Todos acordaram mais tarde na manhã da véspera do Ano Novo. Tinham trabalhado muito no dia anterior para adiantar os preparativos para as comemorações de fim de ano e então poderiam desfrutar de algumas horas a mais de sono. Além de aproveitarem mais o último dia do ano.
Os últimos a descerem para o café foram Rony e Hermione. Na realidade eles só desceram as escadas quase na hora do almoço. Molly sorriu para ambos.
- Bom dia meus queridos. Eu já ia pedir para a Gina chamar vocês. Vocês deviam estar mesmo cansados... - os dois se entreolharam, envergonhados. Fred emendou uma frase de brincadeira.
- É, eles trabalharam muito ontem - ele levou uma forte cotovelada de Rony nas costelas quando disse. Harry não resistiu e riu. Logo todos, inclusive Rony, estavam rindo da situação.
Passaram o dia conversando. No final da tarde o Sr. Weasley permitiu que jogassem uma partida de quadribol. Todos foram para o quintal e, apesar do frio, se divertiram bastante.
Gui, Fred, Jorge e Percy jogaram contra Harry, Gina, Rony e Carlinhos. Hermione acompanhou o jogo, divertida, enquanto resolvia alguns problemas do livro de lógica que tinha ganhado de Rony no Natal. Até mesmo Molly ficou admirada de ver como os filhos caçulas estavam se saindo bem. Verdade que o jogo não era lá muito equilibrado. Harry tinha uma Firebolt profissional e Gina e Rony tinham, respectivamente, uma Nimbus 2001 e uma Quick Queen 500 mas, em compensação os outros garotos eram mais agressivos em jogo e bem mais fortes. No final o time de Harry acabou ganhando por uma pequena diferença. O Sr. Weasley não deixou os filhos mais velhos pedirem uma revanche, com uma justa troca de vassouras, porque o tempo já estava bem frio e Molly queria começar a arrumação para a ceia. Os garotos subiram, lavaram-se, trocaram de roupa e desceram rápido para comer. A tarde cheia de atividades havia aberto a apetite de todos.
Quando chegaram na sala a mesa estava muito bem arrumada. No centro Molly tinha colocado o peru, que estava um tanto quanto deformado pelo feitiço "Imobillus" mas parecia estar saboroso. Tinha uma torta de peixe, que Gina havia feito junto com Hermione, para demonstrar os dotes culinários para os namorados e várias outras travessas, com os mais deliciosos quitutes Weasley. O aparador era um verdadeiro convite aos meninos se esquecerem da janta e partirem direto para a sobremesa. Estava tão repleto de doces feitos por Molly e as meninas ou mesmo encomendados na Dedosdemel pelos gêmeos - como contribuição para a festa - que mal cabiam as travessas.
Antes de começarem a comer Molly pediu que os meninos fossem para a sala de estar. Eles não entenderam muito até que Arabella, Allana e Sirius aparataram, um de cada vez. Os padrinhos de Harry estavam, os dois, com casacos muito pesados. Devia estar bem frio em Hogsmeade. Harry não conseguiu conter o sorriso.
- Bem, agora a família está completa - disse Molly, indicando a sala de jantar para todos.
- Posso pendurar o seu casaco? - perguntou Percy educadamente para Allana enquanto Harry e Gina cuidavam dos casacos de Arabella e Sirius. Ela recusou educadamente.
- Não, muito obrigada. Estou com frio. Vou ficar com o casaco - disse sob um olhar carinhoso de Sirius, que puxou a cadeira para ela sentar.
Eles se sentaram e, antes de começarem a se fartar de todas aquelas guloseimas, Arthur pediu licença para dizer algumas palavras.
- Eu gostaria de dizer que, embora o futuro seja incerto essa é, sem dúvida, a melhor ceia de Ano Novo de todos os tempos. Acho que eu não ficava feliz assim desde que a Molly me disse que estava grávida - os sete filhos olharam para o pai, enciumados - de cada um de vocês - todos sorriram. - Estou muito feliz que Moody e Dumbledore tenham permitido que Sirius viesse partilhar conosco a ceia - Allana entrelaçou a mão à do namorado sob a mesa. - E nunca vi essa casa tão cheia de pessoas queridas e de alegria como hoje. Agora chega que eu falei demais e os meus gêmeos aqui - apontou os dois filhos com a cabeça - já estão querendo me esganar de tanta fome - todos riram ainda mais e começaram a cear.
