4º capítulo - Dois de nós
-Há-há-há!!! Tá bom que eu vou arrombar a portal do Dedosdemel pra chegar no depósito... sabe o que vai acontecer com a gente se nos pegarem? - Draco não continuou... mas seus olhos se iluminaram com uma espécie de terror.
- Aí! Larga a mão de ser gayzinho! Eu fazia isso com Harry e Rony e faço com o Neville e nunca nos aconteceu nada! - dizia Hermione procurando a varinha nas vestes.
Era cerca de quatro ou mais da manha, Draco e Hermione saíram do três vassouras e Hermione se dirigia para a passagem secreta delatada pelo mapa que Harry possuía, até se dar conta que o louro estava realmente confuso e que nunca fizera isso antes. Quando disse a ele que teriam que arrombar a porta de Dedosdemel, Draco apresentou uma resistência enorme, aparentemente os populares não se divertiam ilegalmente fora da escola...
- Então... vocês vêem sempre aqui? - perguntou Draco.
- Eu venho sozinha, na maioria das vezes... - ela disse.
- Por que não vem com Neville?
- Eu venho aqui quando me sinto um tanto só... na verdade eu passo bastante tempo aqui... eu inclusive fiz amizade coma mulher daquele ateliê, logo ali na esquina - disse Hermione apontado para uma casinha humilde, da qual Draco nunca se deu o trabalho de reparar. - Ela me deixa pintar no sótão. Não é muito confortável, nem tem as melhores instalações, mas é um lugar que eu posso pensar um pouco sobre tudo e fazer meus quadros. - Draco sentiu um pouco de pena dela... deveria ser horrível se sentir assim, era até uma pena ela ser tão reclusa, porque ela não lhe parecia tão mal assim, sentia pena por ela se sentir só... - Veja, achei... - ela disse tirando uma espécie de canivete do bolso da jaqueta.
- O que é isso? - perguntou Draco, por um breve instante, ele realmente pensou que estivesse tentando conquistar uma psicopata.
- Sirius de um desses para Harry uma vez...
- Sirius? Sirus Black? - perguntou Draco, cada vez ficando mais alarmado e meio que inconscientemente procurando sua varinha entre suas vestes.
- Ah, Malfoy, você tem tanto para aprender... - Hermione sorriu internamente, era verdade que bem mais da metade do mundo achava que Sirius era um psicopata, mas convivera um certo tempo com ele, e com uma freqüência razoável, se esquecia que ele continuava uma lenda entre os vilões do mundo bruxo.
Hermione girou o seu canivete no cadeado de Dedosdemel e ele se abriu com um "click" suave. Esforçando-se um pouquinho, teria sabido que era bem possível medir a pulsação cardíaca de Draco apenas ficando em silêncio, mas estava demasiada preocupada de mais em alerta-lo para não fazer barulho. Entraram na Dedosdemel sorrateiramente, Hermione sabia exatamente aonde ir, já havia feito e desfeito esse caminho centenas de vezes, mas Draco estava meio perdido com o ambiente mal iluminado, Hermione irritou-se por ele não tê-la ouvido, ela disse a ele para manter os olhos nela e apenas segui-la, mas ele parecia meio desesperado.
Sempre havia imaginado os Malfoys se submetendo a qualquer custo para alcançar qualquer meta, realmente a impressionou que ele não tivesse nenhuma experiência na área de arrombamento. Ela decidiu que acenar estupidamente não o faria olhar para ela, então foi até ele.
- Hei! Malfoy... - ela disse sussurrando. - Só me siga, está bem? Daqui a pouco vamos estar de volta ao colégio. - Draco não se mexeu, tão pouco olhou para ela, continuou olhando fixamente algum ponto na parede. - Hei! Estou falando com você! Se mexa! - ela mais gesticulava do que falava, ele finalmente olhou para ela, mas seus olhos pareciam vazios... como se estivessem vidrados. Draco segurou o rosto de Hermione e o virou para o mesmo lugar que fixava seu rosto momentos atrás.
Hermione quase deu um berro. Draco não estava fixando um ponto qualquer na parede... estava fixando algo na parede. Um cão enorme olhava fixamente para eles, rosnando de modo silencioso e aparentemente babando. Ele tinha aproximadamente o tamanho de canino, se não, um pouco maior, mas não tinha a feição doce do cão do professor de Hogwarts, ele tinha uma cara que parecia demasiada sem pele, parecia que a cabeça do animal era pequena e apertava seu crânio, o que o vazia ainda mais nervoso, ele tinha orelhas em pé e parecia que a qualquer momento enterraria suas mandíbulas gigantescas em algum deles. Hermione se pegou tentando calcular o estrago que essa mordida faria, após ver que era realmente inútil...
