BRANCO

PARTE II - EXCEPCIONAL

Uma semana havia se passado, e a presença de Buddy ajudava muito a adaptação do jovem Corey Eaton na sua nova morada, em Smallville. Até mesmo seu relacionamento com a mãe parecia melhorar, gradativamente. Buddy era o assunto principal naqueles dias. Selena lamenava um pouco, mas, pelo menos, falavam de alguma coisa, conformava-se ela. E como o cão não estava sendo procurado por quem quer que fosse, já que tinham telefonado para o Departamento de Controle de Zoonose, em Metropolis, e tinham acompanhado anúncios pelo Planeta Diário, resolveram então ficar com ele. Selena, que estava disposta a fazer de tudo para recuperar a confiança e o amor do filho, percebia como aquele animal vinha sendo extraordinário nas suas vidas, e por mais que ainda o achasse estranho, naqueles poucos dias havia descoberto que era uma criatura mansa e de boa índole, um companheiro notável para Corey.

...

Era uma tarde qualquer em Smallville, quando Corey resolveu dar uma volta pela cidade, acompanhado, logicamente, de Buddy. Caminhava tranqüilamente pelo centro, quando viu um lugar interessante, onde podia fazer um lanche. Chamava-se Talon.

"Está com fome, Buddy?", perguntou ele ao amigo.

O cão latiu uma vez, como se consentisse, e Corey sorriu.

Lana Lang conversava com Chloe, quando notou um cliente que entrava no estabelecimento, acompanhado de um cachorro. Mais do que depressa, Lana interrompeu a conversa com a amiga e foi até a mesa em que Corey se sentou.

"Desculpe, mas não é permitido animais aqui", disse ela, que, até então, nunca precisou dizer aquilo. "São regras em todos os estabelecimentos da cidade", explicou, notando que o cão a observava com a cabeça inclinada. Lana queria sorrir para o belo animal, mas permaneceu firme.

Corey a ouviu atentamente e, olhando para Buddy, disse:

"Espera lá fora, amigão".

Prontamente, o cão obedeceu. Saiu do Talon, e ficou sentado à porta da entrada, esperando Corey.

"Puxa vida", disse Lana, surpresa. "Você o treinou bem".

Corey pensou em dizer que ele já era treinado antes de conhecê-lo, mas ficou quieto. Um elogio, vindo de uma garota tão bonita como aquela, não era comum. Além do mais, Buddy era muito especial para ele ficar divulgando seus talentos.

...

"Que pena que você não vai poder ir ao jogo dos Sharks, em Metropolis", disse Pete a Clark, enquanto caminhavam pela calçada, em direção ao Talon.

"Tenho muita coisa para fazer na fazenda nesse final de semana", justificou Clark, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

"Mas bem que o seu pai poda dar um desconto, já que é final de temporada, e tudo mais", insistiu Pete, acreditando que ainda havia uma possibilidade do amigo poder ir com ele ao jogo.

"Olha só", disse Clark para Pete, apontando na direção do cachorro branco parado em frente à porta do Talon.

"Será que a Lana contratou um cão de guarda?", indagou Pete, brincando.

Clark sorriu, e quando os dois estavam prestes a entrar na cafeteria, algo inesperado aconteceu. Uma mãe que atravessava a rua com uma carrinho de bebê e uma outra criança um pouco maior ao seu lado, esta com um pouco mais de cinco anos, não se deu conta quando o filho maior derrubou um brinquedo no meio da rua e, ao chegar à calçada, correu de volta para pegá-lo. Mas havia algo que nem mesmo Clark podia imaginar. Um carro vinha de longe, em alta velocidade, e antes que Clark Kent pudesse fazer algo, o cachorro branco correu na direção do garotinho e puxou-o, veloz e agilmente, pela roupa, para o outro lado da rua. O carro deu uma freada brusca próximo deles, e nada de grave aconteceu. Clark e Pete correram até a esquina e os transeuntes, os frequentadores do Talon e das lojas que haviam por perto, correram para ver o que tinha acontecido.

Clark percebeu que a criança estava bem e toda a sua atenção se voltou para o cão, que parecia procurar por alguém em meio à multidão. Corey, que também saiu correndo do Talon, ao ouvir o barulho do automóvel freando na esquina, percebendo que Buddy não o estava esperando, correu, desesperado, achando que seu amigo tinha sido atropelado. Mas ao vê-lo ao lado da criança, que estava assustada e abraçada à mãe, sentiu-se aliviado, pelos dois.

"Aquele cachorro salvou a criança!", gritou, então, uma mulher que passava por perto. E todos que estavam à volta concordaram.

Chloe correu com sua máquina digital e tirou uma fotografia do cão ao lado da criança e sua mãe, que ainda estava aos prantos. Percebendo o que estava acontecendo, Corey correu e empurrou Chloe, que derrubou a máquina ao chão.

"Ei!", exclamou Chloe, caída ao chão, enquanto Lana tentava ajudá-la a se levantar, olhando, confusa, para o garoto que antes havia sido tão simpático no Talon.

Corey chutou a máquina fotográfica para longe, e exclamou:

"Deixe-o em paz!"

Todos o olharam estarrecidos. Desconsertado, Corey olhou para Buddy e, chamando-o, correu pela rua abaixo. Enquanto corriam, todos os observavam de longe, e Clark usou sua visão de raio-x neles. Sua surpresa foi ainda maior quando notou sinais de kryptonita verde na região da cabeça do animal.

Continua...