COISAS DE NAMORADOS

CAPÍTULO 8


O dia estava perfeito: um dos poucos dias em que o outono japonês podia oferecer. A escola pública estava fechada por causa de um acidente provocado por um erro de engenharia e, por isso, no teria aula pelos próximos sete dias. No entanto, a escola estava aberta para que os estudantes pudessem usufruir a quadra de esportes, da biblioteca, ou tirar as dúvidas com professores que eram pagos a mais para apenas tirar dúvidas de alunos. Tudo isso era por conta do governo japonês (N.A.: Claro que não podia ser aqui, né?). Neste colégio estudavam o grupo de amigos do casal Arima e Miyazawa, e neste dia, todos aproveitaram as "férias" para ensaiar para o projeto da semana cultural: uma peça sobre o Tanabata.

NA QUADRA DE BASQUETE VELHA (EX-ESCONDERIJO DE ARIMA SOUICHIROU)

-NÃO, NÃO, NÃO E NÃO!!!!!-Aya já estava rouca de tanto gritar. O grupo estava ensaiando, pela primeira vez, o primeiro ato e Aya era a diretora. A cena que ela já pedira para repetir mais de 5 vezes era uma em que Toonami e Sakura deveriam se tratar como marido e mulher, e os dois não queriam de jeito algum se chamar por querido. Quando conseguiam um diálogo onde saia um "querido" ou "minha adorada esposa", a cena seguinte passava a ser uma baixaria digna daqueles programas televisivos da tarde.

-Se esse baka continuar me chamando de "empregada", vou fazer com que ele coma aquelas boas de basquete!

-Se essa doida continuar me chamando de "inútil", vou fazer com que ela estude pelo resto do ano letivo!

-Kono!

-Baka!

-Cdf!

-Vara de pescar!

-Trocador de lâmpadas!

-Pintora de rodapé!

-CHEEEEEGAAAA!!!!!- Aya estava no auge da fúria, com os olhos vermelhos e a pele estava com uma tonalidade meio roxa: parecia uma bomba quase para explodir. Ao gritar, as pessoas em volta ficaram com medo e saíram de perto.- ISSO- NÃO – ESTÁ – NO – ROTEIRO!!!! ESSA BAIXARIA NÃO ESTÁ NO MEU ROTEIRO!!!!!!

-Foi ela quem começou, Sawada!!- Toonami estava igualmente irado, principalmente porque percebeu em que nível desceu ao chamar uma garota como Sakura por adjetivos tão carinhosos como "vara de pescar".

-EU COMECEI?!? Eu não te chamei de "cozinheira de youkai!"

-Eu também não me lembro de ter chamado de "coadjuvante do "Ringu"!

-PAREM COM ISSO!- Agora quem se aborreceu foi Miyazawa. Ela estava há quase uma hora esperando para ensaiar, mas a briga dos dois já tinha feito com que ela terminasse de ler um mangá (de quase 400 páginas) esperando que os dois se acertassem.- Dava para vocês terem essa conversar tão interessante mais tarde? Estamos querendo ensaiar também! Acham que temos a manhã toda pra esperar vocês se beijar...Ops!- Miyazawa já tinha levado as mãos a boca tarde demais. Toonami e Sakura trocaram olhares e abriram os scripts para procurar a tal cena do beijo.

-Tem uma cena de beijo aqui, Sakura?

-Esqueçam o que eu disse, esqueçam... - Miyazawa deu um sorriso sem graça.

-Eu não vi cena alguma de beijo, Toonami!

-E daí se tiverem alguma cena desse tipo?- perguntou Aya.

-Eu não vou beijar essa coisa, Aya!

-Nem se atreva a me mandar encostar a língua na dele, Aya, ou nunca mais irei te defender do professor de Educação Física!

-As ameaças de vocês surtem efeito algum sobre mim.- falou Aya com tanta firmeza que fez com que os dois desistissem de ameaçar: parecia que Aya não se intimidava com ameaça de qualquer tipo.- Vocês a farão porque eu mando aqui!!! E ai de quem não quiser fazer o que eu mando!