Draco segurou seu braço, mas ela não ousou olha-lo. Ele parecia puxa-la para o alçapão, apesar de ele não ter consciência disso, apenas queria ir o mais longe o possível do cachorro.
O cachorro soltou um latido... terrivelmente grosso e forte.
Talvez um acesso de loucura, talvez a adrenalina, nem um dos dois sabia ao certo, tão pouco se importavam. Draco puxou Hermione, mas ela não precisava ser puxada, antes que Draco pudesse chegar atrás do balcão, ela abriu o alçapão e gritou para ele:
- Aqui! Rápido Malfoy! - Draco praticamente pulou no alçapão, teria tomado mais cuidado se soubesse que ele antecedia escadas, e saiu rolando escadaria a baixo.
Paralisada com a cena, com seus pensamentos, com um último suspiro, Hermione observou Draco cair, sem se dar conta que o cão estava a polegadas de distância, a encarando com ódio no olhar.
Draco sentiu sua cabeça rodar quando foi arremessado ao chão. Mas não tinha tempo para sentar e praguejar. Olhou para Hermione e a viu paralisada olhando para ele. Não pode ver direito, mas conseguiu distinguir uma espécie de sombra com formato canino se aproximando cada vez mais dela. Tentou gritar, mas sua voz não saia. Levantou a cabeça por vez, e seu conta que a tinha batido e que sangrava muito, mas não teria tempo para isso também.
Reuniu toda a força que lhe restava e acabou descobrindo que tinha voz para mais um grito, talvez, seu último...
- Pula para dentro e fecha o alçapão!
Hermione pareceu despertar de seu transe e percebeu qual na verdade era sua situação, não precisou virar o rosto para se dar conta que o cão estava realmente perto, sentia seu bafo, sentia o vento quente produzido por suas narinas, segurava sua varinha em mãos, apontou para o cão em uma fração de segundos e gritou:
- Estupefaça! - o cão recuou alguns metros e caiu fazendo um grande estrondo. Pouco a interessava saber exatamente aonde o cão tinha caído, apenas entrou no alçapão. Porem sua jaqueta parecia estar sendo puxada...
Olhou para cima e viu um cão gigantesco tentando puxa-la... o choque a tomou novamente e não soube o que fazer...
Draco subira as escadas com tanta rapidez que achou que seus joelhos fossem se romper. Puxou a varinha da mão de Hermione e pronunciou contra o cão o feitiço que havia ela pronunciado anteriormente, o cão se afastou mais alguns metros ele a puxou com brutalidade, com a mão esquerda para dentro do alçapão,e com a mão direita, puxou a porta, a fechando por vez.
Ambos rolaram escada a baixo. Hermione acabou deitada sobre Draco toda embolada num misto de pés, pernas e braços.
Eles ficaram um certo tempo assim, embolados mesmo, tinham que recuperar o ar. O primeiro a falar foi Draco.
- Você... está... bem?
Hermione suspirou e tentou se desfazer do nó que eles se encontravam, terminou deitada no chão ao lado dele.
- Defina "estar bem". - ela disse ponderando.
- Viva com nenhum pedaço do seu corpo faltando, sem ferimentos muito graves (apenas "graves" a gente dá um jeito...) e similares... - ele disse enumerando nos dedos.
- Estou... não tenho mais uma capa e estou com frio, mas estou viva... pelo menos... Você? - ela perguntou incerta, ele respirava com dificuldades.
- Eu acho que bati a cabeça... - ele disse mostrando a ela onde doía. De fato deveria estar doendo, Draco tinha batido o canto da testa não muito longe da sobrancelha, Hermione se sentou e pediu que ele fizesse o mesmo, ela se aproximou dele, tanto, que o louro achou que Hermione fosse beija- lo, mas ela não parava de fixar o corte fundo em sua testa.
- Você cortou feio isso aqui... olha, eu não sou nenhuma medibruxa, mas eu li um pouco sobre feitiços de curas, cortes e similares e vou fazer o melhor que posso... aproposito, isso vai arder. - ela disse.
A garota cuidadosamente afastou os cabelos lisos e louros do garoto de seu rosto, pegou a varinha e parecia muito concentrada ao pronunciar suavemente "Racto Hercol" Draco sentiu sua testa queimar dolorosamente mas não se queixou. Sentia de alguma forma algum tipo de alivio.
Em poucos segundos, Draco se sentia melhor, e sentia sua testa parar de latejar.
- Bem, a cicatriz foi inevitável, mas acho que ficou bom, pelo menos não vou ter que deparar acidentalmente com algum neurônio pulando para fora da sua cabeça, afinal... - ela disse mais bem humorada - Vem - ela continuou -, a saída é por aqui. - Draco se levantou com a ajuda dela e se dirigiu à um segundo alçapão, (que ela fez aparecer pronunciando alguma coisa que não pode ouvir apontando a varinha para o chão) dessa vez, um sombrio e escuro.
