SAILOR MOON V: SHADOWMOON
Capitulo 8: SOMBRAS DE UMA LENDA
CENA 1:
Residência da Família Tsukino – Há uma hora atrás.
O trajeto marcado por Issac, no computador de bordo, do "Flecha de Prata", se mostrou, extremamente conveniente. As estradas e ruas percorridas por Shadow Moon, em sua potente moto, não tinham nenhum pedestre ou testemunha, naquela hora da noite, e ele chegou a casa de seu alvo, um pouco antes do tempo calculado.
Por questão de segurança e da discrição que sua missão exigia, Shadow Moon estacionou sua moto, numa pequena viela estreita e escura, há pouco mais de dois quarteirões de distância, da casa do seu alvo, conforme indicado pelo mapa no computador. Desceu da moto, rapidamente, e, sem demora acionou, pelo controle remoto em seu cinto, os sistemas de camuflagem e de alarme da moto.
Graças a engenhosidade de Issac, ele havia equipado o "Flecha de Prata" com um sofisticado equipamento de camuflagem, que literalmente, deixava a moto "invisível", além de um sistema de segurança , que daria um bom choque a qualquer desavisado que tentasse roubar a moto, mesmo que conseguisse "enxerga-la".
Feito isso, Shadow Moon, voltou a se concentrar em sua missão, que estava prestes a levar a cabo, naquele exato instante.
Em silêncio, saltou o muro de uma casa, como uma agilidade felina e, instantes depois, pulou para cima do telhado da mesma casa. Ele não fez um barulho sequer durante toda aquela ação. E, muito menos, em seguida, quando como um verdadeiro "gato saltitante", pulou de casa em casa, de telhado em telhado, até pousar, exatamente, no da casa de seu alvo: Serena Tsukino.
Antes de executar o passo seguinte, Shadow Moon levou as mãos até a um canto de sua mascara, onde um pequeno "fone embutido" estava colocado, e disse, num sussurro:
Base Comando! Aqui é "Sombra 1"! Está me ouvindo? Responda, Base comando! Câmbio?!
Sombra 1, aqui é Base Comando! Estamos recebendo sua transmissão, alto e claro! Câmbio! – respondeu a conhecida voz de Issac, pelo receptor áudio, próximo ao ouvido direito de Shadow Moon, por dentro de sua mascara ninja.
Informe visual, Base Comando! Câmbio!
O recebimento das imagens da câmera embutida está OK! Todos os equipamentos de áudio e vídeo funcionam com capacidade total e em perfeita ordem, Sombra 1! Câmbio!
Entendido! Prossiga a monitoração e a coleta dos dados. Estou iniciando a "invasão", agora! Cambio!
Entendido, Sombra 1! Tome cuidado e boa sorte! Câmbio!
Afirmativo, Base Comando! Câmbio final! – disse Shadow Moon encerrando aquele contacto.
Seguiu em frente.
Com uma habilidade acrobática, que daria inveja a qualquer contorcionista ou trapezista de circo, Shadow Moon, firmou as pontas de seus pés, nas bordas firmes do telhado e, em seguida, fez o seu corpo tombar para frente.
Ficou, perigosamente, suspenso uns 10 metros do chão, e de cabeça para baixo. Para qualquer pessoa normal, isso seria um gesto arriscado e mortal. Uma morte certa, caso cometesse qualquer erro. Mas, Shadow Moon podia ser tudo, menos uma pessoa normal, no sentido correto da palavra, pois suas habilidades ninjas o faziam ficar acima de qualquer analise ou comparação lógica. Acima de qualquer pessoa normal...
Calmamente, e ainda de cabeça para baixo, examinou a parede, no lado sul da casa. Bem abaixo dele estava a porta de entrada da casa e umas duas janelas, no andar inferior, um pouco cima havia uma janela com cortinas, mas, a luz estava acesas, naquele lugar, o que obviamente, indicava a presença de uma pessoa naquele cômodo. Aquela entrada deveria de ser descartada.
Shadow Moon já começava a pensar na possibilidade de ir para o outro lado da casa, tentar averiguar se haveria uma outra possibilidade de entrada, quando, ao se virar para sua direita, viu um janela, semi-aberta, á menos de um metro de distância, de onde ele estava, na parte superior da casa. As luzes estavam apagadas, o que o fez decidir entrar pela casa por ali.
Não perdeu tempo, analisou a janela, sua distância e planejou a melhor maneira para alcança-la.
Em seguida, começou a balançar o seu corpo de um lado para o outro, sem parar, até alcançar a velocidade e a direção que iria realizar o seu salto. Então, no momento, certo, soltou seus pés da borda do telhado e "voou" até a janela, numa manobra acrobática audaciosa e arriscada, para qualquer pessoa normal, mas não para ele.
Para ele, era um procedimento simples para qualquer ninja do seu gabarito. Como ele mesmo confirmou, ao pousar, silenciosamente, na janela, semi-aberta.
Sem perda de tempo, atravessou-a, entrando finalmente na casa de seu "alvo".
Assim que entrou na casa, Shadow Moon, agachou-se e deu tempo para que seus olhos se acostumassem com a escuridão do aposento em que tinha entrado. O que levou apenas, poucos segundos.
Quando por fim pode enxergar, percebeu que estava no quarto de uma criança, pelo tamanho da cama, que ficava prestes a janela e pelos brinquedos de pelúcia que estavam espalhados sobre ela. Pela decoração, cheio de cores rosas e temas femininos, não foi difícil imaginar-se tratar do quarto de uma menina.
A certeza viria mesmo, quando viu, na cabeceira da cama, havia uma pequena penteadeira de madeira, com uma pequena iluminaria e dois porta-retratos, sobre ela.
Aproximou-se e examinou, com atenção os dois porta-retratos. Um deles mostrava três pessoas: um rapaz alto de cabelos escuros, uma menina de cabelos rosas e bastante sorridente, (obviamente a moradora do desse quarto) e seu "alvo", Serena Tsukino, agarrado ao braço do rapaz. A foto fora tirada, provavelmente, em algum parque, pois, via-se, arvores e brinquedos para crianças no fundo da foto.
Era um típico retrato familiar. Assim como a foto seguinte, onde aparecia apenas Serena Tsukino e a garotinha, lado a lado, sorrindo juntas.
Base Comando! Aqui é sombra 1! Responda Base Comando! Câmbio!
Na escuta, sombra 1! Prossiga, câmbio!
Está recebendo as imagens dessas fotos? Câmbio!
Perfeitamente, sombra 1! Estou usando "módulo de visão noturna" na câmera, para ver o quarto com claridade. Vejo as fotos, nitidamente. Câmbio!
Procure registros e informes em nosso computador sobre a menininha, que, aparentemente, mora aqui, junto com o nosso "alvo", e desse rapaz, que parece ser um namorado, ou algo parecido, de nosso "alvo". Câmbio!
Estou passando as imagens das fotos desses dois pelo "EINSTEIN" e fazendo uma varredura em bancos de dados em escolas primárias de Tokyo e no setor de registros da prefeitura da cidade. Aguarde um momento. Câmbio!
Afirmativo! Câmbio!
Acabo de receber as informações solicitadas, sombra 1! Câmbio! – disse Issac, segundos depois, que o seu computador, o EINSTEIN, lhe passava os dados que ele solicitara.
Ótimo! Prossiga! Câmbio!
A menina, da foto, se chama RINI TSUKINO. Tem nove anos e é prima em primeiro grau de Serena Tsukino. Mora com a garota e a família dela há uns três anos, de acordo com os registros escolares da escola primaria onde esta criança estuda. Cambio!
Entendido, base comando! E quanto ao rapaz? Cambio?!
Seu nome é Darrien Mamoru Chiba. È engenheiro formado esta fazendo pós- graduação na Universidade de Tokyo. Tem 21 anos e, não precisa ser gênio para saber, que está de "namorico" com essa garota, né? Olha só como a garota se agarra ao sujeito!?! Câmbio! – respondeu Issac, com suas piadinhas de sempre.
Poupe-me de seus comentários e suas piadinhas, base comando! Não é hora para isso. Apenas informe-me do que foi apurado pelo computador. Câmbio!
Apenas isso, sombra 1! Mas, até, que os dois, na foto, formam um bonito casal, hein?! O que acha? Câmbio! – disse Issac com seu bom humor de sempre.
Vou prosseguir as instalações das dos sensores de vigilância. Começarei por este quarto e em seguida, irei aos demais cômodos da casa... Câmbio Final! – disse Shadow Moon, num tom de voz, visivelmente irritado, cortando rispidamente aquela conversa irritante. Issac sabia ser muito chato as vezes....
Shadow Moon prosseguiu com sua missão. Instalou duas câmeras no quarto de Rini, em locais, bem discretos e poucos visíveis no teto. Pela posição uma da outra, as câmeras poderiam cobrir visualmente, todo o quarto.
Base Comando! Primeiros sensores de vigilância instalados e acionados. Confirme recebimento das transmissões. Câmbio!
Transmissões das câmeras de vigilância funcionando cem por cento de capacidade. Recebendo sinal e visual do quarto da menina, perfeitamente, sombra 1! Câmbio!
Entendido! Vou prosseguir, agora, para os outro cômodos da casa. Câmbio Final!
Cuidadosamente, Shadow Moon, desceu as escadas que davam acesso ao quarto de Rini e saiu no corredor do segundo piso da casa.
