Capitulo 7

Uma espécie de salvamento

Entrou na sala com o maior cuidado possível, empunhando a varinha, pronto a atacar.
Estava alguém envolto nas sombras, iluminado apenas pelos fracos raios provenientes da janela, impedindo a sua identificação. Quando estava prestes a atacar a pessoa voltou-se.

-Tu?!? – Perguntaram ao mesmo tempo.
-O que é que estás aqui a fazer?!? – Continuaram em uníssono.

Continuariam com as perguntas se não fossem interrompidos por meia dúzia de devoradores da morte que acabavam de entrar pela sala adentro.
Draco empurrou-a fazendo-a cair no chão, enquanto duelava com aqueles homens, que a custo conseguiu pôr fora de combate.

-O que fazes aqui Malfoy?

Antes que pudesse responder vários devoradores da morte entraram na sala acompanhados de Voldemort.

-Vejam quem temos aqui, o traidor Malfoy!

A ruiva levantou-se e caminhou até Voldemort. Ela estava confusa, Draco tinha entrado na Ordem ao mesmo tempo que ela mas estranhou o facto de ele estar sozinho e de não saber que ela estava ali, como feiticeira. Quando Snape informou a Ordem da existência dum feiticeiro no lado das trevas devia ter informado que se tratava dela.

Draco fez menção de atacar Voldemort mas a sua varinha voou da sua mão atravessando toda a sala sendo agarrada por Voldemort.

-Ora, ora Sr. Malfoy, que maneiras são essas? – Entra sem ser convidado e ainda ataca o dono da casa? Será que vou ter de lhe ensinar maneiras? – Perguntou irónico.

No segundo seguinte o loiro estava amarrado por cordas saídas da varinha do bruxo – Mas então diga-nos, a que se deve a sua visita?

Antes que Draco pudesse responder um outro devorador da morte entrou na sala arrastando um corpo.

-Encontrei um meu Lord, ainda respira.
-Óptimo. Vamos nos divertir um pouco.

O devorador da morte atirou o corpo para o meio da sala fazendo com que a ruiva abafasse um grito com as mãos. Lupin estava estendido no chão, numa posição um tanto ou quanto estranha. As suas roupas estavam rasgadas e os seus braços e cara estavam cheios de cortes, alguns que sangravam bastante.

-Crucio! – Bradou o homem fazendo com que a face de Lupin se contraísse de dor. O homem gritava já sem forças para se debater.

Virgínia olhava aterrorizada para a cena, não queria ver aquele homem morrer ali, sem fazer nada. Quando ia falar a maldição parou.
Voldemort avançou até ao loiro, afastou a capa dele por entre as cordas e enquanto ele se debatia retirou o punhal que ele transportava. Passou os dedos pela lâmina de preta apreciando a beleza da arma.

-Pelo menos para alguma coisa este imprestável do Malfoy serve. Se bem me lembro os lobisomens são intolerantes à prata. Agora acompanhem o meu raciocínio, eu tenho um punhal de prata e um lobisomem.

Os devoradores da morte gargalhavam duma forma desagradável, ansiosos por ver a morte daquele homem.
Virgínia engoliu em seco e fechou os olhos para não ter de presenciar aquela cena. Ouviu as gargalhadas dos devoradores da morte e de repente elas cessaram. No lugar onde Lupin estava deitado existia agora um monte de cinzas.
As lágrimas estavam prestes a cair dos seus olhos quando se apercebeu do que iria acontecer a seguir.

Voldemort avançava ameaçadoramente para Draco que mantinha a sua expressão de puro ódio. Iria utilizar o punhal em Draco da mesma forma que o utilizara em Remus.

-Não! – Gritou antes que ele tivesse tempo de fazer algo. Todo os presentes olharam espantados para a rapariga, incluindo Draco.

-O que foi Virgínia? – Perguntou Voldemort impaciente.
-Tive uma visão. Matar esse traidor hoje trará desgraça ás forças das trevas, os astros são lhe favoráveis.
-Só os astros? – Perguntou num tom de desprezo.

A ruiva manteve-se impassível.

