BRANCO

PARTE IV - PROJETO SOLON

Era tarde no Rancho Kent. Para evitar o encontro com Chloe Sullivan ou qualquer outro repórter do Smallville The Ledger que viesse à sua procura depois da publicação da fotografia de primeira página, Corey e Buddy se hospedaram na fazenda Kent, a pedido do próprio Clark. O garoto não chegou a conhecer os pais de Clark, que estavam em Metropolis. Jonathan e Martha resolveram aproveitar a folga na colheita e nos trabalhos da fazenda para fazer uns exames médicos de rotina. Selena, mãe de Corey, achou estranha a amizade repentina de Corey com o filho do fazendeiro local, porém, mesmo assim, concordou que ele fosse à sua casa. Ela ainda estava vivendo a difícil fase de adaptação à nova cidade e muito mais importante que isso, a de reconquistar o próprio filho.

"E foi isso o quê aconteceu, Clark", disse Corey, contando toda a sua estória com Buddy, desde o primeiro momento que o viu, na rodovia de acesso à saída de Metropolis.

E Clark, lembrando que a LuthorCorp costumava usar depósitos abandonados pelas redondezas, logo imaginou que o cão devia ter escapado do laboratório, naquelas proximidades mesmo.

"Vamos descobrir o quê está por trás disso tudo, Corey", disse Clark, colocando a mão no ombro do garoto, evocando toda a amizade e apoio que tinha a lhe oferecer. "Não se preocupe".

"Eu sei que há alguma coisa muito especial com ele", disse Corey, então, olhando para Buddy, e Clark soube que havia mais alguma coisa. "Ele é um cão muito inteligente. É como se entendesse tudo o que dizemos".

Clark ficou confuso, porém, já tendo imaginado que o animal os observava como se fosse propriamente uma pessoa e que, possivelmente, os compreendia, perguntou:

"Ele nunca agiu de forma diferente?"

"Como assim?", indagou Corey, confuso.

"Ele nunca foi agressivo ou violento?", perguntou Clark, não descartando a hipótese de que ele podia ser o produto de uma experiência maquiavélica da LuthorCorp.

"Claro que não", respondeu o garoto.

Clark ficou pensativo. A julgar que a LuthorCorp era dona de todos aqueles depósitos próximos às docas, em Metropolis, onde próximo de onde ficava a auto-estrada em que Corey disse ter encontrado o cão, imaginou se o laboratório de onde ele pode ter fugido ficava naquelas proximidades.

"Corey, quero que fique aqui, por enquanto", disse ele. "Ainda não sabemos o quanto pode ser perigoso Buddy ficar exposto por aí".

"E onde você vai?", perguntou o garoto.

"Resolver uns assuntos", respondeu Clark.

...

Ao chegar às docas, em Metropolis, usando sua super-velocidade, Clark se deparou com a imensidão da área. Havia diversos prédios supostamente abandonados, mas ele sabia que, em algum deles, Lionel havia construído algum laboratório clandestino.

Lembrou que, não muito longe dali, havia um estacionamento, e quem quer que circulasse por aquela área, podia muito bem estar ocultando trabalhar secretamente para a LuthorCorp. Usou, então, sua visão de raio-x para procurar qualquer evidência. Mas não havia nada. Caminhou pelo meio dos depósitos, escaneando cada estrutura, até se deparar com movimento, que vinha de um dos depósitos. Caminhou na direção do mesmo e notou que, aparentemente, parecia abandonado, tal como todos os demais. Entrou, e viu uma parede falsa. Ao escaneá-la, descobriu como abri-la. Tal como havia visto com sua visão de raio-x, havia um elevador por trás da parede, com um único botão. Tocou-o e a porta se abriu. Ao entrar, notou que dentro do elevador também havia um único botão, para baixo.

Quando chegou no subterrâneo, abaixo da estrutura, talvez uns dez metros abaixo do solo, a porta do elevador se abriu e Clark viu um enorme depósito vazio. Havia mesas e cadeiras reviradas. Caminhou em meio àquela confusão toda e viu uma sala de operação com a iluminação falha, e nela, também viu gaiolas vazias. Era, notadamente, um laboratório que funcionava ali, pensou. Havia papéis ao chão, e quando Clark pegou um, notou que eram informações vazias, sem qualquer importância, e que em nada podiam ajudá-lo ou mesmo associar Lionel Luthor a algum projeto ilegal. Continuou caminhando em meio àquela bagunça toda, e quando parou para olhar à sua volta, escaneando alguma coisa que pudesse efetivamente ajudá-lo, notou que alguém se aproximava. Virou-se e surpreendeu-se com a presença de Lex Luthor, acompanhado de uma outra pessoa, que vestia um jaleco brando e usava um crachá da LuthorCorp. Seu nome era Peter McKenna.

