Título: Missão complicada
Autora: Bélier
E-mail: belier.aries@bol.com.br / belier.aries@uol.com.br
Categoria: Humor/Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai. Obviamente, os personagens de Arquivo X também não me pertencem...
Resumo: Totalmente non sense! Mu e Shaka são enviados por Atena aos Estados Unidos em uma missão secreta, no melhor estilo Mulder e Scully.
Capítulo 9
- Eu não me conformo, Shaka! – Mu ainda estava irritado. – Eu não acredito que o Saga planejou tudo isso!
Já começava a escurecer, e os dois cavaleiros de Ouro estavam sentados numa mesa, em um barzinho agradável, a alguns quarteirões de onde acontecera a convenção. A cidade aos poucos parecia voltar ao normal. A segurança já não era tão ostensiva, depois da retirada das autoridades, e o trânsito parecia fluir melhor com a liberação das ruas que tinham estado fechadas para o evento.
Depois da descoberta de que Saga havia dado informações falsas para Atena, só para poder aprontar uma com o irmão, Mu se viu irritadíssimo. Pensou em ligar para Saori, mas Shaka achou melhor deixar para o dia seguinte. Não ia adiantar nada, mesmo.
Como a volta deles estava marcada para o dia seguinte, no final da tarde, resolveram aproveitar para relaxar um pouco. Já que tinham vindo à toa...
Mu olhou o cardápio, e pediu uma cerveja. Shaka, que já tinha pedido seu prato preferido, olhou espantado. – Eu não sabia que você bebia isso...
- Nem eu sabia que você gostava de batata frita! Aliás, eu não sabia muitas coisas ao seu respeito... – Mu sorriu para o amigo, notando que seu belo rosto corava ligeiramente. – Voltando à cerveja, eu nem sei que gosto tem, só quero experimentar.
- Experimentar é bom... – Shaka comentou, encarando o ariano. – Nunca se sabe, às vezes podemos gostar.
- Você não está falando das batatas, está? – Mu perguntou, sério.
- Não. – O indiano ia dizer alguma coisa, quando o garçom chegou com a cerveja de Mu. – Por favor, pode trazer uma para mim, também? – Pediu.
- Sabe, Shaka, eu... Não sei se o que aconteceu entre nós foi só uma questão de curiosidade. Bem, no começo foi, eu admito. Mas e agora? E quando voltarmos para o Santuário?
O loiro olhou bem para o tibetano, que parecia um tanto quanto inseguro, esperando a sua resposta. – Olha, Mu, eu acho que nesse caso só tem uma coisa a se decidir... – Shaka pousou os cotovelos na mesa, apoiando a cabeça nas mãos e encarando o amigo seriamente.
- Qual? – Mu engoliu em seco, rodando o copo de cerveja entre as mãos.
- No seu templo ou no meu? – O indiano sorriu travesso.
- Oh... – Mu corou. – Bem, nesse caso... Não tem muito a se decidir. Qualquer lugar para mim está ótimo, desde que você esteja do meu lado. – Mu provou finalmente a cerveja. Shaka divertiu-se, ao ver um bigodinho de espuma sobre o lábio superior do ariano. Passou o dedo levemente na boca do amigo, retirando a espuma.
- Boa?
Mu assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos de Shaka. O garçom chegou com a outra cerveja, e uma porção de batatas fritas...
- Você não se importa que os outros saibam sobre nós? – Virgem recostou-se na cadeira.
- Não. – Mu respondeu, simplesmente. Nesse momento, a conversa dos dois foi interrompida por um casal que se aproximava da mesa.
- Eu te falei, Scully! São eles! É muita coincidência! – O homem estava eufórico.
- Mulder, não seja tolo! – A mulher estava constrangida.
- Esperem! Não fujam! Viemos em paz! – Mulder aproximou-se pé ante pé da mesa, com medo de que talvez os supostos extraterrestres sumissem novamente bem diante dos seus olhos.
- Eles não são E.T.s! – Scully resmungou. – Desde quando E.T.s tomam cerveja e comem batata frita?! – A ruiva voltou-se para eles. - A única coisa que eu estou querendo saber é por que vocês roubaram nossos crachás!