Miyazawa ia abrir a boca para reclamar, mas um olhar fulminante de Aya fez com que se calasse e se escondesse atrás de Maho, que estava dormindo na cadeira ao lado da amiga.

-O que? O que foi? Eles já se beijaram?- perguntou a amiga acordando ao sentir alguém toca-la, no caso, Miyazawa.

-Uma pergunta, Aya...- Toonami perguntou com delicadeza para não receber o mesmo olhar da escritora.

-Nani?- perguntou a garota um pouco desconfiada, mas já pronta para atacar com alguma resposta mortal. Mesmo assim, o jeito com que ela perguntou fez com que Toonami ficasse com medo e se escondesse atrás de Sakura.

-Você viu o olhar dela?- sussurrou.

-Baka, não a aborreça!- Sakura respondeu.- Pergunte logo!

-Ah...A-A-A ce-ce-na do-do bei...beijo não está aqui no script...- falou com um óbvio medo na voz, mostrando o script. A diretora pegou o roteiro e procurou pela tal cena.

-É verdade... não está aqui! Mas não se preocupe, a cena é rápida: Vocês estão dormindo no futon – ela aponta para uma toalha no chão que substituía um futon de verdade.- Daí você acorda, Toonami, e dá um beijo de bom dia na sua esposa. – os dois ficam de olhos arregalados – Daí você retribui o beijo, Sakura, e o abraçava também. Eu estava imaginando uma cena mais quente, mais fica meio impróprio isso quando é de manhã muito cedo... se fosse à noite, eu até aceitaria, mas... mmmm!!- Miyazawa tapa a boca da escritora.

-Chega, Aya-chan... a Tsubasa-chan tá aqui... - Miyazawa falou, desconcertada.

-Será que eles podem continuar? – Arima falou pela primeira vez aquela manhã. Estava com os olhos pregados em uma revista científica e parecia que não tinha dormido bem, pois estava com olheiras enormes. Todos sabiam o motivo (só Miyazawa fingia não saber), afinal, a última briga parecia ser mais séria que a primeira.- Estamos cansados.

-Certo! O Arima tem razão! Vamos trabalhar!- Aya apontou para o casal- Se deitem no futon!

Os dois ficaram amarelos.

-Acho que está muito desconfortável para um futon... eu tenho um problema na coluna que... TÁ, TÁ, TÁ!!! N"S JÁ ESTAMOS INDO!- Aya estava forçando os dois a se deitarem na toalha.

"Kami... o que irei fazer? É meu beijo com... Toonami!"- Sakura estava com o coração acelerado. Eles já estavam deitados, com os rostos corados. Toonami já fingia dormir, mas suava por causa do nervosismo.

"Eu... eu vou beijar Sakura... de novo!"

-PREPARAR... AÇÃO!- falou Aya através de um mega-fone tirado de não-sei-onde.

Música instrumental:Inuyasha OST 1 track 20: "Bojou – longing"

Asaba, escondido em algum canto, deu sinal de existência ao deixar a música suave invadir o ambiente. Sakura gelou ao ver Toonami se apoiando nos cotovelos e olhando para ela. A garota ainda fingia dormir e Toonami fingia que não estava nervoso. Enquanto isso, a platéia fazia sinal de sorte para o casal: todos prestavam atenção aos detalhes e não queriam que nada nem ninguém atrapalhasse o tão esperado beijo entre os dois. Os únicos que não viam era Asaba – sabe-se lá se via ou não, mas ninguém queria saber naquele momento – e Tsubasa, que tinha a vista tapada por Maho.

Toonami aproximou os lábios e Sakura estava com um olho meio aberto. Fechou de novo ao ver a boca de Toonami se aproximando...

"Kami..."-Sakura já estava mais branca que o papel do script.

"Céus... será que ela vai gostar? Só não queria que fosse na frente de todos..."

Quando todos estavam concentrados no momento, algo atrapalha: a música, de suave, vira algo mais agitado: em vez de "Bojou", o que tocava agora era "Falling for the first time".