Draco cogitou seriamente se opor a idéia de descer lá, mas ouviu passos no andar de cima, e acabou pulando antes se quer que Hermione, afinal, não podia negar ser um Sonserino... teria que salvar seu pescoço. Hermione pulou no alçapão rapidamente e fechou a porta atrás de si, Draco ouviu um ruído estranho, parecia que aporta estava se desfazendo, até se ver num breu total.
- Lumos! - pronunciou a moça. Draco imitou o gesto, e viu Hermione sinalizar o caminho que tomariam.
Andou muito, sentiu que seus pés se arrastavam através da escuridão total que se erguia em volta deles, mas não parecia se importar, sentia-se exausto, mas positivamente alegre. Sentia-se bem consigo mesmo e analisou em sua mente que não tinha esse sentimento há um longo tempo. Sentiu-se bem por ter resgatado Hermione do cão, apesar de saber no fundo de sua mente, que só fez isso, pois ela era a única que saberia sair de lá, foi como um instinto natural, mas bem ou mal... tinha salvo a vida dela.
Sorriu para si mesmo ao se dar conta disso. Será que ela não o ignoraria mais? Isso viria realmente a calhar no seu plano sem nem ao menos se quer tinha planejado nada do tipo, era como um plano perfeito, e nem tinha se quer encostado o dedo. Ele era um Malfoy, e assim sendo, era inescrupulosos e insensíveis, não sentia remorso por a estar usando, sentia-se grato consigo mesmo por estar dando certo.
Um certo tempo um tanto incalculável por estar absorto em pensamentos se passou, e ouviu finalmente Hermione quebrar sua linha de pensamentos para dizer que haviam chego.
- Que horas são? - perguntou Draco.
- Acho que não passam das sete. - disse Hermione ponderando.
- Nós andamos durante três horas? - perguntou abismado. Examinando bem, sabia que haviam andado bastante, mas não sabia que era tanto.
- Nós andamos bem devagar... - disse Hermione. - Bem, você tem relógio, veja que horas são! - ela disse. Draco olhou no relógio e viu que de fato ela estava correta, eram mais de sete e meia, afinal!
- Eu não acredito... sete e trinta e poucos... deve ter gente no café da manha!
- É, passam das sete... - disse Hermione distraidamente.
Uma olhada para si mesmo, fez Draco desejar estar no seu quarto. Ele estava sujo, suado e cansado. Suas roupas não estavam mais alinhadas e seus cabelos haviam há muito perdido o ar milimétricamente desajeitado que tinham. Não podia ver tudo isso, mas o olhar surpreso de Hermione o alertava.
Ela também não estava nas melhores condições... de fato ela não se vestia bem mas, dizer que ela estava normal era um exagero, suas roupas estavam desalinhadas e amarrotadas.
A mente de Draco vagava distraidamente em assuntos triviais como moda e etiqueta, mas não teve muito tempo para continuar com seus pensamentos, ouviu um que um grupo que conversava animadamente se aproximava, reconheceu certas vozes que se sobressaiam, era o seu grupo. Considerou seriamente a hipótese de sair correndo e se esconder, por estar mal arrumado e por estar com Hermione, mas não podia fazer isso novamente com ela, não podia deixa- la novamente, isso tiraria todos os pontos que tinha conseguido com ela durante aquela noite... foi quando os seus amigos se aproximaram, e Josh o cumprimentou.
- Nossa Draco, já por aqui? Que horas você acord... - mas foi interrompido pela voz sarcástica de Gina.
- Sabe, Josh, eu não diria que ele acordou... que roupas são essas, Malfoy? Parece que foi mastigado por alguma coisa. - Emily e Bevelly riram tolamente - A mim, parece que você mal dormiu, olhe suas olheiras... passou a noite acordado, foi? - perguntou Gina sorrindo marotamente. Draco desviou seu olhar rapidamente para Hermione que a observava de forma distraída, lembrava o olhar de Luna Lovegood, os amigos de Draco não pareçam ter tomado consciência da presença dela, ou apenas a ignoravam.
- Foi. Passei a noite em claro. - isso pareceu diminuir o sorriso de Gina - De fato, eu acabo de chegar ao colégio.
- Você não esteve no colégio? - perguntou Gina. - Onde esteve?
- Não, eu não estive no colégio e novamente; não, eu não lhe devo satisfações. Agora se me dão licença, eu preciso claramente de um banho. - disse Draco se desvencilhando do olhar de Gina que o olhava de forma um tanto ofendida, ele se virou para Hermione e disse com um meio sorriso - Obrigado pelo show, pela cerveja, pela aventura e pelo o que fez na minha testa; tenha um bom dia. - ele disse se retirando.