Mu achou melhor conversar com os dois agentes do FBI. – Olha, nós não roubamos, foi só um empréstimo! Precisávamos deles, mas não fizemos nada de mal, só observamos.
- Ah, então vocês vieram nos observar! – Mulder ficou mais eufórico ainda. – Vieram estudar nossos costumes, nossa sociedade...
- É isso mesmo! – Shaka, vendo que não ia ter jeito de escapar da história de extraterrestre, confirmou. – E agora mesmo estamos fazendo outra pesquisa de campo, sobre a comida e bebida da Terra, e vocês estão nos atrapalhando!
- É isso aí! – Mu concordou, tomando outro gole de cerveja.
Mulder ficou tão sem graça com a confirmação dos dois, que não sabia o que dizer. Scully suspirou, fazendo cara de "não-está-vendo-que-eles-estão- curtindo-com-você?" para Mulder. Apesar de que ela ainda não estava muito certa de como aqueles rapazes tinham feito para sumirem no meio do nada. Isso ela não tinha como explicar. Também não tinha explicação o fato de um deles ter dois pontos no lugar das sobrancelhas. E ter cabelo lilás, ainda por cima...
- E tem mais uma coisa... – O loiro comentou, decidido. – Vocês estão precisando é descarregar essa tensão sexual! Isso é horrível! Está dando choque, aqui!
Os dois agentes se entreolharam, horrorizados.
- Isso não faz bem, sabiam? – Shaka comentou, divertido. – Por que vocês não vão pra casa e resolvem isso?
- Vamos sair daqui, Mulder! Esses dois são é loucos! – Scully virou-se e partiu, pisando duro.
- Mas Scully... - Mulder a seguiu, a contragosto, decepcionado por abandonar as duas criaturas fascinantes, que até pensamentos podiam ler!
Ao se verem a sós novamente, Mu perguntou ao amigo. – Como você sabia que o ponto fraco deles era a relação mal resolvida?
Shaka riu sedutoramente. – Digamos que eu já tive uma experiência concreta sobre desejo reprimido recentemente!
* * *
Ao voltarem para o hotel, depois de algum tempo, os dois cavaleiros já haviam se esquecido da confusão toda armada pelo cavaleiro de Gêmeos e dos agentes do FBI caçadores de E.T. Mal entraram no quarto, e Shaka já foi abraçando Áries, empurrando-o contra a porta.
Mu enlaçou a cintura do loiro, beijando-o com paixão, enquanto tentava fechar a porta com a outra mão. Depois de conseguir trancá-la, alcançou o ombro de Shaka, empurrando com a mão o paletó que o indiano usava, derrubando-o no chão.
Virgem retribuiu o beijo, deixando sua língua se enroscar à do amigo, enquanto o puxava para si, desfazendo o nó de sua gravata e retirando-a.
Mu fez o mesmo, e suas mãos travaram uma pequena batalha por espaço entre seus corpos, enquanto tentavam desabotoar as camisas um do outro. Shaka soltou o pescoço do ariano, desvencilhando-se da peça de roupa incômoda, e retirando de uma só vez o paletó e a camisa de Mu, com uma certa urgência. Voltaram a se abraçar, deliciando-se com o contato entre seus corpos nus. Trocaram outro beijo ardente, que lhes tirou o fôlego.
Virgem desafivelou o cinto do ariano, retirando-o com gestos sedutores. Mu observava o amigo com olhos apaixonados, enquanto ele o guiava para a cama, puxando-o pelo cós da calça.
Shaka sentou-se na cama, preparando-se para abrir a calça de Mu, malícia estampada em seus olhos azuis, quanto bateram na porta do quarto com força.
Os dois cavaleiros voltaram suas cabeças para a porta, assustados.
- Droga! – Mu afastou-se de Shaka, aborrecido. – Quem pode ser?
- Não faço idéia... – Shaka deu de ombros. – Talvez seja alguma arrumadeira do hotel que esqueceu de trazer alguma coisa...