-Sem problemas – Voltou a falar no seu tom frio – Esperamos até ao nascer do dia.
-Ele não deve ser morto por vossas mãos – Não sabia donde tinha tirado tanta coragem para enfrentar aquele homem –Nem por nenhumas dos homens sobre o teu comando.
-Aqui está um bom enigma, como matar este traidor sem ser com as minhas mãos ou com as dos homens sobre as minhas ordens?

.....

Os seus olhos tentavam adaptar-se à escuridão daquele lugar. Continuava amarrado e quanto mais se debatia mais envolto ficava. O ar começava a faltar e as suas forças abandonaram-no fazendo com que todo o seu corpo relaxasse. Sentiu as "cordas" a afrouxarem e segundos depois o seu corpo embateu contra o chão frio. Inspirou profundamente umas quantas vezes e depois olhou para cima. Era uma armadilha do diabo, uma planta que ouvira falar nos seus primeiros anos em Hogwarts.
Ergueu-se e olhou em volta, ainda continuava na mansão, preso numa espécie de masmorras, os incompetentes dos devoradores da morte não tinham sido capazes de se livrarem dele convenientemente. Caminhou por aqueles corredores frios em busca duma saída. No final dum dos corredores existia uma maior luminosidade que ele seguiu.
Ainda era noite mas não tardaria o amanhecer. Aquela saída dava para as traseiras da casa, onde os jardins eram de erva alta, rodeados de grandes arvores.
Vislumbrou um devorador da morte não muito longe dali, procurou nas suas vestes algo que pudesse servir de arma, uma vez que lhe tinha retirado a sua varinha e o seu punhal. Encontrou um pequeno frasco contendo uma poção, atirou-o na direcção do homem que caiu instantaneamente no chão. Arrastou-o para trás duma arvore e trocou as suas roupas com as dele, para poder entrar na mansão desapercebido. Entrou pela porta das traseiras, como havia feito horas atrás, sem nenhuma dificuldade. Não estava nenhum devorador da morte na cozinha e pelos barulhos que ouviam deviam estar no salão. Subiu as escadas cuidadosamente, inspeccionando cada porta por onde passava. Houve uma que o fez parar, dava acesso a um cómodo escuro, iluminado apenas por uma vela que se encontrava em cima da cómoda. O que atraiu a sua atenção foi um movimento na cama que estava no centro do quarto. A luz proveniente da vela iluminava vagamente o rosto adormecido enquadrado nos longos cabelos ruivos. Aproximou-se da cama e sentou-se nela, ao lado da ruiva, continuando a observa-la. A rapariga mexia-se levemente na cama, o seu rosto estava sereno mas parecia não estar a ter um bom sonho.
Ainda a observava quando ela se ergueu assustada e antes que ela gritasse, Draco tapou-lhe a boca.

-Tem calma Weasley, não grites – Draco foi retirando calmamente a mão da boca dela.
-O que é que tu queres Malfoy?
-Preciso da minha varinha.
-Vem comigo – Levantou-se da cama e estava prestes a sair do quarto quando se lembrou que se encontrava em roupa de dormir – espera um pouco Malfoy.

Foi até ao roupeiro e tirou o vestido mais quente que encontrou e uma capa igualmente quente. Caminhou até à casa de banho e vestiu-se o mais rápido que conseguiu. Quando saiu deparou-se com um loiro impaciente.

-Para quê isso tudo?
-Porque tu vais tirar-me daqui.

Ele ia argumentar mas a ruiva mandou-o calar e puxou-o pelo braço abrindo a porta do quarto. Caminharam pelo corredor, com cuidado redobrado, até chegarem a uma porta no final do mesmo.

-Este é o escritório de Voldemort, tenho a certeza que a tua varinha está lá – Murmurou a ruiva apontando para a porta.
-E como é que sabes que ele não está lá dentro? – Murmurou de volta.
-Eu só sei, confia em mim.

