O mês de janeiro passou bem rápido. Os alunos fizeram os N.O.M.'s e agora só lhes restava esperar pelos resultados, no final do ano letivo. Harry estava aproveitando que não teriam mais provas para intensificar os treinamentos com o time. Afinal, só teriam mais um mês de treinos para garantir a Copa de Quadribol.
O time da Sonserina, por sua vez, parecia estar num ritmo agressivo de treinos. Estavam pretendendo esmagar a Lufa-Lufa. Até que, enfim, chegou o final de semana do jogo. Como sempre, as arquibancadas estavam lotadas e naquele ano havia algumas faixas na torcida: "Grifinória é Lufa-Lufa!" e "Corvinal é Lufa-lufa!". Parecia que Hogwarts inteira não estava fazendo a menor questão de esconder a implicância com os sonserinos.
Harry e o resto do time da Grifinória tinham ido ao vestiário para desejar boa sorte ao time da Lufa-Lufa. Mas parecia que o da Corvinal tinha tido a mesma idéia. Assim que Harry chegou na porta do vestiário deu de cara com a apanhadora e capitã corvinal. Gina ficou um pouco incomodada e a outra garota, percebendo isso, fez questão de falar com ele.
- Olá Harry - ela disse, toda derretida.
Gina trocou um olhar com ele, que puxou a namorada pela mão, sem dar a mínima atenção para a outra. Mas ela não se conformou e bloqueou a passagem dos dois, dando um passo a frente. Rony fez uma careta de desaprovação.
- Saia da nossa frente Chang - Gina falou, impaciente. A garota olhou com desprezo dela para Harry.
- Como você pode, Harry? - ela observou Gina de cima a baixo. Mas antes que a menina pudesse mostrar a outra do que os Weasley eram feitos Harry se manifestou.
- Não me chame pelo primeiro nome. Me irrita. Isso é coisa para amigos e você não é minha amiga - Gina deu um apertão na mão de Harry. Ela estava nervosa mas estava adorando ser defendida por ele.
- Você merecia algo melhor... - Cho disse, olhando fixamente para os olhos castanhos de Gina, que sentiu o sangue subir para a cabeça. Poderia ter dado um soco no meio da cara da outra se Harry não estivesse segurando sua mão de forma tão apoiadora. Ele cortou a menina, antes que Gina ou o próprio Rony respondessem.
- E você supõe que esse "algo melhor" seria você? - disse em tom irônico. - Se respeite Chang! Não me faça perder a educação e me rebaixar ao seu nível - a garota continuou encarando os dois. - Eu poderia enumerar diversos quesitos e o quanto a Gina supera você em cada um deles mas você não teria capacidade de compreender mesmo - disse secamente e saiu pisando firme. Gina ria e Rony e o resto do time abafaram risadinhas quando passaram por uma desconcertada Cho Chang. - Eu não sei o que o Cedrico viu nessa garota - disse baixinho para Rony, que agora caminhava ao lado deles. - Ela é uma fraude. Tão grande como Lockhart - os outros concordaram, sacudindo a cabeça.
- É como a mamãe diz, Harry: nem tudo que reluz é ouro... - disse Rony, impressionado com a garota. Sabia que Harry já tinha tido uma quedinha por ela mas que não tinha passado de uma ilusão. Algo que desapareceu completamente quando conversou um pouco com a garota e percebeu o quanto ela era fútil e chata.
Quando chegaram na arquibancada Mione já estava começando a ficar preocupada.
- Como vocês demoraram, eu já estava ficando nervosa. Achei que os sonserinos tinham criado problemas por vocês terem ido ao vestiário - disse, checando se estavam todos inteiros, estavam com expressões nada satisfeitas. - O que aconteceu? - perguntou, intrigada. - Vocês estão com umas caras...
- Digamos que nós tivemos que espantar uma mosca - disse Gina, divertida, trocando um olhar cúmplice com Harry. Mione não entendeu nada mas Rony sinalizou que explicaria depois, já estava começando a partida.