Hermione fez o mesmo ao se dar conta que os olhares daquele grupo recaíram sobre ela, não que se importasse, simplesmente queria sair dali.
Após alguns minutos, Josh saiu correndo atrás de Draco e o alcançou na entrada do quarto.
- O que foi que você fez? - perguntou Josh ao mesmo tempo espantado e curioso.
- Senta aí e eu te explico... - disse Draco sorrindo abertamente, de fato ele se achava realmente esperto.
Draco começou sua narração no momento em que saiu a procura de Hermione e ela se trancou no banheiro, ele contava tudo como se tivesse sido apenas uma experiência divertida, e nada além disso, é claro que não contou o fato de ter de fato descoberto que ela era uma garota legal, ela teria que continuar sendo a Granger a estranha, para os olhares de quem quer que fosse. Mais tarde, analisando com franqueza, não sabia ao certo o por que não admitira que ela não era tão má assim, afinal, achava isso... mas talvez, fosse o simples medo do que Josh pensaria, do que diria, se importava muito com a opinião dos outros, vivia de "status" e ela... bem, ela nem se quer deveria saber o sentido da palavra...
- Quer dizer então que quicar uma bolinha no pé é arte moderna? - perguntou Josh estupefato.
- Eu acabo de te contar que salvei a vida da garota, que quase perdi a minha própria e você está preocupado com a arte moderna? - perguntou Draco incrédulo.
- É! Vocês estão vivos, não estão? - perguntou o moreno com indiferença.
- Bem, ela me disse que tudo o que expresse nossos sentimentos, o estado de nossa alma é, ou pode ser considerado arte... Hermione entende desse tipo de coisa, ela...
- Hermione? - perguntou Josh estranhado.
- Granger, eu quis dizer Granger... - e assim a discução continuou. *** - Ele salvou sua vida? - perguntou Neville chocado.
- Sim, ele salvou... eu não sei, parecia que alguém tinha me estuporado, meu cérebro simplesmente parou, eu não pude ver mais nada, se ele não tivesse subido a escadaria, mesmo coma testa aberta e se espondo àquele cão, eu não sei o que teria sido de mim... - disse Hermione.
- É impressão minha ou estou vendo os seus olhos brilharem? - perguntou Neville sorrindo, um sorriso meio estranho, um tanto torto, o que dava um ar vagamente psicótico, pois estava com um lado do rosto um tanto inchado.
- É de sono... - disse Hermione esfregando os olhos.
- Sei... eu sou seu amigo, você pode me contar seja lá o que esteja acontecendo com você.
- Bem... ele não é tão mal assim, ele sabe ser divertido, é claro que com um toque de arrogância, mas ele sabe me fazer rir, e isso é importante, fora que ele... ele... ele leu "Hogwarts uma História"! - disse Hermione como se esse fosse o maior ato que alguém poderia ter tido.
- Se eu não te conhecesse, diria que está se apaixonando... - disse Neville.
- Não seja ridículo! Você sabe dos meus sentimentos por Harry. - disse Hermione ponderando.
- Eu diria que "os seus sentimentos por Harry" estão se dissipando pouco a pouco... - disse Neville.
- Pare com isso! Eu jamais trocaria meu amor por Harry por uma paixonite por Malfoy. - ela disse se irritando e saindo a passos decididos da enfermaria.
Chegando em seu quarto, Hermione olhou para a janela que dava de vista para a cabana de Hagrid, olhava para a cabana mas sua cabeça viajava longe dali, longe de Hogwarts, lembrava-se daquela noite e de tudo o que aquilo poderia mudar dentro dela. De fato não achava mais que Malfoy fosse um monstro horrendo, achava-o divertido e inteligente. E o sorriso do louro na saia de sua cabeça, aqueles olhos acinzentados não abandonavam suas lembranças, quando se flagrou sorrindo, decidiu que tinha ido longe de mais. Entrou no banheiro e tomou um banho com água gelada, como uma tentativa de tirar aqueles olhos igualmente gélidos de sua mente.
Notas da autora: O título desse capítulo é uma homenagem a música "two of us" dos beatles (inclusive tem no cd novo, o "Let it be... naked") Eu amo Beatles =) Hermione ficou realmente mexida em relação a Draco ou é só uma pequena ilusão de sua mente decorrente de tudo o que tinha passado com ele? E quanto a ele? Por que não disse que a havia achado divertida? E quem achou que Gina ficou meio mordida com essa historia toda? Mandem comentis, sugestões, e sua opinião em relação a essas perguntinhas =) Bijus MSM
-Há-há-há!!! Tá bom que eu vou arrombar a portal do Dedosdemel pra chegar no depósito... sabe o que vai acontecer com a gente se nos pegarem? - Draco não continuou... mas seus olhos se iluminaram com uma espécie de terror.