Draco entrou cuidadosamente no escritório, tentando encontrar a sua varinha. Não demorou muito tempo a acha-la pois estava em cima da mesa juntamente com o seu punhal. Ao lado destes jazia outra varinha, que achou por bem, transportar consigo. Quando saiu do escritório a ruiva vigiava o corredor.
-Temos de arranjar uma forma de sair daqui – Murmurou o loiro à rapariga.
-Não há outra maneira de sair daqui sem ser com um botão de transporte.
-Não nos podemos materializar?
-Não num raio de 5 km.
-E o que fazemos agora?
-Eles têm cavalos, ou algo semelhante.
-cavalos? Um Malfoy num cavalo?

A ruiva suspirou e começou a encaminhar-se para as escadas.

-Vamos sair pelas traseiras e vê lá se ficas calado.

Desceram as escadas, Draco à frente com a varinha empunhada, entraram na cozinha onde estavam dois devoradores da morte, que Draco liquidou. Saíram pelas traseiras e Virgínia dirigiu-se para aquele "edifício" que tinha visto através da janela. Quando lá chegou ficou espantada com os animais que encontrou. Eram uma espécie de cavalos alados, negros, com umas enormes asas igualmente negras.
Draco aproximou-se do estranho animal e montou-o sem dificuldade como se o tivesse feito toda a vida.

-Estás à espera do quê, Weasley?
-Eu nunca andei ... nisto – Disse apontando para o animal.

O loiro estendeu-lhe a mão para que ela pudesse montar, a ruiva segurou-a e montou o animal, sentando-se à frente do rapaz.

-E agora? – Perguntou assustada. Assim que terminou a pergunta o animal ergueu-se no ar fazendo com que a ruiva se encostasse ao peito do loiro, que aproveitou para abraça-la pela cintura. Draco continuava a abraça-la com um dos braços enquanto o outro remexia as suas vestes em busca de algo.

-É tua? – Perguntou-lhe mostrando-lhe a varinha que tinha retirado do escritório.
-É! Devolve-ma! – Ordenou segurando-se ao braço do loiro que circundava a sua cintura.
-Vou pensar no teu caso Weasley - Disse em tom de divertimento, agitando a varinha na frente da ruiva.

A rapariga soltou o braço do loiro para alcançar a varinha mas quando o fez desequilibrou-se.
Draco entregou-lhe a varinha e voltou a passar ambos os braços em torno da cintura dela, aproximando-a, fazendo com que os dois corpos ficassem completamente colados.
Conseguia sentir o cheiro que os cabelos ruivos exalavam, era um perfume delicado e suave mas ao mesmo tempo viciante, que o fazia querer ficar perto dela.
A ruiva tremeu com o toque do loiro e com a sua proximidade, e claro que isso não lhe passou desapercebido, fazendo com que o seu rosto se abrisse num sorriso convencido.
Aquela proximidade do loiro estava a fazer com que entrasse numa espécie de transe. Tinha os olhos semicerrados e inspirava profundamente para sentir o perfume inebriante do rapaz. Sentiu o abraço a afrouxar e abriu os olhos.

-Não vais descer Weasley?
-Porque pousamos?
-Primeiro porque não podemos voar de dia e segundo precisas de descansar.

Era verdade, Virgínia não tinha dormido quase nada naquela noite, mal havia pegado no sono quando foi acordada pelo rapaz.

Tinham parado numa espécie de bosque protegido pelas copas frondosas das árvores. A ruiva procurou uma zona menos dura e menos fria do chão onde estendeu a sua capa. Deitou-se nela e apoiou a cabeça nos próprios braços, adormecendo quase instantaneamente.
O loiro ficou ali a observa-la, aproximando-se cada vez mais. Sentou- se ao lado dela e desviou algumas mexas ruivas da cara de Virgínia. Passava os longos dedos no rosto delicado da rapariga, tentando definir cada traço, o queixo, o nariz os maçãs do rosto e as pálpebras, tocando toda o seu rosto como se o quisesse decorar. A ruiva agitou-se levemente e o loiro retraiu-se, levantando-se no segundo seguinte.

.....