Seus sentidos ninjas estavam em alerta para a possibilidade de alguém, dentro da casa, o visse ou, de alguma forma, percebesse sua presença, lá. Tomou cuidado para agir em silêncio, para o que iria fazer a seguir.
E foi graças a esses incríveis sentidos ninjas, é que ele, subitamente, se deteve nas escadas superiores. Sentira o Ki de uma pessoa prestes a aparecer, a qualquer momento, naquele corredor. Imediatamente, escondeu-se em meio as sombras da escada. E, de lá viu, uma porta, de um dos cômodo do segundo piso, se abrir, e uma figura feminina sair dentro dele, carregando uma cesta de roupas sujas: era a mãe de Serena, a sra. IKUKO.
Ela atravessou a porta e apagou a luz daquele cômodo, que na verdade era o seu quarto e de seu marido. Pela localização e pela luz, que estava acesa, Shadow Moon tinha certeza de que a janela iluminada, que viu, no lado de fora, antes de entrar na casa, vinha do quarto dos pais da garota. Havia mais dois cômodos naquele andar. Certamente, o quarto dos filhos do casal, concluiu.
Continuou observar a mulher, carregando a cesta de roupa suja e descendo a escada, que levava ao nível térreo da casa, enquanto cantarolava uma canção qualquer.
A mulher, sequer notou sua presença, tão perto dela.
Shadow Moon fechou os olhos por alguns instantes, e graças a sua concentração e técnicas ninjas de meditação, "sentiu através de seus sentidos e de seu KÍ, toda a energia que fluía naquela casa". Era uma maneira dele detectar, quantas pessoas estavam na casa, naquele momento.
Seus sentidos ninjas detectaram o KÍ de apenas três pessoas comuns, dentro da casa e sua audição, altamente treinada, perceberam três vozes distintas, no andar térreo da casa: Uma voz feminina, (obviamente da mulher que acabara de ver) e duas vozes masculinas, sendo que uma era de um adulto e outra de uma pessoa mais jovem, um garoto adolescente.
Somente os pais de Serena e seu irmão caçula estavam em casa. E mais ninguém.
Seu "alvo" não se encontrava na casa, naquele momento. Mas que droga, praguejou Shadow Moon, em pensamento.
Onde estaria? Voltaria logo? Estaria com o namorado ou com alguma amiga? Ou sozinha e desprotegida? E a garotinha? Estaria com ela, também?
Abriu os olhos.
Deixou as divagações e as dúvidas para depois. Agora era hora de agir!
Seus sentidos ninjas, avisavam-no que, todos estavam na sala de estar, assistindo um programa de televisão. Um show cômico, devido as altas risadas e gargalhadas que a família davam. Ótimo, não subiriam no andar de cima tão cedo. Não até o programa terminar, o que ele acreditava que levaria mais uns quinze minutos.
Era o tempo mais que suficiente para ele completar o seu "trabalho" no segundo andar da casa. Mas, ele teria que agir, rapidamente.
Meditou, por alguns segundos, invocando a técnica da INVISIBILIDADE e, depois, agiu: Entrou, rápido e silenciosamente, no quarto dos pais de Serena, que estava mais próximo as escadas onde estava escondido.
Em poucos minutos instalou as câmeras de vigilância lá, e checou seu funcionamento com Issac, pelo radio. Terminado a tarefa naquele quarto, saiu de lá tão silenciosamente como entrou, e rumou direto para o quarto seguinte. O que era o mais próximo ao do casal: O do irmão caçula da menina: SHINGO.
Lá, fez o mesmo procedimento e, em menos tempo, terminou o trabalho de instalação e checagem dos aparelhos de vigilância.
Finalmente, Shadow Moon dirigiu-se ao último quarto, que ficava no final daquele corredor: O quarto de Serena Tsukino. O quarto de seu "alvo".
Parou em frente a porta, onde a figura de um coelho fêmea, cor de rosa, e com um dos olhos piscando, alegremente, fazendo um sinal de "V" com os dedos, estava estampado em um decalque, na porta. Havia uns dizeres inscritos neles: "QUARTO DE SERENA TSUKINO. SEJA BEM VINDO!!! BATA ANTES DE ENTRAR!! E NÃO ESQUEÇA DE SORRIR PARA ESTE BELO DIA!!!"
Shadow Moon sentiu seu sangue ferver e seus dentes trincarem de fúria ao ler aquelas inocentes frases, típicas de adolescentes japonesas, ao mesmo tempo em que, a imagem de Wilson na UTI do hospital em São Paulo, entre a vida e a morte, surgia muito clara e vivida em sua mente... Podia ainda vê-lo, claramente, deitado na cama do hospital, em coma, lutando para manter-se vivo, depois do massacre promovido pelo "Anjo"...
E aquele coelho idiota desenhado na porta de entrada do quarto do "alvo", sorrindo, amavelmente e calorosamente para ele... Parecia um deboche! Uma afronta! Uma grave e imperdoável falta de respeito a sua dor e preocupação com seu amigo moribundo no Brasil.
Maldita garota! Como a odiava e toda aquela missão. Não conseguia deixar de culpar esta garota desconhecida por tudo o que houve. Pelo massacre e as mortes no Carandiru 5.
E como tinha vontade de arrancar aquele desenho estúpido e rasga-lo em mil pedaços. Maldição!!!
Sombra 1! Algum problema? Responda Sombra 1! Câmbio! – disse Issac, observando toda a cena em seu telão, na base secreta.
Negativo, Base Comando! Estou prosseguindo com a missão, conforme planejado, Câmbio ! – disse Shadow Moon, sem esconder um tom de raiva na voz.
Afirmativo, Sombra 1! Continuarei com o monitoramento. Cambio Final!
Shadow Moon respirou fundo e limpou a sua mente de pensamentos conflitantes e sentimentos de raiva e ódio. Ele era um ninja! Tinha que se portar como um ninja de seu grau e gabarito. Já bastava seu "desleixo grave", que havia cometido, naquela tarde, durante a luta contra a gangue de motoqueiro. Sua conduta foi indesculpável.
Não perderia o seu auto-controle desta vez.
Tinha uma missão importante a cumprir e, quer gostasse ou não, teria que realiza-la com sucesso. Seus sentimentos e opiniões pessoais não importavam agora. Somente o cumprimento da missão. Apenas isso.
Essa era sua obrigação e dever como ninja de sua estirpe e grau elevado.
E ele não falharia!
Assim, respirou fundo e, após alguns instantes de hesitação, abriu a porta e entrou no quarto de Serena.
Fechou a porta atrás de si, enquanto esperou, imóvel, seus olhos se adaptarem a escuridão.
E quando por fim, conseguiu enxergar o quarto, caminhou, silenciosamente, até próxima a cama da garota e parou.
Começou a olhar ao seu redor e analisar todo o quarto e seus detalhes.
A primeira vista, era um quarto absolutamente normal. Como a de qualquer outra garota da faixa de idade do "alvo".
Era um quarto bem feminino, decorado com cores suaves, alegres, onde a cor rosa predominava e figuras infantis como "um arco-iris" e "coelhinhos" estavam estampada no papel de parede do quarto.
Havia uma pequena estante de livros, toda cheia de edições encadernadas de quadrinhos japoneses (MANGÁ) cômicos e românticos. Mas nenhum livro de algum autor conhecido ou mais sério. Ler ou estudar, provavelmente, "não era muito o forte" desta garota, pelo que Shadow Moon, podia deduzir disso.
Também, havia um enorme pôster autografado, pregado em uma das paredes, com as fotos de três integrantes de uma banda de rock, que ele desconhecia, chamada de "THREE LIGHT". Perto dela uma pequena escrivaninha com uma televisão a cores, acoplada a um sofisticado equipamento de vídeo e DVD. Mias adiante, também estava um CD-PLAYER, com várias caixas de cds de cantores pop japoneses.
O quarto, também possuía algumas fotos, próxima a cabeceira da cama. Uma, que estava mais perto dele, via, claramente, ser a do namorado. O tal de Darrien. Já a outra, um pouco mais longe, parecia, ser uma foto tirada do colégio. Era uma foto com uma turma do colégio, pelo que ele podia perceber. Havia umas catorze pessoas na foto, mas ele estava longe, para poder ver direito o rosto, de cada um. Mas, mesmo a distância, podia ver a silhueta do "alvo" estampada no meio da foto entre suas amigas, e a de seu namorado, logo atrás dela.
Seus olfato foi preenchido com o cheiro inconfundível de pêlo de gato. A garota tinha um animal de estimação, um gato, e pelo que ele conseguia perceber, o animal costumava dormir naquele quarto. Fora isso, o quarto tinha um cheiro agradável de rosas, vindos de algum incenso ou perfume que o "alvo" costumava usar para "perfumar o ambiente".
Shadow Moon analisava tudo a sua volta, com certa frieza e irritação.
Fechou os olhos e elevou o seu KÍ para "sentir" aquele quarto, bem como as "impressões aurícas" da garota, que dormia e morava ali.
Pelo que conseguia sentir, seu alvo era uma garota excessivamente, alegre e emotiva. Bastante brincalhona e, algumas vezes, agindo com extrema infantilidade. Mas, só isso.
O quarto do "alvo" era repleto amor e amizade. E de muita luz...
Não havia um traço de energia negativa ou aura maligna. Por mais que Shadow Moon se esforçasse em descobrir.