- Aí! Larga a mão de ser gayzinho! Eu fazia isso com Harry e Rony e faço com o Neville e nunca nos aconteceu nada! - dizia Hermione procurando a varinha nas vestes.
Era cerca de quatro ou mais da manha, Draco e Hermione saíram do três vassouras e Hermione se dirigia para a passagem secreta delatada pelo mapa que Harry possuía, até se dar conta que o louro estava realmente confuso e que nunca fizera isso antes. Quando disse a ele que teriam que arrombar a porta de Dedosdemel, Draco apresentou uma resistência enorme, aparentemente os populares não se divertiam ilegalmente fora da escola...
- Então... vocês vêem sempre aqui? - perguntou Draco.
- Eu venho sozinha, na maioria das vezes... - ela disse.
- Por que não vem com Neville?
- Eu venho aqui quando me sinto um tanto só... na verdade eu passo bastante tempo aqui... eu inclusive fiz amizade coma mulher daquele ateliê, logo ali na esquina - disse Hermione apontado para uma casinha humilde, da qual Draco nunca se deu o trabalho de reparar. - Ela me deixa pintar no sótão. Não é muito confortável, nem tem as melhores instalações, mas é um lugar que eu posso pensar um pouco sobre tudo e fazer meus quadros. - Draco sentiu um pouco de pena dela... deveria ser horrível se sentir assim, era até uma pena ela ser tão reclusa, porque ela não lhe parecia tão mal assim, sentia pena por ela se sentir só... - Veja, achei... - ela disse tirando uma espécie de canivete do bolso da jaqueta.
- O que é isso? - perguntou Draco, por um breve instante, ele realmente pensou que estivesse tentando conquistar uma psicopata.
- Sirius de um desses para Harry uma vez...
- Sirius? Sirus Black? - perguntou Draco, cada vez ficando mais alarmado e meio que inconscientemente procurando sua varinha entre suas vestes.
- Ah, Malfoy, você tem tanto para aprender... - Hermione sorriu internamente, era verdade que bem mais da metade do mundo achava que Sirius era um psicopata, mas convivera um certo tempo com ele, e com uma freqüência razoável, se esquecia que ele continuava uma lenda entre os vilões do mundo bruxo.
Hermione girou o seu canivete no cadeado de Dedosdemel e ele se abriu com um "click" suave. Esforçando-se um pouquinho, teria sabido que era bem possível medir a pulsação cardíaca de Draco apenas ficando em silêncio, mas estava demasiada preocupada de mais em alerta-lo para não fazer barulho. Entraram na Dedosdemel sorrateiramente, Hermione sabia exatamente aonde ir, já havia feito e desfeito esse caminho centenas de vezes, mas Draco estava meio perdido com o ambiente mal iluminado, Hermione irritou-se por ele não tê-la ouvido, ela disse a ele para manter os olhos nela e apenas segui-la, mas ele parecia meio desesperado.
Sempre havia imaginado os Malfoys se submetendo a qualquer custo para alcançar qualquer meta, realmente a impressionou que ele não tivesse nenhuma experiência na área de arrombamento. Ela decidiu que acenar estupidamente não o faria olhar para ela, então foi até ele.
- Hei! Malfoy... - ela disse sussurrando. - Só me siga, está bem? Daqui a pouco vamos estar de volta ao colégio. - Draco não se mexeu, tão pouco olhou para ela, continuou olhando fixamente algum ponto na parede. - Hei! Estou falando com você! Se mexa! - ela mais gesticulava do que falava, ele finalmente olhou para ela, mas seus olhos pareciam vazios... como se estivessem vidrados. Draco segurou o rosto de Hermione e o virou para o mesmo lugar que fixava seu rosto momentos atrás.
Hermione quase deu um berro. Draco não estava fixando um ponto qualquer na parede... estava fixando algo na parede. Um cão enorme olhava fixamente para eles, rosnando de modo silencioso e aparentemente babando. Ele tinha aproximadamente o tamanho de canino, se não, um pouco maior, mas não tinha a feição doce do cão do professor de Hogwarts, ele tinha uma cara que parecia demasiada sem pele, parecia que a cabeça do animal era pequena e apertava seu crânio, o que o vazia ainda mais nervoso, ele tinha orelhas em pé e parecia que a qualquer momento enterraria suas mandíbulas gigantescas em algum deles. Hermione se pegou tentando calcular o estrago que essa mordida faria, após ver que era realmente inútil...
