Reflexões
Legenda:

Pensamento dos personagens: "..."

Interrupção da autora: (...)







Um ano havia se passado desde o término da guerra e Heero e Duo dividiam o mesmo apartamento desde então. Estava uma noite linda e ambos estavam cada em seus respectivos quartos refletindo um pouco, já que estavam de férias (Tinham tirado dois meses de férias, e trabalhavam como agentes de prevenção).

"Sei que parece bobagem, mas eu tô totalmente confuso. Ultimamente tenho pensado com muita freqüência numa certa pessoa e não consigo me concentrar, mas que droga! Até pensei em acabar com a raiz do problema, mas eu não consigo! Tem algo muito errado nisso tudo. Juro que se eu estivesse no meu estado normal a esta altura do campeonato eu já o teria eliminado. E agora? ele invade a minha mente quando eu menos espero e isso tem me atrapalhado, já que aliado a isso está a proximidade dele de mim. Esta última noite sonhei com ele, na verdade TODOS OS DIAS, entretanto o último foi diferente. Tenho que tomar uma atitude o mais rápido possível, porque se continuar assim eu vou acabar enlouquecendo. Ai! E essa dor de cabeça que não quer passar." (Nos últimos dias ele não tem conseguido dormir bem, por que será?)



"Meu Deus! Eu tô perdido! Tantas pessoas neste mundo e eu tinha que me apaixonar por ele, logo por ele! A pessoa mais fria, com o coração que mais parece um gelo (eterno iceberg), de personalidade rude, calculista digna de um "soldado perfeito", como isso foi acontecer! Por mais que eu tente, não consigo deixar de admirar a sua personalidade que eu sei que não é uma das melhores e é difícil prever o que ele sente, ele não exterioriza nada! Apesar dele me tratar mal eu gosto dele, e isso faz com que eu me odeie cada vez mais. Idiota! Quem mandou eu me apaixonar por ele, parece que quanto mais eu sofro mais eu me apaixono, isto não tem lógica! E para completar e aumentar o meu sofrimento sempre estou perto dele, porém sem poder tocá-lo, só posso admirá-lo discretamente. É uma tortura, estar perto e não poder tocá-lo, dizer o que eu sinto, que o desejo. Poder, até que eu poderia, mas corro o risco de perder a sua amizade e assim ele iria definitivamente para longe de mim e acabaria a nossa parceria perfeita. E isso definitivamente eu não quero. Mas, poderia ser que remotamente ele possa sentir o mesmo por mim, porém, como isso é muito difícil, pra que arriscar? Deve ser melhor deixar as coisas como estão. Mas, sinceramente na última noite eu tive um sonho diferente que me deu uma pontinha de esperança".*suspiro*



*De manhã*



Duo: - Bom Dia! Heero! Dormiu bem esta noite? - Falou sorridente como sempre.

Heero: - Se você continuar a gritar assim, juro que eu estouro os seus miolos! - Falou em um tom ameaçador.

Duo: - Ih, credo! Está mais azedo do que de costume.

Heero: - Também quem agüenta ouvir a sua voz alegre e ver a sua cara sorridente, quando se está com uma bruta de uma enxaqueca.

Duo: - Tá, bom! Desculpa! Prometo não lhe incomodar mais. Mas acho melhor você ficar na cama que eu vou lhe providenciar um bom chazinho e remédio para amenizar a enxaqueca.

Heero: - Não preciso, é só você não gritar.

Duo: - Nada disso! Você vai descansar lá na sua cama nem que seja a força!

Heero: - E desde quando eu te obedeço, hein?

Duo: - Ah é? Então se você não for pode ter certeza que eu faço questão de que a sua cabeça estoure. Ainda assim vai arriscar? - Heero quando ouviu isso viu nos olhos do americano que ele estaria disposto a lhe azucrinar caso não o obedecesse, não queria admitir, mas estava nas mãos dele.

Heero: - Tá bom, você venceu. E foi para o quarto contrariado.- Duo ficou vigiando até ter certeza de que ele tinha entrado no quarto. Só assim ele foi fazer o chá e pegar o remédio.



*Mais tarde, no quarto...*



Duo: - Heero, eu trouxe o seu chá e este remédio, creio que a dor não passe, entretanto ele diminuirá consideravelmente.

Heero: - O que você pôs aqui neste chá? Está amargo. Não tem açúcar?

Duo: - Se eu colocar açúcar pode perder o efeito, agora toma tudo direitinho e não reclama.- Heero resmungou algo incompreensível e tomou o remédio junto com o chá acompanhado de uma careta. Logo ele adormeceu.

Duo ficou admirando o rosto que dormia calmamente de forma relaxada muito diferente do rosto que ele ostentava quando estava acordado. Segurou a mão dele com cuidado para que não despertasse e encostou seus lábios delicadamente na testa de Heero antes de sair do quarto e murmurou: - Ah! Se você soubesse o quanto gosto de você e que eu faria de tudo para te ver feliz. Só que ele não contava com o fato de que Heero ouviu, apesar de estar meio sonolento por causa do efeito do remédio.





*Algumas horas depois...*



Duo estava na cozinha, fazendo um prato especial para o almoço e cantarolava alegremente enquanto cozinhava. Estava tão entretido que não percebeu um vulto se aproximando por trás calmamente, quando sentiu uma mão tocar o seu ombro ele levou um susto tão grande que acabou cortando o dedo com a faca que estava usando. E só se ouviu um grito: Aaaiiiiiiiiiii!!!!



Duo: - Então era você! Cara, mas que susto você me deu, achei que ia morrer do coração!

Heero: - Me desculpe, por minha culpa está ferido, deixe-me ver o corte.

Duo: - Não precisa, isto não é nada!