Acordou com alguns beijos que eram depositados na sua cara. Era uma sensação boa, aquela proximidade, aqueles beijos carinhosos nas suas bochechas, no canto da boca e junto à orelha. Achava aquela atitude um tanto ou quanto arrojada mas nem assim se atreveu a abrir os olhos. Esticou os braços para o acariciar e sentiu uma lambidela junto à orelha. Abriu os olhos e gritou de forma estridente.

Andava pelo bosque numa espécie de missão de reconhecimento quando um grito agudo se fez ouvir. Correu na direcção do grito esperando que a ruiva estivesse bem.

-Está tudo bem Virgínia? O que aconteceu? – Perguntou assim que alcançou o local onde a tinha deixado a dormir.

A rapariga estava deitada no chão, agora com a cara totalmente coberta de baba do animal alado.

-Tira isto daqui, por favor.... – Pediu enquanto o animal a lambia.
-Tanta coisa por isto, Weasley? – Perguntou no seu habitual mau humor. Assobiou e o animal caminhou até ele, parando a seu lado.

Virgínia estava agora sentada passando a ponta dos dedos na face.

-Que nojo! – Lamentou-se olhando para o loiro.

Draco aproximou-se dela e baixou-se a seu lado, procurando algo nas suas vestes. Retirou um pequeno lenço rosa claro de bolso e passou-o à ruiva. Ela pegou-o surpreendida, tinha sido aquele o lenço que ela usara para estancar o sangue do ferimento de Draco naquela tarde nas masmorras. Só então ela reparou na mão direita do loiro, que ainda conservava a cicatriz feita naquela tarde. Fez o mesmo que havia feito à vários meses atrás, passou o dedo calmamente pela cicatriz.
Draco, que até então mantinha o seu olhar fixo na ruiva, levantou-se e seguiu até ao animal alado.

-Despacha-te Weasley! Não temos o dia todo! – Reclamou voltando ao seu tom superior e mal-humorado.
-Mas não era suposto não viajar de dia?
-Mas... mas... Para quê tantas perguntas? – Disse num tom debochado – Despacha-te, digo-te no caminho.

O loiro montou no cavalo e ajudou a ruiva a fazer o mesmo. Virgínia estava à espera que o animal levantasse voo mas isso não chegou a acontecer, apenas seguiram viajem por entre as árvores, como se dum cavalo normal se tratasse.

-Porque vieste salvar-me? – Perguntou, quebrando o silêncio.
-Eu vim matar-te e não salvar-te.
-Mas então porque o fizeste?
-Posso perguntar-te o mesmo, afinal podias ter deixado que aquela cobra nojenta me matasse.
-Eu tinha uma razão, eu sabia que me ias tirar dali, duma maneira ou de outra eu sairia dali contigo. Não entendo porque me trouxeste contigo, da mesma forma que não entendo porque ainda manténs essa cicatriz, da mesma forma que não entendo porque é que carregavas esse lenço contigo.

-Porque sim Weasley, por que sim.....

A partir daí a ruiva manteve-se em silêncio, sem ousar fazer perguntas ao loiro.

- - - - - Fim do 7º Capitulo - - - - -

N/A: .... 1º, não me odeiem por ter morto o Lupin, entendam era necessário, para dar mais emoção à narrativa .... 2º eu AMEI todas as reviews.... Fico tão animada sempre que vou á caixa de correio e encontro uma nova review .... Agradeço a todos os que comentaram .... Rute Riddle, Maira Granger, Carol Malfoy Potter, Lady Malfoy, Avoada, Lilian Kirk, Ayesha, Taty, sakura14, Ariana e Sett.... Espero por mais reviews .... Vou actualizar o mais rapidamente possível ... até lá Bjxs .... FUI!!!!!!

.... Já ia esquecendo ... os trechinhos...:

"Quando ele saiu do banho Virgínia quase teve um ataque, o que valia é que ela estava deitada na cama."

"Acordou sobressaltada e ergueu-se silenciosamente fazendo o maior esforço para não acordar o loiro. Vestiu-se sem fazer barulho algum e saiu da tenda com todo o cuidado Procurou pelo cavalo alado e aproximou-se do animal cuidadosamente."