Draco segurou seu braço, mas ela não ousou olha-lo. Ele parecia puxa-la para o alçapão, apesar de ele não ter consciência disso, apenas queria ir o mais longe o possível do cachorro.
O cachorro soltou um latido... terrivelmente grosso e forte.
Talvez um acesso de loucura, talvez a adrenalina, nem um dos dois sabia ao certo, tão pouco se importavam. Draco puxou Hermione, mas ela não precisava ser puxada, antes que Draco pudesse chegar atrás do balcão, ela abriu o alçapão e gritou para ele:
- Aqui! Rápido Malfoy! - Draco praticamente pulou no alçapão, teria tomado mais cuidado se soubesse que ele antecedia escadas, e saiu rolando escadaria a baixo.
Paralisada com a cena, com seus pensamentos, com um último suspiro, Hermione observou Draco cair, sem se dar conta que o cão estava a polegadas de distância, a encarando com ódio no olhar.
Draco sentiu sua cabeça rodar quando foi arremessado ao chão. Mas não tinha tempo para sentar e praguejar. Olhou para Hermione e a viu paralisada olhando para ele. Não pode ver direito, mas conseguiu distinguir uma espécie de sombra com formato canino se aproximando cada vez mais dela. Tentou gritar, mas sua voz não saia. Levantou a cabeça por vez, e seu conta que a tinha batido e que sangrava muito, mas não teria tempo para isso também.
Reuniu toda a força que lhe restava e acabou descobrindo que tinha voz para mais um grito, talvez, seu último...
- Pula para dentro e fecha o alçapão!
Hermione pareceu despertar de seu transe e percebeu qual na verdade era sua situação, não precisou virar o rosto para se dar conta que o cão estava realmente perto, sentia seu bafo, sentia o vento quente produzido por suas narinas, segurava sua varinha em mãos, apontou para o cão em uma fração de segundos e gritou:
- Estupefaça! - o cão recuou alguns metros e caiu fazendo um grande estrondo. Pouco a interessava saber exatamente aonde o cão tinha caído, apenas entrou no alçapão. Porem sua jaqueta parecia estar sendo puxada...
Olhou para cima e viu um cão gigantesco tentando puxa-la... o choque a tomou novamente e não soube o que fazer...
Draco subira as escadas com tanta rapidez que achou que seus joelhos fossem se romper. Puxou a varinha da mão de Hermione e pronunciou contra o cão o feitiço que havia ela pronunciado anteriormente, o cão se afastou mais alguns metros ele a puxou com brutalidade, com a mão esquerda para dentro do alçapão,e com a mão direita, puxou a porta, a fechando por vez.
Ambos rolaram escada a baixo. Hermione acabou deitada sobre Draco toda embolada num misto de pés, pernas e braços.
Eles ficaram um certo tempo assim, embolados mesmo, tinham que recuperar o ar. O primeiro a falar foi Draco.
- Você... está... bem?
Hermione suspirou e tentou se desfazer do nó que eles se encontravam, terminou deitada no chão ao lado dele.
- Defina "estar bem". - ela disse ponderando.
- Viva com nenhum pedaço do seu corpo faltando, sem ferimentos muito graves (apenas "graves" a gente dá um jeito...) e similares... - ele disse enumerando nos dedos.
- Estou... não tenho mais uma capa e estou com frio, mas estou viva... pelo menos... Você? - ela perguntou incerta, ele respirava com dificuldades.
- Eu acho que bati a cabeça... - ele disse mostrando a ela onde doía. De fato deveria estar doendo, Draco tinha batido o canto da testa não muito longe da sobrancelha, Hermione se sentou e pediu que ele fizesse o mesmo, ela se aproximou dele, tanto, que o louro achou que Hermione fosse beija- lo, mas ela não parava de fixar o corte fundo em sua testa.
- Você cortou feio isso aqui... olha, eu não sou nenhuma medibruxa, mas eu li um pouco sobre feitiços de curas, cortes e similares e vou fazer o melhor que posso... aproposito, isso vai arder. - ela disse.
A garota cuidadosamente afastou os cabelos lisos e louros do garoto de seu rosto, pegou a varinha e parecia muito concentrada ao pronunciar suavemente "Racto Hercol" Draco sentiu sua testa queimar dolorosamente mas não se queixou. Sentia de alguma forma algum tipo de alivio.
Em poucos segundos, Draco se sentia melhor, e sentia sua testa parar de latejar.
- Bem, a cicatriz foi inevitável, mas acho que ficou bom, pelo menos não vou ter que deparar acidentalmente com algum neurônio pulando para fora da sua cabeça, afinal... - ela disse mais bem humorada - Vem - ela continuou -, a saída é por aqui. - Draco se levantou com a ajuda dela e se dirigiu à um segundo alçapão, (que ela fez aparecer pronunciando alguma coisa que não pode ouvir apontando a varinha para o chão) dessa vez, um sombrio e escuro.