-ASABA!!!!!!!!!!!!!! –Todos gritam com raiva.

-GOMEN!!!! GOMEN NASAI!!!! EU NÃO VI QUE A MÚSICA S" TINHA DOIS MINUTOS!!

Tarde demais: Sakura e Toonami já tinham se levantado e fingiam limpar a boca, dando sinais que a cena já tinha sido feita.

-Qual a próxima cena, Aya?- perguntou Toonami.

-Oi, e o beijo?- perguntou a diretora.

-Ué... já foi!- falou Sakura com tanta segurança que nem parecia mentira.- Vocês não viram?

-Não!!!! Eu quero ver!- falou Aya. Ela olhou com raiva para Asaba, que parecia contente com alguma coisa que Aya não conseguia descobrir o que era. "Ai tem coisa..."

-Sinto muito, mas não temos culpa se não prestou atenção. Temos tocar a peça pra frente: vamos, vamos, próximo ato! – falou Toonami.

-Mas eu quero ver...

-Agora fiquei magoado de saber que não prestou atenção! Nos esforçamos muito pra nada! Você me decepcionou, Aya-sama.- Toonami fingiu estar magoado com a amiga.

-Espera, Toonami... er... então vamos repetir a cena depois, tá? – ela parecia um pouco culpada por não ter prestado atenção e os dois ficaram felizes por isso. Só que Toonami ficou um pouco intrigado com Asaba. Olhou para o amigo, que ainda sorria sem graça por causa da interrupção. "Será que ele fez de propósito?"

-Bem, bem... o próximo ato é a... Ah, vamos fazer outra coisa... Miyazawa. Agora você vai encontrar o camponês! Já sabe como é a cena: você é atacada por bandidos e o nosso camponês – lutador- de – kendô a salva desses bandidos cruéis.

-Quem serão os bandidos?- perguntou a garota com interesse.

-Olhe pra trás.. hehe!

Miyazawa olhou para onde Aya indicou e teve vontade de rir: Maho, Rika e Tsubasa vestiam roupas vermelhas e cobriam os rostos com capuzes (N.A: lembrem do pessoal das rebeliões de Bangu II e vocês terão a idéia de como era o tal capuz.), e pareciam querer mostrar que eram muito más.

-Háháháhá!!!!!!- Miyazawa não agüentou o riso e segurou a mão na barriga.- Ai, minha barriga!!!!

-Pare de rir, Yukino, e vamos logo com isso!- Aya falou com voz autoritária, mas também tentava conter o riso.-VAMOS LÁ... ACTION!!- falou com o mega-fone.

Música instrumental:Inuyasha OST 1 track 6: "Demon Sesshoumaru"

Miyazawa começa a andar olhando para os lados. Parecia querer se mostrar mais perdida que a defesa de um time de várzea, o que estava mostrando com perfeição. De repente, três pessoas encapuzadas aparecem e a cercam.

-RÁRÁRÁ! Mocinhas não devem andar nesta floresta a esta hora!- falou Maho, o bandido 1, com a voz grossa.

-Hwahwahwa! Passe-nos seus pertences, mulher!- Quem falou desta vez foi Tsubasa, falando numa voz quase grossa, mas parecendo um gato sendo esganado.

Miyazawa contou a até 100 para não rir.

-O... o que querem comigo? Eu não tenho dinheiro algum!

-Pelas suas roupas, não parece ser pobre! Se diz que não tem dinheiro, nos passe as roupas por mal, ou por mal!- Rika foi quem imitou a voz masculina desta vez, embora a voa ficasse mais feminina do que masculina, o que dava ao bandido número 3 (ela) um ar bem gay.

-Eu já disse que não tenho dinheiro!- DAME!!! YAMETTE!!!!!

-Rárárá!!!!! Ninguém vai te salvar, mocinha!!!!!

-TASUKETE!!!!!!!!

Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 37: "Dai hangeki – Big Counterattack"

-O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO? – gritou alguém. Os bandidos se viraram e encontraram Arima armado com um pedaço de madeira que substituía a espada de verdade.

