2 - Amar não é uma vingança
O
rei a mediu de alto a baixo.
- É, acho que ela serve pra ser
minha esposa.
A garota disfarçou, mas sua vontade era esganar
aquele metido.
- Ela sabe dançar? - perguntou Seiya.
-
Maravilhosamente! Vamos, Saori, mostre ao rei seus dotes de
dançarina!
Quando a música começou a tocar, ela obedeceu à
ordem do avô. Começou a dançar, para deleite de Seiya e dos servos
que ali estavam.
Saori dançava sensualmente, mas sem nenhum gesto
de vulgaridade. Seu belo corpo movia-se em perfeita sintonia com a
música, enquanto ela lançava olhares sedutores para Seiya.
Este
a observava, como que paralisado, diante do fascínio que a jovem
exercia sobre ele.
A dança chegou ao fim, e foi aplaudida pelos
entusiasmados espectadores. O Sr. Kido, que não era bobo nem nada,
percebeu que o jovem rei havia se encantado com a beleza e a graça
de sua neta.
- E então, majestade?
- O casamento será amanhã
- decidiu Seiya.
Saori ficou satisfeita. Tinha certeza de que o
rei se apaixonaria por ela. Assim que se casassem, ela daria início
a seu ousado plano.
No
dia seguinte, foi celebrado o casamento.
Shina, falsa como de
costume, mostrou-se simpática com a nova esposa de Seiya. Ofereceu o
tal chá, e explicou:
- Esse chá deixa a mulher mais fértil.
Quem sabe você não dará ao Seiya seu tão esperado herdeiro?
Saori
agradeceu, mas, disfarçadamente, jogou o chá fora.
"Não
preciso de chá nenhum, pois não vou me entregar a esse rei
convencido!".
Quando a noite chegou, os convidados da festa
se despediram. Saori cochichou para Shunrey:
- Agora é a sua vez
de me ajudar.
Contou o que pretendia, e Shunrey concordou em fazer
o que a prima lhe pediu. Com o pretexto de ajudar Saori a se trocar
antes da noite de núpcias, Shunrey permaneceu no palácio.
Seiya
já estava ficando impaciente com a demora de sua nova esposa, e foi
ao quarto dela para saber o motivo. Encontrou as primas rindo.
Perguntou:
- Qual é a graça?
Shunrey respondeu:
-
Majestade, sua esposa tem o maravilhoso dom de contar histórias
fantásticas! Elas emocionam e divertem todos aqueles que tem o
prazer de escuta-las!
Seiya não estava interessado em ouvir
história nenhuma, mas Shunrey continuou:
- Deixe ela contar uma
história, Majestade! Agora que Saori está casada, não terei mais a
oportunidade de ouvir essas narrativas tão lindas!
Ela
elogiava tanto a prima que Seiya começou a ficar curioso.
- Está
bem, então conte uma história.
Saori iniciou sua narrativa:
"Há
muito tempo atrás, um jovem de nome Alladin...".
Ela contou
todas as aventuras de Alladin, de um jeito tão envolvente que
prendia a atenção de qualquer um que a escutasse.
As horas se
passaram. Quando Seiya percebeu, o sol já estava nascendo. E ela não
terminara a história...
E agora? O casamento não se consumara...
Ele pensou um pouco, e decidiu:
- Hoje à noite, você termina de
contar.
Foi para seus aposentos, enquanto Saori e Shunrey
comemoravam o sucesso do plano.
Saori ponderou:
- Essa foi
apenas a primeira noite. Vou continuar entretendo meu marido com
histórias... Até que ele se jogue aos meus pés, e me declare seu
amor! Inshalá!
Shina
percebeu que Seiya passara a noite no quarto de Saori. Assim que
pôde, foi ao quarto da jovem e começou a revirar os lençóis,
procurando a prova de que o casamento se consumara.
"Estranho!
Nenhuma mancha de sangue...".
Saori, que tinha ido tomar
banho, entrou no quarto e flagrou Shina examinando os lençóis.
-
Algum problema? - perguntou.
- Nenhum, querida... só vim saber se
tudo correu bem ontem.
- Sim, tudo correu bem.
- Ótimo! Até
mais tarde!
Shina saiu, intrigada com a ausência de sangue nos
lençóis. Saori se deitou e adormeceu.
Horas depois, se encontrou
com as outras esposas do rei. Curiosas, elas quiseram saber:
- Ele
já a repudiou?
- Não... e nem vai!
- Hããã???
- Eu vou
vingar todas vocês! O Seiya vai aprender que não somos brinquedos
que ele usa e joga fora quando se enjoa.
As quatro, surpresas, não
acreditavam que o plano de Saori desse certo. Fler a alertou:
-
Tome cuidado com a Shina. Ela é louca pelo Seiya. Se desconfiar que
ele se interessou por você, é capaz de mata-la!
Saori riu.
-
Ela não precisa se preocupar. Quando Seiya se apaixonar por mim, eu
irei embora... quero que ele sofra, e aprenda a respeitar as
mulheres!
Retirou-se, deixando as outras perplexas.
Naquela
noite, Seiya pensou que Saori terminaria a história, e assim
poderiam ter sua noite de núpcias. Estava muito enganado...
