De manhã Harry encontrou Gina na sala comunal. Eles levantaram cedo mas os amigos ainda não tinham chegado. Quando os dois já iam descer para tomar o café da manhã Rony e Hermione entraram pelo buraco do retrato. Ambos ainda com as roupas do baile, totalmente encardidas. Entraram sussurrando, nas pontas dos pés. Harry e Gina ficaram surpresos ao vê-los.
- Onde vocês estavam? - perguntou Harry, preocupado.
- Ahn? - respondeu Hermione desconcertada. Ela trocou um olhar com Gina, que apertou os lábios, segurando uma risada.
- Eu pensei que éramos nós que devíamos perguntar isso a vocês... - disse Rony, aborrecido. - Vocês é que sumiram durante uma tempestade. Vocês é que deixaram a gente apavorado a noite toda e são vocês quem devem uma explicação - ele continuou categoricamente. Harry analisou as "acusações" do amigo e resolveu explicar.
- Eu sinto muito. Eu me desesperei e fugi - disse, resignado. Gina se aproximou dele e entrelaçou a sua mão à sua.
- Isso nós percebemos - disse Mione, curiosa para saber como tudo tinha se resolvido.
- Acho que nós podemos nos sentar um pouco - disse Gina, tentando aliviar o clima tenso.
Os quatro se sentaram no sofá e Harry começou a explicar toda a história. Contou sobre a capacidade telepática que ele e Gina desenvolveram, o quão insuportável para ele estavam se tornando os ataques de grosseria seguidos de amnésia e até mesmo o fato de ter conseguido se lembrar do último ataque. Por último ele abaixou a cabeça e narrou, envergonhado, torcendo nervosamente as mãos no colo, a parte em que tinha sentido vontade de estrangular a namorada. Gina ficou o tempo inteiro com a mão sobre a perna dele, de forma apoiadora. Quando Harry terminou de contar, Rony e Hermione, estavam surpresos e intrigados. Ele percebeu que Hermione parecia estar tentando chegar a algum tipo de conclusão.
- No que você está pensando, Mione? – perguntou, curioso.
- Eu ainda não posso dizer nada. Prefiro dar uma olhada nos livros primeiro – a menina respondeu calmamente.
- Mas eu imagino que você tenha alguma idéia - completou Gina, insistindo.
- Fala logo, Mione, eu sei que você já tem alguma teoria brilhante - Rony disse finalmente, com categoria.
- Está bem. É que eu ainda não estou certa. Eu tenho que confirmar - os três olharam para ela, implorantes. Ela resolveu contar aos amigos o que achava. - Eu acho que tudo isso tem a ver com o Feitiço Conectivus - os três se entreolharam. - Acho que li alguma coisa a respeito disso no caderninho de Arabella, ano passado, não estou bem certa. Mas tenho a impressão de que o Feitiço Conectivus estava ligado a algum tipo de projeção. Uma projeção de pensamento, se não me engano. Eu estava preocupada com projeções astrais ano passado e aquelas suas viagens a Érevan. Tinham tantos exemplos naquele livrinho... - disse, apertando os olhos, tentando se lembrar do que tinha lido.
- Bom, então seria bom você pegar o livro com a professora Figg de novo. Nós podemos nos encontrar na biblioteca, depois do almoço - disse Harry, ansioso.
- Está bem mas não podia ser depois da janta? Eu queria ver se eu dormia um pouco de tarde. Estou morto - disse Rony, bocejando, mas Mione cortou o namorado com veemência.
- Não! - ela disse de forma quase ríspida, assustando os três. Depois se corrigiu, mudando para um tom doce. - Eu quero resolver aquele assunto com você - disse com os olhos fixos em um Rony tão espantado quanto os dois amigos.
- Assunto? Que assunto, Mione? - perguntou, desanimado, mas a namorada olhou para ele séria.
- Aquele assunto – disse, os olhos arregalados, e ele entendeu. Corou até a raiz dos cabelos.
- Ah! Aquele assunto... – disse, tentando não rir. Os outros dois não entenderam nada. Mione virou e disse com a maior tranqüilidade do mundo, olhando para o chão.
- Eu estou dando uma ajuda para o Ron sabe, aulas de reforço. Ele anda preocupado, os N.O.M.'s estão próximos - os outros dois estranharam mas não se estenderam muito no assunto.
- Tudo bem. Então fica para depois do almoço mesmo - disse Harry, segurando Gina pela mão. - Vamos descer para tomar café.
