O final de semana finalmente chegou e os alunos autorizados poderiam visitar o vilarejo de Hogsmeade. Bichento acordou na manhã de sábado agitadíssimo. Mione achou engraçado o gato se enroscar nas pernas dela enquanto se arrumava, para apressá-la. O gato estava até tentando ajudar, tinha acabado de trazer sua gravata com a boca. Mione abaixou e a tirou dele.
- Bichento! Assim você vai babar nas minhas roupas. Calma! Nós já vamos – disse, colocando o gato em cima da cama, coçando suas orelhas carinhosamente. Às vezes ainda esquecia de que o gato era, na verdade, a madrinha de Harry. - Já vamos - sussurrou no ouvido de Allana. O gato sentou calmamente e esperou Mione terminar de se vestir. Dentro de dois minutos Mione e Bichento desciam as escadas apressadamente. Harry e Rony já estavam na sala comunal, esperando as meninas descerem.
- Até que enfim! - disse Rony impaciente.
- É, Mione, que demora - concordou Harry. - Cadê a Gina? - perguntou, ansioso. Mas a namorada desceu em seguida, ainda de pijamas.
- Eu não vou - os três se espantaram.
- Não vai? - disseram juntos. Harry deu um passo à frente.
- Como assim? Não vai? - ela sacudiu a cabeça negativamente.
- Não me sinto bem. Acho que estou com febre - Harry esticou a mão para tocar a testa dela e checar a temperatura mas Gina se esquivou do toque.
- Vão vocês. Eu vou ficar bem. Só preciso ficar deitada - Harry olhou dentro dos olhos dela.
- Eu fico aqui com você - disse, decidido. Rony e Hermione se entreolharam ao perceberem que Gina não tinha sido muito receptiva com a oferta do namorado.
- Não! Eu não quero que você perca o passeio - disse, apontando para Bichento. Sabia que também poderia tentar ver o padrinho. Ele deu mais um passo à frente, tentando fazer um carinho no rosto da menina, mas ela recuou. Harry se sentiu arrasado.
- Gina... - ela virou as costas e começou a subir as escadas, deixando uma frase no ar.
- Eu vou ficar bem, divirtam-se - e desapareceu escada acima.
Rony e Mione disfarçaram. Sabiam que Harry tinha ficado triste. Mas resolveram tentar animar o amigo.
- Vamos Harry. Ela vai ficar bem - disse Rony.
- É, vamos! Daqui a pouco Bichento vai começar a afiar as unhas em mim - ela disse para Harry, que agora percebia a ansiedade da madrinha, ronronando na frente do retrato da Mulher Gorda. Ele ainda olhou na direção das escadas, indeciso se deveria ir. Mas foi arrastado por Rony e Hermione.
Assim que chegaram ao vilarejo Bichento se desprendeu do colo de Hermione. Ela ainda teve tempo de falar para o gato, antes que corresse para a Casa dos Gritos.
- Nós estaremos no Três Vassouras na hora do almoço - Bichento miou, contente. - Divirta-se - gritou para o gato, que se afastou correndo.
Hermione e os garotos tinham decidido que era conveniente não visitarem Sirius daquela vez, era melhor que Allana avaliasse a situação dele primeiro e não queriam atrapalhar o casal.
- Bem, e agora? Vamos aonde primeiro? - disse Rony, animado, mas foi interrompido por Mione.
- Nós vamos primeiro conversar com o Harry, aproveitando que a Gina não está aqui. Lembra? Nós combinamos isso... - Harry suspirou fundo quando Mione disse o nome da namorada. Estava muito infeliz por ela não estar com eles.
- Mas Mione, ele precisa se divertir. Podemos cuidar disso na escola – Rony estava doido para ir à Zonko's e à Dedosdemel.
- Não Ron. Isso é mais importante - o garoto fez uma careta desgostosa mas concordou.
- Hey! - Harry disse, chamando a atenção dos amigos. - Agora que vocês terminaram de decidir a minha vida nós podemos sair do meio da rua? - fez uma expressão divertida para os amigos, que ficaram um tanto quanto envergonhados.
- Tudo bem - disse Mione. - Vamos dar uma volta e conversamos enquanto passeamos – e Mione começou a conversa enquanto andavam. - Estamos preocupados com você, Harry - ele olhou para a amiga, abatido.