O jogo foi muito agressivo, os sonserinos estavam atacando para valer. Machucaram violentamente vários jogadores da Lufa-Lufa mas os adversários resistiam bravamente. Depois de alguns minutos de jogo e várias contusões o apanhador da Lufa-Lufa chegou ao pomo. Ninguém parecia acreditar. Nem ele próprio. Lino Jordan, que mesmo já estando formado continuava a ser o locutor oficial dos jogos, ainda ficou alguns segundos em choque, vendo o garoto fazer a volta olímpica, segurando o pomo. Enfim ele gritou.
- Lufa-Lufa ganha 150 pontos! O apanhador pegou o pomo e parece que teremos uma final emocionante entre Lufa-Lufa e Grifinória! - as torcidas romperam em gritos e aplausos. Rony vibrou. Seria mais fácil ficar no gol do que jogando contra a Sonserina. Afinal, tinha visto o nariz sangrante do goleiro da Lufa-Lufa, atingido em cheio por um balaço.
Durante o mês o time da Grifinória treinou com afinco mas estavam dando ênfase a esquemas táticos e não a jogar na retranca, como seria se estivessem lidando com os sonserinos. Seria um jogo limpo e bonito de se assistir. Fevereiro passou rápido, trazendo as primeiras flores da primavera para os jardins de Hogwarts.
A professora Sprout estava agora dando aulas ao ar livre. Fazia com que os alunos coletassem mudas e classificassem os espécimes. Era mais divertido do que ficar na estufa quente e úmida.
- Vamos queridos, vocês têm que tomar cuidado com as raízes. Elas é que são importantes - ela ia guiando os alunos pelos jardins. Cada um com uma cesta debaixo do braço.
Estava dando muito mais aulas práticas e tinha pedido ajuda de Gina, que adorava Herbologia, para essa tarefa. Ela e Gina se dividiam entre os alunos, verificando as raízes mais conservadas e descartando as doentes. Tinham que refazer o estoque de mudinhas da estufa número 8, que tinham se perdido no inverno.
Harry achava divertido implicar com a namorada. Várias vezes quando a professora não estava olhando ele pedia ajuda para verificar uma raiz e roubava um beijo dela. Rony e Hermione achavam graça dos dois.
- Hey, Gi - ele sussurrou. Ela fingiu que não estava ouvindo enquanto examinava uma raiz do cesto de Neville. - Gina! - disse mais alto. Alguns alunos olharam e ele disfarçou. Ela abafou um riso, continuou a fingir que não ouvia. - Gina Weasley! - chamou em tom normal. Agora estava em frente a ela, do outro lado do canteiro. Gina sorriu mas manteve a cabeça baixa. Agachou no chão, para retirar uma flor do canteiro. Ele fez o mesmo, do outro lado.
Harry sorriu, encarando o canteiro enquanto ela tentava tirar a flor da terra sem danificar a raiz. Ele colocou a mão por cima da dela mas Gina continuou fingindo que o interesse dele era puramente acadêmico. Ela puxou a flor com mais força e ela cedeu, rompendo o caule. Harry sacudiu a cabeça.
- Tsc, tsc, tsc... Era para a senhorita saber tratar bem de uma flor - ele disse, cavando e entregando a raiz, que ela ainda procurava, em sua mão.
- O importante é a raiz Sr. Potter - disse, mordendo os lábios, contendo uma risada.
- Eu sei Srta. Weasley mas as flores também são - disse, entrando na brincadeira.
- Ah! São?
- São. Muito - respondeu, pegando a flor caída na terra e, soprando a poeira, colocou-a no cabelo de Gina, por trás da sua orelha. - Ficou bem melhor aí, viu? - disse, sorrindo, fazendo-a corar.