Desceram e tomaram o café da manhã. Não teriam aulas naquele dia. Estavam faltando apenas cinco dias para o ano novo e Hogwarts estava em recesso. Em breve os quatro iriam para A Toca, para as comemorações de fim de ano. Com certeza os gêmeos trariam muitas novidades da loja para alegrar a passagem do ano.
Como haviam combinado, depois do almoço, os quatro se reuniram na biblioteca para discutir sobre os ataques de Harry. Hermione havia aproveitado a manhã para pegar o livrinho de Arabella novamente. Começaram a folhear o livro em busca de alguma resposta.
- Aqui está - disse Hermione, mordendo os lábios. - Eu sabia: "O Feitiço Conectivus é um exemplo de projeção de pensamento mas ainda assim uma projeção." – leu, animada. Os outros observavam enquanto ela lia. Ela passou a língua pelos lábios e prosseguiu. Rony sentiu um arrepio. - "O Feitiço Conectivus é muito perigoso e não deve ser feito sem treinamento ou orientação pois pode ter conseqüências adversas". Eu devia ter imaginado. Estava tão preocupada com as suas projeções astrais que não me lembrei que tinha lido que também podemos projetar o pensamento. Eu teria me lembrado, quando lemos sobre o feitiço naquele livro velho. Mas eu estava muito ansiosa para ajudar você e a Gina a ficarem juntos - disse para Harry.
- "timo – respondeu ele. - É bom saber disso agora - Gina o censurou com o olhar.
- Valeu à pena - disse apenas movendo os lábios para que ele os lesse. O garoto sorriu, sacudiu a cabeça e apertou a mão dela sob a mesa. Mione continuou, sob um olhar hipnotizado de Rony.
- "Se o feitiço for associado a outro elemento, como uma poção, encantamento ou mesmo outro feitiço, seu efeito pode ser amplificado. Até mesmo se tornar permanente" - ela fechou o livro. Tinha terminado de ler as informações ali contidas.
- Nossa Mione! Que encorajador. Ainda bem que nós só usamos uma poção e um encantamento. Imagina se tivéssemos combinado outro feitiço também? Talvez eu tivesse sido transformado em um trasgo - Harry disse cinicamente.
- Quer dizer que pode ser permanente? - perguntou Gina, aflita, sem dar atenção às bobagens que Harry tinha dito.
- Pode - respondeu Hermione, desanimada.
- Mas por que eu não tive nenhum ataque? Eu também usei a telepatia para falar com Harry. Talvez a nossa telepatia não tenha relação com o feitiço e eu e Harry já possuíamos uma afinidade bem grande antes disso - Mione olhou da amiga para Harry, ainda mais intrigada.
- A poção ligante. Ela tinha fios do seu cabelo, Gina. Da mecha que você deixou para Harry. De alguma forma deve ter te protegido ou, me perdoem a palavra, infectado Harry - os dois sacudiram as cabeças. Aquilo parecia muito estranho e difícil de se acreditar. Harry se voltou para Rony, que agora sacudia as pernas embaixo da mesa de forma ansiosa. Parecia estar louco para sair dali.
- O que você acha Ron? - o menino virou para Harry e, com a cara mais deslavada do mundo, respondeu.
- Eu acho que preciso estudar. Agora! - ele disse a última parte se voltando para Hermione, que se espantou. - Quero adiantar nosso estudo Mione. Vamos! - ele se levantou e saiu puxando a namorada pela mão.
- Depois nós terminamos a conversa - ela gritou já da porta da biblioteca. Os dois saíram deixando para trás um Harry e uma Gina muito curiosos.
Não tinham feito grandes descobertas mas pelo menos já sabiam que de alguma forma o Feitiço Conectivus poderia ter contribuído para que desenvolvessem a telepatia. Embora não soubesse ainda como e muito menos as conseqüências disso.
Enquanto os alunos curtiam o recesso Dumbledore e o resto da Ordem da Fênix estavam às voltas com a investigação do assassinato de Fudge, o que havia atrasado a realização do julgamento de Sirius. O julgamento havia sido transferido de dezembro para o final do ano letivo. Moody havia realmente conseguido uma autorização especial para realizá-lo com o auxílio do Veritasserum. Ele e o resto da Ordem contavam com a absolvição de Black.
Sirius ainda estava na Casa dos Gritos. Allana sempre que podia ia visitá-lo na forma de Bichento. Ela entrava pela passagem do Salgueiro Lutador e se esgueirava até ele. Às vezes passava o final de semana inteiro com o namorado.