- Bem agora? Mas que chato... – Mu pegou sua camisa no chão, vestindo-a apressado. Nesse momento, esmurraram a porta com mais força ainda... – Já vou! – Mu gritou, irritado, tentando fechar alguns botões, sem sucesso. Quem naquele hotel estaria com tanta pressa para falar com eles assim?!
Áries abriu a porta, e quase morreu de susto.
Um Miro impaciente entrou no quarto, sem a menor cerimônia. – Caramba! Por que essa demora?! A gente já estava começando a achar que tinha acontecido alguma coisa com vocês!
- Eu disse a você que não tinha acontecido nada, mas não, você nunca me ouve... – Kamus entrou atrás de Miro, despejando seu mau humor no namorado. Cumprimentou Mu, estendendo a mão, formalmente.
Shaka tentou disfarçar, levantando-se rapidamente da cama. Felizmente ainda estavam de calças, caso contrário ia ser um flagra e tanto. Mas assim que Miro se voltou para ele, o quarto quase caiu.
- CREDO, SHAKA!!! – Miro tentou se esconder atrás de Kamus. – FECHA OS OLHOS!!!
Mu esfregou o rosto com as mãos, suspirando.
Kamus só não ralhou com Miro porque também ficou um tanto quanto assustado. – Nossa! Eu... eu não sabia que você podia... sem que... – Aquário fez um gesto vago com a mão, indicando o quarto, que ainda estava inteiro.
Virgem fechou os olhos, precavido, uma vez que o seu desejo tinha ido por água abaixo. Resmungando, explicou. – Só em algumas ocasiões especiais...
- Oh! – O olhar de Kamus foi de Shaka para Mu, com a camisa ainda aberta, e depois de volta para Shaka, que estava só de calça. Observou as outras peças de roupa espalhadas pelo chão. – Sei.
Miro pareceu nem se tocar da situação comprometedora. – Não faz mais isso, por favor! Eu levei um baita susto!
- Afinal de contas, o que vocês estão fazendo aqui? – Mu perguntou, finalmente se lembrando de perguntar.
- Atena nos mandou para ajudar vocês. – Kamus sentou-se numa cadeira, enquanto Mu e Shaka se sentaram na cama. Miro ficou bisbilhotando o quarto. – Ela estava preocupada.
- Ajudar?! – Shaka não sabia se achava graça da situação ou se explodia alguém. – Mas a convenção acabou hoje!
- EU. SEI. – Kamus falou, irritadíssimo, fulminando o namorado com o olhar. – Era para a gente ter chegado cedinho, mas aquele ali aprontou das dele, como sempre.
- E eu tenho culpa se extraviaram a minha armadura no aeroporto?!?!?! – Miro retrucou, indignado. – Podia ter sido a sua, viu?
- Nunca ia ser a minha, Miro. Eu etiqueto as minhas coisas.
- Nhé! – Escorpião mostrou a língua para Kamus.
- Felizmente acharam a armadura, caso contrário seria outro problema... – Aquário teve ímpetos de agarrar Miro.
- E vocês ficaram lá até agora? – Mu perguntou.
- Não, chegamos no começo da tarde, e até fomos ao local, mas não conseguimos encontrar vocês.
- Nem queira saber o que nós descobrimos a respeito dessa convenção... – Shaka comentou, desanimado.
Áries e Virgem contaram então aos amigos o que tinha acontecido desde o dia em que haviam chegado, culminando na descoberta que haviam feito mais cedo.
- Quer dizer que o Saga armou tudo? – Kamus balançou a cabeça. De repente, começou a rir. – Ele enganou a gente direitinho!
- Enganou foi a Saori, isso sim... – Mu suspirou. – E nós entramos por tabela.
Miro saiu de dentro do banheiro. – Nossa, que quarto maravilhoso! É bem mais luxuoso do que o nosso, não é não, Kamus?
- É, Miro. Esse tem cama de casal. – Kamus tentou conter um sorriso, mas sua boca chegou a curvar-se ligeiramente. O namorado ainda não tinha percebido nada.