Abriu os olhos e não se conteve:
Maldição! Isso não faz sentido... – disse para si mesmo, irritado. Quase como se estivesse praguejando.
Disse alguma coisa, Sombra 1? – perguntou Issac, pelo seu receptor.
Falei que "não faz sentido"...
O que não faz sentido, sombra 1? Câmbio!
Tudo isso, Base Comando! Já olhou ao redor desse quarto, daí ? Cambio! – disse furioso.
O que tem, Sombra 1? Pelo que vejo na tela, através da sua câmera, me parece um quarto normal de uma adolescente. Muito cheio de "frescuras femininas", é verdade: com bichinhos de pelúcia na cama, fronha com desenhos de "coelhinhos", pôster de um conjunto musical japonês e essas outras "baboseiras" que as garotas adora, né!? Mas, fora isso, não vejo nada de anormal, Sombra 1! Câmbio!
Esse é o problema, Base comando! NÃO A NADA DE ANORMAL NESSE QUARTO! ABSOLUTAMENTE NADA!! SEQUER SENTI ALGUMA COISA ESTRANHA OU PERIGOSA A NIVEL AÚRICO, ATRAVÉS DE MEU KÌ!! – disse Shadow Moon, elevando irritado a voz. E completou: - O "ALVO" É UMA GAROTA, PERFEITAMENTE, NORMAL!!! NÃO TEM QUALQUER TRAÇO DE MALDADE. E, TÃO POUCO, OS SEUS FAMILIARES, LÀ EMBAIXO.
E isso é ruim? Ora, não entendo por que você está irritado...
NÃO!?! – disse Shadow Moon quase rosnando de fúria. - ENTÃO, ME RESPONDA UMA SIMPLES PERGUNTA, BASE COMANDO: POR QUE, DIABOS, ESSA GAROTA COMUM, SUBITAMENTE, TORNOU-SE ALVO DE UM DOS MAIS PERIGOSOS ASSASSINOS DO MUNDO?
Eu, não sei... – respondeu Issac com certa tristeza. Compreendia perfeitamente, os sentimentos de Shadow Moon, de seu amigo, naquele momento.
POR QUE, O "ANJO" QUER TANTO ELIMINA-LA, MAS, TANTO, QUE MASSACROU GUARDAS E DETENTOS NO "CARANDIRÚ 5" SÒ PARA "RECRUTAR" OUTROS PERIGOSOS ASSASSINOS, PARA AUXILIA-LO NESSA TAREFA?
PELOS MEUS ANCESTRAIS!!! ISSO NÃO FAZ SENTIDO! É QUASE UM ABSURDO PENSAR NISSO: O ANJO PODERIA ACABAR COM A GAROTA SOZINHO E USANDO UMA PARCELA MÍNIMA DE SEU PODER!!!
AFINAL DE CONTAS, O QUE FOI QUE ESSA GAROTA FEZ PARA QUE O "ANJO" DESEJASSE TANTO SUA MORTE, A PONTO DELE FAZER TUDO QUE FEZ? O QUE?
ISSO É QUE NÂO FAZ SENTIDO!!!!!
É, Sombra 1! Eu também não sei... – disse Issac compreendendo a profunda revolta e frustração que Shadow Moon sentia naquele momento.
Checou novamente os dados policiais japoneses e da Interpol, Base Comando? Câmbio!
Afirmativo, Sombra 1! Chequei mais uma vez, mas a resposta que o "EINSTEIN" encontrou foi o mesmo: NADA!
A garota e sua familia não estão em nenhum tipo de "Programa de Proteção a testemunhas" da policia japonesa. Não possuem ficha criminal, a não ser que consideremos duas multas de trânsito em um ano, um crime grave, Sombra 1!
Lamento, Sombra 1! A hipótese de ela ao a sua família terem alguma ligação com o crime organizado japonês ou de terem testemunhado alguma coisa ligada as atividades criminosas do "Anjo", está fora de cogitação...
Droga! Isso não está certo! Algo nessa história toda está não se encaixa... Tem algo muito estranho em tudo isso...
Também acho tudo isso muito esquisito, sombra 1! Mas, só poderemos descobrir a real ligação entre o "Anjo" e, essa tal, de Serena, quando o desgraçado aparecer e tentar alguma coisa contra a garota. Então, poderemos, descobrir o "por que" de tudo isso que aconteceu. Câmbio!
Quando o "Anjo" aparecer na minha frente, a única coisa que vou querer saber na hora, é em que lugar do seu maldito corpo, irei transpassa-lo com a minha Katana (espada). Câmbio!
O mais importante é proteger essa garota e sua família! Essa é nossa prioridade, sombra 1! Não se esqueça! – lembrou, Issac, a Shadow Moon, num tom crítico e severo na voz.
A minha prioridade é acabar com a raça daquele maldito assassino e... – Shadow Moon preparava-se para iniciar uma áspera discussão com Issac, quando, subitamente, silenciou-se. Virou-se subitamente em direção da porta.
Sombra 1! O que houve? Responda! Câmbio!
Estou sentindo um KÍ aproximando-se. Vai entrar no quarto a qualquer momento...
Shadow Moon mal tinha terminado de falar sua frase final, quando viu a maçaneta da porta começar a girar.
CENA 2:
Residência da Família Tsukino – Naquele exato momento.
A mãe de Serena, a sra. IKUKO, abriu a porta do quarto de sua filha e acendeu o interruptor de luz, iluminando todo o quarto.
Imediatamente se assustou com o que viu a sua frente, levando sua mão, a altura da boca, instintivamente.
Oh, Meu Deus! Mas que bagunça!! – disse ao ver os CDs de J-pop, espalhados pelo chão e, parte da cama desarrumada. – Serena não toma jeito. Não sabe guardar suas coisas direito, e sou eu que tenho que arrumar o seu quarto toda hora. TSSCCC!!!!
A sra. Ikuko trazia, debaixo do braço, alguns lençóis limpos, que colocou sobre a cama da filha. Em seguida, juntou os Cd's espalhados e colocou-os em ordem numa prateleira de acrílico, feita especialmente para guarda-los.
A Rini é muito mais cuidadosa com suas coisas do que Serena. E sabe arrumar sozinha o seu quarto... – murmurou a dona-de-casa consigo mesma, enquanto colocava o último Cd no lugar. E completou: - Serena, desde jeito, nunca será uma esposa prendada.
Em seguida, a sra. Ikuko, voltou-se para a cama de Serena, onde havia deixado os lençóis que trouxera e, calmamente, começou a troca-los, enquanto murmurava uma tranqüila e agradável melodia, durante seu afazer.
A sua tarefa não durou mais do que dois minutos e quando, por fim terminou, pegou os lençóis trocados da cama e olhou ao redor do quarto, para ver se mais alguma, precisava ser deito ou arrumado.
Bom, acho que já fiz tudo o que tinha que fazer por aqui... – murmurou satisfeita consigo mesma.
A sra. Ikuko que já estava se virando em direção da porta para sair, quando o telefone, na cabeceira da cama de Serena começou a tocar e ela se deteve.
Deixem que eu atendo! – gritou alto, em direção a porta.
Tudo bem, querida! – respondeu uma outra voz, vinda de baixo.
A mãe de Serena caminhou, novamente, em direção, a cama de sua filha e atendeu o telefone.
Alô! Residência Tsukino! Ah, Serena! É você, filha?
Bem acima dela, com as costas contra a parede do teto, Shadow Moon estava suspenso no teto. Graças aos "minúsculos módulos de sucção" em suas luvas e nas solas de seu sapato, Shadow Moon está , literalmente, "grudado no teto", daquele quarto, como se fosse uma verdadeira "aranha humana".
Ele agiu como tal, assim que viu a maçaneta da porta do quarto começar a girar: Sem pensar duas vezes, Shadow Moon saltou, vigorosamente, e se grudou ao teto, mantendo-se imóvel e em absoluto silêncio, enquanto observava a sra. Ikuko entrar no quarto e começara a arrumação, sem perceber a sua presença, tão perto dela.
Shadow Moon torcia que ela, acidentalmente, não olhasse para cima, pois, caso isso acontecesse, seria obrigado a nocaute-a-la,, pressionando um de seus pontos vitais do corpo, antes que o visse direito. Quando recobrasse os sentidos, pensaria que sofrera apenas um desmaio ou tontura. E, sequer se lembraria do intruso...
Felizmente, ao que parecia, ele não precisaria chegar a esses "extremos": A sra. Ikuko, realmente, não havia percebido sua presença e já terminara a arrumação do quarto. E estava prestes a sair quando o telefone tocou e atendeu.
Shadow Moon sentiu os músculos do seu rosto tensionarem, quando ouviu a mulher falar o nome de Serena.
Em silêncio, ouviu a conversa das duas por telefone:
Serena, onde você está? Já está tarde e acabou de escurecer, aí fora.
Como? Você está na casa da Rei? Ah, sei! Estou entendendo: Você e suas colegas de escola vão passar o fim-de-semana, aí, estudando para as provas da semana que vem? Não! Não tem problema algum, filha! Pode ficar com suas amigas, se a Rei não se importar. Até acho muito bom você estudarem juntas, para que elas possam lhe auxiliar. Ainda mais, depois daquela prova desastrosa de matemática que você fez, mês passado... – comentou a mãe de Serena, sem conseguir disfarçar a decepção e vergonha, que sentira, naquela ocasião, ao olhar a nota da filha. – Rini está com você? Ótimo! Cuide muito bem dela e nada de ficarem até tarde, olhando a televisão, viu?! E comportem-se, enquanto estiverem de visita na casa de Rei. E ESTUDE BASTANTE, OUVIU BEM!!!!! – disse num tom severo, quase ameaçador, a mãe de Serena. – QUERO VER UMA NOTA MELHOR NA PROXIMA PROVA OU ENTÃO JÁ SABE O CASTIGO QUE LHE ESPERA....