- Eu poderia, você sabe... Te beijar por isso. Mas não vai ser possível agora. Infelizmente... - Gina disse, olhando de esguelha para a professora Sprout, que observava atentamente o trabalho dos alunos. Ela passou a língua de levinho pelos próprios lábios, provocando um arrepio no garoto.
- Depois a gente repara isso - ele disse com a voz rouca enquanto se afastava da garota. Tinha que fingir que estava prestando atenção na aula, afinal de contas.
Eles não perceberam mas alguém tinha assistido a ceninha romântica e estava prestes a vomitar. Draco sentia cada vez mais raiva de Harry. Se é que isso era possível. Não conseguia entender como Gina poderia continuar com Potter depois de tudo o que ele tinha feito no baile.
As semanas passaram rápido. O clima estava mais quente e ameno e os alunos já estavam começando a se animar para a final do campeonato de quadribol, que seria no sábado seguinte.
Como sempre, Harry, Gina e Rony não conseguiram se alimentar antes do jogo. Isso era um hábito nada saudável, segundo Hermione, mas os meninos ponderaram que vomitar em alta velocidade, encima de uma vassoura, seria bem pior e a garota foi obrigada a concordar.
Ela acompanhou os três até o vestiário e, desejando boa sorte, foi para a arquibancada. Chegando lá foi recebida por Neville e Dino, torceriam juntos pelos amigos.
Em minutos os dois times entraram voando alucinadamente nas vassouras. Foram saudados por gritos animados das torcidas.
Madame Hooch ergueu os braços e Harry apertou a mão do capitão da Lufa-Lufa. Grifinória tinha a posse da goles. Começaram a partida. Gina ia driblando os artilheiros do time adversário. Tinha um esquema de ataque infalível, idéia de Anne Marie, voava no meio, lado a lado com Anne e Simas, os outros artilheiros, e os dois batedores, Ed e Denis, nas pontas, protegendo os três. Era um ataque em "V". Depois de vários gols marcados o capitão da Lufa-Lufa resolveu pedir tempo. Harry aproveitou para dar algumas instruções ao próprio time também.
- Eles vão tentar quebrar o nosso ataque em "V" - disse com seriedade.
- Então o pomo tem que aparecer logo. Para você garantir a vitória, Harry. - disse Rony, preocupado. Harry concordou e eles subiram nas vassouras para recomeçar o jogo.
Realmente Harry estava certo, a defesa da Lufa-Lufa estava bem melhor agora e conseguiram tomar a goles várias vezes dos grifinórios, convertendo vários pontos. O jogo estava muito equilibrado agora. Lino Jordan vibrava, os dois times estavam jogando muito bem, era uma bonita partida de se ver. As torcidas estavam empolgadíssimas e Hermione já tinha roído todas as unhas de nervoso. Agora a diferença era de 10 pontos. Harry precisava achar o pomo logo.
Antes que pudesse avistar o pomo o artilheiro francês da Lufa-Lufa marcou 10 pontos, empatando o jogo. Foi aí que ele viu o cometinha dourado. Disparou em sua direção. Hermione prendeu a respiração. O outro apanhador estava mais perto e também tinha visto o pomo. Os dois voaram, Harry forçando a vassoura, mas na hora que esticou a mão para fechar a bolinha de ouro dentro dela aconteceu algo que nunca tinha acontecido antes, em nenhum outro jogo de quadribol, as mãos dos dois se entrelaçaram em volta da pequena bolinha. Os dois apanhadores tinham pegado o pomo ao mesmo tempo. Juntos. Lino não soube o que gritar. Depois de alguns segundos berrou.
- É isso aí, emocionante partida. Os dois apanhadores recebem 150 pontos mas o jogo está empatado. Madame Hooch terá que tomar providências para o desempate - disse enquanto a professora de olhos de águia apitava para reunir os dois times no meio do campo.
Os jogadores bufavam exaustos. Harry riu muito ao ver Dobby entrar no campo vestindo uma meia calça feminina e uma capa de borracha amarela por cima. Ele trouxe um cantil de água para Harry, que dividiu com os jogadores do seu próprio time e do outro.