- Cama de casal? Ei! Que história é essa? – Miro pela primeira vez notou que havia alguma coisa estranha no ar.
- Bem... quando nós chegamos, só restava esse quarto vago. – Mu explicou. – O hotel estava lotado por causa da convenção...
- Ora, e como nós conseguimos um com a maior facilidade, hoje? – Escorpião questionou.
- É porque a convenção acabou, seu tonto! – Kamus respondeu. – Muita gente já foi ou está indo embora.
- Ah! Que pena, nossas camas são de solteiro. – Miro comentou, olhando para Kamus, que ficou vermelho como um tomate. – E nem tem banheira... Ei, tive uma idéia! Já que só vamos voltar amanhã, vocês não querem trocar de quarto com a gente, não?
- NÃO!!! – Mu e Shaka responderam ao mesmo tempo.
- Não?! Por quê não?
- Miro, é o seguinte: eu e o Shaka estamos juntos, é isso! – Mu comentou, achando que não tinha porque continuar naquela situação constrangedora. – E tem mais: eu estou aqui reclamando do Saga desde a hora que descobri tudo, mas na verdade foi ótimo ter feito essa viagem. Pronto, falei. – Áries respirou fundo.
Miro piscou os olhos, espantado. Depois, sorriu. Um sorriso sincero, sem malícia. – Isso é bom! Fico feliz por vocês!
- Obrigado, Miro. – Shaka agradeceu, mas sua atenção ainda estava voltada para Mu e para o seu desabafo.
- Bem, mudando de assunto... Já que vocês estão aqui, podemos sair juntos hoje à noite! – Mu sugeriu.
- É verdade, tem uns restaurantes ótimos por aqui... – Shaka completou.
- Não seria má idéia... Vou tomar um banho e me arrumar, então. – Kamus levantou-se, dando a mão para Escorpião, num gesto claro de carinho. – Vem, Miro.
Miro enlaçou seus dedos com os de Kamus, seus olhos cruzando com os do amado.
"Eles vivem implicando um com o outro, mas se amam perdidamente..." Shaka pensou, divertido. Olhou de relance para Mu, que também olhou para ele, e sorriu. No fundo, eles sabiam que ia acabar acontecendo com eles também.
Os dois cavaleiros já iam saindo do quarto, quando Miro teve um pensamento iluminado.
- Estive pensando... E se o Saga fez isso para tirar a gente do Santuário e aproveitar nossa ausência para tomar conta do lugar, de novo?
Fim
Comentários da autora:
Bem, é isso. Acabou. Acho. (risos)
É claro que o Saga não ia fazer isso. Ele endireitou. Só continua querendo atazanar o irmão.
Apesar do Mu ter "experimentado" a cerveja, não tem nada a ver com nova, não. Até tentei substituir por provar, mas não ficou bem no diálogo.
Obrigada a todas que acompanharam a fic até o final, espero que tenham gostado. Agradeço todos os comentários que chegaram.
Um abraço, e até a próxima!
- Nossa! Que esmalte legal! Me empresta, preciso retocar minha unha! (Miro)
- Ei, isso é meu, não mexe! (Bélier tira a caixa de maquiagem da mão de Miro, mas o esmalte bordô já era...)
- Nossa, que calor faz aqui... (Kamus, resfriando o ar)
- Calor?! Já estamos quase no inverno! (Bélier pega outra blusa no armário)
- Você chama isso de inverno?! Ridículo! (Kamus comenta, com desdém)
- Shaaakaaa, olha o que eu trouxe para você! (Mu, todo solícito)
- Batata frita!!! Eu te amo, sabia? (Shaka dá um beijo estalado em Mu, e avança no saquinho de fritas)
(Bélier observa transtornada aquela bagunça)
- Quer saber?! Já que não posso vencê-los... (Bélier empurra todo mundo para fora do quarto) – Vamos sair, tem um barzinho ótimo aqui perto...
- Tem cerveja? (Mu pergunta, animado)
- Tem, mas nem pensar, que eu não aceito meu cavaleiro preferido beberrão, não! (Bélier volta ao quarto, e desliga o computador).