Ah, que bom que entendeu. Trate de se esforçar nos estudos e cuide bem de Rini. Vejo vocês duas domingo à noite quando voltarem, ok? Cuidem-se, ouviram? Um beijo para vocês duas. Tchau!!!! – disse ela encerrando aquela conversa e pondo o telefone no gancho.
Em seguida saiu do quarto, desligando a luz do cômodo e fechando a porta atrás de si.
Instantes depois, Shadow Moon soltou-se do teto, e pousou, silenciosamente no chão. Os dedos de sua mão se fecharam, tensionando-se de raiva e frustração, ao descobrir que "o Alvo" não voltaria para casa naquela noite.
E a vigília que planejara fazer, perto daquela casa, na esperança de confrontar o seu odiado inimigo, quando aparecesse para tentar matar a garota, havia ido por água a baixo, totalmente.
Rangeu os dentes de raiva. As coisas não poderiam acabar daquele jeito. Não podiam. E ele não permitiria que isso acontecesse...
Base Comando! Está na escuta ainda? Câmbio! – perguntou num tom seco da voz.
Afirmativo, Sombra 1!
Escutou a conversa da mãe de nosso "alvo"? Câmbio!
Alto e claro, Sombra 1! Parece que a Serena e a priminha dela vão passar o fim-de-semana na casa de uma amiga. Talvez, ela fique mais segura, na casa dessa colega... Longe de casa, por algum tempo...
Duvido muito, Base Comando! – Contestou Shadow Moon, contundente. – O "Anjo" é um caçador nato... Assim como eu... – Fez uma pausa pesada na voz e em seguida, continuou. – Pode acreditar em mim, Base Comando! O "Anjo" já está, aqui em Tokyo e, provavelmente, já deve estar atrás dessa garota. E ele vai acha-la! Não importa onde quer que ela esteja. A menos que...
A menos que?
A menos que EU a encontre primeiro, Base Comando! – Disse Shadow Moon, decididamente e, em seguida, dirigiu-se ao aparelho de telefone. – Vou instalar o MODULO DE TELE-RASTREAMENTO nesse telefone, Base Comando. Procure rastrear essa ligação e tente descobrir de onde ela veio.
Deixe comigo, Sombra 1!
Positivo, Base Comando! Pelo menos sabemos que essa tal de Serena, ainda está viva. O que já é um grande alívio...
Mas, não por muito tempo se não acha-la, logo. Tenho que saber, exatamente, onde o "Alvo" está, agora! Câmbio! – informou ele colocando um minúsculo aparelho no tamanho de uma grande moeda, por dentro do aparelho.- Modulo de Tele-Rastreamento instalado. Prossiga a operação, Câmbio!
Afirmativo, Sombra 1! Estou acessando os sensores de varredura do Einstein e cruzando os dados com a Lista de telefone de Tokyo. Espero lhe dar uma resposta a qualquer momento...
Ótimo! Estou vendo uma agenda pessoal de telefones ao lado do aparelho. Vou ver se encontro alguma REI ou um nome parecido como esse mencionado pela mãe do "alvo".... – disse o ninja pegando a pequena agenda plastificada e cheio de decalques colantes. Quanta "baboseira" essa moça gostava...
Começou folhear as paginas. Felizmente, a lista de nome e endereços não era muito grande e, em instantes achou um nome, bem destacado, em uma das paginas: REI HINO.
Encontrei algo, Base Comando! Um nome: Rei Hino. Mas, só tem o telefone da pessoa, anotado. Essa garota estúpida não anotou o endereço da colega, na agenda...
Desencana, Sombra 1! O Einstein acaba de completar o rastreamento. Já tenho o endereço de onde esse telefonema foi feito... – disse Issac sem esconder a satisfação e alegria de ter achado uma pista mais concreta. - Esse é o telefone de um Templo Zen-Budista, localizado a uns 40 minutos de distância de onde você está.. O telefone confere com o numero dessa agenda e, esse nome, Rei Hino, aparece como uma das moradoras desse templo, pelo registros telefônicos que obtive. Posso tentar levantar a ficha completa dessa garota, em poucos minutos, se você quiser...
Esqueça, Base Comando! Não temos tempo para isso! Apenas me passe o endereço desse templo.
Anote aí, Sombra 1!
Jimmy anotou de memória o endereço que Issac lhe passara e, depois disse:
Ótimo! Já sei onde ir agora, depois que terminar a missão, nessa casa...
Falta muito, Sombra 1? Câmbio!
Não muito... Os sensores de vigilância já foram instalados em todos os quartos. Falta agora, a sala de jantar, e o Hall de entrada da casa. Vou cuidar disso, imediatamente.
E assim que acabar, vou direto a esse templo. Câmbio!
Entendido, Sombra 1! Vou traçar um percurso no "mapa de navegação", no computador do Flecha de Prata". Não se preocupe, que não deixarei você errar o caminho... Câmbio!
Faça isso, Base Comando! Enquanto isso, vou terminar o meu "serviço" aqui. Câmbio Final!
Shadow Moon encerrou a transmissão, secamente. Não tinha mais tempo a perder e, precisava ir a esse templo, onde o "alvo" se encontrava, o mais rápido possível. Sentia que algo muito grave esta prestes a acontecer. E, como se não bastasse isso, havia aquela misteriosa previsão de sua avó, relacionada a adaga que trazia consigo.
Muitas perguntas. Muitos mistérios. Muitos segredos. Isso já começava a irrita-lo, bastante. De uma forma ou de outra, teria essas respostas ainda naquela noite. De uma maneira ou de outra, prometera a si mesmo, em silêncio.
Voltou a agir!
Abriu a porta e saiu do quarto de Serena, tão silenciosamente, como havia entrado e andou, com passos leves, pelo corredor do segundo piso. Aproximou-se perto da escada e parou.
Agachou-se próximo ao corrimão da escada e, colocou seu sentidos ninjas em alerta. Pelo som que ouvia, o programa de humor havia terminado. Mas, pelo menos, o marido e o garoto ainda assistiam televisão na sala.
Já a dona de casa estava na cozinha preparando o jantar daquela noite.
Ótimo, pensou Shadow Moon. Estavam distraídos demais e seria fácil executar a parte final de sua missão.
Fechou os olhos e cruzou os dedos, em meditação, invocando as técnicas ninjas da INVISIBILIDADE e da SOMBRA. E quando, seu KÍ estava pronto, agiu sem hesitação: Pulou sobre o corrimão da escada e pousou, sem emitir som ou barulho algum, sobre o chão do primeiro andar da casa. Pousando muito perto da entrada da sala de estar onde os dois homens da casa estavam.
Mas, sequer, eles tiveram sua atenção desviada do programa de TV, pois Shadow Moon não dera tempo para que sua presença fosse notada: Mal seus pés tocaram o solo, como um ágil ginasta, ele girou o corpo em direção da porta de entrada. Sem perda de tempo e seguindo seus instintos, apenas, Shadow Moon instalou dois aparelhos de vigilância no Hall de entrada da porta principal, de forma que ficassem imperceptíveis.
Ao terminar andou em direção a sala de estar onde os dois moradores da casa estavam. Essa era a última etapa da sua missão. E, também, a que exigiria mais cuidado e muito mais de suas "habilidades ninjas"...
Olhou, cautelosamente, pelo canto da porta de acesso a sala de estar, e estudou, cuidadosamente o local:
O pai de Serena, o sr. Kenji e, seu filho caçula, Shingo, estavam sentados num sofá, assistindo juntos um show musical, pela televisão. A posição que estavam sentados, ficavam diretamente, de frente a porta de entrada. O aparelho de televisão, estava do outro lado da parede, em que Shadow Moon, estava escondido. Fora isso, havia mais uns poucos móveis na sala e uma grande estante cheia de objetos e porta retratos.
Nenhum dos dois percebia a presença de Shadow Moon, tão perto deles e nem que ele os observava. Estavam com a atenção muito centrada ao programa que assistiam e, literalmente, "nem se lembravam que o mundo existia".
Isso só facilitaria o trabalho do ninja, que já tinha em mente, como entraria na sala, sem que percebessem, e onde colocaria os dois últimos aparelhos de vigilância. E o que era ainda melhor, uma rota de fuga para fora daquela casa...
"Unph! Vai ser fácil demais!", pensou Shadow Moon, ao mesmo tem que levava as mãos a um de seus bolsos, na cintura, e, de lá tirava uma minúscula "bolinha de ferro". Normalmente, ele a usaria como uma arma de ataque, de modo diferente e mortal, em outra ocasião, se estivesse em combate. Mas, agora, ele utilizaria o pequeno objeto de ferro para criar uma "distração"...
Segurou-a entre os dois dedos e fixou os seus olhos no alvo que havia escolhido: Um grande porta-retrato do sr. Kenji, tirado de uma pescaria, onde exibia, sorridente, um enorme peixe que havia pescado, em algum lago do Japão.