Draco cogitou seriamente se opor a idéia de descer lá, mas ouviu passos no andar de cima, e acabou pulando antes se quer que Hermione, afinal, não podia negar ser um Sonserino... teria que salvar seu pescoço. Hermione pulou no alçapão rapidamente e fechou a porta atrás de si, Draco ouviu um ruído estranho, parecia que aporta estava se desfazendo, até se ver num breu total.
- Lumos! - pronunciou a moça. Draco imitou o gesto, e viu Hermione sinalizar o caminho que tomariam.
Andou muito, sentiu que seus pés se arrastavam através da escuridão total que se erguia em volta deles, mas não parecia se importar, sentia-se exausto, mas positivamente alegre. Sentia-se bem consigo mesmo e analisou em sua mente que não tinha esse sentimento há um longo tempo. Sentiu-se bem por ter resgatado Hermione do cão, apesar de saber no fundo de sua mente, que só fez isso, pois ela era a única que saberia sair de lá, foi como um instinto natural, mas bem ou mal... tinha salvo a vida dela.
Sorriu para si mesmo ao se dar conta disso. Será que ela não o ignoraria mais? Isso viria realmente a calhar no seu plano sem nem ao menos se quer tinha planejado nada do tipo, era como um plano perfeito, e nem tinha se quer encostado o dedo. Ele era um Malfoy, e assim sendo, era inescrupulosos e insensíveis, não sentia remorso por a estar usando, sentia-se grato consigo mesmo por estar dando certo.
Um certo tempo um tanto incalculável por estar absorto em pensamentos se passou, e ouviu finalmente Hermione quebrar sua linha de pensamentos para dizer que haviam chego.
- Que horas são? - perguntou Draco.
- Acho que não passam das sete. - disse Hermione ponderando.
- Nós andamos durante três horas? - perguntou abismado. Examinando bem, sabia que haviam andado bastante, mas não sabia que era tanto.
- Nós andamos bem devagar... - disse Hermione. - Bem, você tem relógio, veja que horas são! - ela disse. Draco olhou no relógio e viu que de fato ela estava correta, eram mais de sete e meia, afinal!
- Eu não acredito... sete e trinta e poucos... deve ter gente no café da manha!
- É, passam das sete... - disse Hermione distraidamente.
Uma olhada para si mesmo, fez Draco desejar estar no seu quarto. Ele estava sujo, suado e cansado. Suas roupas não estavam mais alinhadas e seus cabelos haviam há muito perdido o ar milimétricamente desajeitado que tinham. Não podia ver tudo isso, mas o olhar surpreso de Hermione o alertava.
Ela também não estava nas melhores condições... de fato ela não se vestia bem mas, dizer que ela estava normal era um exagero, suas roupas estavam desalinhadas e amarrotadas.
A mente de Draco vagava distraidamente em assuntos triviais como moda e etiqueta, mas não teve muito tempo para continuar com seus pensamentos, ouviu um que um grupo que conversava animadamente se aproximava, reconheceu certas vozes que se sobressaiam, era o seu grupo. Considerou seriamente a hipótese de sair correndo e se esconder, por estar mal arrumado e por estar com Hermione, mas não podia fazer isso novamente com ela, não podia deixa- la novamente, isso tiraria todos os pontos que tinha conseguido com ela durante aquela noite... foi quando os seus amigos se aproximaram, e Josh o cumprimentou.
- Nossa Draco, já por aqui? Que horas você acord... - mas foi interrompido pela voz sarcástica de Gina.
- Sabe, Josh, eu não diria que ele acordou... que roupas são essas, Malfoy? Parece que foi mastigado por alguma coisa. - Emily e Bevelly riram tolamente - A mim, parece que você mal dormiu, olhe suas olheiras... passou a noite acordado, foi? - perguntou Gina sorrindo marotamente. Draco desviou seu olhar rapidamente para Hermione que a observava de forma distraída, lembrava o olhar de Luna Lovegood, os amigos de Draco não pareçam ter tomado consciência da presença dela, ou apenas a ignoravam.
- Foi. Passei a noite em claro. - isso pareceu diminuir o sorriso de Gina - De fato, eu acabo de chegar ao colégio.
- Você não esteve no colégio? - perguntou Gina. - Onde esteve?
- Não, eu não estive no colégio e novamente; não, eu não lhe devo satisfações. Agora se me dão licença, eu preciso claramente de um banho. - disse Draco se desvencilhando do olhar de Gina que o olhava de forma um tanto ofendida, ele se virou para Hermione e disse com um meio sorriso - Obrigado pelo show, pela cerveja, pela aventura e pelo o que fez na minha testa; tenha um bom dia. - ele disse se retirando.
