Cap6 - Amar é uma dor

Saori se assustou com seu tom de voz e sua expressão severa.
- Por quê me chamou de mentirosa?
- Eu ouvi sua conversa com minha irmã! Então, era tudo uma armadilha... Você pensou que poderia me conquistar e depois sumir, não é mesmo?
Surpreendida, ela pediu:
- Seiya, não é nada disso! Me deixa explicar!
- Não diga nada. Só vou dizer uma coisa: seu plano fracassou! Não estou apaixonado coisa nenhuma! Inventei isso só pra consumar logo o casamento e poder repudia-la, como fiz com as outras!
Saori ficou chocada e não conseguiu pronunciar nenhuma palavra. Ele continuou:
- Bom, agora você vai se juntar às outras. Ainda não resolvi se a devolverei para seu avô. Quero ter certeza de que não está grávida.

Lágrimas deslizavam pelo rosto de Saori. O feitiço tinha virado contra a feiticeira... Só teve forças para encara-lo e dizer:
- Alá não me castigaria a ponto de me enviar um filho seu... Não quero ser mãe de alguém que poderia herdar seu sangue e sua maldade!
Saiu dali correndo, enquanto Seiya deixou-se cair sobre a cama.
Não conseguiu impedir as lágrimas que agora derramava. Lágrimas de decepção e fúria, por saber que uma mulher conseguira engana-lo. Seu pai tinha razão. Nenhuma mulher prestava.

No jardim, Saori tentava recuperar a calma e a razão. Seika a viu, e foi ao seu encontro.
- O que houve? Por quê está chorando?
- Seu irmão... Ele é um monstro! Acabou de me dizer que me enganou, que inventou que me amava só pra me seduzir... ele vai me repudiar, como fez com as outras!
- Não pode ser! Deve ter acontecido alguma coisa pra ele agir assim!
- Aconteceu... Ele é um grosso, insensível! Desculpe, mas seu irmão é um cafajeste!
- Não, Saori. Ele pode ter vários defeitos, mas não seria capaz de uma atitude dessas. Eu vou descobrir o motivo disso.
Dirigiu-se ao quarto do irmão.

Saori permaneceu ali, com raiva de Seiya e de si mesma, por ter acreditado nele. Não percebeu a aproximação de um vulto, que tapou sua boca e a imobilizou, enquanto dizia:
- Quietinha... Se você se comportar, prometo que não vou machuca-la.
Saori mordeu a mão dele, mas antes que o sujeito mascarado gritasse, alguém acertou uma paulada na cabeça dela, que desmaiou.
Shina repreendeu Jabu:
- Eu sabia que se deixasse tudo nas suas mãos você não teria capacidade para fazer o que mandei. Anda, pega essa garota e a leve para o lugar que combinamos.
Jabu acatou a ordem, e carregou Saori para longe dali. Shina sorriu, vitoriosa. Com Saori fora de seu caminho, tudo voltaria a ser como antes.

Seika encontrou o irmão, que jazia deitado na cama.
- Seiya, o que aconteceu? Por quê você e a Saori brigaram?
Ele gritou:
- Sua falsa! Eu ouvi sua conversa com aquela fingida!
- Pelo jeito, não ouviu tudo.
- Tudo o quê?
- Ai Seiya, como você é precipitado! O que você ouviu afinal?
Ele contou que escutara Saori dizer que atingira seu objetivo de faze-lo se apaixonar por ela.
- Fiquei tão transtornado que fui embora.
- Acontece, maninho, que ela me confessou que está apaixonada por você!
- É mentira! Você inventou isso pra defende-la!
- Ela te procurou pra dizer que te ama, mas você não a deixou falar! Acusou a pobrezinha de ser mentirosa, e ainda por cima, disse que a enganou, e que vai repudia-la!
Seiya ficou quieto. Ela continuou:
- Foi um mal-entendido. Eu a vi no jardim, estava desesperada... Ela te ama, Seiya! Vai, procure a Saori e peça desculpas pelo que disse!
- Posso até procura-la, mas não estou convencido.
Os irmãos foram ao jardim. Ao ver Shina, Seiya perguntou:
- Você viu a Saori?
Com a maior cara-de-pau, ela respondeu:
- Não, Seiya.
Retornou ao palácio. Irritado, Seiya disse para a irmã:
- Vai ver, ela fugiu. Eu ameacei devolve-la para o avô.
- Seiya, você bem que merecia que ela te abandonasse!
Nisso, Hyoga e Shun se aproximaram.
- Com licença, Majestade. Temos algo importante a dizer!
- Digam logo!
- Sua esposa Saori foi levada por um homem mascarado!
- O quê?!
- Vimos quando sua outra esposa, a Sra. Shina, a acertou com uma paulada na cabeça. A Sra. Saori caiu desmaiada, e o homem a levou!
- E por quê vocês não impediram?!
- Nós tentamos, mas o sujeito subiu com ela num camelo, e saiu em disparada. Não deu tempo de alcança-los.
Seiya deixou-se cair de joelhos no chão.
- E agora, Seika?
- Você tem que salva-la! Chame os soldados e comece a procura-los!
Ele o fez. Desesperado, nem se tocou do envolvimento de Shina no rapto.

Precisava encontrar Saori. Ele a amava, e queria pedir perdão pelas coisas que dissera no momento da raiva.