Depois da ceia todos foram para o jardim. Os gêmeos fizeram um belo espetáculo de fogos coloridos e silenciosos, inventados por eles mesmos. Gina ficou maravilhada com as figuras que as fagulhas formavam no ar. Um castelo, depois um dragão - o qual Carlinhos achou bem impressionante - e, por fim, algo que realmente encantou todos, projetaram no céu uma contagem regressiva para o Ano Novo. Cada foguete que alcançava os céus era um número: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Por fim uma explosão enorme deixou um "Feliz Ano Novo" pairando sobre suas cabeças enquanto se abraçavam, riam e choravam de alegria. Gina parecia novamente a mesma garotinha que Harry conheceu na sua primeira visita à Toca. Ela saltitava entre os familiares, sendo abraçada, beijada e erguida no colo pelos irmãos mais velhos. Privilégios de ser a única menina e caçula de sete irmãos. Ele olhava divertido para a menina, passando de abraço em abraço, até que ela chegou perto dele.
- Finalmente! Eu posso te dar o nosso primeiro abraço do ano - disse, fingindo ciúmes. Ela sorriu e falou baixinho em seu ouvido.
- Eu deixei o melhor abraço para o final... - ele riu e encostou os lábios nos dela, falando antes de dar o beijo.
- É, mas eu sou o único aqui que pode fazer isso - ela riu e enlaçou o pescoço dele, correspondendo entusiasmadamente ao beijo. Gina ainda disse, completamente tonta, enquanto a ele rodava pela cintura.
- Você é o único no mundo que vai poder fazer isso, Harry - ela ria enquanto falava isso, a voz abafada por bombinhas barulhentas que os gêmeos agora estavam testando.
Os outros também estavam muito felizes. Harry abraçou forte os padrinhos e Arabella, que estava visivelmente emocionada. Ela também estava um pouco mais solta e alegre pela quantidade extra de champagne com borbulhas coloridas que havia tomado. O próprio Sr.Weasley e mesmo Molly estavam entusiasmados. E os outros meninos também. Rony e Hermione já tinham trocado beijos empolgados e agora pareciam ter desaparecido de vista. O único que estava um pouco melancólico era Percy. Estava pensando em Penélope, no bebê que eles teriam e em tudo o que tinha perdido. Ele se afastou e entrou na casa, perdido em pensamentos.
Aos poucos a animação foi diminuindo, dando lugar a uma sensação de fim de festa. Foi nesse instante que Sirius, Allana e Arabella se despediram. Não podiam exagerar na visita, Dumbledore havia deixado claro que deveriam ser discretos. Arabella voltou para casa e Allana para a Casa dos Gritos com o namorado. O quintal foi ficando vazio. Agora que a festa tinha acabado e os ânimos estavam menos exaltados o frio estava começando a ser percebido. Harry estava abraçado a Gina, sentado em um banco. Ela estava encostada nele, com um pouco de frio. Rony e Hermione pareciam ter realmente sumido do mapa. Os gêmeos, Gui e Carlinhos pareciam estar discutindo sobre garotas pois de vez em quando um deles ficava completamente vermelho enquanto os outros riam. Molly e Arthur haviam cochilado em um banco próximo a eles.
Harry sorriu. Sentiu uma paz imensa invadir cada parte do seu ser. Suspirou, causando um sobressalto a Gina, que agora estava quase dormindo, embalada pela respiração e pelo calor que emanava do corpo do namorado.
- Hum! O que foi? - ela disse, espreguiçando-se. Ele achou adorável o jeitinho manhoso e meigo que ela perguntou.
- Eu só estou pensando - respondeu, suspirando de novo. Ela riu e se voltou para ele.
- O quê? – perguntou, bocejando agora. Ele passou carinhosamente a mão no rosto dela, afundando os dedos por entre os cabelos vermelhos da menina.
- Foi a primeira vez que eu tive a minha família inteira reunida - ela inclinou a cabeça, apoiando a lateral do rosto na mão dele.
- Ainda vamos nos reunir outras vezes, Harry - disse, encolhendo-se nele, com frio.