- Obrigado Dobby - ele sorriu.
- De nada Harry Potter. Dobby vai buscar mais água fresca sim, senhor, Dobby vai - e saiu correndo de volta para a torcida. A professora acompanhou o elfo doméstico com olhar divertido e se dirigiu aos ofegantes jogadores.
- Agora nós temos duas opções e os capitães decidirão o que preferem. Ou eu declaro empate e as duas casas ganham juntas ou iremos para a morte súbita - os alunos arregalaram os olhos.
- E o que seria isso, Madame Hooch? - perguntou Harry.
- Eu solto o pomo de novo mas sem os outros jogadores, só os apanhadores, nem mesmo os batedores estarão lá para rebater os balaços. Aquele que tocar no pomo primeiro vence, ganhando mais 150 pontos além dos já ganhos agora - Harry engoliu em seco. Estava exausto mas sabia que seria ótimo para a Grifinória. Isso poria a casa à frente da competição da Copa das Casas. Ele tomou mais um gole d'água, oferecido por Dobby, e, consultando o resto do time e o outro capitão, resolveu aceitar.
Os outros jogadores se retiraram para uma área reservada das arquibancadas, de onde poderiam assistir o duelo do apanhadores, e a morte súbita começou.
Gina estava nervosa. Os dois estavam cada um em um lado do campo. O vento morno brincava nos cabelos deles, Harry estava com os seus molhados de suor. Os dois varriam o campo com os olhos. A torcida aguardava em um silêncio sepulcral. Ficaram cerca de dez minutos parados mas depois começaram a voar casualmente, para tentar ver melhor. Depois de meia hora o que era emocionante já estava se tornando tremendamente chato e monótono. Os alunos agora tinham se sentado nas arquibancadas e conversavam, distraídos do jogo.
Gina, porém, estava atenta ao jogo e não percebeu que alguém se aproximava lentamente por trás dela agora.
- Nervosa Ruiva? - ela se virou. Era Draco Malfoy. Ela se assustou. Ele tinha uma expressão intrigante nos olhos cinzentos perturbadores.
- Drac... Malfoy? - sorriu, desconcertada.
- Você pode me chamar pelo nome Ruiva - ele a encarou por alguns minutos, analisando a expressão dela. Gina falou após uma pausa.
- E por que eu deveria se você está me chamando de "Ruiva", Malfoy? - perguntou em tom divertido.
- Porque eu deixo. E, me corrija se estiver errado, você não é ruiva, Weasley? - ela sorriu, sacudindo a cabeça.
- Agora eu sou Weasley? - perguntou, divertida.
- E eu devo chamá-la como? - ela riu.
- Que tal Gina? - ele deu um sorriso malicioso com o canto dos lábios e olhou penetrantemente nos olhos dela, parecia poder enxergar cada segredo da menina.
- E me igualar ao Santo Potter? Não, obrigado - ela manteve os olhos castanhos nos dele. De alguma forma estava aprendendo a encontrar a fraqueza daquele olhar. Gina falou de modo carinhoso, embora séria.
- Você e o Harry nunca serão iguais Draco. E você sabe muito bem disso - ele deu uma gargalhada.
- Muita gente aqui gostaria de ver isso - disse cinicamente.
- Eu não - respondeu prontamente. Ele examinou a sinceridade da frase dela por alguns instantes mas Gina não estava mentindo.
- Não? - perguntou, desconfiado ainda.
- Não Draco. Você é você. E eu não quero que você seja nada além disso. Nem mais nem menos. Eu gosto de você do jeito que você é - o que ela disse o perturbou de tal forma que ele teve dificuldades em afastar da mente uma imagem dele a encostando ali mesmo, na parede da arquibancada, e beijando-a até que os dois sufocassem. Mas sabia que não poderia fazer isso. - Você me diverte, como ninguém mais - ele olhou para ela, analisando se era algum tipo de truque, de deboche, transformando-o em algum palhaço ou bufão. Mas viu nos olhos castanhos e repletos de ternura que aquilo era um elogio.