-O que quer, garoto? Também quer a menina? Podemos fazer um trato- falou o bandido 1 – Você fica com ela depois que nós terminarmos o serviço.

-VOCÊS NÃO TOCARÃO NELA!!! – Arima desembainhou a "espada" e começou a "lutar" com os adversários. Tocou de leve em Tsubasa, que caiu logo, se fingindo de morta. Rika também teve o mesmo "destino" que o bandido 2, mas o bandido 1 parecia ser mais forte com os demais. Com certeza a luta seria mais "sangrenta". Enquanto isso, a princesa estava super-ultra-hiper-mega "apavorada" por causa do "ataque" e fazia uma força enorme para não cair na risada ao ver a cara de morte de Tsubasa e Rika.

-Parece que só sobrou você.- disse o camponês.

-Pois é... elas.. quer dizer, eles eram uns inúteis. Mas eu sou mais forte!- o bandido 1 desembainhou outra "espada" e se posicionou para atacar. – Você não terá a mesma chance! Háháhá!!!!!

Ocorre um momento de silêncio, e Arima termina por não encenar a própria fala.

-Arima, o que houve?- perguntou Maho.

-É que você tá segurando a katana de modo errado...

Uma gota surgiu no rosto de todos.

-Arima, você tá atrasando a peça!!!!!

-Eu sei, mas você.. segurando desse jeito... - ele falou, um pouco irritado.

-Vamos logo!!!!!

-Voltando até a última fala de Maho... UM, DOIS... ACTION!!!!!- o mega-fone de Aya já estava dando nos nervos de alguns dos presentes.

-Você não terá a mesma chance!!!!!- o bandido 1 falou para o camponês.

Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 28: "Shuugeki- Attack"

-É o que você pensa, Maho, quer dizer, seu bandido!

A "luta" recomeça e desta vez Maho é "desarmada": Arima consegue tirar a "espada" do bandido 1 e o pedaço de madeira voz longe. Para a surpresa e azar de todos, atinge uma das lâmpadas fluorescentes do ginásio, justo a que estava na direção de Miyazawa.

-AI!!!!!- Miyazawa gritou, tentando se proteger dos cacos de vidro. Arima correu imediatamente em direção da garrota. No mesmo instante, a caixa que prendia a lâmpada no teto não agüenta o choque que levou e se desprende do teto, com Miyazawa ainda na mesma direção. A garota olha para o objeto que está caindo, mas não foge por estar com medo. O joelho treme e ela nem escuta os amigos gritando para sair dali e Arima a chamando também.

-MIYAZAWA!!!!!!- ele conseguiu chegar antes do objeto e pegou Miyazawa pelo colo, não deixando que o objeto a atingisse.

A garota estava com o coração batendo a mil. Abriu os olhos e deu de cara com Arima a olhando preocupado.

-Você está bem?

Ela nunca tinha visto Arima tão preocupado quando ele estava, pôde ver com aquele olhar.

-Eu... só me arranhei- ela estava com os braços riscados por causa dos pequenos cacos, mas nada mais grave. Arima não a colocou de volta ao solo e continuava carregando a garota.

-Miyazawa!!! Você está legal?????- os amigos chegaram mais perto do casal e olharam para os braços da amiga.

-Yukino, você tá machucada!- falou Maho.

-São só alguns arranhões... – A menina queria descer, mas Arima não permitiu, o que fez com que Miyazawa se aborrecesse.

-Dá pra largar ou tá difícil?- perguntou rudemente.

-Iie, você precisa cuidar desses ferimentos.

-Ele tem razão, Miyazawa...- falou Asaba.- Vamos levá-la de carro para sua casa, tá?

-Esse "vamos" significa que Toonami é quem vai ceder o carro, né?- perguntou Miyazawa com ironia. Olhou para Toonami e este já estava com o celular na mão, dando ordens ao motorista para que viesse busca-lo.

-Hai.- finalmente ele falou, olhando para a garota. – Ele vem nos buscar e vamos pra sua casa cuidar dessas feridas.