Shadow Moon concentrou-se e atirou., num movimento rápido com as mãos. O objeto de ferro atingiu, em cheio, o porta-retrato, que despencou da prateleira, e caiu ao chão, quebrando a moldura de vidro com o impacto e provocando um som estridente.
O sr. kenji e o seu filho pularam, sobressaltados, do sofá, e viraram-se para trás.
Meu Deus! Que barulho foi esse? – exclamou assustado o dono da casa.
Parece que alguma coisa quebrou... – disse Shingo, olhando em direção de onde aquele som partira, até que, por fim, achou o porta-retrato ao chão e apontou-º – Papai! Olhe ali!
Ah, Não! A minha foto predileta! Que desastre! Como foi que ela caiu da prateleira? – disse o sr. Kenji desolado, ao mesmo tempo que levantava do sofá, juntamente, com o seu filho, e caminhavam juntos em direção ao objeto caído.
Nenhum deles percebia que, Shadow Moon, estava, silenciosamente, bem atrás dos dois, a menos de um metro.
No instante que o ninja atingiu o objeto e viu pai e filho olharem para trás, ele avançou, silenciosamente, para dentro da sala de estar.
Shadow Moon aproveitou o tempo que levou o curto diálogo de pai e filho, para aproximar-se do aparelho de TV e instalar, debaixo dele, um dos módulos de vigilância., silenciosamente. E, também, sem fazer um único ruído, rolou pelo chão, e agachou-se, do outro lado do sofá, escondendo-se, agachado, no extremo oposto do móvel onde pai e filho estava sentados.
E quando, por fim, ambos se levantaram, segundos depois, Shadow Moon fez o mesmo, e colocou-se bem atrás dos dois, caminhando em silêncio e no mesmo ritmo das passadas dos dois. O Ninja parecia uma sombra atrás deles.
Mas sabia que teria que agir rápido e que só dispunha de mais alguns segundos. Seus sentidos ninjas, detectavam a aproximação da sra. Ikuko. Tinha que instalar o último modulo de vigilância e sair, o quanto antes.
Deus! Olha só para isso! O vidro quebrou todo!
Calma, papai! Pelo menos a foto parece que está intacta. Não vejo nenhum corte nela. – respondeu Shingo, ao mesmo tempo que se agachava, juntamente, com o seu pai, para examinar o estrago do porta-retrato, mais de perto.
Já Shadow Moon, aproveitou, mais esta distração e, rapidamente, instalou o último aparelho de vigilância, atrás de um pequena estatueta de um MANEKI- NEKO, ("gato de boa sorte", em porcelana).
Finalmente, sua missão estava completa!
Agora, ele teria que sair da casa, tão furtivamente, como entrara. E rápido!
Seus sentidos ninjas o alertavam, que a sra. Ikuko estava prestes a entrar na sala, em instantes. Se não saísse, em segundos, seria pego em flagrante.
Olhou para as duas pessoas agachadas no chão, e em seguida olhou para uma das janelas da sala de estar que estava aberta, bem a sua frente, há uns três metros de distância. E que dava para o lado de fora da casa.
Querido? O que aconteceu? Ouvi um barulho... – disse a sra. Ikuko, já próxima a entrar na sala de estar.
O tempo estava esgotado e Shadow Moon agiu!
Recuou dois passos para trás, para ganhar impulso e, em seguida, avançou em silêncio e com ímpeto. Quando aproximou-se dos dois moradores, que ainda estavam agachados, olhando para o objeto quebrado no chão, saltou poucos centímetros de distância das costas deles, voando por cima dos dois e "mergulhando" através da janela aberta, no exato momento, que a sra. Ikuko entrara na sala.
A sra. Ikuko parou, subitamente, ao ver algo, de relance, na janela. Mas. Quando piscou o olhou e voltou a olhar, naquela direção, viu que não havia nada. E achou que fora somente sua imaginação.
Querida, olhe só o que aconteceu! – disse o sr. Kenji, lamentavelmente..
O que foi? – disse a gentil dona-de-casa, aproximando-se do marido e esquecendo por completo, o que vira antes.
CENA 3:
Residência da Família Tsukino – do lado de fora da casa, próxima a entrada principal.
Shadow Moon saiu, com sucesso de fora da casa., próximo a um muro que separava a residência da casa vizinha.
Rapidamente, subiu o muro e pulou sobre o teto da casa ao lado. E, em seguida, começou a saltar de casa em casa, de teto em teto, afastando-se, cada vez, mais da residência do "alvo" e dirigindo-se, para o local onde tinha deixado a sua moto.
Enquanto, pulava sobre as casas daquele bairro como um felino, Shadow Moon, contactou Issac:
Base Comando! Aqui é Sombra 1! Responda, Câmbio!
Aqui é Base Comando, Sombra 1! Prossiga! Câmbio!
Missão cumprida! Todos os módulos de vigilância estão foram instalados na casa. Por favor, informe "status" dos equipamentos. Câmbio!
Todos funcionados com 100% de eficiência. Recebendo imagens e sons da casa com ótima recepção. Bom Trabalho, Sombra 1! Câmbio!
Ótimo! Inicie programa de vigilância on-line. Quero essa casa e as pessoas lá dentro vigiadas 24 horas...
Já estou rodando o programa no computador, não se preocupe. O "Einstein" fará o monitoramento diário. Se acontecer algo de anormal, ele irá nos alertar, Sombra 1!
Ok! Estou contando com isso...
Ah, a propósito... Parabéns pela sua fuga. He! He! Como sempre se sabe fazer "uma boa saída"... Hein, Sombra 1!?! Câmbio! – disse Issac, com humor na voz, comentando a maneira espetacular como Shadow Moon, saira da casa de Serena.
Poupe-me de suas gracinhas, Base Comando1! Não é hora para isso! Câmbio! – disse Shadow Moon, secamente. – Traçou uma rota, no computador do "Flecha de Prata"? Câmbio!
Afirmativo, Sombra 1! Tracei uma rota segura e discreta até o Templo, onde mora a amiga dessa Serena., a tal de Rei Hino. Por ela, você deverá chegar o templo em 25 minutos, no máximo. Câmbio!
Eu pretendo encurtar esse tempo, Base Comando! Eu vou chegar lá o mais rápido possível, nem que para isso, tenha que acelerar a toda velocidade e... AAARRGGHHH!!!!!!
Tudo aconteceu muito rápido!
Shadow Moon sentiu sua mente ser atingida por algo parecido com uma descarga elétrica ou algum fluxo de energia, que pareceu transpassar a sua mente, provocando-lhe uma dor violenta e insuportável na cabeça.
Por causa desse repentino "golpe mental", Shadow Moon, perdeu, momentaneamente, sua concentração, e acabou perdendo o controle do seu último salto. Como resultado, ele acabou posando, desastradamente, num teto de uma casa, e, por muito pouco, não acabou rolando pelas telhas e indo cair na rua.
Conseguiu recuperar o seu auto-controle, á tempo, evitando a queda.
Ficou de joelhos, nas telhas, por alguns instantes, com as mãos a cabeça, numa vã tentativa de aliviar a terrível dôr, que estava sentido.
Sombra 1! Sombra 1! O que aconteceu! Você está bem! Responda! Responda! Câmbio. – gritava Issac desesperado, percebendo que algo de grave havia acontecido com seu amigo.
Infelizmente, Shadow Moon não pode responder, rapidamente, a seu amigo.
Precisou de alguns instantes, dolorosos, para assimilar a dôr, totalmente. E somente, depois, com a voz meio que ofegante, respondeu:
Estou bem, Base Comando! Apenas ... fui pego desprevenido.... – disse, sentindo a dôr na cabeça, gradativamente, desaparecer.
"Pego desprevenido"? Mas... Do que diabos você está falando? Num minuto você estava bem, no outro, sua cabeça parecia que ia "fritar". O "Einstein" registrou anomalias nas "ondas mentais" em seu cérebro. Distúrbios, num padrão muito elevado. – disse Issac, lembrando a Shadow Moon, que seu traje ninja, possuía minúsculos bio-sensores (outras das invenções de Issac), que informavam as condições físicas e mentais do ninja, a todo instante, ao computador Einstein. Que, por sua vez, era monitorado por Issac. Por essa razão, Shadow Moon não tinha como mentir sobre sua condição de saúde ao amigo. Issac completou. - E, ainda, por pouco, você quase se esborracha no chão, Sombra 1!
Eu sei, Base Comando! Mas, estou bem! Como disse antes, fui pego desprevenido por um forte "Grito Mental". Ele foi tão poderoso e aterrador, que sobrecarregou os meus sentidos ninjas, Base Comando!
Grito Mental?
Sim! É como se fosse uma premonição... Uma sensação angustiante e terrível...
O que foi que você pressentiu? Ou melhor dizendo, o que foi que você "ouviu"?
Como se alguém, próximo daqui, tivesse gritando de dor e horror. Um grito tão medonho, que parecia que a alma dessa pessoa estivesse sendo estraçalhada, violentamente .
Pelos Ancestrais! Nunca senti algo assim...
O que você sentiu agora, foi o grito de desespero da primeira vitima das forças das Trevas, Shadow Moon. – respondeu uma voz feminina, por de trás dele.
Instintivamente, Shadow Moon girou seu corpo, e sacou sua Katana, já se posicionando para o ataque.
Encarou a mulher de cabelos brancos, de estatura imponente e olhar singelo e caridoso. A mulher nem demonstrou medo ou intimada ao velo com a arma em punho e olhando-a fuzilantemente. E completou:
A batalha começou, Shadow Moon! E chegou a hora de você cumprir o seu destino... – disse a misteriosa mulher.