Autora: Bélier
E-mail: belier.aries@bol.com.br / belier.aries@uol.com.br
Categoria: Humor/Romance Yaoi
Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai. Obviamente, os personagens de Arquivo X também não me pertencem...
Resumo: Totalmente non sense! Mu e Shaka são enviados por Atena aos Estados Unidos em uma missão secreta, no melhor estilo Mulder e Scully.
Capítulo 9
- Eu não me conformo, Shaka! – Mu ainda estava irritado. – Eu não acredito que o Saga planejou tudo isso!
Já começava a escurecer, e os dois cavaleiros de Ouro estavam sentados numa mesa, em um barzinho agradável, a alguns quarteirões de onde acontecera a convenção. A cidade aos poucos parecia voltar ao normal. A segurança já não era tão ostensiva, depois da retirada das autoridades, e o trânsito parecia fluir melhor com a liberação das ruas que tinham estado fechadas para o evento.
Depois da descoberta de que Saga havia dado informações falsas para Atena, só para poder aprontar uma com o irmão, Mu se viu irritadíssimo. Pensou em ligar para Saori, mas Shaka achou melhor deixar para o dia seguinte. Não ia adiantar nada, mesmo.
Como a volta deles estava marcada para o dia seguinte, no final da tarde, resolveram aproveitar para relaxar um pouco. Já que tinham vindo à toa...
Mu olhou o cardápio, e pediu uma cerveja. Shaka, que já tinha pedido seu prato preferido, olhou espantado. – Eu não sabia que você bebia isso...
- Nem eu sabia que você gostava de batata frita! Aliás, eu não sabia muitas coisas ao seu respeito... – Mu sorriu para o amigo, notando que seu belo rosto corava ligeiramente. – Voltando à cerveja, eu nem sei que gosto tem, só quero experimentar.
- Experimentar é bom... – Shaka comentou, encarando o ariano. – Nunca se sabe, às vezes podemos gostar.
- Você não está falando das batatas, está? – Mu perguntou, sério.
- Não. – O indiano ia dizer alguma coisa, quando o garçom chegou com a cerveja de Mu. – Por favor, pode trazer uma para mim, também? – Pediu.
- Sabe, Shaka, eu... Não sei se o que aconteceu entre nós foi só uma questão de curiosidade. Bem, no começo foi, eu admito. Mas e agora? E quando voltarmos para o Santuário?
O loiro olhou bem para o tibetano, que parecia um tanto quanto inseguro, esperando a sua resposta. – Olha, Mu, eu acho que nesse caso só tem uma coisa a se decidir... – Shaka pousou os cotovelos na mesa, apoiando a cabeça nas mãos e encarando o amigo seriamente.
- Qual? – Mu engoliu em seco, rodando o copo de cerveja entre as mãos.
- No seu templo ou no meu? – O indiano sorriu travesso.
- Oh... – Mu corou. – Bem, nesse caso... Não tem muito a se decidir. Qualquer lugar para mim está ótimo, desde que você esteja do meu lado. – Mu provou finalmente a cerveja. Shaka divertiu-se, ao ver um bigodinho de espuma sobre o lábio superior do ariano. Passou o dedo levemente na boca do amigo, retirando a espuma.
- Boa?
Mu assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos de Shaka. O garçom chegou com a outra cerveja, e uma porção de batatas fritas...
- Você não se importa que os outros saibam sobre nós? – Virgem recostou-se na cadeira.
- Não. – Mu respondeu, simplesmente. Nesse momento, a conversa dos dois foi interrompida por um casal que se aproximava da mesa.
- Eu te falei, Scully! São eles! É muita coincidência! – O homem estava eufórico.
- Mulder, não seja tolo! – A mulher estava constrangida.
- Esperem! Não fujam! Viemos em paz! – Mulder aproximou-se pé ante pé da mesa, com medo de que talvez os supostos extraterrestres sumissem novamente bem diante dos seus olhos.
- Eles não são E.T.s! – Scully resmungou. – Desde quando E.T.s tomam cerveja e comem batata frita?! – A ruiva voltou-se para eles. - A única coisa que eu estou querendo saber é por que vocês roubaram nossos crachás!