- E quanto ao garoto maravilha? - ele indicou com os olhos Harry, que ainda circulava pelo campo de quadribol em busca do pomo, encima da vassoura. - Ele não diverte você o suficiente? - ela riu.
Era engraçado comparar duas pessoas tão diferentes. Harry era o amor da sua vida dela, sua alma gêmea, Gina o adivinhava pela respiração, podia sentir o que ele sentia. A ligação deles estava além do que qualquer outra pessoa poderia supor. Quando estava junto dele sentia um calor a consumindo de dentro para fora. Mas Draco era uma incógnita. Era a promessa de tudo o que poderia ser mas não seria nunca. De certa forma também a queimava mas como gelo e não fogo. E ele sempre a surpreenderia. Ela respondeu calmamente.
- É claro que ele me diverte. Mas é diferente Draco... - ela parou. Olhou para cima, vendo que Harry ainda voava em busca do pomo. Sabia que o que diria magoaria os sentimentos de Draco mas preferiu ser sincera com ele. Sabia que ele não a perdoaria se ela mentisse por pena dele. - É como se o Harry fosse uma extensão de mim mesma. Ele é parte de mim e eu sou parte dele. Por isso é incomparável com qualquer outra coisa que eu possa sentir.
Draco abaixou a cabeça. Nunca poderia competir com esse tipo de sentimento. Suspirou fundo por alguns minutos. Era como se tivesse levado um soco na boca do estômago. Mas, mesmo assim, estava grato pela sinceridade, ainda que cruel, dela. Ergueu os olhos para a garota. Nunca havia chorado na vida. Nem sabia se seria capaz de fazer isso um dia. Aquele momento seria ideal para uma tentativa se quisesse. Preferiu não tentar, poderia conseguir e não queria que ela presenciasse. Mas foi como se ele estivesse chorando, mesmo sem haver nenhuma lágrima sequer. Os olhos, sempre frios, perturbadores e cinzentos, adquiriram um brilho morno, plácido, e ela poderia jurar que era o par de olhos azuis mais bonito que já tinha visto na vida.
- Draco, eu... - ele a interrompeu, sorrindo com o canto dos lábios, segurando o queixo dela com delicadeza.
- Como eu possível eu apreciar tanto essa sua metade aqui e desprezar profundamente aquela lá? - apontou Harry com os olhos. Ela sorriu, sem graça.
- Eu posso garantir que a minha outra metade também não é muito sua fã - os dois riram e ele balançou a cabeça, avaliando a situação.
- Posso dizer que estamos quites então - ela sorriu. - Você nunca mais vai precisar repetir o quanto ama o precioso Potter. Eu já entendi. E eu não preciso ficar falando o quanto eu o odeio, o pobretão patético do seu irmão e aquela sangue-ruim metida a esperta que passam o dia lambendo os sapatos dele - ele se arrependeu depois de ter dito, teve medo que ela se ofendesse. Mas, ao contrário, ela sorriu de modo condescendente.
- Draco, o fato de eu amar o Harry não me impede de amar você - o garoto olhou confuso e assustado para ela. Nunca tinha ouvido essas palavras da boca de ninguém. Nem mesmo dos pais. Não acreditou a princípio.
- Você me... Ama? - perguntou timidamente.
- Eu te amo Draco Malfoy! - respondeu sorrindo. Draco sacudiu a cabeça.
- 'Per'aí, Weasley. Agora eu não entendi mais nada. Eu não sei quanto ao Potter mas eu não gosto de dividir nada que é meu com ninguém - ela olhou divertida para ele.
- Draco! - deu um tapa em seu braço, como fazia com qualquer outro amigo que implicava com ela. Ele riu, massageando o braço.
