Cap.2: O encontro

Christian não teve coragem de entrar na Toca. Mas também não podia ficr com aquela roupa. Estava chamando atenção demais. Enxergando uma camisa dobrada em uma janela, a surrupiou. Lembrou-se, com um sorriso, dos inúmeros suéteres Weasley que a avó fazia para ele. Ela o criara desde os dois anos e meio, quando a guerra acabara, com a queda e desaparecimento eterno de Voldemort. O que ocorreria, segundo seus cálculos, naquele mesmo mês.
A velha senhora fizera o possível para que ele se sentisse muito amado, compensando-o pela morte dos pais que ele mal chegara a conhecer. Nem por fotografias, todas queimadas por ordem daquele verme. No entanto, a avó sempre dissera que ele era muito parecido com o pai, com os mesmos cabelos loiros-platinados, com a ressalva de ter herdado da mãe os expressivos olhos castanhos. Tinha de encontrar os pais logo... E havia de ser fácil. Afinal, quantos, com as características de seu pai haviam de existir por ali? Isso lembrou-o de alterar um pouco a aparência, caso estivesse sendo procurado. Transfigurou os cabelos em castanho e os olhos em verde, também fazendo crescer uma barba rala. Jurou a si mesmo que iria descobrir o mistério que havia acerca da morte de seus pais. A família nunca comentara nada com ele, como se tocar no assunto lhes causasse muita dor. Mas ele tinha de saber. E quem sabe, até evitaria a morte dos pais, por mais que aquilo alterasse a ordem das coisas no futuro. Se pôs a andar pelo meio da estrada, até que chegou em uma pequena pousada, onde havia algumas mesas do lado de fora. Sentou-se, pediu uma cerveja amanteigada e começou a pedir informações para as pessoas que lá estavam. Um homem que estava à uma mesa, de costas, com outros cinco, respondeu: Eu vi...
Ansiosamente, Christian se dirigiu a ele: Onde? Estão no inferno, que é pra onde você vai! – Abaixando o capuz, revelou o rosto: Cassius Nott, um dos comensais que o prendera. Merda!
Tentou fugir como pôde. Sacou a varinha e conseguiu estuporar dois dos
comensais, mas eles eram mais numerosos. Nott o encurralou de costas à
uma árvore, segurando-o pelo colarinho da camisa. Apontou a varinha
para ele. Christian fechou os olhos com força. Avada... Expelliarmus!
A varinha voou da mão de Nott e um loiro-platinado montado em um
cavalo negro surgiu disparando feitiços contra os comensais.
Christian olhava, boquiaberto, sua versão uns cinco anos mais velho.
"Pai!..."
Uns minutos mais tarde, o restante dos comensais já estava estuporado
ou morto, a não ser Nott, revolvendo-se no chão, vítima da maldição
Cruciatus. Malfoy... Avise ao seu mestre que eu estou de volta. E a vida dele está pra terminar...
Deixou o comensal se contorcendo, incitou o cavalo e puxou Christian
pra cima da sela.
Após uma hora de galope, Draco falou: Pronto, pode ir... Mas eu não tenho pra onde, perdi minha varinha no confronto! Isso não é problema meu. Tenho uma missão pra cumprir e não posso me preocupar com mais nada. Não terá de se preocupar comigo. Eu sei me defender! Ah, sabe! Vi uma bela amostra de como sabe, há um tempo atrás! Eu estava em desvantagem! Se não tivesse perdido a minha varinha... Se eu fosse você, voltava pra casa. Seus pais devem estar preocupados, garoto. Eu não sou um garoto! E quem é você para falar isso pra mim... Deve ser só uns cinco anos mais velho que eu! Em experiência devo ser uns 25... E além do mais, eu não tenho família – mordeu a língua, pedindo perdão aos avós e tios – Voldemort matou meus pais! Esse infeliz acabou com a vida de muita gente... Qual o seu nome, guri? Christian Ma... MacCarthy. Christian... – e uma sombra passou pelos olhos de Draco. E você? Tem família? Mulher, filhos? Eu já tive... um dia.
Christian ficou intrigado. Se aquele era seu pai, onde estava a sua
mãe? Eles não passaram aquele tempo todo juntos? Que mistérios
havia ali? Já que não tem família, guri, gostaria de me ajudar em meu propósito? Matar Voldemort? Sim. Amanhã começamos a jornada. Hoje já está ficando tarde. Vamos procurar um lugar onde dormir.
E com um assobio agudo dele, um majestoso falcão desceu sobre eles e
pousou na luva que envolvia o braço de Draco.