- Eu sei. Ron falou comigo uma noite dessas - sacudiu os ombros. - Eu não sei o que está acontecendo Mione - a garota apertou os olhos e franziu a testa.
- Acho que ele está perdendo a memória - opinou Rony.
- Não! Senão ele esqueceria outras coisas - Harry concordou. - Acho que é outra coisa... - ela crispou os lábios.
- O que poderia ser? – Rony perguntou, preocupado.
- Harry, você teve mais algum sonho? - ele refletiu por alguns segundos. Deveria contar sobre o sonho que tinha tido com Gina? Por fim resolveu falar a verdade, seria arriscado guardar sozinho algo assim.
- Tive sim - Rony fez uma expressão ofendida.
- Mas você disse que não tinha tido... – disse em tom de cobrança.
- Eu não queria aborrecer ou preocupar vocês. Foi um sonho idiota. Mas agora acho que devo contar. Algo me diz que a Gina está com medo de mim – disse, desanimado.
- Não posso culpá-la por isso - disse Rony, ainda aborrecido, sob um olhar de desaprovação de Hermione.
- Ron! - ela chamou sua atenção.
- Nós não queremos criticar o Harry mas sim ajudá-lo - ele concordou rápido e retomaram o assunto. - E o sonho? - insistiu. Harry suspirou fundo e contou tudo.
- Então você dormiu e começou a sonhar que estava na sala comunal? - perguntou Rony.
- Não! Eu sonhei que estava no dormitório. E ouvi um grito. Me parecia ser a Gina. Fui ao quarto dela e ela não estava. Então desci e vi uma figura parecida comigo a esganando. Mas era Vold... - os amigos fizeram uma careta e ele emendou, corrigindo. - Era Você-Sabe-Quem. Ele largou a Gina e sumiu na fumaça. Disse que era só, por hora. Eu abracei a Gina e acordei - Hermione estava atenta. Tentava ligar o sonho com os ataques de grosseria e a amnésia de Harry, sem muito sucesso.
- Acho que vou pesquisar sobre isso - disse finalmente. Ron sorriu para Harry e cochichou.
- Não te disse? Ela estava só esperando para dizer isso... - o amigo ensaiou um sorriso. Agora pelo menos tentariam encontrar uma solução, embora o problema ainda não estivesse definido. Andavam pela rua quando de repente Rony parou, vidrado em uma vitrine.
- Caramba!
Harry e Hermione se viraram para ver o que tinha chamado tanto a atenção do amigo. Viram uma vitrine impecável, vários objetos interessantes. No alto da loja uma enorme letra "G" dourada, seguida por um "W" que, de tempos em tempos, corria até o fim do letreiro e voltava depressa, chocando-se violentamente contra a outra letra. Nessa hora aparecia o nome da loja: "Gemialidades Weasley". Harry deu o primeiro sorriso do dia. Finalmente os gêmeos tinham gasto os galeões que dera de presente para eles no quinto ano.
Entraram na loja. A primeira coisa que aconteceu quando abriram a porta foi um barulho ensurdecedor de palmas, que só cessou quando a porta se fechou atrás dos três. Depois caiu um balde de tinta vermelha na cabeça deles. Hermione ia dar um grito mas a tinta evaporou imediatamente. Fred e Jorge se aproximaram deles, para cumprimentá-los.
- É tinta evaporável cunhadinha - disse Fred, rindo de Mione, que agora verificava se ainda havia algum resíduo de tinta no seu broche de monitora.
- Uma ótima invenção de Fred - completou Jorge, com um sorrisinho maroto. - Temos de todas as cores. Azul, rosa, até cor de "Burro quando foge"... – disse, orgulhoso.
- Gostei muito da loja garotos - disse Harry, sorrindo.
- Era uma surpresa, por isso não falamos antes. Queríamos que vocês conhecessem - Rony estava dando uma volta na loja, olhando para todas aquelas invenções.
- Mamãe e papai sabem disso? - os gêmeos deram simultaneamente de ombros.
- Quem sabe? - disseram juntos. Rony sorriu.
- Já vi que não... Eles iam pirar – disse, segurando algo que parecia um nariz gigante.
- O que é isso? - perguntou Mione, apontando para o objeto que Rony segurava.