Shadow Moon odiava ser pego de surpresa. E era a segunda vez que isso acontecia naquele tumultuado dia.
E o que era pior: Ele fora surpreendido, novamente, pela mesma mulher, daquela tarde...
Quem é você? O que faz aqui?
A misteriosa mulher avançou dois passos em direção de Shadow Moon. Ficando próximo a lâmina da espada do ninja. Se ele quisesse ataca-la, teria como atingi-la em cheio.
Ela sabia disso, bem como Shadow Moon.
Os dois se entreolharam por alguns instantes e, finalmente, ela respondeu:
Meu nome é SERENITY!
CENA 4:
Numa rodovia expressa, nas proximidades do Templo. Naquele exato momento.
Hotaru permanecera desmaiada, por mais de uma hora, e estava deitada, no banco de trás do carro de Haruka, agora, Sailor Urano. Sua cabeça estava ousada no colo de Sailor Plutão, que afagava, gentilmente, a cabeça da menina sem sentidos, com suas mãos.
De repente, a garota sofreu outra de suas fortes "convulsões" e saltou um apavorante grito de dôr, levando as mãos ao peito.
O súbito grito assustou a todos e, por pouco, Sailor Urano, que dirigia o carro, por pouco não perderá o controle do mesmo.
Meu Deus? O que aconteceu? – gritou Sailor Urano, aflita.
Hotaru está tendo outra de suas premonições. – explicou Sailor Plutão, compreendendo, ao contrário das outras duas sailors, no carro, o que se passava com a menina. E completou: - Elas estão vindo com muita força e sua mediúnidade espiritual, não esta conseguindo suportar essas visões. Elas além de serem poderosas, são impregnadas de uma energia maligna. Eu posso senti-las, também...
Esperem! Vejam! Hotaru parece que esta murmurando alguma coisa. Silêncio! – pediu Sailor Netuno.
Houve um breve silêncio, e, todos esforçaram-se para ouvir o que a menina dizia.
Sailor Moon... Sailor Moon... – disse a garota, como se estivesse delirando. – Ela... Chibi Moon... as garotas… estão em perigo. Todas... em perigo... Precisam ajuda... Precisam ajuda... Algo ruim... Algo... Algo muito ruim aconteceu... Algo tenebroso...
O que, Hotaru! O que aconteceu? O que? – suplicou Sailor Urano, desesperada, por uma resposta.
Infelizmente, a resposta não veio. Hotaru perdera novamente os sentidos e tornou a desmaiar.
Praga!
Não adianta perder a calma agora, Urano. – disse Sailor Netuno. – Pelo menos, Hotaru nos avisou que Sailor Moon e as meninas, estão em grandes apuros. Precisamos chegar até elas, imediatamente.
Estou dirigindo o mais rápido que posso! – retrucou Urano, suando na testa de nervosa.
Falta muito para chegarmos, no templo? – perguntou Sailor Netuno.
Estamos quase lá! Só mais alguns minutos... – respondeu Urano, cerrando os dentes e apertando o volante, com força.
Depressa, Urano! Depressa! Antes que seja tarde demais. – retrucou Netuno.
As três Sailors corriam contra o tempo para chegar logo, ao socorro de suas companheiras. De tão nervosa que estavam, nenhuma delas escutou uma frase, murmurada quase que em silêncio, por Hotaru:
Guerreiro da "Lua Oculta"... Nos ajude....
CENA 5:
Num telhado de uma das casas do bairro de Minato-ku.
Shadow Moon mantinha sua Katana em punho e com a ponta direcionada ao peito da estranha mulher.
Estava confuso e irritado, amaldiçoando seus instintos ninjas por não terem detectado a aproximação daquela mulher.
Por que eles não o alertaram? Isso nunca havia lhe acontecido antes?
Mais perguntas! Só que desta vez, ele estava numa posição de arrancar algumas respostas... por bem ou por mal...
Por favor, Shadow Moon! Não há necessidade de você empunhar sua espada contra mim. Eu não sou sua inimiga. Posso assegurar-lhe isso! – disse Serenity com uma voz tranqüila, tentando, acalma-lo.
Fique onde está, sua bruxa! Ou que, raios, seja você! Se você é inimiga ou não, isso quem decide sou eu e... ARGGHH!!!
Outra vez, a frase não chegou a ser concluída.
Novamente, Shadow Moon se contorceu-se de dôr, ao "ouvir", de novo, mais um outro "grito mental". Só que, desta vez, podia pressentir, não uma, mas varias vozes, desesperadas.
Como se isso não bastasse, seus sentidos ninjas podiam sentir uma grande e poderosa "aura maligna", que parecia estar se espalhando pelo próprio ar, abalando as energias de equilíbrio da cidade de Tokyo e do próprio planeta:
Você as está sentindo, não é? Percebe que elas estão correndo perigo... E que o poder das trevas esta crescendo a cada minuto... – disse Serenity, percebendo, nitidamente, o que Shadow Moon pressentia.
Cale a boca! Sou que faço as perguntas aqui! – disse ele, rispidamente, recuperando-se dessa nova premonição e se recompondo, apesar das dores em sua cabeça. – Mais uma vez, diga-me quem é você e o que está fazendo aqui?
Já lhe disse: meu nome é Serenity...
Isso eu já sei! Eu quero saber o que quer comigo... – disse ele irritado e desconfiado.
Pode-se dizer que eu vim, dentro das minhas limitações... ajuda-lo...
Não preciso de ajuda! Especialmente, de gente que não conheço...
Mas, nos já nos vimos antes, lembra-se? E você me prestou uma grande ajuda naquela ocasião.– disse ela calmamente, lembrando-o, do encontro daquela tarde. – Gostaria de agradece-lo por ter ajudado aquelas duas moças. Você as salvou de um grande perigo. Fico eternamente grata por isso... – disse com sinceridade na voz.
Shadow Moon, instintivamente, recordou-se dos acontecimentos daquela tarde. Por um breve instante, o rosto da jovem de cabelos curtos, reapareceu, muito nítida, em sua mente.
Procurou dispersa-los. Não era hora de se distrair ou "baixar a guarda"...
Issac, que até então mantivera-se em silêncio durante toda aquele dialogo tenso, devido a grande surpresa de ver a misteriosa mulher, de repente na telão do computador, que literalmente, o fez ficar "completamente mudo de susto", por fim falou:
Shadow Moon! Essa é a tal mulher de quem você falou, hoje de tarde? Que pediu socorro para aquelas duas estudantes?
É! A própria... – disse, rangendo os dentes e com olhar fixo em Serenity.
Pôxa, para uma fantasma, até que ela me parece ser simpática... – disse ele analisando-a pela sua tela, na base secreta. - Não acho que ela seja uma pessoa má.
Muito obrigada, Issac. Você é uma rapaz muito lisonjeiro. Tenho certeza que você é muito simpático, também! – respondeu, inesperadamente, Sertenity.
Caramba! – gritou Issac assustado e surpreso, com o que acabava de testemunhar. – Ela pode ouvir nossa comunicação!
Droga! Era só o que me faltava. Além de saber nossas identidades verdadeiras, ela ainda é capaz de captar nossas transmissões secretas, também! – disse ele ainda mais irritado, especialmente, porque ela sabia sua identidade secreta de Jimmy Hara.
Desculpe-me! Não quis ser bisbilhoteira. Tenho meus sentidos muito aguçados e, as vezes, acabo ouvindo, coisas, sem querer. Desculpe-me, sinceramente, pelo inconveniente. – disse ela, imaginando causar um grande embaraço nos dois. - Mas, obrigada, pelas suas palavras gentis. Não é sempre que ouço um elogio desse de alguém tão inteligente quanto você. – disse ela, sorrindo, amavelmente.
Ora, por favor! Assim você me deixa meio encabulado. He! He! He! – retrucou Issac, já não escondendo que simpatizara com a misteriosa mulher e deixando óbvio que ela ganhara sua confiança. Issac sabia avaliar muito bem o caráter das pessoas, as vezes muito melhor que seu desconfiado amigo.
Quer parar com essa bobagem! – gritou, furioso, Shadow Moon, por aquela conversa inadequada que Issac estava tendo com a misteriosa mulher. – Em vez de perder tempo, com conversa fiada, com alguém que pode ser um inimigo disfarçado, que tal usar os sensores do EINSTEIN e analisar a bio-estrutura desta mulher. Quero saber o que ela é? Se pelo menos é humana...
Eu sou Humana, Shadow Moon! – disse Serenity com firmeza. – E não sou sua inimiga. Jamais iria lhe fazer algum mal... – disse ela, deixando escapar uma leve emoção nas suas palavras, enquanto olhava com certa ternura para ele.
Por um momento, o ninja franziu as sobrancelhas, com estranheza, para aquela atitude, mas logo, recompõe-se e disse, severamente, para ela:
Isso nos veremos! Base Comando, inicie analise bio-estrutural!
Analise bio-estrutural em andamento, Sombra 1! – disse Issac, iniciando a varredura, meio a contra-gosto. E a medida que EINSTEIN lhe transmitia todos o dados, Issac começou a ler em voz alta. - A moça apresenta fisiologia e seqüência de DNA 100% de característica humana. Elevado grau de energia auríca pelo corpo, que permite ela a tele-transportar-se ou manter-se em "estado etéreo"...