-Você vai comigo?- perguntou com interesse.

-Eu vou- falou Arima com seriedade- Só vou embora quando você estiver bem e em casa!

-Não estou pedindo isso!

-E eu não estou pedindo autorização! Eu não vou mudar de idéia!

Miyazawa suspirou, enquanto que os outros sorriam.

-Bem, vamos... Só Miyazawa, Arima e Toonami irão. Preciso de algumas pessoas aqui comigo.

-Então vamos andando, pessoal. Até chegarmos ao portão, o motorista já chegou.

-Tchau pra vocês! Depois vamos procurar saber o que houve, tá?

-Hai!!!!- os três foram embora e o restante se sentou onde podia: no chão ou na cadeira (de Aya, onde se podia ler claramente "DIRECTOR").

-Nossa... que coisa!- falou Asaba.

-Pois é... - Rika comentou.

-Estou preocupada... - Aya falou.

-Por que, Aya-chan? Não gostou da peça? - Asaba perguntou.

-O festival está próximo... só temos esta semana para ensaiar.

-É verdade...- comentou Maho.- O festival cultural e o Tanabata já são esta semana, né?

-Sim- falou Rika.

-Teremos que ensaiar muito... - Aya falou.

-Vamos deixar pra amanhã, Aya-chan? Estamos cansados... - Sakura implorou.

-Sim... não tem outro jeito, né, Sakura?

O grupo começou a se arrumar para sair do ginásio, mas fizeram questão de esconder a lâmpada quebrada (o que restou dela) para que não tivessem que pagar pelo prejuízo.Depois se dividiram em grupos: Maho acompanharia Tsubasa até a mansão dos Shibahime, enquanto que Aya e Rika seguiriam para o condomínio onde moravam. Asaba ficou ao de levar Sakura até a casa, o que fez com que Aya olhasse com curiosidade para aquele casal.

"Ah... entendi."


-MINHA FILHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!- o pai de Miyazawa parecia o homem mais arrasado do planeta. – O QUE ESSES MONSTROS FIZERAM COM VOCÊ?!?!?

-Pai, isso foi uma lâmpada...¬¬

-MAS ELES NEM TE PROTEGERAM!!!!!!!!!

Nesse momento, entra em cena o personagem mais lindo, amado e desejado do mundo dos quadrinhos e mangás: Pero-pero entra trazendo algumas roupas na boca.

-Obrigado, Pero-pero. – Arima pegou a roupa e estendeu a Miyazawa, que pegou sem olhar para o rapaz. Ele entendeu o "recado" e puxou a manga da camisa de Toonami, aproximando-o para perto de si e sussurrando:

-É melhor irmos... ela já está bem...

-Pai... foi um acidente...

-Outro?!?? Mas esse colégio está muito...

-Pai, vou deitar, tá? Agora... Tchau pra vocês...

Os dois se olharam e fizeram uma reverência aos pais da garota. A mãe estava próxima de Miyazawa, cuidando dos arranhões, e Kano e Tsukino estavam perto de Arima. Ao terminarem a reverência, Toonami e Arima, este tocando carinhosamente na cabeça das duas irmãs, se viraram para elas:

-Tchau.- falaram eles.

-Tchau, Arima nii-chan!- elas responderam.

Os dois saíram da casa e entraram no carro. Toonami pediu para que o motorista deixasse Arima em casa e pediu ao motorista que fizesse uma rota alternativa e deixasse Arima em casa através de outra rua. A tal rua era a mesma em que Sakura morava e Arima nem percebeu qual era o real motivo do amigo: ver se a garota já estava em casa.

Arima e Toonami conversavam sobre diversas coisas, até que se fez um silêncio no carro. O prédio de Sakura já estava próximo e Toonami estava mais prestando nos prédios que na outra pessoa que estava no carro. Ao perceber qual era o prédio onde ela morava, e que já estava praticamente em frente, o rapaz sorriu. Mas logo em seguida o sorriso morreu: viu algo que nunca, nunca queria ver.

-O... o que ELE está fazendo aqui?