Mu achou melhor conversar com os dois agentes do FBI. – Olha, nós não roubamos, foi só um empréstimo! Precisávamos deles, mas não fizemos nada de mal, só observamos.
- Ah, então vocês vieram nos observar! – Mulder ficou mais eufórico ainda. – Vieram estudar nossos costumes, nossa sociedade...
- É isso mesmo! – Shaka, vendo que não ia ter jeito de escapar da história de extraterrestre, confirmou. – E agora mesmo estamos fazendo outra pesquisa de campo, sobre a comida e bebida da Terra, e vocês estão nos atrapalhando!
- É isso aí! – Mu concordou, tomando outro gole de cerveja.
Mulder ficou tão sem graça com a confirmação dos dois, que não sabia o que dizer. Scully suspirou, fazendo cara de "não-está-vendo-que-eles-estão- curtindo-com-você?" para Mulder. Apesar de que ela ainda não estava muito certa de como aqueles rapazes tinham feito para sumirem no meio do nada. Isso ela não tinha como explicar. Também não tinha explicação o fato de um deles ter dois pontos no lugar das sobrancelhas. E ter cabelo lilás, ainda por cima...
- E tem mais uma coisa... – O loiro comentou, decidido. – Vocês estão precisando é descarregar essa tensão sexual! Isso é horrível! Está dando choque, aqui!
Os dois agentes se entreolharam, horrorizados.
- Isso não faz bem, sabiam? – Shaka comentou, divertido. – Por que vocês não vão pra casa e resolvem isso?
- Vamos sair daqui, Mulder! Esses dois são é loucos! – Scully virou-se e partiu, pisando duro.
- Mas Scully... - Mulder a seguiu, a contragosto, decepcionado por abandonar as duas criaturas fascinantes, que até pensamentos podiam ler!
Ao se verem a sós novamente, Mu perguntou ao amigo. – Como você sabia que o ponto fraco deles era a relação mal resolvida?
Shaka riu sedutoramente. – Digamos que eu já tive uma experiência concreta sobre desejo reprimido recentemente!
* * *
Ao voltarem para o hotel, depois de algum tempo, os dois cavaleiros já haviam se esquecido da confusão toda armada pelo cavaleiro de Gêmeos e dos agentes do FBI caçadores de E.T. Mal entraram no quarto, e Shaka já foi abraçando Áries, empurrando-o contra a porta.
Mu enlaçou a cintura do loiro, beijando-o com paixão, enquanto tentava fechar a porta com a outra mão. Depois de conseguir trancá-la, alcançou o ombro de Shaka, empurrando com a mão o paletó que o indiano usava, derrubando-o no chão.
Virgem retribuiu o beijo, deixando sua língua se enroscar à do amigo, enquanto o puxava para si, desfazendo o nó de sua gravata e retirando-a.
Mu fez o mesmo, e suas mãos travaram uma pequena batalha por espaço entre seus corpos, enquanto tentavam desabotoar as camisas um do outro. Shaka soltou o pescoço do ariano, desvencilhando-se da peça de roupa incômoda, e retirando de uma só vez o paletó e a camisa de Mu, com uma certa urgência. Voltaram a se abraçar, deliciando-se com o contato entre seus corpos nus. Trocaram outro beijo ardente, que lhes tirou o fôlego.
Virgem desafivelou o cinto do ariano, retirando-o com gestos sedutores. Mu observava o amigo com olhos apaixonados, enquanto ele o guiava para a cama, puxando-o pelo cós da calça.
Shaka sentou-se na cama, preparando-se para abrir a calça de Mu, malícia estampada em seus olhos azuis, quanto bateram na porta do quarto com força.
Os dois cavaleiros voltaram suas cabeças para a porta, assustados.
- Droga! – Mu afastou-se de Shaka, aborrecido. – Quem pode ser?
- Não faço idéia... – Shaka deu de ombros. – Talvez seja alguma arrumadeira do hotel que esqueceu de trazer alguma coisa...