- Ah! É um cheirador. Ele testa se os seus sapatos estão com chulé ou se a comida está podre. Embora não goste de sentir cheiros desagradáveis. O problema é que fica sempre resfriado, tivemos duas devoluções de clientes que tiveram os sapatos arruinados por um monte de meleca. Pelo menos não foi a comida... - Mione fez uma careta e Rony devolveu o objeto "cheirante", que já tinha fungado, ameaçadoramente, uma ou duas vezes para a prateleira.
Ficaram ainda alguns minutos conversando com os gêmeos, que lhes deram algumas lembranças para levarem para Gina. Harry se assegurou que não produziriam nenhum susto para a garota mas eram mini-fogos de artifício, que explodiam sem som ou fumaça, reproduzindo letras ou palavras. Harry escolheu alguns. Queria fazer uma surpresa para Gina com aquilo. Então foram embora. Ainda passariam na Zonko's, por insistência de Rony, e na Dedosdemel. Mione queria levar algumas balas de alcaçuz para a amiga.
Depois terem feito as compras foram ao Três Vassouras, tomar algumas cervejas amanteigadas. Madame Rosmerta os atendeu.
- Olá queridos. O que vocês gostariam? - disse, sorrindo.
Pediram as cervejas amanteigadas e conversaram animadamente sobre o que tinham feito ao longo da manhã. Draco Malfoy entrou no bar, acompanhado de seus fiéis escudeiros, Crabbe e Goyle. Ele olhou com desprezo para a mesa que Harry estava sentado
- Como isso aqui está mal freqüentado! Pobres, sangue-ruins... - disse, alto. Rony fez menção de se levantar mas Harry trocou um olhar fulminante com o garoto, que prosseguiu. - Sem falar nos idiotas patéticos - disse, olhando dentro dos olhos verdes.
- E o que tem nós dois? - perguntaram Crabbe e Goyle juntos. Draco se irritou com a estupidez dos amigos.
- Vocês não, suas mulas. Potter - disse, furioso. Como podia conviver com amigos tão idiotas que nem mesmo entendiam as suas piadas para rirem delas?
Harry acompanhou o garoto com o olhar até se sentar com os dois amigos. Por fim, se virou para Rony e Mione.
- Não vamos ficar incomodados com o Malfoy. É inútil. Ele é um imbecil - Rony concordou, muito a contragosto.
Enquanto os garotos esperavam pela segunda rodada de cervejas Bichento retornou. Pulou no colo de Hermione, ronronando, satisfeito. Os três sorriram e, quando acabaram de tomar as cervejas, saíram porta afora, de volta ao castelo. Draco fez uma cara de nojo quando saíram.
- Isso fede.
- Foi o Goyle - defendeu-se Crabbe imediatamente. Draco deu um soco na mesa.
- Calem a boca vocês dois - disse, irritado, enquanto o trio saía porta afora.
Assim que Harry retornou ao castelo foi imediatamente procurar por Gina. A menina ainda estava no dormitório. Tinha ficado a manhã inteira no quarto. Estava muito triste para descer as escadas e encontrar o resto dos colegas na sala comunal. Mas quando o trio chegou Hermione foi tentar buscá-la para almoçar.
- Entra - Gina disse com a voz monótona. - Ah! Mione, é você? - ela se esforçou para sorrir.
- Gina, vamos almoçar. Trouxemos presentes para você – disse, estendendo as balas de alcaçuz para a garota, que sacudiu a cabeça, agradecendo.
- Estou sem fome. Devo estar ficando doente - Mione encostou o dorso da mão na testa da menina e na sua, comparando-as.
- Está normal. Igual a minha - disse categoricamente. - Vamos Gi. Harry comprou uma surpresa para você - a garota abaixou a cabeça.
- Ah, Mione, ele está estranho... - Hermione concordou mas acrescentou.
- Nós vamos pesquisar sobre isso Gina. Eu mesma vou para a biblioteca depois do almoço. Mas você tem que dar uma chance para ele. Ele não sabe o que está havendo. Ele está mal... - Gina torceu o lábio, em dúvida. - Ele precisa de você - agora Mione tinha apelado mas dito as palavras mágicas. Gina suspirou.
- Está bem Mione. Eu vou descer para almoçar. Me dá uns minutos para eu me vestir, está bem? - Hermione desceu e avisou aos meninos que Gina já desceria. Harry deu um sorriso amarelo.
