assim e acabou. Estava terminado. Agora os Weasley podiam voltar para casa. E a casa de Arabella era novamente segura para Harry.

Os meninos ficaram decepcionados com o feitiço, imaginavam algo mais empolgante e grandioso. Então, quando já estava anoitecendo, o diretor foi até a Torre Sul acompanhado dos três gigantes - agora devidamente transformados em Harry, Gina e Rony - e enviou estes e os Weasley para A Toca via chave de portal. Os verdadeiros Harry, Gina e Rony acharam muito engraçado os gigantes estarem iguais a eles. Era como ter um irmão gêmeo, pensou Rony, imaginando como Fred e Jorge se sentiam.

Depois que todos já tinham ido embora Dumbledore informou aos meninos que deveriam ficar na cabana de Hagrid durante o dia seguinte inteiro, já que os professores e funcionários chegavam antes dos alunos, ao longo do dia, e não poderiam vê-los por ali. Deveriam ficar até que os gigantes fossem encontrá-los, permitindo que fosse feita a troca dos falsos "eles" pelos verdadeiros, o que deveria acontecer antes da Cerimônia de Seleção, lá pelas sete horas da noite.

Com tudo combinado, os três foram dormir. Estavam cansados e acordariam muito cedo no dia seguinte. Harry havia pedido a Gina para que não comentasse nada com Rony e Hermione. Não se incomodava de dividir os seus segredos com eles mas imaginou que os segredos da juventude da sua mãe deveriam continuar pertencendo à ela. Gina concordou.

No dia seguinte acordaram cedo e foram para a cabana de Hagrid. Passaram a manhã conversando com o gigante e quando eram onze horas imaginaram como os seus sósias estavam se saindo no trem. Mas até que ainda não tinham enfrentado muitos problemas...

Como havia sido combinado com Dumbledore, os Weasley escoltaram os três gigantes até a estação. Entraram sem problemas no trem e foram se sentar em uma cabine vazia. Vasta estava achando muito engraçado ter o corpo pequeno de Gina e os outros dois ainda estavam muito desajeitados com a falta de força que os novos corpos tinham. Estavam calados, rindo um do outro quando Hermione entrou na cabine. Eles se entreolharam, apavorados no início, mas Mione ainda não tinha percebido nada de estranho.

- Oi gente - ela se sentou ao lado de "Rony". - Senti saudades, meu amor - esticou o corpo para frente, para ser beijada pelo "namorado", mas Colossus levantou bruscamente da cadeira e, olhando assustado para os outros, disse.

- Eu vou ao banheiro - Hermione olhou surpresa para ele. - Comida estragada - ele colocou a mão na barriga e saiu porta afora com uma expressão de pânico no rosto. Mione se virou para os outros dois.

- Ele está estranho ou é impressão minha? - ela olhou para "Gina" e "Harry" com a testa franzida.

- Não... É... É... - Vasta tentou justificar mas, não conseguido encontrar uma desculpa, "Harry" a ajudou.

- É que ele está muito preocupado com as matérias desse ano. Ele estuda demais, coitado - Hermione abriu um sorriso.

- Mas Harry, você sabe muito bem que o Ron odeia estudar. Ele não pode estar nervoso com isso. Deve ser outra coisa...

Mione olhou para baixo e viu quando "Gina" tentou pegar a mão de "Harry", para dar um apertão de advertência, mas o garoto puxou a mão na mesma hora. Ela estranhou o comportamento dele, Harry nunca se negaria a receber a mão de Gina na sua. Quando perceberam que Mione estava olhando deram as mãos rapidamente, para maior estranhamento ainda da amiga. "Rony" entrava de volta na cabine no mesmo instante.

Ele olhou para as mãos dos outros dois, unidas, e sentiu tantos ciúmes que não pôde se conter.

- O que você pensa que está fazendo com ela? - disse, extremamente aborrecido para "Harry", que soltou a mão de "Gina" e se justificou.

- Calma, não é o que você está pensando... Nós não estamos... - ele travou. Mione o olhou com uma expressão de dúvida e de quase medo. - Não estamos fazendo nada de mais. Pergunta só para a Hermione - ele olhou para a menina, esperando que ela dissesse algo mas ela apenas se levantou e, dirigindo-se a "Rony", perguntou.