"Clark? O quê faz aqui?", perguntou ele.

"Eu não acredito", disse Clark, transtornado por encontrá-lo ali. "Você tem alguma coisa a ver com isso?"

"O quê quer dizer?", indagou Lex, confuso.

"Achei que tinha me dito que as experiências que seu pai fazia na área número três tinham acabado", explicou Clark. "Mas, pelo visto, você está continuando o trabalho sujo dele".

"O Dr. McKenna trabalhava aqui como assistente de um cientista chamado Donovan Hawke, que estava fazendo um trabalho para a LuthorCorp, Clark", disse Lex, visivelmente chateado com as acusações de Clark. "Fiquei sabendo desse lugar hoje mesmo, e assim como você, vim dar uma olhada. Mas parece que meu pai descobriu que o projeto não é mais tão secreto".

Clark olhou para o cientista ao lado de Lex.

"Quando cheguei o Dr. McKenna era o único que estava aqui, e ele me contou coisas muito interessantes", disse Lex, olhando para o cientista, que não parecia disposto a repetir a estória, de modo que o próprio Lex continuou: "Estavam trabalhando num projeto chamado Solon, que consistia em usar aquelas pedras de meteóro verde, encontradas em Smallville, em animais".

"Com quê finalidade?", perguntou Clark, cada vez mais intrigado com as pretensões de Lionel Luthor.

"Torná-los incrivelmente inteligentes, talvez", respondeu Lex, olhando firmemente para Clark, provavelmente esperando que ele também dissesse o que estava fazendo ali, imaginando que ele sabia de alguma coisa a mais. Como Clark não dizia coisa alguma, até aquele momento, Lex disse: "O Dr. McKenna também me disse que uma cobaia deles fugiu e que o Dr. Hawke foi atrás dela".

Preocupado, Clark pensou em sair dali o quanto antes, imaginando que Corey podia estar correndo perigo.

"Mas o seu pai não quer mais continuar com as pesquisas", disse, então, o cientista. Clark e Lex olharam para ele, esperando que justificasse aquele comentário. "Ele veio aqui hoje pela manhã, com uma equipe, logo depois que o Dr. Hawke saiu e levou tudo embora, inclusive outras cobaias".

"Para onde?", perguntou Lex.

"Não sei. Ele não disse. Dispensou todos nós", respondeu ele, ainda transtornado com os últimos acontecimentos. "E quando ele perguntou do Dr. Hawke, e dissemos que ele foi atrás do experimento 1.89, pediu informações de onde estaria".

"E para onde ele foi?", perguntou Lex.

"Smallville, no Kansas", respondeu o cientista.

Clark soube que não podia mais ficar ali. Se Lionel também sabia onde encontrar Corey e Buddy, tinha que impedi-lo do pior.

"Onde vai, Clark?", perguntou Lex ao vê-lo caminhar pelo laboratório destruído, na direção do elevador.

"Preciso resolver umas coisas", respondeu ele.

"Isso tudo, por acaso, tem a ver com aquele cachorro branco que apareceu na primeira página do The Ledger?", perguntou Lex, chamando a atenção de Clark, que parou no meio do caminho e se virou para olhá-lo.

Não havia como mentir. Lex já sabia o suficiente.

"Lex, tem esse garoto. Ele é cheio de traumas e não posso permitir que alguma coisa de ruim aconteça com ele e a sua família", disse Clark, sem entrar em detalhes.

Lex sorriu.

"Não se preocupe comigo, Clark", disse ele. "Preocupe-se com meu pai".

Clark lhe deu as costas e foi embora. Depois, Lex olhou para o cientista que ficou com ele, e colocando a mão no seu ombro, perguntou:

"Gostaria de trabalhar para mim, Dr. McKenna? Talvez, num projeto similar ao que vocês faziam aqui?"

Ainda confuso, o cientista parecia interessado em ouvir sua proposta.

Continua...