Hermione fez o mesmo ao se dar conta que os olhares daquele grupo recaíram sobre ela, não que se importasse, simplesmente queria sair dali.
Após alguns minutos, Josh saiu correndo atrás de Draco e o alcançou na entrada do quarto.
- O que foi que você fez? - perguntou Josh ao mesmo tempo espantado e curioso.
- Senta aí e eu te explico... - disse Draco sorrindo abertamente, de fato ele se achava realmente esperto.
Draco começou sua narração no momento em que saiu a procura de Hermione e ela se trancou no banheiro, ele contava tudo como se tivesse sido apenas uma experiência divertida, e nada além disso, é claro que não contou o fato de ter de fato descoberto que ela era uma garota legal, ela teria que continuar sendo a Granger a estranha, para os olhares de quem quer que fosse. Mais tarde, analisando com franqueza, não sabia ao certo o por que não admitira que ela não era tão má assim, afinal, achava isso... mas talvez, fosse o simples medo do que Josh pensaria, do que diria, se importava muito com a opinião dos outros, vivia de "status" e ela... bem, ela nem se quer deveria saber o sentido da palavra...
- Quer dizer então que quicar uma bolinha no pé é arte moderna? - perguntou Josh estupefato.
- Eu acabo de te contar que salvei a vida da garota, que quase perdi a minha própria e você está preocupado com a arte moderna? - perguntou Draco incrédulo.
- É! Vocês estão vivos, não estão? - perguntou o moreno com indiferença.
- Bem, ela me disse que tudo o que expresse nossos sentimentos, o estado de nossa alma é, ou pode ser considerado arte... Hermione entende desse tipo de coisa, ela...
- Hermione? - perguntou Josh estranhado.
- Granger, eu quis dizer Granger... - e assim a discução continuou. *** - Ele salvou sua vida? - perguntou Neville chocado.
- Sim, ele salvou... eu não sei, parecia que alguém tinha me estuporado, meu cérebro simplesmente parou, eu não pude ver mais nada, se ele não tivesse subido a escadaria, mesmo coma testa aberta e se espondo àquele cão, eu não sei o que teria sido de mim... - disse Hermione.
- É impressão minha ou estou vendo os seus olhos brilharem? - perguntou Neville sorrindo, um sorriso meio estranho, um tanto torto, o que dava um ar vagamente psicótico, pois estava com um lado do rosto um tanto inchado.
- É de sono... - disse Hermione esfregando os olhos.
- Sei... eu sou seu amigo, você pode me contar seja lá o que esteja acontecendo com você.
- Bem... ele não é tão mal assim, ele sabe ser divertido, é claro que com um toque de arrogância, mas ele sabe me fazer rir, e isso é importante, fora que ele... ele... ele leu "Hogwarts uma História"! - disse Hermione como se esse fosse o maior ato que alguém poderia ter tido.
- Se eu não te conhecesse, diria que está se apaixonando... - disse Neville.
- Não seja ridículo! Você sabe dos meus sentimentos por Harry. - disse Hermione ponderando.
- Eu diria que "os seus sentimentos por Harry" estão se dissipando pouco a pouco... - disse Neville.
- Pare com isso! Eu jamais trocaria meu amor por Harry por uma paixonite por Malfoy. - ela disse se irritando e saindo a passos decididos da enfermaria.
Chegando em seu quarto, Hermione olhou para a janela que dava de vista para a cabana de Hagrid, olhava para a cabana mas sua cabeça viajava longe dali, longe de Hogwarts, lembrava-se daquela noite e de tudo o que aquilo poderia mudar dentro dela. De fato não achava mais que Malfoy fosse um monstro horrendo, achava-o divertido e inteligente. E o sorriso do louro na saia de sua cabeça, aqueles olhos acinzentados não abandonavam suas lembranças, quando se flagrou sorrindo, decidiu que tinha ido longe de mais. Entrou no banheiro e tomou um banho com água gelada, como uma tentativa de tirar aqueles olhos igualmente gélidos de sua mente.
Notas da autora: O título desse capítulo é uma homenagem a música "two of us" dos beatles (inclusive tem no cd novo, o "Let it be... naked") Eu amo Beatles =) Hermione ficou realmente mexida em relação a Draco ou é só uma pequena ilusão de sua mente decorrente de tudo o que tinha passado com ele? E quanto a ele? Por que não disse que a havia achado divertida? E quem achou que Gina ficou meio mordida com essa historia toda? Mandem comentis, sugestões, e sua opinião em relação a essas perguntinhas =) Bijus MSM