-Are?- perguntou Arima confuso.

-O que Asaba faz aqui?

-Hein?! Do que você está falando?

-Pare o carro aqui um instante- falou Toonami ao motorista. O carro parou um pouco distante do prédio, mas ainda era possível ver duas figuras em frente dele conversando. Arima forçou a vista e distinguiu Asaba e Sakura conversando.

-Acho que ele veio deixa-la aqui, Toonami...

-Por que justo ELE?

-Eu não estou entendendo, Toonami... Por que ele não pode?

Toonami olhou o amigo com raiva. Será que ninguém entenderia o que ele estava sentindo agora? Olhou mais uma vez para o casal e depois olhou um pouco mais calmo para Arima:

-É... realmente não tem nada... Nada de mais...

-Sério?- Arima perguntou, olhando-o curioso.

-Alguma coisa errada?- Toonami já estava se irritando com aquele olhar de curiosidade.

-Do jeito com que você ficou, parecia que estava com ciúmes dela.- Arima falou, sem demonstrar muita emoção. Ao escutar aquilo, Toonami abriu os olhos, como se tivesse feito a maior descoberta de todos os tempos. Estava com o olhar arregalado e o rosto pálido.

-Toonami? O que foi? Está se sentindo bem?

Depois de alguns segundos, Toonami parecia ter voltado ao normal, pois sorriu e falou com a voz mais calma.

-Estou bem... já vamos deixa-lo em casa.

-Tem certeza de que está bem?

-Sim...- Ele sorriu e fechou os olhos.- Vamos logo porque o dia de hoje foi cansativo.- Falou ao motorista- Vamos agora, certo?

Arima concordou com um aceno."Ele deve estar só cansado, afinal..."

-É verdade... e amanhã vamos continuar com a peça e começar a fazer os preparativos, né? Será que Miyazawa já arrumou quase tudo? Acho que não porque ela deve ter tido dificuldade em achar alguma coisa, aí poderíamos ajudá-la, sabe como é...- Arima continuou falando e Toonami fingia prestar atenção.

Depois de quase uma hora, Toonami chegou em casa e se arrumou para jantar. Os pais do rapaz ficaram preocupados com o rosto pálido, mas ele explicou que o dia foi cansativo e o que tinha acontecido a Miyazawa, uma amiga dele que os pais já conheciam e que era namorada de um membro da família Arima.

-Ela está bem, filho?- perguntou a mãe, já pegando o telefone para ligar- Qual o número deles? Quero falar com ela.

Toonami falou o número que já tinha gravado na memória e resolveu sentar para comer. Os pais estavam agora conversando com os Miyazawa e "tesouravam" sobre várias coisas. Os pais demoraram tanto, que acabou de jantar e subiu para o quarto, com a desculpa de que precisava estudar o roteiro.

-Boa noite, querido.- falou a mãe.

-Filho, até amanhã.- o pai falou com um sorriso.

-Boa noite pra vocês...

Entrou no quarto e se jogou na cama. Não queria estudar nem nada, só ficar deitado, pensando no que descobriu.

Sakura sorrindo.

Sakura ajudando os outros.

Sakura deitada para a cena do beijo.

De todas as garotas daquele colégio, ele tinha que gostar justamente dela? Da garota que, na infância dele, o tratava como escravo para fazer favores? Daquela que um dia jurou se vingar de todas as brincadeiras de mau gosto que cometeu contra ele?

"Por que... por que as coisas têm que ser assim?", pensou ele, com um sorriso triste.

Fechou os olhos e, a muito custo, conseguiu adormecer.


Na casa de Aya, a "confusão" era outra. Livros jogados, canetas espalhadas, papéis, muitos papéis e as cópias dos roteiros estavam por toda parte. A escritora conseguiu perceber o triângulo amoroso antes que os próprios participantes se dessem conta.

-Sinto muito, Asaba, my friend, mas aqui você não vai entrar.- Dizia ela pra si enquanto mudava algumas partes do roteiro. Logo depois, a impressora estava trabalhando a toda.