- Devagar artilheira! Que mão pesada! - ela riu mais.
Nesse instante Harry tinha avistado o pomo. Estava bem próximo. Ele tentou voar de modo displicente, para não chamar a atenção do outro apanhador. Passou voando rápido perto da arquibancada que Gina estava mas viu, de canto de olho, ela levantando o braço para bater em Malfoy. A imagem passou de relance. Ficou na dúvida se deveria fazer a volta e ver o que estava acontecendo mas toda a Grifinória gritava seu nome, impelindo-o em direção ao pomo de ouro. Se parasse naquela hora seria linchado depois.
"O jogo. Preciso me concentrar no jogo", ele repetiu mentalmente enquanto o pomo ia batendo as asinhas à sua frente. O outro apanhador agora voava bem atrás dele mas a vassoura de Harry era melhor. Ele conseguiria pegar o pomo. A bolinha dourada fez uma curva e ele a acompanhou. Se viu agora de frente para onde Gina conversava com Draco. Ele continuava no encalço do pomo mas via os dois de frente um para o outro. Só não sabia o que falavam. Deu uma olhada para o jogo e sorriu, voltando-se para Draco.
- Eu amo os dois. Não nego. Mas de formas diferentes. Você é meu amigo. E é especial porque é só meu. Nenhum dos meus amigos é seu amigo - Draco fez uma careta. - E eu amo você. O Harry... - ele cortou a menina.
- Já sei, é a sua metade, parte de você, alma gêmea, blá, blá, blá - disse, irritado. Ela continuou calma, compreendia o que ele sentia.
- Draco, eu quero que você saiba que se a situação fosse outra, se as coisas fossem diferentes, eu... - ele sacudiu a cabeça.
- Você não precisa fazer isso Weasley. Eu odeio que sintam pena de mim - disse, irritado.
- Eu não sinto pena de você. Eu só queria que você soubesse disso. Você merece alguém para ser seu por inteiro. Você não sabe o quanto é especial - agora tinha conseguido desconcertá-lo. Harry já estava a um palmo do pomo e podia ver os dois agora bem mais de perto. - Você disse ano passado que não poderíamos mas... - ela esticou a mão para ele. - Amigos? - ele examinou a mão dela esticada. Harry agora estava quase tocando o pomo, estava voando exatamente na direção do balcão que os dois estavam.
- Droga Weas... Gina. Amigos - ele apertou a mão dela e Gina se aproximou dele, dando-lhe um forte abraço.
Nesse exato momento Harry tocou o pomo. Madame Hooch apitou, dando 150 pontos para a Grifinória, a torcida gritava. Mas Harry não chegou a segurar a bolinha dourada, por que ela tinha explodido pelos ares, como uma pequena granada. Não tinha feito nenhum bem a ele assistir ao primeiro abraço de Gina Weasley e seu novo amigo, Draco Malfoy.
Harry saiu do vestiário furioso. A primeira coisa que fez foi procurar Gina. Ela ainda estava conversando com Draco. Ele chegou como um furacão.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA MALFOY? - ele berrou ameaçadoramente para o outro garoto.
Era inadmissível que Gina pudesse tê-lo abraçado por algum motivo que não fosse obrigada por algum feitiço ou poção. Rony e Hermione já estavam chegando próximo a eles. Tinham seguido Harry quando o viram sair transtornado do meio da confusão da torcida e do resto do time.
- Hey, hey, Potter. Calma lá! Eu não fiz nada que a sua garota não quisesse – o sonserino respondeu em tom malicioso.
- Cale essa boca Malfoy! Ou eu mesmo faço você calar - ele avançou para o garoto.
- Pois tente. Será um prazer - Draco também investiu contra Harry. Gina se colocou entre os dois, colocando uma mão no peito de cada um, sacudiu a cabeça, berrando.