- Bem agora? Mas que chato... – Mu pegou sua camisa no chão, vestindo-a apressado. Nesse momento, esmurraram a porta com mais força ainda... – Já vou! – Mu gritou, irritado, tentando fechar alguns botões, sem sucesso. Quem naquele hotel estaria com tanta pressa para falar com eles assim?!
Áries abriu a porta, e quase morreu de susto.
Um Miro impaciente entrou no quarto, sem a menor cerimônia. – Caramba! Por que essa demora?! A gente já estava começando a achar que tinha acontecido alguma coisa com vocês!
- Eu disse a você que não tinha acontecido nada, mas não, você nunca me ouve... – Kamus entrou atrás de Miro, despejando seu mau humor no namorado. Cumprimentou Mu, estendendo a mão, formalmente.
Shaka tentou disfarçar, levantando-se rapidamente da cama. Felizmente ainda estavam de calças, caso contrário ia ser um flagra e tanto. Mas assim que Miro se voltou para ele, o quarto quase caiu.
- CREDO, SHAKA!!! – Miro tentou se esconder atrás de Kamus. – FECHA OS OLHOS!!!
Mu esfregou o rosto com as mãos, suspirando.
Kamus só não ralhou com Miro porque também ficou um tanto quanto assustado. – Nossa! Eu... eu não sabia que você podia... sem que... – Aquário fez um gesto vago com a mão, indicando o quarto, que ainda estava inteiro.
Virgem fechou os olhos, precavido, uma vez que o seu desejo tinha ido por água abaixo. Resmungando, explicou. – Só em algumas ocasiões especiais...
- Oh! – O olhar de Kamus foi de Shaka para Mu, com a camisa ainda aberta, e depois de volta para Shaka, que estava só de calça. Observou as outras peças de roupa espalhadas pelo chão. – Sei.
Miro pareceu nem se tocar da situação comprometedora. – Não faz mais isso, por favor! Eu levei um baita susto!
- Afinal de contas, o que vocês estão fazendo aqui? – Mu perguntou, finalmente se lembrando de perguntar.
- Atena nos mandou para ajudar vocês. – Kamus sentou-se numa cadeira, enquanto Mu e Shaka se sentaram na cama. Miro ficou bisbilhotando o quarto. – Ela estava preocupada.
- Ajudar?! – Shaka não sabia se achava graça da situação ou se explodia alguém. – Mas a convenção acabou hoje!
- EU. SEI. – Kamus falou, irritadíssimo, fulminando o namorado com o olhar. – Era para a gente ter chegado cedinho, mas aquele ali aprontou das dele, como sempre.
- E eu tenho culpa se extraviaram a minha armadura no aeroporto?!?!?! – Miro retrucou, indignado. – Podia ter sido a sua, viu?
- Nunca ia ser a minha, Miro. Eu etiqueto as minhas coisas.
- Nhé! – Escorpião mostrou a língua para Kamus.
- Felizmente acharam a armadura, caso contrário seria outro problema... – Aquário teve ímpetos de agarrar Miro.
- E vocês ficaram lá até agora? – Mu perguntou.
- Não, chegamos no começo da tarde, e até fomos ao local, mas não conseguimos encontrar vocês.
- Nem queira saber o que nós descobrimos a respeito dessa convenção... – Shaka comentou, desanimado.
Áries e Virgem contaram então aos amigos o que tinha acontecido desde o dia em que haviam chegado, culminando na descoberta que haviam feito mais cedo.
- Quer dizer que o Saga armou tudo? – Kamus balançou a cabeça. De repente, começou a rir. – Ele enganou a gente direitinho!
- Enganou foi a Saori, isso sim... – Mu suspirou. – E nós entramos por tabela.
Miro saiu de dentro do banheiro. – Nossa, que quarto maravilhoso! É bem mais luxuoso do que o nosso, não é não, Kamus?
- É, Miro. Esse tem cama de casal. – Kamus tentou conter um sorriso, mas sua boca chegou a curvar-se ligeiramente. O namorado ainda não tinha percebido nada.