Uma mutante?
Não acredito! Não, pelas leituras que estou tendo. Apesar de detectar grandes níveis de energia psiônica, ela não é mutante. Haveria algumas anormalidade, em alguns pontos da cadeia de DNA dela. E não estou detectando nada disso.
Você disse que ela tem alto grau de energia psiônica., não é mesmo?
Sim!
Então isso nos deixa com duas hipóteses: Ou ela é uma para-normal ou... uma feiticeira! – disse ele apertando o cabo de sua espada com suas mãos.
É! São as possibilidades mais fortes... – disse Issac, meio sem jeito. – Mas, sinceramente, eu acho que ela não é nenhuma...
Grato pelas informações, Base Comando! Eu assumo as coisas, daqui em diante. Câmbio final! – disse cortando, abruptamente, a comunicação com Issac.
Agora, novamente, Shadow Moon voltava a encarar a estranha mulher.
Tenho um monte de perguntas "fervilhando" em minha cabeça... Serenity... – disse ele com evidência irritação ao mencionar o nome dela, na voz. – Mas, prefiro fazer-lhe apenas uma: o que está acontecendo?
Já lhe expliquei: Uma guerra foi iniciada, Shadow Moon! Uma guerra que decidirá a sobrevivência de todo o planeta Terra... Talvez até do próprio Universo... – disse ela, firmemente.
Uma guerra? Contra quem?
Contra poderosos seres de uma dimensão onde o mal e a perversidade reinam absoluto e numa escala inimaginável, chamada de NEGAVERSO.
Negaverso?
Sim! Essas criaturas diabólicas, já tentaram, tempos atrás, dominar este mundo. Mas, que, felizmente, foram derrotados, por poderosas e corajosas guerreiras chamadas SAILORS.
Deve estar brincando... – disse Shadow Moon com evidente desdém.
É verdade, Shadow Moon! E neste exato momento, elas estão lutando, mais uma vez, contra esses terríveis inimigos. Colocando as próprias vidas em perigo, para proteger os seres humanos e seu mundo.
Como eu já disse: VOCÊ DEVE ESTAR BRINCANDO! – disse ele, ainda incrédulo e apatico. A simples idéia de que as tais Sailors tinham alguma habilidades de combate, chegava a lhe soar ridícula.
Estou? Que pena! Acho que não estou conseguindo convence-lo, mesmo... – disse ela, sem perder a calma e olhando-o com certa tristeza.
Shadow Moon não respondeu. Continuou em silêncio, olhando-a com desconfiança.
Pois muito bem, Shadow Moon! Creio que não há outro jeito: Só tem uma maneira de provar que o que estou lhe dizendo é verdade.
Sério? E qual seria... Serenity? – retrucou ele, com frieza e reticente.
É simples, guerreiro: Confira você mesmo se estou ou não falando a verdade.
Como é que é? – disse ele surpreso.
Isso mesmo que você ouviu, guerreiro: Use seus sentidos ninjas e me diga o que eles estão lhe dizendo, neste momento.
Para que vou fazer isso?
Primeiramente, para provar-lhe que não estou lhe mentindo. E em seguida, para você compreender o quão grave a situação está, neste exato momento.
E que a vida de jovens corajosas está em gravíssimo perigo... – disse ela, pesarosa e com um tom suplicante em sua voz.
Vamos, Shadow Moon! Dá uma chance para ela, vai? – pediu Issac, pelo comunicador. – O que lhe custa fazer o que ela está te pedindo?
Fique quieto! Estou pensando... – disse ele, rispidamente, ao amigo.
Mais uma vez, alguns momentos se passaram, enquanto que Shadow Moon olhava para Serenity, desconfiado. Momentos carregados de tensão e desconfiança.
Mas, finalmente, Shadow Moon, decidiu atender o pedido de Serenity.
Sem dizer uma palavra, e com a espada, ainda em punho, o ninja fechou os olhos e elevou o seu sentidos ninjas e seu Ki.
Sua energia espiritual e sua aura estavam elevados ao maxímo, e ele podia perceber as "energias" em conflito a sua volta.
Sim, uma aura maligna estava se infestando por toda a cidade. Cada vez mais forte. Nunca havia sentido algo tão poderoso e malévolo ao mesmo tempo.
Seu ponto de origem parecia ser na direção onde o seu "alvo" estava. Esse pensamento, por si só já o preocupou bastante.
Continuou rastreando aquela energia malévola até o seu ponto de origem, com seus sentidos e seu Ki.
Surpreendentemente, também, pressentiu outras energias, vindo do mesmo local. Energia aúricas que lhe era bastante familiar...
Sim! Ele já recordava.
Era a energia aúrica das Sailors. Ele havia sentido-as, quando elas apareceram, depois da briga com os motoqueiros daquela tarde. E, sem dúvida, elas estavam em combate mortal com poderosos inimigos.
Suas energias estavam ocilantes. Sinal claro de que as Sailors não estavam indo conseguindo enfrentar sozinhas os inimigos, muito mais numerosos pelo que podia detectar com seus sentidos ninjas. Elas estavam realmente em grandes apuros e, a menos que, algum socorro lhes chegasse, o resultado daquele combate seria fatal para essas guerreiras e...
Espere! Ele acabara de captar algo mais. Outras energias auricas... Energias malignas que ele, também, conhecia muito bem: Quimera, Lunático e... e... ANJO!
Abriu os olhos, abruptamente.
Anjo Branco! – gritou ele, para si mesmo, surpreso.
O que houve, Shadow Moon? – perguntou Issac, assustado com a reação inesperada de seu amigo.
É o "Anjo"! Ele está lá. Próximo ao local onde o nosso "alvo" encontra-se neste momento. Pude sentir a sua presença...
Meu Deus!
E não é só isso: Pude constatar que essa, "bruxa" aí, disse a verdade! – disse ele, ainda olhando com desconfiança para Serenity, mas já baixando sua Katana e recolocando-a em sua bainha. Serenity permanecia impassível, mesmo após ser chamada de bruxa pelo ninja. Não mostrou-se ofendida por isso. – Está havendo uma batalha naquele lugar, envolvendo as tais Sailors. Uma batalha violenta. E pelo que senti, elas não estão indo nada bem contra seus adversários. Duvido que elas vão durar muito tempo...
Shadow Moon! Precisa agir rápido! Elas estão correndo perigo de vida. Você precisa ajuda-las. – disse Issac para o amigo.
Só me interessa em pegar o "Anjo"! Esta é a missão que nos trouxe até o Japão. E é só isso que pretendo fazer; Cumpri-la!
Se elas são super-heroinas de verdade, coisa que tenho minhas dúvidas, elas que se virem sozinhas
Pelo Amor de Deus, Shadow Moon! Não pode estar falando sério! Elas precisam de sua ajuda. – disse Issac furioso.
Cale-se! – gritou furioso para Issac. – Já disse que só me interessa pegar o "Anjo" e acabar com o desgraçado. Não estou aqui para socorrer nenhum bando de "Super –Patricinhas" histéricas. Elas que tratem de saírem dessa enrascada sozinhas.
É assim que você honra seus votos de guerreiro Ninja do "Clã do Cisne da Lua", Shadow Moon? Dando as costas a pessoas que precisam de sua ajuda? – perguntou Serenity, pesarosa.
O que? Q que foi que você disse, sua bruxa? – disse Shadow Moon, virando-se furioso para Serenity, surpreso com aquelas palavras. – Como sabe a respeito do meu "clã ninja"?
Sei muitas coisas a respeito do clã ninja do CISNE DA LUA, Shadow Moon! Muito mais do que possa imaginar, guerreiro!
Principalmente, que nenhum de seus ancestrais, jamais deram as costas as pessoas que corriam perigo no passado, pois todos eram guerreiros honrados. – disse ela olhando-o com censura. – Eles ficariam muito decepcionados com você, se pudessem vê-lo agora, comportando-se desse jeito, Shadow Moon!
Quem você pensa que é para me falar de honra, bruxa! – vociferou o ninja, sentindo seu sangue ferver de raiva por ouvir aquelas palavras de censura.
"Pega leve", Shadow Moon! A Serenity só está dando a opinião dela. E você sabe muito bem que ela está com a razão em tudo que está lhe dizendo. – interrompeu Issac.
Cale a boca! Não se intrometa nessa conversa!
Pode me xingar a vontade, Shadow Moon! Não ligo! Mas, você precisa cair na real: As Sailors estão precisando de sua ajuda. E você não pode, simplesmente virar-lhes as costas, por causa de sua obsessão cega em pegar o "Anjo" a todo custo. Muito menos as custas de vidas inocentes. O Wilton jamais concordaria com uma coisa dessas. E você sabe muito bem disso! – disse Issac com amargura, lembrando o velho amigo de ambos, jaz na UTI de um hospital de São Paulo.
Issac!...
Por favor, Shadow Moon! Vá ajuda-las! Rápido! Estou lhe pedindo como amigo... e aliado de tantos anos. – implorou Issac a Shadow Moon.
Será que este ódio cego e esse desejo de vingança incontrolável é tão forte assim, que você o faz esquecer tudo pelo qual seus ancestrais... E, principalmente, seu avô Lucas, lutaram tão arduamente, durante todas as suas vidas, Shadow Moon? – perguntou Serenity, num tom de desafio.
Sua Bruxa! Não ouse mencionar o nome de meu avô ou a memória de meus ancestrais. – rosnou furioso Shadow Moon, novamente levando a mão para sacar a sua Katana.