Até mesmo os alunos achavam muito engraçado o gato de Hermione passear livremente pelo jardim da escola. Ela sabia que o gato queria ficar em Hogwarts durante o recesso. Ela e Harry já estavam com as coisas prontas para pegar a carruagem para irem para A Toca. No dia 30 de dezembro ela se despediu de Bichento, desejando um feliz ano novo no ouvido do gato. Rony e Gina fizeram o mesmo. Harry ainda recomendou lembranças ao padrinho e partiram. Rony, antes de embarcar na carruagem, ainda fez graça.
- Nossa Mione! Acho que os passeios a Hogsmeade estão fazendo muito bem ao Bichento. Viu como ele está gordo e com o pêlo brilhante? - todos riram e embarcaram na carruagem. Iriam até a estação de trem da escola e, de lá, pegariam o trem para Londres. Os Weasley e Harry agora estavam bem protegidos pelo feitiço Fidelius.
Quando chegaram n'A Toca ficaram muito surpresos com a arrumação da casa. Os gêmeos estavam ganhando muito bem na loja de logros e tinham dado de presente à mãe uma nova decoração, feita pelo decorador bruxo Frufruzius Di Rococó. Hermione e Gina acharam a nova sala muito bonita mas Rony achou tudo muito engraçado e exagerado.
Depois do almoço o Sr. Weasley pediu licença a todos e aparatou com Percy para o Ministério. Moody havia convocado uma reunião extraordinária para que o depoimento de Percy sobre a sua estadia na Irlanda fosse ouvido.
Quando os dois aparataram na sala de Alastor já estavam presentes quase todos os membros da Ordem da Fênix. A exceção de Snape e Sirius. O Ministro pediu que o rapaz se sentasse. Tinha trazido consigo todas as cartas trocadas por ele e pela senhora Weasley no período em que estivera fora de casa. Os papéis foram examinados antes mesmo de se iniciar qualquer interrogatório. Moody os espalhou na mesa e os dividiu entre os presentes, a fim de que pudessem procurar qualquer informação, por mais inocente que fosse, que Percy pudesse ter sido informado pela mãe e, assim, passado aos conhecimentos de Fudge.
As primeiras cartas não pareciam ter muitas informações. Basicamente eram lamentos da Sra. Weasley. Palavras de mágoa e saudade. Continuaram examinando as cartas. Já estavam quase desanimando quando Arabella pediu a atenção de todos e leu em voz alta o conteúdo de uma das cartas, que tinha sido enviada depois do Natal do ano anterior.
"Querido Percy,
Estamos com saudades. Estou preocupada com você. Você não imagina o susto que passamos ontem. Sua irmã sofreu um acidente durante um jogo de quadribol. Ela foi atingida por um raio e quase morreu de novo. Parece que foi coisa de Você-Sabe-Quem. Coitadinha, ela não precisava passar por isso outra vez. Ela ficou ferida mas está ainda mais por dentro. Ela foi salva pelo Harry, querido. Deus o abençoe. Mas ela está muito confusa e insistiu que a presença dela vai causar a morte do pobrezinho. Ela diz que não pode mais conviver com ele, que teve um sonho premonitório. Dumbledore acatou o pedido dela. Por isso estamos indo para a França. Eu vou acompanhá-la até Beauxbatons. É isso mesmo, querido, ela vai estudar na França até se formar. Ela disse que realmente não conseguiria manter a distância de Harry se ficasse em Hogwarts. Oh! Meu querido, os dois se amam. É algo muito triste mesmo. Estou com tanta pena deles. Eu imagino como o pobre Harry esteja. A nossa pequena Gina não faz outra coisa a não ser chorar. Tenho medo de que ela fique doente. Está muito difícil para ela suportar. Ela diz que é uma dor insuportável fisicamente estar longe dele. Madame Pomfrey me aconselhou que eu desse uma poção calmante para ela mas acho que ela não vai aceitar. Sabe como é teimosa. Espero que você esteja bem. Mandarei mais notícias dela.
Beijos da sua mãe, que te ama!"
Depois que Arabella terminou de ler todos os presentes ficaram surpresos. A carta realmente continha grandes informações. Dumbledore permaneceu calado, observando a reação de cada um dos presentes enquanto Arabella terminava de ler. Moody foi o primeiro a se manifestar.
- Percy, você mostrou essa carta para o Cornélio? - ele olhou ansioso para o rapaz.
- Não senhor. Eu não mostrei as cartas a ele. Mas suponho que eu tenha comentado o acontecido. Não me lembro dos detalhes que eu disse. Mas acho que comentei sobre o acidente da minha irmã - ele suspirou fundo e corou. Parecia envergonhado. - Eu disse a ele que todos estavam histéricos com o acidente da Gina e que tiveram a tolice de acreditar que Você-Sabe-Quem estivesse envolvido nele - suspirou. - Me sinto tão idiota por ter duvidado de vocês - Dumbledore olhou dentro dos olhos do rapaz e apenas meneou a cabeça.