- Eu tenho medo do que estar por vir... É maravilhoso ter vocês. Mas é bem mais difícil agora, que eu tenho muito a perder - ela não ouviu ele dizer essa parte. Tinha voltado a cochilar, aninhada no peito dele, o casaco de Harry aberto, envolvendo-a.
Ele encostou a cabeça na dela, aspirando o perfume de Gina, os olhos fechados. Ficou por alguns momentos ali, perdido naquela sensação de segurança. Foi quando aconteceu algo que surpreendeu a todos: começou a nevar. Ele olhou em volta, os garotos Weasley entraram correndo. Molly e Arthur foram acordados e se encaminharam para dentro, sonolentos. Harry riu da situação e carregou Gina no colo. Subiu as escadas com ela nos braços e a deitou na cama. Ela permanecia de olhos fechados, ressonava. Mione já estava dormindo pesadamente na cama ao lado.
- Boa noite minha princesa. Eu te amo! - ele tocou os lábios dela gentilmente com os seus e disse a última frase num sussurro. Ela se virou na cama e mesmo dormindo respondeu, entre grunhidos preguiçosos.
- Hum... Eu... também... Nhum - ele riu e fechou a porta. Sentia-se tão leve e bem que com certeza dormiria como uma pedra.
Harry entrou no quarto de Rony e o amigo também já estava dormindo. Ele olhou a neve cair lá fora, tornando-se cada vez mais densa, cobrindo todo o quintal de branco. O vampiro no sótão fez alguns barulhos, com certeza incomodado pela agitação daquele dia. Mas Harry sequer ouviu. Ele já tinha dormido. E foi uma das melhores noites de sono da vida dele.
De manhã os garotos brincaram de guerra de bolas de neve e fizeram diversos bonecos. Eles construíram um boneco feio e desengonçado, colocaram um galho de árvore no lugar do nariz, uma capa preta velha de Carlinhos e passaram a tarde tentando ver quem acertava mais bolas de neve no nariz do "Snape" improvisado.
Já estava quase anoitecendo quando o Sr. Weasley levou os meninos para a estação de trem. No dia seguinte recomeçariam as aulas. Dormiram como pedras na primeira noite de volta a Hogwarts.
No dia seguinte as aulas recomeçaram a todo o vapor. Os alunos agora andavam nervosos pelos corredores, ansiosos por estarem às vésperas das provas. Hermione passou grande parte do tempo advertindo os alunos para não correrem nas dependências da escola até que desistiu. Eram tantos que ela não daria conta e também estava muito feliz para levar a fama de a monitora mais chata de Hogwarts.
Rony e Harry estavam apreensivos com as provas. Principalmente o primeiro. Ele não se considerava um aluno muito interessado como ele mesmo gostava de dizer, mas também não queria passar um vexame nos N.O.M.'s. Nem mesmo os gêmeos, com todo o seu talento para transgredir regras, tinham se saído mal nas provas.
Hermione combinou que estudaria com os dois no final de todas as tardes. Ela tinha feito um esquema de revisão das matérias para auxiliar os meninos e eles estavam satisfeitos, embora Rony ainda estivesse preferindo a possibilidade de "consultar" a prova da namorada durante os testes.
Conseguiram manter um bom ritmo de estudo na primeira semana de janeiro. Harry e Rony estavam progredindo a olhos vistos. Nas horas vagas Harry se sentava ao lado de Gina na biblioteca, para que, mesmo que estivessem os dois estudando matérias diferentes, ficassem juntos. Mas não estava funcionado muito bem. Na maior parte das vezes os dois acabavam perdendo a concentração e indo se beijar no fundo de algum corredor vazio. Mesmo assim ainda não haviam desistido.
Faltava menos de uma semana para os N.O.M.'s e Harry tentava, a todo custo, se concentrar no livro de Poções que estava sobre a mesa. Gina estava lendo o caderno de Transfigurações de Hermione. Era incrível como a amiga mantinha toda a matéria dos anos anteriores organizada e resumida. Harry suspirou profundamente e ergueu a cabeça. Uma das muitas coisas que ele tinha em comum com Gina era o ódio pela matéria do professor Snape.
- Está tendo dificuldades? - Gina perguntou, sem tirar os olhos do caderno de Hermione. Harry suspirou de novo.
- Estou. Sabe quando você tem certeza de que não cabe mais nenhuma informação na sua cabeça? - Gina riu. Era assim que ela se sentia também.