Mas, não chegou a sacar sua espada, novamente. Pois , inesperadamente, Serenity começou a recitar uma frase que o deixou paralisado de surpresa e atônito.
"Juro combater o Mal onde quer que ele ameace vidas inocentes..."
... E fazer a Justiça e o Bem prevalecerem!" – completou, balbuciando as palavras, Issac, atônito e surpreso, também, ao ouvir aquela frase, que na verdade era o lema do Clã ninja do "Cisne Da Lua", sendo proferida por aquela mulher misteriosa. – Meu Deus! Ela sabe o juramento ninja de seu clã, Shadow Moon! E a respeito do vovô Lucas, também.
Mas... Mas... Como é que você sabe dessas coisas e...? – perguntou Shadow Moon atônito para Serenity.
Não chegou a completar a sua pergunta.
Os dois amigos silenciaram-se, quando, subitamente, o corpo etéreo de Serenity começou a brilhar, emanado uma grande e majestosa energia aurica. Era uma brilho multi-colorido e inacreditavelmente belo..
Era uma visão, absolutamente, majestosa. Serenity parecia uma pequena estrela em forma de humana. Belíssima.
Meu Deus! Que maravilha! – disse Issac, maravilhado com o que via.
Essa aura... Esse brilho... – balbuciava, assombrado e atônito Shadow Moon.
Você estava errado, Shadow Moon! Ela não é nenhuma bruxa. Mas, sim, uma fada ou um anjo... Uma maravilha dessas qualquer! – disse Issac encantado com aquela visão miraculosa.
De certa forma, Issac estava certo, pensava Shadow Moon. Ele podia estar vendo o brilho e a luz multi-colorida. Mas, não estava sentindo como o ninja, o poder aurico emanado do corpo daquela misteriosa mulher.
Uma aura que emanava um enorme calor maternal, beleza, paz e sensibilidade. Era uma energia de tamanho grau de pureza, que Shadow Moon, rapidamente, sentiu, seu ódio, sua raiva, e pensamentos negativos desaparecerem, assim com a sua desconfiança inicial que ela pudesse ser uma inimiga disfarçada.
Agora sentindo aquela aura, que, literalmente, lhe revelava o interior da alma e do coração daquela misteriosa mulher, Shadow Moon, tinha certeza de que ela não estava ali para lhe fazer nenhum mal. O que, de certa forma, lhe explicava por que os seus sentidos ninjas não alertaram sua aproximação nas duas vezes que se encontraram, naquele dia: Porque, simplesmente, não havia perigo nenhum.
Por isso, que seus sentidos ninjas "não funcionaram"...
Diante daquela majestosa visão, Shadow Moon permaneceu em silêncio. Apenas ficava observando e sentindo a "aura" de Serenity.
Lembrou-se do embrulho que carregava e da sua segunda missão. Tinha certeza de que era para aquela estranha mulher, que deveria entregar a adaga. Mas, quando, ia levar a mão até o bolso da cintura, Serenity o deteve, com um gesto de suas mãos.
Não, Shadow Moon! Não é para mim que você deve entregar o conteúdo do embrulho que carrega consigo. Mas, sim, para uma outra pessoa...
Outra pessoa? Quem? – perguntou intrigado.
Isso é algo que você terá que descobrir sozinho, Shadow Moon! Antes dessa noite chegar ao fim.
Como? Não sei para onde ir? A quem devo procurar? Tudo que sei é que minha avó falou de uma estranha profecia que seria concretizada esta noite, quando entregasse a adaga ao seu verdadeiro dono.
Ela está certa, Shadow Moon! Esse nosso encontro foi profetizado a vários séculos atrás.
Jura! Ta falando sério? – perguntou Issac, meio incrédulo, pelo comunicador.
Sim, Issac! Estou!
Vê se não interrompe! – disse Shadow Moon com severidade ao amigo.
OOOPS!!!!! Foi mal! Desculpem-me!!!
Como eu estava dizendo esse nosso encontro já tinha sido profetizado no passado. Mas, não apenas isso, como a nova guerra do Negaverso, também! Uma guerra que seria ainda mais violenta e mortal que a anterior, pois os inimigos retornariam com muito mais força, graças a novos e terríveis aliados que se juntariam a sua nefasta causa.
Quer dizer que...
Exatamente isso que esta pensando, Shadow Moon! Os seus inimigos, originários de seu país, aliaram-se, junto ao... – Serenity teve dificuldade em ocultar o verdadeiro nome de Malachite, mas, sabia que ainda não era o momento para dar a Shadow Moon esta informação. - "Anjo Branco".... E a soberana suprema do Negaverso: A rainha Beryl.
Rainha Beryl?
Sim, Shadow Moon! Rainha Beryl! Ela é sua verdadeira inimiga. Não somente o "Anjo" e seus aliados. É com ela que você deve usar toda suas forças para derrotar seus planos nefastos para dominar este planeta.
Como assim "minha verdadeira inimiga"? Não entendo o que está me dizendo... – disse Shadow Moon confuso.
Tudo se esclarecerá no devido tempo, Shadow Moon! Confie em minhas palavras. Tudo faz parte da profecia.
Que legal! – exclamou Issac. – Mas, o que mais falam essas profecias, Serenity?
As profecias falam de uma valente e destemido guerreiro que viria de terras ensolaradas e verdes do extremo oeste do planeta...
BRASIL – gritou Issac orgulhoso. – Hááá!!!!! Essa minha terra só da craque de futebol e super-heróis para exportação... He! He! He!
Silêncio! – rosnou Shadow Moon ao amigo.
Ops! Foi mal, de novo, gente! Por favor, Serenity! Continue...
... E que se uniria as "guerreiras do reino lunar" em sua derradeira batalha contra o Negaverso.
"Guerreiras do reino lunar"? Espere um pouco, aí! Não está querendo insinuar que eu vou me unir forças com essas desmioladas das "SAILORS".
É o que dizem as profecias, Shadow Moon! – disse Serenity contundente.
Pois então, elas estão muito "mal escritas"... – disse ele, incrédulo. – Deve haver algum engano...
As profecias não mentem, Shadow Moon! E isso será algo que você mesmo deverá descobrir em breve, "guerreiro da lua oculta".
O que? Como foi que me chamou? – perguntou com estranheza.
Eu o chamei de "Guerreiro da Lua Oculta". É assim que as profecias se referem a você, Shadow Moon! E, acredite, não poderia haver melhor definição de você como essa.
Guerreiro da Lua Oculta... Legal! Eu gostei! – disse Issac. _ E você, Shadow Moon!
Shadow Moon permaneceu quieto, sem responder.
Issac estranhou aquele comportamento e perguntou, curioso:
O que houve, Shadow Moon? Por que ficou "caladão" de repente?
Esse nome pelo qual ela chamou agora...
O que foi? Não gostou? Eu achei, pessoalmente, muito legal! Sei lá! Te dar um ar mais solene e...
Não é isso, seu desmiolado! – respondeu irritado as brincadeiras do amigo. – Mas, é que apesar de estar ouvindo isso pela primeira vez...
Sim?
Esse titulo me soa estranhamente familiar e...
Shadow Moon calou-se novamente. Olhou para Serenity com atenção e aproximou-se dela, até parar, a dois passos de distância.
Issac! – chamou Shadow Moon o amigo pelo comunicador, enquanto os seus olhos encaravam os de Serenity.
O que foi, Shadow Moon?
Lembra-se do sonho estranho que tive durante o nosso vôo para o Japão?
Sim... Isto é, mais ou menos. Por que?
O sonho foi muito vago e confuso, Issac! Mas, podia jurar que você, Serenity, estava nele. Mas não tenho certeza.
Shadow Moon esperava alguma resposta de Serenity aquela indagação. Mas, tudo que a bela mulher fez foi esboçar um leve sorriso:
Há muita coisa que você não sabe, Shadow Moon! Mas, como lhe disse antes, tudo se esclarecerá no seu devido tempo. Tenha paciência, guerreiro! E confie em minhas palavras.
Em seguida, Serenity ergueu o braço e apontou com o dedo indicador a direção onde ambos sabiam que ele deveria se dirigir:
Agora, vá! Há pessoas que precisam agora de sua força e sua coragem, guerreiro da Lua Oculta!
Vá, ninja do honrado clã do Cisne da Lua! O destino o aguarda!
Enfrente-o com coragem e com firmeza em seu coração!
Shadow Moon fez uma leve e respeitosa saudação com a cabeça.
Em seguida, correu velozmente pelo telhado e saltou até a rua, onde havia deixado o "Flecha de Prata" escondido na viela.
Coordenadas, Base Comando!
Checadas e confirmadas no computador de bordo, Sombra 1! Pode partir quando quiser! Câmbio!
Afirmativo, Base Comando! Seguindo para o destino... AGORA! – disse Shadow Moon, ligando sua moto e a acelerando ao máximo.
È isso aí, Shadow Moon! VAMOS A LUTA!!!
Pode apostar nisso, Base Comando! Câmbio final!
A moto saiu da viela e seguiu em disparada, rumo ao templo de Rei.
Sailor Moon! Meninas! Agüentem firmes. A ajuda já está a caminho! – murmurou Serenity ao ver a moto de Shadow Moon desaparecer ao longe.
Em seguida, ela desapareceu por completo daquele local.
FIM DO CAPITULO 8