- Você não é idiota, Percy. Apenas foi fiel às suas crenças - o garoto concordou e Moody pediu que os outros agilizassem com a leitura das cartas.
Ainda foram lidas outras duas cartas de Molly falando sobre a tristeza que sentia por estar longe dele e de Gina e contando sobre a possibilidade da menina passar as férias n'A Toca. Molly ainda indagava se ele poderia ir. Essas foram as últimas cartas que ele tinha recebido. Pouco depois Penélope foi morta e ele retornou à Inglaterra. Eles então separaram as três cartas e recomeçaram a conversa com Percy.
- Você contou ao Fudge que Gina estava em Beauxbatons? - perguntou Moody. Percy confirmou.
- Eu contei a ele que meus pais estavam loucos por acreditar que Você-Sabe-Quem tinha interesses em matar Gina. E que ela também devia estar muito perturbada para ir embora de casa por causa de um sonho. Eu contei para ele que a mamãe esperava que ela pudesse passar as férias em casa. Mas não cheguei a contar para ele que Gina tinha ficado de vez na Inglaterra. Eu voltei para casa no dia que ela também decidiu ficar - completou, informando tudo o que podia, por mais embaraçado que se sentisse.
- Muito obrigado Percy, meu caro! - disse Moody trocando um olhar com Dumbledore.
- Espero que tenha ajudado - o rapaz disse, esperançoso.
- Com certeza ajudou - disse Dumbledore, um brilho cintilante nos olhinhos azuis. - Creio que você e Arthur queiram aproveitar as festividades de ano novo. Não vamos detê-los aqui por mais tempo - completou.
Arthur e Percy Weasley então desejaram um feliz ano novo a todos e desaparataram de volta para A Toca. As cartas ainda ficariam no Ministério, para serem lidas novamente, se necessário.
Depois que os Weasley desaparataram Dumbledore pediu a palavra e começou a expor o que havia achado do depoimento do jovem Weasley.
- Creio que ficou claro que se Percy era realmente a única ligação de Cornélio com a Inglaterra as informações que ele passou para o ex-Ministro foram puramente pessoais - os outros concordaram.
- Mas o que informações pessoais como estas poderiam interessar ao Cornélio? - perguntou Arabella.
- Eu creio que a intenção do ex-Ministro era entregar a pequena Srta. Weasley a Você-Sabe-Quem, minha amiga.
- Mas nós não temos como provar isso Alvo.
- Não. Não temos – interpelou Moody.
- Mas também não podemos nos furtar das informações de Severo. Segundo ele Fudge estava agindo sob a Maldição Imperius. E deu alguma informação errada para o Lord das Trevas - Moody completou sob olhar concordante de Dumbledore.
- E tudo indica que essa informação era que a garota estaria em Beauxbatons, na França - completou Arabella.
- P-p-por isso a escola foi de-destruída - concluiu Mundungo.
- É, meu caro, mas Virgínia Weasley já estava bem longe. Em segurança - Moody continuou.
- E-e-então Aqu-quele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado resolveu ma-ma-matar o Co-cornélio por pu-pura vi-vingança - Mundungo disse com dificuldade.
- Brilhante conclusão Mundungo - disse Arabella, sorrindo.
- Então se Você-Sabe-Quem tentou matar Gina Weasley na França significa que as atenções dele não estão voltadas apenas para Harry Potter - ela prosseguiu, procurando os olhos do diretor.
- Sim, há muito tempo os olhos oblíquos do Lord das Trevas estão voltados também para a menina. Desde o episódio da Câmara Secreta. Nós não fizemos o feitiço Fidelius para proteger os Weasley apenas por causa de Harry - Dumbledore completou sob olhares espantados. - O feitiço Fidelius foi feito para proteger a menina Weasley - finalmente terminou o que tinha para dizer.
- Mas por que está tentando matar a menina? Apenas para se vingar de Harry? - Dumbledore parecia estar dormindo agora. Mantinha os olhos fechados enquanto Arabella falava.
- É uma possibilidade, embora não possamos concluir mais do que já concluímos - disse Moody. Dumbledore permaneceu calado. - Por isso temos que manter a proteção de Harry e dos Weasley também - Dumbledore abriu finalmente os olhos e fez uma pergunta.
- A quantas anda o processo de Sirius? Ele já está com o nome limpo no mundo trouxa - disse, acenado para Mundungo. - Mas e quanto ao mundo bruxo? Quando será o julgamento?