Heero: - Mas, está sangrando muito! Fica quieto aí que eu vou buscar a caixa de primeiros socorros para fazer o curativo. Duo olhou incrédulo para Heero, "No normal ele nem ligaria para um simples corte" (não estava conseguindo entendendo esta súbita preocupação de Heero para com ele). Logo ele vê Heero voltando para limpar o corte e fazer o curativo delicadamente.

Duo: - Você já está melhor? - perguntou estranhando o comportamento do outro.

Heero: - Sim, graças aos seus cuidados. - "Acho que ele não melhorou ainda, no normal ele estaria ranzinza e não me trataria assim" (pensou Duo).

Duo: - Faz muito tempo que está acordado?

Heero: - Não, logo que acordei eu desci e vim direto para a cozinha. - Falou terminando de fazer o curativo.

Duo: - Obrigado! - E sorriu de forma encantadora que fez com que Heero avermelhasse levemente nas faces. Porém, Duo percebeu, ainda mais porque Heero parecia não querer largar a sua mão, sem jeito Duo resolveu intervir.

Duo: - Oooo! Heero! Se não for pedir demais poderia, por favor, largar a minha mão? - Heero enrusbeceu violentamente e largou rapidamente sem saber o que dizer ou fazer.

Heero: - Me Desculpe, eu não tinha percebido não foi minha intenção. - Duo achou divertido quando o outro reagiu sem graça que acabou esquecendo do almoço.

Heero: - Ei! Tem algo queimando.

Duo: - Ai! Que droga! Eu me esqueci completamente do almoço! - Olhou para a panela e poderia se dizer que não haveria almoço. Estava totalmente queimado.

Duo: - E agora? Não dá mais tempo de preparar outra coisa. - Falou desanimado.

Heero: - Se o problema é este, por que não vamos almoçar fora?

Duo: - É que eu estava tão animado para fazer um almoço legal.

Heero: - É, mas agora o melhor que temos a fazer é comer fora. Além do mais a culpa foi toda minha, então para compensar deixa que eu pago.

Duo: - De jeito nenhum, você fez o curativo em mim, então estamos quites.

Heero: - Claro que não. Você cuidou de mim hoje cedo, então estou em dívida com você. Se você não quiser ir eu não vou te obrigar.

Duo: - Tá bom eu vou! De vez em quando faz bem. - Heero abriu um discreto sorriso de satisfação. Ambos foram trocar de roupa para ir ao restaurante.



*Chegando no restaurante...*



Duo: - Tem certeza de que é aqui?

Heero: - Claro, por quê?

Duo: - É que este restaurante é muito caro!

Heero: - Não tem problema, eu disse que eu vou pagar.

Duo: - Você vem sempre aqui?

Heero: - Sim.

Duo: - Pelo visto você tem um paladar bem refinado, muito diferente do meu.

Heero: - Se você não quer comer aqui, podemos ir para outro lugar. Tem alguma sugestão? - Duo estava bobo, não estava acreditando, que aquele era Heero, estava muito gentil pro seu gosto, normalmente ele não convidaria para almoçar e ainda por cima pagar tudo. Pensou até em se beliscar para ver se não estava sonhando, mas desistiu da idéia, mesmo que isto fosse um sonho não queria acordar jamais (além disso, o beliscão iria doer pacas, ai! que comentário óbvio... Podem bater em mim).

Duo: - Bem, já que perguntou tem um lugar em especial que eu gostaria de ir sim. Só não sei se você vai concordar.

Heero: - Pode escolher o lugar que você quiser.

Duo: - Então eu quero ir à pizzaria. - Heero franziu a sombrancelha.

Heero:- Ah, não! Duo faça me o favor de escolher uma comida mais saudável!

Duo:- Mas você disse que eu poderia escolher... - disse fazendo bico

Heero: - Disse muito bem! PODERIA! Agora não vai poder mais!

Duo: - Ah! Por favor! - fazendo uma carinha chorosa. Heero não agüentou e acabou cedendo.

Heero: - Tudo bem! Vamos a pizzaria.

Duo: - Uêba! Muito obrigado!



* Na pizzaria*



Quando chegaram, Duo não perdeu tempo saiu puxando Heero pelo braço, que ficou constrangido, e foi logo fazendo o pedido.

Duo: - Garçom, eu vou querer uma pizza GRANDE, metade de quatro queijos e a outra metade de calabresa. E também, vou querer um suco de laranja e de sobremesa... - Não pôde terminar, pois foi interrompido por Heero.

Heero: - Peraí, Duo! Vai com calma senão você vai ter indigestão!

Duo: - Mas a pizza é para nós dois!

Heero: - Pra que sobremesa?

Duo: - Tá bom! Sem sobremesa. - fazendo biquinho

Heero: - Mais tarde, depois de comermos vamos passear e eu te pago um sorvete, está bem assim?

Um sorriso iluminou o rosto de Duo que quase não se conteve e ia abraçando Heero. Este por sua vez deu um sorriso discreto da qual Duo parece não ter percebido.



*Meia hora depois*



Duo: - Até que enfim, a pizza veio! Se demorasse mais um pouco eu acho que o meu estômago colaria nas minhas costas! Duo pegou um pedaço enorme de pizza e começou a devorá-lo sem cerimônia. Heero ficou um pouquinho assustado com o apetite e a falta de educação do americano. Foi então que percebeu que tinha molho até na ponta do nariz dele e instintivamente levou o dedo indicador até ele e retirou o molho lambendo-o Duo o olhou espantado. Quando Heero se deu conta corou violentamente e para disfarçar resolveu se servir de um pedaço de pizza. A refeição depois disso transcorreu silenciosamente nenhum dos dois se atrevia a falar algo.