Depois de alguns minutos, que pareceram uma eternidade para Harry, de tão ansioso que estava, Gina desceu as escadas. Ele deu um sorriso tão sincero para ela que Gina não agüentou e se pendurou em seu pescoço.
- Eu senti saudades de você - ele disse no ouvido dela, menina sorriu.
- Eu também - Mione deu um cutucão em Rony, satisfeita.
- Então vamos? - disse Rony. - Estou faminto - completou, colocando a mão na barriga, massageando o estômago. Os outros riram e foram para o Salão Principal, almoçar.
Conversavam, animados, quando Dumbledore interrompeu o almoço. Parecia estar satisfeito. Os alunos silenciaram e aguardaram que o diretor iniciasse o seu discurso.
- Desculpe interromper o almoço meus caros - deu uma olhada geral no Salão. - Eu tenho uma notícia no mínimo interessante para dar a vocês - agora o silêncio era absoluto. - Hoje à noite chegarão a Hogwarts dez alunos franceses, vindos de Beauxbatons. Eles permanecerão conosco por alguns meses, até que sua escola esteja novamente em condições de abrigá-los de novo. Hagrid partirá amanhã com Madame Maxime para avaliar o estado da escola francesa. Então hoje à noite nós teremos um grande banquete de boas vindas e uma Cerimônia de Seleção Extraordinária para esses alunos. É só. Bom apetite - houve um burburinho geral.
- Isso vai ser ótimo - disse Mione, animada.
- Espero que os alunos franceses nos tragam informações novas, integração de conhecimentos é maravilhoso - Rony fez uma careta imperceptível.
- Espero que eles joguem quadribol muito bem - Harry e Gina riram das diferentes prioridades dos amigos.
Ainda continuaram a conversar. Quando acabou o almoço Hermione foi direto para a biblioteca, como havia prometido a Gina. Rony resolveu acompanhá-la, para deixar Harry e Gina a sós e também para curtir um pouco da namorada, na medida do possível. Eles se separaram dos outros, que foram dar uma volta nos jardins. Harry e Gina ainda se ofereceram para ajudar os dois mas eles pareciam querer ficar sozinhos. Afinal, a biblioteca ficava vazia aos sábados à tarde.
Quando Rony e Hermione entraram na biblioteca Madame Pince olhou curiosa para os dois. Eles a cumprimentaram com um aceno de cabeça e Mione foi direcionando o menino para as buscas.
- Ron, você vai procurar qualquer coisa sobre "memória", letra "m" e... - ele cortou a namorada.
- Mione, eu sei como se escreve memória e não é porque eu nunca venho para a biblioteca que eu não sei pesquisar um assunto - ela olhou para ele com dúvida no olhar.
- Tudo bem. Eu vou olhar nos fichários onde estão os livros sobre possessão - Rony estremeceu.
- Po-possessão? - perguntou, cheio de medo. Mione olhou para ele com naturalidade.
- É uma possibilidade. Mas eu não mencionei nada disso a ele. Não quis alarmá-lo - disse com simplicidade.
- Oh! Muito obrigado por ter tido a mesma consideração por mim, meu amor – respondeu, cheio de sarcasmo. - Agora, por exemplo, eu não estou nem um pouco alarmado de estar dormindo ao lado de um possível possuído - Mione riu e indicou para ele o corredor da letra "m", dirigindo-se ao da letra "p".
Depois de duas horas pesquisando os dois não tinham obtido grandes progressos. Rony lia algumas linhas sobre perda da memória:
- "Algumas pessoas podem perder partes da memória ou mesmo totalmente ao levarem uma forte pancada na cabeça..."... "O feitiço 'Obliviate' pode apagar por completo a memória de uma pessoa..." Não, nenhum dos dois. Não é o caso de Harry. Está mais para o imbecil do Gilderoy - Mione pediu silêncio, lia também.
- "Na Idade Média muitas pessoas foram queimadas em fogueiras por serem consideradas Bruxas...", ridículo. Isso eu já sabia. "...Uma das maneiras de expulsar um espírito que esteja possuindo uma pessoa é o exorcismo. Um ato que só pode ser feito por um sacerdote trouxa..." - continuou, correndo o dedo pela linha que estava lendo.