- Cama de casal? Ei! Que história é essa? – Miro pela primeira vez notou que havia alguma coisa estranha no ar.
- Bem... quando nós chegamos, só restava esse quarto vago. – Mu explicou. – O hotel estava lotado por causa da convenção...
- Ora, e como nós conseguimos um com a maior facilidade, hoje? – Escorpião questionou.
- É porque a convenção acabou, seu tonto! – Kamus respondeu. – Muita gente já foi ou está indo embora.
- Ah! Que pena, nossas camas são de solteiro. – Miro comentou, olhando para Kamus, que ficou vermelho como um tomate. – E nem tem banheira... Ei, tive uma idéia! Já que só vamos voltar amanhã, vocês não querem trocar de quarto com a gente, não?
- NÃO!!! – Mu e Shaka responderam ao mesmo tempo.
- Não?! Por quê não?
- Miro, é o seguinte: eu e o Shaka estamos juntos, é isso! – Mu comentou, achando que não tinha porque continuar naquela situação constrangedora. – E tem mais: eu estou aqui reclamando do Saga desde a hora que descobri tudo, mas na verdade foi ótimo ter feito essa viagem. Pronto, falei. – Áries respirou fundo.
Miro piscou os olhos, espantado. Depois, sorriu. Um sorriso sincero, sem malícia. – Isso é bom! Fico feliz por vocês!
- Obrigado, Miro. – Shaka agradeceu, mas sua atenção ainda estava voltada para Mu e para o seu desabafo.
- Bem, mudando de assunto... Já que vocês estão aqui, podemos sair juntos hoje à noite! – Mu sugeriu.
- É verdade, tem uns restaurantes ótimos por aqui... – Shaka completou.
- Não seria má idéia... Vou tomar um banho e me arrumar, então. – Kamus levantou-se, dando a mão para Escorpião, num gesto claro de carinho. – Vem, Miro.
Miro enlaçou seus dedos com os de Kamus, seus olhos cruzando com os do amado.
"Eles vivem implicando um com o outro, mas se amam perdidamente..." Shaka pensou, divertido. Olhou de relance para Mu, que também olhou para ele, e sorriu. No fundo, eles sabiam que ia acabar acontecendo com eles também.
Os dois cavaleiros já iam saindo do quarto, quando Miro teve um pensamento iluminado.
- Estive pensando... E se o Saga fez isso para tirar a gente do Santuário e aproveitar nossa ausência para tomar conta do lugar, de novo?
Fim
Comentários da autora:
Bem, é isso. Acabou. Acho. (risos)
É claro que o Saga não ia fazer isso. Ele endireitou. Só continua querendo atazanar o irmão.
Apesar do Mu ter "experimentado" a cerveja, não tem nada a ver com nova, não. Até tentei substituir por provar, mas não ficou bem no diálogo.
Obrigada a todas que acompanharam a fic até o final, espero que tenham gostado. Agradeço todos os comentários que chegaram.
Um abraço, e até a próxima!
- Nossa! Que esmalte legal! Me empresta, preciso retocar minha unha! (Miro)
- Ei, isso é meu, não mexe! (Bélier tira a caixa de maquiagem da mão de Miro, mas o esmalte bordô já era...)
- Nossa, que calor faz aqui... (Kamus, resfriando o ar)
- Calor?! Já estamos quase no inverno! (Bélier pega outra blusa no armário)
- Você chama isso de inverno?! Ridículo! (Kamus comenta, com desdém)
- Shaaakaaa, olha o que eu trouxe para você! (Mu, todo solícito)
- Batata frita!!! Eu te amo, sabia? (Shaka dá um beijo estalado em Mu, e avança no saquinho de fritas)
(Bélier observa transtornada aquela bagunça)
- Quer saber?! Já que não posso vencê-los... (Bélier empurra todo mundo para fora do quarto) – Vamos sair, tem um barzinho ótimo aqui perto...
- Tem cerveja? (Mu pergunta, animado)
- Tem, mas nem pensar, que eu não aceito meu cavaleiro preferido beberrão, não! (Bélier volta ao quarto, e desliga o computador).