- Coincidirá com o término do ano letivo. Eu já obtive a autorização para utilizar o Veritasserum - Moody respondeu prontamente. O diretor sorriu, satisfeito.
- Bem meus caros, por hora é só. Um bom ano novo para todos. Sinto que vamos precisar - Dumbledore completou e encerraram a reunião.
Enquanto isso, n'A Toca, o Sr. Weasley e Percy já estavam tomando parte na organização das festividades Weasley de ano novo. Os gêmeos tinham instalado verdadeiros canhões de fogos no quintal para explodir à meia-noite do dia 31. A mãe dos meninos parecia estar preparando comida para um batalhão ela tinha recrutado a ajuda voluntária de Gina, Hermione e Harry e a muito involuntária de Rony. Os garotos estavam ajudando com a louça. A pilha de pratos era tão grande que se recusavam a se lavar sozinhos, por medo de cair no chão e quebrar. Então Harry e Rony colocavam um por um debaixo d'água e depois os secavam. Gina e Hermione estavam ajudando com a comida.
A tarde passou sem maiores problemas, o único incidente foi o peru da ceia ter saído correndo quando a Sra. Weasley colocou pimenta para recheá-lo depois de enfeitiçá-lo para ele se virar sozinho na forma. Mas rapidamente Molly lançou um feitiço "Imobillus" nele, deixando-o estático de novo.
Os filhos mais velhos estavam no quintal, arrumando o jardim com o pai. Molly gostava de passar a virada do ano com a casa organizada na medida do possível.
No final do dia estavam todos exaustos e, como tinham passado o dia todo provando as comidas da ceia, não estavam com muita fome. Então Fred e Jorge sugeriram que fizessem uma fogueira e assassem alguns marshmallows de todos os sabores, a mais nova criação dos irmãos. Os outros adoraram a sugestão e foram para o quintal. Estava uma bonita noite estrelada e os meninos se distraíram assando os marshmallows e jogando bombinhas coloridas no fogo, mudando as cores das chamas.
Já estava ficando tarde quando os Weasley mais velhos foram se deitar, deixando apenas os gêmeos e os dois caçulas com os namorados no quintal. Após muitas recomendações de Molly sobre a hora, o fogo, possíveis traquinagens dos gêmeos e a exigência de que Gina colocasse um casaco finalmente ficaram a sós.
Conversaram ainda por um bom tempo até que os gêmeos cansaram de ficar sobrando em meio aos dois casais de mãos dadas, parecendo ansiosos para saírem. Então eles saíram mas antes deixaram um comentário cínico no ar.
- Aí maninho. Não se esqueça de que mamãe não gosta que amassem os canteiros, as moitas e, principalmente as flores dela - brincou Fred sob um olhar furioso de Rony, que foi seguro por uma Hermione divertida. Ela não tinha se aborrecido com os dois. Jorge então se virou para Gina.
- E você, Gininha, nós sabemos que você não é nada tímida. Não vai acabar com o Harry. Afinal ele é o garoto que sobreviveu... - o garoto disse, rindo muito mas, ao contrário do que Harry imaginou, a menina não corou nem um pouco. Ela parecia ficar bem à vontade com os irmãos. Ficou encantado com o expediente da namorada.
- Eu não vou prometer nada - ela respondeu, rindo também. Os dois começaram a rir mas perceberam que estavam falando com a irmã caçula então o sorriso morreu rapidinho dos lábios. Os outros quatro riram a valer enquanto os gêmeos entravam completamente desconcertados em casa.
- É bom para eles provarem do próprio remédio - disse Gina, sorrindo para Harry.
Nesse momento ela parou de frente para ele. Ainda sorria mas ele parecia estar hipnotizado por ela. Harry tinha a expressão mais abobalhada que ela já tinha visto. Ela mordeu os lábios para não rir.
- O que foi? - perguntou baixinho para ele enquanto Hermione e Rony saíam de fininho para namorar em outro lugar, mais reservado. Provavelmente não seguiriam os conselhos de Fred, já que foram andando para o jardim da frente da casa.
- Eu não me canso de olhar para você – falou, embevecido. Gina corou. - Eu estou enfeitiçado mesmo - respondeu, passando a mão pelos cabelos dela, que refletiam vários tons de vermelho com a luz, agora fraca, da fogueira. A menina sorriu. - Estou completamente enfeitiçado por você. E adorando cada minuto disso – acrescentou baixinho antes de encontrar os lábios dela com os seus.
Curtiram ainda por alguns minutos o calorzinho das brasas da fogueira enquanto se beijavam mas logo começou a ficar frio e úmido por causa do sereno e entraram para dormir a última noite do ano.