- O que foi que houve com você? Por que não me deu um beijo? Por que eles estão agindo assim, estranho? É impressão minha ou você está com ciúmes da Gina? - o gigante tremeu, não estava preparado para tantas perguntas. Ele caiu sentado na poltrona em um choro profundo. Ela ergueu o queixo dele, delicadamente.

- Ron, me desculpe, eu... - mas quando o seu olhar encontrou o dele ela percebeu. - Quem é você? Você não é o Rony. Onde ele está? - segurou o gigante pelo colarinho, apontando-lhe a varinha. - O que você fez com ele? - estava absolutamente nervosa agora. "Gina" resolveu interceder.

- Calma Hermione. Nós podemos explicar. Por favor fique calma - mas Mione parecia disposta a duelar com os três e estava, naquele momento, muito preocupada com o que poderia ter acontecido aos amigos para ser razoável.

Antes que berrasse, "Harry" a agarrou e cobriu sua boca com a mão, ela esperneou mas foi contida com a ajuda de "Rony" e "Gina". Quando estava imobilizada Vasta iniciou as explicações.

- Está tudo bem com os seus amigos. Eles estão em Hogwarts. Dumbledore mandou que nós viéssemos com os Weasley. Eles e Harry passaram o final de semana no castelo. Nós somos Vasta, Colossus e Miúdo. Estamos tomando a Poção Polissuco - ela mostrou a correntinha com o frasco de líquido transparente pendurado no pescoço e os outro fizeram o mesmo.

Mione relaxou o corpo. Estava começando a se acalmar. Tentou perguntar algo mas Miúdo ainda tapava a sua boca. Ele retirou a mão.

- Por que eles não estão aqui?

- Porque eles fugiram para Hogwarts. Os dementadores escaparam de Azkaban e estão atrás de Harry. Ele precisava de proteção. E os Weasley também. Dementadores podem... - Mione completou.

- Sentir a presença de quem procura nos lugares em que esta pessoa já esteve. Eu sei disso, li a respeito no terceiro ano, o professor Lupin nos ensinou bastante. Harry nunca esteve na minha casa. Portanto eu estava segura. É por isso que eu não fui avisada? - Miúdo balançou a cabeça, confirmando. Mione era tão inteligente quanto ele. Ela mudou o tom da conversa.

- Vocês não estão nada convincentes. Primeiro: "Harry", você deve desarrumar esse cabelo. Você, "Ron", afrouxa mais essa gravata. E você, "Gina", trata de entrelaçar a sua mão na dele. Vocês dois não se largam - ela se virou para Colossus. - E você segura esse ciúme aí. Agora, se alguém entrar aqui, vocês fingem que estão dormindo e deixa que eu invento alguma desculpa. Nossa, vocês tinham que ter sido mais bem instruídos... - disse, sorridente, satisfeita com a própria astúcia.

O resto da viagem correu tranqüila, Neville e Simas tentaram entrar na cabine mas uma Hermione muito "sonolenta" pediu que saíssem pois os quatro tinham comido muito, estavam enjoados e precisavam dormir. Eles não foram mais incomodados e mesmo quando Malfoy passou do lado de fora da cabine, ao ver que os quatro "dormiam" profundamente, não forçou um confronto. Ficou apenas alguns minutos contemplando "Gina", que estava deitada com a cabeça no ombro de "Harry".

"Maldito Potter", ele pensou e se retirou.

Assim que estavam chegando na escola o apito do trem soou e Hermione conduziu os três até o fundo do trem, para que saíssem sem serem vistos. Saíram apressados e a primeira coisa que fizeram foi correr até a cabana de Hagrid. Quando entraram lá foram recebidos por Hagrid, Canino e os verdadeiros Harry, Rony e Gina. Mione se atirou no pescoço de Rony e sussurrou em seu ouvido.

- Nunca mais faça isso comigo. Por um segundo achei que tinha perdido você, lá no trem - todos riram, o "sussurro" de Hermione tinha saído tão alto quanto uma bronca de mãe.

- Desculpe Mione - disse Rony, corando.

Os outros vieram abraçar a amiga e também se desculparam pelo susto. Ainda estavam rindo da situação toda quando entraram juntos no Salão Principal, para a Seleção e o banquete de início de ano. Rony havia ficado particularmente satisfeito por Colossus não ter deixado Hermione beijá-lo. Dumbledore sorriu ao ver os quatro se sentarem à mesa da Grifinória. O plano tinha funcionado perfeitamente. A Seleção ia começar, bem como um novo ano letivo na Escola De Magia e Bruxaria de Hogwarts.