Rony começou a prestar atenção nos lábios dela enquanto Hermione pronunciava cada palavra. Ele já estava começando a ficar hipnotizado. A menina virava as páginas, passando a pontinha do dedo na língua, depois a passava sobre os lábios, umedecendo-os. Mordia os lábios às vezes, quando uma ou outra palavra estava apagada demais para ser lida, franzindo a testa, tentando imaginar o que poderia ser. Rony já tinha perdido totalmente a concentração. Esta olhando fixamente para os lábios dela. A menina finalmente percebeu.
- O que foi? - perguntou, acordando-o do transe em que ele se encontrava.
- Mione... - ele disse com a voz fraca e rouca.
- O quê? Descobriu algo? - ela ficou séria, olhando para Rony enquanto ele se levantava da cadeira em frente e caminhava até ela lentamente, encarando-a de uma forma que nunca havia encarado antes.
Rony a segurou pela mão. Ela estranhou mas estava curiosa e não protestou. Ele olhou para os dois lados e, verificando que Madame Pince tinha aproveitado o fraco movimento da biblioteca no sábado à tarde para tirar um cochilo em sua mesa, puxou-a para o corredor mais afastado da mesa da bibliotecária. Hermione o seguia, movida pela curiosidade. Ela finalmente perguntou quando chegou ao fim do corredor comprido e empoeirado.
- Rony o que vo... - mas ele calou a garota, cobrindo sua boca com a dele. Ela se assustou a princípio mas em alguns segundos estava retribuindo fervorosamente o beijo.
Rony colocou a mão na cintura dela e a encostou na estante de madeira, que rangeu baixinho. Ele descolou os lábios dos dela por um instante, rindo. Mione retirou a varinha do bolso, apontou para a estante: "Silenciate!". Rony novamente encostou a menina na estante, que não rangeu mais. Colocou a mão por baixo dos cabelos cheios de Hermione, afastando-os para poder beijar o pescoço dela. Ela estava experimentando uma série de sensações completamente novas, inclusive estar infringindo cerca de doze leis escolares sobre namorar nas dependências de Hogwarts. Ele não parou de beijá-la. Mione sentia que a qualquer momento ia gritar mas, ao invés disso, correu as duas mãos pelas costas de Rony, levando o menino à loucura. Ele sussurrou no ouvido dela.
- Mione, você me deixa louco... - ela não podia responder muito pelos seus atos também.
Então ele iniciou algo que a assustou. Rony encontrou, por debaixo das vestes da menina, os primeiros botões da blusa dela, que começou a desabotoar. Ela travou na mesma hora, colocando as duas mãos dela nas dele, impedindo-o.
- Não Ron. Aqui não... Não desse jeito... - ele ficou um pouco sem graça mas entendeu. Ela sorriu para ele, beijando-o de levinho. - Vamos voltar... - disse, puxando o namorado pela mão mas ele ficou empacado no lugar.
- Vai indo... Eu já te alcanço - disse com um sorrisinho amarelo.
- Vamos logo Ron, o que você vai ficar fazendo aí sozinho e... - ele fez uma expressão desconcertada.
- Mione... Eu preciso de uns minutos, sabe, para me RECOMPOR, você entende... - disse de cabeça baixa. Ela arregalou os olhos, sem graça, e virou-se para o outro lado.
- Uou! Compreendo. Vou esperar você... Você... Vou te esperar lá na mesa - disse finalmente, afastando-se sem olhar para trás, deixando um Rony muito embaraçado no corredor.
Alguns minutos depois ele retornou à mesa de cabeça baixa. Ela já tinha guardado todos os livros e anotado algumas perguntas sobre os dois assuntos que gostaria de perguntar a algum professor. Ela olhou para ele mas Rony permaneceu calado. Não disse uma palavra durante todo o caminho até a entrada da Torre da Grifinória. Parecia extremamente desconfortável. Ela percebeu e resolveu esclarecer as coisas.
- Ron - ela ergueu o queixo dele. - Por que você está assim? - perguntou antes que passassem pelo retrato da Mulher Gorda.
- Porque eu me sinto um idiota, Mione. Um idiota desajeitado que forçou a namorada a fazer algo que ela não queria. Eu quase estraguei tudo com a minha ansiedade - Mione sacudiu a cabeça.
- Você acha isso? - ele confirmou. - Não acredito! É claro que não é isso - ele ergueu o olhar para ela.
- Não é? - perguntou, ainda em dúvida.
- Claro que não, seu bobo - ela sorriu como se ele tivesse dito algo tão absurdo quanto ela passar a esquecer os deveres de casa.