- Sei... - ela levantou a cabeça, espichando os olhos para o livro que ele lia. - Poções? - perguntou, desanimada. - Eu odeio Poções - Harry sacudiu a cabeça, concordando.
- Nem me fale. Sabe o que eu queria estar fazendo agora? - perguntou, abaixando o tom de voz para que os outros não ouvissem. Gina sacudiu a cabeça negativamente, cheia de curiosidade no olhar. - Pensando bem... - disse, fechando o livro ruidosamente, chamando a atenção de alguns colegas. - Vamos - ele se levantou e a pegou pela mão. Gina não ofereceu qualquer resistência. Abafou um riso enquanto era conduzida pelo namorado por entre as estantes e o número exagerado de estudantes de última hora que tinha invadido a biblioteca. Os dois estavam quase na saída quando esbarraram em alguém.
- Sabendo já o suficiente para ir embora, Potter? - Draco Malfoy disse de modo sarcástico. Gina olhou implorante para ele. Não queria que começassem uma briga.
Harry pareceu estranhamente calmo ao comentário do outro rapaz. Ele deu um sorrisinho maldoso, que Gina nunca tinha visto em seus rosto, e respondeu prontamente ao apanhador da Sonserina.
- O suficiente? Bem, para os N.O.M.'s talvez não. Mas sei o suficiente para ver quem é o perdedor e o vencedor aqui, Malfoy - disse, erguendo o braço e mostrando a mão de Gina entrelaçada à sua. Ele ainda acenou com a cabeça enquanto passava pelo garoto, levando a namorada pela mão.
Gina até sentiu remorso pelo menino mas ficou feliz que não houve maiores incidentes. Até porque Draco havia ficado, pela primeira vez na vida, sem fala. Ele ficou alguns minutos abrindo e fechando a boca, como um peixe fora d'água, tentando balbuciar algo. Mas nada saiu. Quando finalmente conseguiu articular alguma coisa Harry e Gina já tinha virado o corredor e estavam longe demais para ouvir.
- Maldito Potter - disse, socando a parede, e olhou para Crabbe e Goyle, que olhavam com expressões vagas para ele. - O que vocês estão olhando seus idiotas? - os dois sacudiram os ombros e os três entraram na biblioteca para tentar estudar um pouco.
Harry conduziu Gina até a sala comunal. Ele deixou a menina sentada em um dos sofás enquanto subia correndo as escadas para o dormitório. Estava tudo muito quieto. As pessoas estavam todas concentradas na biblioteca. Rony e Hermione estavam estudando Defesa Contra as Artes das Trevas em algum lugar do castelo e parecia que o resto dos grifinórios estavam nos dormitórios descansando. Ele desceu rapidamente. Estava com a velha capa de seu pai debaixo do braço. Gina deu um sorriso curioso.
- Harry, isso é... - ela emendou uma frase na outra, colocando as duas mãos na cintura. - Aonde nós vamos? - ele riu, deu uma piscadela e respondeu.
- Você já vai saber... - ele verificou se havia alguém por perto e, tendo certeza de que estavam sozinhos, jogou a capa por cima da própria cabeça.
Harry esticou a mão para que Gina o acompanhasse. A menina entrou debaixo da capa com ele mas dessa vez a sensação era bem melhor do que no ano anterior. Harry a mantinha bem próxima de si, abraçando-a forte pela cintura. Os dois passaram pelo retrato da Mulher Gorda e se esgueiraram pelos corredores vazios.
Caminharam pelo jardim. Estava frio mas os dois estavam realmente suando debaixo da capa. Andaram pelo gramado até se depararem com a cabana de Hagrid. Sabiam que o gigante estava na França e Harry imaginou que seria uma ótima oportunidade para ficar um pouco a sós com Gina. Mas parecia que alguém tinha tido a mesma idéia. Gina apontou a fumaça que saía da chaminé. Com certeza tinha gente na casa. Harry olhou curioso para a garota e bateu na porta. Teria Hagrid retornado?
- Hagrid? Hagrid? - ele chamou do lado de fora. Não houve resposta mas escutou claramente o barulho de coisas caindo dentro da casa. Ele olhou preocupado para Gina.
- Deve ser o cachorro dele - ela concluiu.