- PAREM JÁ! OS DOIS! - eles olharam assustados para ela, bem mais baixa que ambos, as mãos na cintura, quase tão vermelha quanto os cabelos e as vestes de quadribol. - Eu não vou repetir duas vezes então prestem bem atenção: Eu amo o Harry – disse, olhando para Draco. - Ele meu namorado - Harry sorriu vitorioso mas o sorriso dele morreu quando a menina se virou para ele. - E eu amo o Draco - Harry achou que poderia vomitar na mesma hora, mesmo estando de estômago vazio. - Ele meu amigo - completou. - E se os dois me amam vão me respeitar pelas duas coisas. Agora dá para vocês entenderem isso de uma vez por todas? - os dois abaixaram a cabeça, contrariados, mas concordaram em silêncio. Gina poderia ter rido da cara deles depois da bronca que tinha dado nos dois marmanjos se não estivesse tão furiosa. Ela ainda ficou encarando os dois por um tempo, até que suas bochechas voltaram ao tom normal. Ela deu um outro abraço em Draco. - Outra hora nós conversamos mais. Agora vou comemorar a vitória da Grifinória - Harry fez uma careta para Malfoy por sobre os ombros de Gina. O sonserino retribuiu o gesto.
- Não pensem que eu não vi isso - ela disse, sem ver o que tinham feito. - Mas eu vou relevar porque os dois ainda não se acostumaram - ela se soltou do abraço e entrelaçou a mão na de Harry. - Vamos? - disse calmamente, depois de dar um beijinho de leve nos lábios crispados do namorado.
Rony e Hermione estavam ainda chocados. Rony abriu a boca para fazer um comentário mas foi imediatamente cortado pela irmã caçula.
- Nem pense nisso Ronald Weasley. Ou você acha que a minha paciência de namorada e amiga vai se estender ao meu irmão? - ele engoliu em seco. Hermione abafou uma risada e, mesmo diante da situação absurda, em alguns segundos, os quatro estavam rindo.
Harry ia à frente, de mãos dadas com Gina. Passaram pelo retrato da Mulher Gorda e ficaram algum tempo na sala comunal, curtindo a festa. Mas ele a puxou para longe das comemorações assim que pôde. Queria desfrutar alguns minutos a sós com ela e levou a menina para a beira do lago. Ficou algum tempo em silêncio, ao lado de Gina, sentindo a brisa fresca do início da noite no rosto.
- Quer dizer que agora você é amiga do Malfoy? - ela riu. - Tudo bem, já enfrentei coisas piores - os dois riram. - Nada se compara ao dia que eu invadi o seu quarto. Aquilo sim foi enfrentar uma fera - disse a última palavra grunhindo e deu uma gargalhada.
- Harry! - ela apertou o braço dele. O garoto se aproximou dela e carinhosamente apanhou os lábios dela com os seus.
- Você sabe... - disse, rindo, no ouvido dela, enquanto se inclinava sobre ela, fazendo com que ela deitasse na grama.
- O quê? - perguntou, suspirando, enquanto ele roçava os lábios devagarinho em seu pescoço, provocando-lhe arrepios.
- Eu acho que isso pode até ser interessante - disse com a voz rouca e trêmula. Ela sorriu, curiosa.
- O quê?
- Essa sua amizade com o Malfoy - respondeu com um brilho malicioso nos olhos verdes.
- Por quê, Harry? - perguntou, delineando o lábio dele com a mão. Ele deu uma mordidinha de leve no dedo dela e respondeu com um sorrisinho maroto.
- Ué, você não achou que não teria que me compensar por isso? Achou? – disse, beijando a menina e fazendo cócegas na barriga dela ao mesmo tempo. Ela começou a rir e dar gritinhos histéricos.
- Harry! Pára! Pára! - riu até perder o fôlego.
Os dois ficaram ali muito tempo, namorando, até as estrelas aparecerem. Então subiram para o castelo para jantar. Estavam muito felizes, praticamente já estava no final do ano letivo e logo teriam as férias e dois meses inteiros para ficarem juntos.