- Então o que é? Você não quer, não é? Posso entender isso e... - disse, segurando a mão dela na sua. Ela corou e respondeu, olhando para o chão.
- Eu quero... Muito - ela levantou os olhos para ele, enchendo-se de coragem. - Mas não assim. Sabe, é você... Eu quero que seja especial... - completou. Tinha feito o menino ganhar o dia.
- Vai ser Mione, eu te prometo isso - ela sorriu e os dois disseram a senha, entrando pelo buraco do retrato.
Entraram na sala comunal e resolveram esperar por Harry e Gina antes de descer para o banquete e a seleção extraordinária dos alunos franceses.
Harry ainda estava com a namorada nos jardins da escola. Tinham passado o resto da tarde juntos e agora estavam assistindo ao pôr-do-sol, sentados em uma pedra de frente para o lago. Gina ainda estava ressabiada com ele mas tinha passado momentos tão agradáveis com Harry que as preocupações dela estavam começando a desaparecer. Foi quando ela se lembrou de algo que Hermione tinha dito mais cedo.
- Harry, Mione me disse que você tinha comprado um presente para mim – disse, sem graça mas curiosa ao mesmo tempo. Ele riu.
- É, eu comprei. Na loja dos seus irmãos - ela sorriu. Ele já tinha contado a surpresa que tinha sido encontrar Fred e Jorge já estabelecidos em Hogsmeade. Tinha dito a ela também de como estava feliz por ter Sirius por perto e Allana.
- E o que foi que você comprou? - ela insistiu. Ele olhou para o céu, as estrelas estavam começando a aparecer. Já estava suficientemente escuro.
- Foi isso - ele tirou do bolso três mini-fogos de artifício. Ela sorriu, intrigada.
- É o que é isso, Harry? Filibusteiro? - ele sacudiu a cabeça.
- Não. Experimenta - ele entregou o primeiro nas mãos dela.
- Como eu faço? - ele ensinou para ela, era só jogá-los para cima que explodiam, sem fazer barulho ou fumaça.
Ela pegou o primeiro da mão dele e jogou para cima. O foguetinho subiu e quando atingiu uma certa altura explodiu, deixando cair uma chuva prateada sobre eles e formando no céu a palavra "Eu" em azul. Gina sorriu e ele jogou os outros dois juntos para cima e quando explodiram, liberando faíscas douradas, completaram um "Eu te amo" perfeito no céu estrelado. Ela não acreditou.
- Harry! Que coisa linda! - disse, os olhos cheios d'água. Ele apontou para o céu.
- Poderia ficar escrito ali para sempre, sabe, nas estrelas - ela se jogou nos braços dele e o beijou apaixonadamente.
Era a primeira vez que fazia isso em dias. Ele achou que o presente tinha valido muito à pena e fez uma nota mental para si mesmo de agradecer aos gêmeos depois. Ficaram ainda ali até que as palavras sumissem e depois correram para a Cerimônia de Seleção.
Chegaram praticamente juntos com Rony e Hermione, que tinham desistido de esperar pelos dois na sala comunal. Harry ainda perguntou para Hermione antes de sentarem se ela tinha descoberto alguma coisa. Ela explicou que muito pouco e que a pesquisa só trouxera mais dúvidas. Ele desanimou um pouco mas o assunto foi encerrado. A delegação francesa acabara de entrar e o Chapéu Seletor já estava em um banco na frente da mesa dos professores, para selecionar os alunos novos.
Dumbledore recepcionou os dez alunos e foram sendo selecionados, um a um. Cada aluno enviado para uma casa era recebido com uma salva de palmas e apertos de mão. Ao final, quatro haviam se tornado lufa-lufas, três grifinórios, dois corvinais e apenas um garoto mais velho foi para o sétimo ano da Sonserina. Harry e Rony ficaram desapontados porque os rapazes mais fortes e possivelmente mais aptos para o quadribol haviam ficado nas outras casas.
A Grifinória tinha recebido uma garota nova, que ficaria na turma de Gina, Anne Marie, e dois garotos: um para o sétimo ano, Pierre Auguste e outro para o quarto ano, Phillip Marceau. Restava agora a Harry, como capitão do time, iniciar o processo de seleção e montar o novo time da Grifinória, logo o campeonato começaria e ainda teriam que treinar muito.