- Canino não pode ter ficado aqui sozinho. Hagrid não deixaria o pobrezinho por tanto tempo - ele forçou a porta mas ela não abriu. Gina sacudiu a cabeça.
- Será que invadiram a casa? - ela olhou preocupada para ele.
- Só há um meio de descobrirmos - Harry deu de ombros. Escutaram mais alguns barulhos como panelas sendo derrubadas e Gina esticou a varinha para a porta. Harry empunhou a própria varinha. Poderia ter que estuporar, o que quer que fosse, que tivesse invadido a cabana do seu amigo gigante.
- Alorromora! - Gina disse e a porta se destrancou. Harry a empurrou com o pé e entraram, ele na frente.
Gina estava com medo. A cabana estava totalmente esfumaçada por dentro e totalmente às escuras. Parecia que alguém tinha jogado um caldeirão de água na lareira, provocando uma grande quantidade de fumaça. Não conseguiam enxergar nada mas tropeçaram em um bule de chá e algo esbarrou nos dois, fazendo com que Gina soltasse da mão de Harry e caísse sentada no chão. A menina berrou e, para Harry os segundos entre o grito de Gina e a sua mão sendo arrancada da dele até murmurar "Lumus" e encontrar a namorada assustada sentada no chão, pareceram uma eternidade.
- Você está bem? - ele perguntou, estendendo a mão para que ela levantasse.
- Sim - ela respondeu com a voz trêmula, a mão sobre o peito. O coração estava batendo rápido, de susto. Os dois olharam na direção da porta. O que quer que tivesse entrado na casa tinha saído. A porta, antes encostada, jazia agora escancarada. Gina olhou preocupada para Harry. - O-o-o que você acha que era, Harry? – perguntou, gaguejando. Ele abraçou a menina, acalmando-a.
- Eu não sei Gi. Eu ainda não sei. Mas, é melhor sairmos daqui. Essa coisa pode voltar. Eu não quero me arriscar a perder você - ele olhou para baixo e a menina ergueu a cabeça, encontrando o olhar intrigado de Harry. Ela conhecia muito bem aquele olhar.
- Não se atreva a vir aqui sozinho investigar - falou seriamente. Ele desviou o olhar, desconcertado.
- Eu não ia... Digo... Eu não vou... - ela cortou o namorado.
- Harry Potter! - ele achou o tom dela engraçado. - Se eu não o conhecesse tão bem quanto a mim mesma poderia jurar que o senhor está tentando me enrolar. Mas acho bom que me prometa que não vai voltar aqui sozinho ou eu não me responsabi... - ele achou muita graça no rosto dela se tingindo de vermelho aos poucos enquanto o tom de voz dela aumentava e ela ia ficando irritada com ele. Mas Harry já tinha interrompido a menina. Havia puxado ela com força para si e agora estava com os lábios grudados nos dela. Ela ainda tentava continuar a falar enquanto ele estreitava ainda mais o espaço entre os dois. - Hum... E... Não pense que os seus... Beijos... Vão... Me fazer... Esquecer... - as pernas dela já estavam começando a bambear. Harry continuava a beijá-la. Nos lábios, nas bochechas, no pescoço. - Porque eles não vão... - mas a garota já não estava mais em condições de resistir. - Assim é covardia Harry - ela disse num último esforço e ele sussurrou em resposta no ouvido dela, antes de retornar aos lábios rubros.
- Eu juro que não volto aqui. Você não vai se livrar tão fácil assim de mim ruivinha - ela retribuiu o beijo, entusiasmada, mas rapidamente se deu conta que estavam em um lugar potencialmente perigoso.
- Vamos sair daqui. Nossa aventura não teve o final que esperávamos - ele sorriu.
- Ainda vamos ter outras aventuras - disse, jogando a capa sobre os dois depois de trancar a cabana de Hagrid. Voltaram rápido para o castelo. O jantar já devia ter sido servido.
Enquanto se esgueiravam até a cozinha - para se abastecer de algumas guloseimas gentilmente cedidas por Dobby - ela sussurrou no ouvido dele.
- Você não é lá muito bom em argumentação mas definitivamente é um verdadeiro expert no "elemento surpresa" - ele riu, satisfeito.
- Você também até que não é nada má nesse quesito - ela deu um tapa nele, de brincadeira, fingindo irritação. - Ai! - disse como se tivesse machucado mas rmendou. - Só precisa treinar um pouco mais. Eu posso ensinar, se você quiser... - ela corou mas entrou na brincadeira, rindo.
- Vai ser um grande prazer aprender com o melhor - os dois riram e entraram na cozinha.
Depois de comerem foram rápido para seus dormitórios. Rony já roncava quando Harry se enfiou debaixo das cobertas. No dia seguinte ele e Gina contaram toda a história a Rony e Hermione enquanto desciam para o café da manhã.
Durante o almoço Harry teve uma ótima surpresa. Hagrid já estava de volta. Parecia muito satisfeito, sentado à mesa dos professores ao lado de Dumbledore. Ele estava ansioso para contar ao amigo sobre o misterioso invasor da cabana. Embora Hagrid não parecesse estar com o humor de uma pessoa que chegou de viagem e encontrou a casa de pernas para o ar.
- Que bom que Hagrid voltou - Harry disse, animado. Rony e Hermione forçaram sorrisos.
- É mesmo - concordou Gina. - Agora nós podemos contar para ele sobre a invasão da cabana - Mione arregalou os olhos e olhou para Rony.
- NÃO! - ela quase gritou.
Harry e Gina olharam para ela, espantados. Rony fez um gesto, repreendendo-a. Gina estudou a expressão da amiga por alguns segundos.
- Não acho que seja uma boa idéia - o garoto emendou de súbito. Os outros três se voltaram para ele. Mione agarrou o joelho dele por debaixo da mesa, fincando as unhas com força. O garoto fez uma careta.
- E por que não? - Harry perguntou.
- Porque, porque... - Rony olhou para Hermione, pedindo ajuda. A namorada não titubeou.
- Porque ele deve estar cansado e acho que é um assunto bem inapropriado para as boas vindas de um amigo - disse com categoria.
- Mas Mione, a casa dele está toda desarrumada. Ele com certeza vai notar isso - disse Harry. Mione olhou para Rony, como que o consultando, e o garoto sacudiu a cabeça, como que não soubesse o que dizer.
- Não necessariamente Harry - Mione respondeu prontamente. Gina franziu a testa. Parecia estar começando a desconfiar de alguma coisa.
- Hoje, entre as duas aulas da manhã, eu e o Rony arrumamos tudinho por lá. Ficamos com pena do Hagrid - Gina teve certeza de sua teoria ao ver a expressão envergonhada do irmão. Harry se manifestou.
- Mas e se o que fez aquilo voltasse? Vocês dois são loucos... Rony, como você deixou a Mione ir? - ele não entendia o que os dois foram fazer na cabana de Hagrid. Gina trocou um olhar de cumplicidade com Hermione, que corou, abaixando a cabeça. Ela segurou uma risada enquanto Rony se justificava.
- Devia ser um dos bichos de estimação esquisitões de Hagrid, nós tomamos cuidado. E depois, Harry, nós fazemos esse tipo de coisa desde que nos entendemos por gente. Ou você acha que isso foi pior do quase ser comido por todas aquelas aranhas gigantescas? - disse a última palavra num fio de voz, arrepiando-se dos pés a cabeça.
- Ai! Eu não acredito que você já vai começar com isso - disse Gina, piscando para Mione e fingindo estar irritada, para mudar o tom da conversa. - Essa sua paranóia aracnídea dá nos nervos Ron - Harry riu enquanto o amigo ficava com as orelhas vermelhas.
Hermione ficou satisfeita que pelo menos o assunto principal tinha sido esquecido graças a ajudinha extra de Gina. Não queria que desconfiassem que a criatura misteriosa era, na verdade, ela e Rony. Moveu os lábios, sem produzir som, e Gina leu um "muito obrigada" neles. A ruía sorriu e murmurou "seu segredo está seguro" em resposta. Nesse momento Dumbledore levantou da mesa e pediu silêncio. Tinha alguns recados para os alunos.
- Meus caros, é com grande prazer que eu informo que a Escola de Magia Beauxbatons está sendo reformada com sucesso. Hagrid estará retornando no final do mês para a França - nessa hora Hermione trocou um sorrisinho imperceptível com Rony - para finalizar a obra e deve retornar ao final do ano letivo para buscar os alunos franceses - houve uma aclamação no Salão. Harry viu os meninos franceses da Grifinória se abraçando. Anne Marie trocou um rápido beijo com Phillipe e os outros alunos também pareceram muito felizes com a notícia. - Madame Hooch mandou avisar que o próximo jogo de quadribol, Lufa-lufa versus Sonserina, será no final do próximo mês - um burburinho empolgado se formou na mesa da Sonserina. Gina viu quando Draco sorriu, erguendo as sobrancelhas desafiadoramente para o capitão da Lufa-lufa. - E o vencedor disputará a copa de quadribol com a Grifinória ao final do mês seguinte. É só, obrigado - o diretor se retirou com Hagrid e Fleur da mesa. Com certeza discutiriam como estavam as reconstruções. Harry virou para Gina e Rony, animado.
- Vamos ter dois meses de treino. Exatos dois meses. Temos que ganhar a copa – disse, decidido. Nesse instante percebeu o olhar do apanhador da Sonserina para a mesa da sua casa. Viu que o rapaz estava encarando Gina de uma maneira que classificou como indecorosa. A menina não tinha percebido. Só foi reparar quando Harry fechou a cara e começou um duelo de olhares com Malfoy.
Os dois garotos nem respiravam, pareciam sair faíscas dos olhos verdes de Harry, que agora tinham adquirido um tonalidade intensa, mais escura. Gina olhava de Draco para Harry. Malfoy parecia estar se divertindo. Tinha um sorriso cínico nos lábios enquanto Harry parecia estar cada vez mais furioso. Gina estava começando a se preocupar. Não gostava de ver ele assim.
- Harry - ela o chamou delicadamente. Ele não se moveu. Respirou fundo e crispou os punhos. Se ele estivesse segurando a taça de suco com certeza a quebraria. Continuou a encarar os olhos frios do outro garoto. - Harry - chamou de novo, um pouco mais alto. Harry inspirou o ar de novo e apertou os punhos estavam tão fechados que tinha se ferido com as próprias unhas. Gina ficou assustada. A taça de cristal, contendo suco de abóbora, trincou. Era hora de acabar com aquilo, não seria nada interessante que a taça explodisse e retalhasse todos que estavam em volta. Ela precisava fazer alguma coisa. - Harry - disse no mais alto tom que pôde. Ele sequer ouviu.
O copo começou a tremer na mesa, explodiria a qualquer momento. Ela não teve dúvidas: segurou o rosto de Harry com força e o virou para si, apertando os seus lábios com vontade em cima dos dele, sem sequer fechar os olhos. Ele então voltou a si.
- Gina? - ele disse, assustado. A menina suspirou, aliviada.
Draco não pareceu nada satisfeito com a atitude da garota. Ele deu um soco na mesa, acordando Crabbe e Goyle, que tinham resolvido tirar um cochilo ali mesmo, depois de se empanturrarem. E Harry, definitivamente, tinha que aprender urgentemente a controlar o seu ciúme.
Antes de seguirem para as aulas da tarde Mione se adiantou aos meninos e parou ao lado de Gina. A garota deu um sorriso significativo. Mione corou ligeiramente.
- Eu posso te pedir para não contar para o Harry? - disse, constrangida. - Pelo menos por enquanto. Eu sei que é injusto pedir que guarde segredo dele mas... - Gina interrompeu a amiga.
- Mione esse segredo pertence a você e ao Rony. Vocês devem contar para o Harry. Ou simplesmente deixá-lo perceber ou deduzir quando vocês estiverem à vontade. Eu não vou interferir nisso - completou. Mione estava agradecida.
- Eu tenho medo que ele conte ao Hagrid sobre a bagunça Gina - disse de modo objetivo. - Ele esqueceu esse assunto naquela hora, na mesa, mas e agora? - parecia preocupada. Gina deu uma olhada para trás e viu Harry gesticular para Rony, com certeza explicando alguma jogada complicada de quadribol. Ela deu um sorriso.
- O quadribol vai distraí-lo por um bom tempo. E eu também tenho minhas maneiras de mantê-lo ocupado - disse, piscando para Hermione. - Ele não vai nem se lembrar desse assunto. E, se lembrar, eu o farei esquecer de tudo num segundo - deu uma gargalhada e Hermione fez o mesmo.
- Meninas... - disse Rony, dando de ombros enquanto se apressavam para as aulas da tarde. Harry sorriu.
