CAPÍTULO 12
Com as cortinas abaixadas, o público não percebeu a confusão que reinava nos bastidores.
-ASABA, VOCÊ VAI SE MACHUCAR! – gritou Maho ao amigo. O rapaz tentava subir em uma das escadas para alcançar o teto do palco, onde estava um guincho de água atrapalhando a entrada de Sakura e Toonami, além dos cenários que precisavam ser mudados.
-Sakura, Toonami-kun, vão logo lá pro palco – Aya ordenou.
-Mas não era vez da Miyazawa e do Toonami? – Sakura perguntou com a voz trêmula, lembrando-se de uma certa cena que teria que fazer com o rapaz.
Aya empurrou os dois para o meio do palco, resmungando um monte de palavrões incompreensíveis. O casal ficou parado lá, percebendo que tinha parado de "chover".
-Tudo bem aí, Asappi? – Sakura perguntou, olhando para cima. Asaba pendurado na armação, ficando assim numa posição um tanto desconfortável.
-Façam logo essa cena, ou vai chover de novo!
-Mas...
-Pessoal... – Maho falou – Action!
Novamente, as cortinas subiram e a peça recomeçou.
Assim que chegou ao castelo, a princesa Hana foi trancafiada em seu quarto e seu pai começou a discutir com a esposa, que não concordava com a atitude do seu senhor.
-Achas, então – Toonami começou, fazendo o possível para não olhar para a platéia para não ter uma crise nervosa –, que estou agindo errado? Nossa filha está com um amante, um amante! Ela traiu o próprio marido que arranjei-lhe!
-Não achas que dizes asneiras? Hana é uma criança, nem ao menos sabe quem é o marido! Deverias ter consideração por ela, o que fazes é totalmente errado!
-Basta! Que direito tens tu de me dizer o que faço de certo ou faço de errado?
A "rainha" Sakura deu as costas ao "marido" e preparou-se para sair da sala, andando orgulhosamente em direção da saída, parando segundos antes e falando de costas para ele:
-Tenho eu direito desde que estamos falando de minha filha! Eu prezo pela felicidade dela e devo dizer que tudo o que dizes tu é que são asneiras! Enquanto estiveres contra ela, saibas que ela terá alguém que a defenda, a própria mãe a defenderá. – começou a andar, mas parou ao escutar a voz do marido.
-E você nem ao menos se importa com a felicidade dela? Ela está apaixonada, pelos deuses!, apaixonada por um camponês! Não consideras isso absurdo?
Sakura se virava totalmente para ele e enfrentava-o com um olhar furioso:
-Então já esqueceste a origem de vossa esposa?
-Não mistures as coisas...
-Claro que deves lembrar! Eu me lembro bem, afinal, eu não me esqueço totalmente de minha origem! Saiba, meu senhor, que eu não me arrependo de ter fugido de meu feudo para viver ao vosso lado, de ter fugido da guerra para viver ao vosso lado, de ter criado uma família ao vosso lado. Mas deves saber que eu apoiarei a minha filha em todas as decisões que ela tomar, porque eu nunca recebi o apoio da minha família, eu a abandonei por sua causa e...
-Arrependes então de ter feito isso?
Sakura lançou-lhe um olhar furioso. Aproximou-se aos poucos dele enquanto falava:
-Algum dia eu já disse isso a vós? Algum dia disse eu a vós isso?
O "rei" Toonami recuou alguns passos ante a atitude furiosa da rainha. A platéia estava tão envolvida na discussão que se podia ouvir a respiração de Asaba no telhado, de tão atentos que estavam às ações dos atores.
No palco, a correria era outra: Maho estava quase louca trocando os cds da trilha sonora e Aya quase não resistia à vontade de roer as próprias unhas, ansiosa pela cena do beijo entre Toonami e Sakura. Em cima do palco, Asaba já estava perdendo as forças em se manter seguro e não cair no chão e atrapalhar a cena. Rika percebeu isso e chamou a atenção de Maho:
-Maho-chan, Asaba não vai agüentar muito tempo!
A amiga lançou um olhar preocupado ao rapaz, percebendo que ele suava para se manter seguro na armação. Fez sinal para ele para que esperasse mais um pouco e este quase se desequilíbrio ao fazer um movimento indicando "sim".
Asaba deu um suspiro e começou observava a cena. Sakura realmente atuava muito bem, formava um bonito casal de palco com Toonami. Sentiu uma imensa vontade de assistir à peça no meio da platéia, onde poderia ver melhor o rosto de Sakura.
Estava nesses pensamentos quando sentiu algo passando pelas mãos enquanto olhava para baixo. Olhou para elas, vendo que um gato passava por entre seus dedos. Um gato tão asqueroso que Asaba sentia nojo só em olhá-lo.
-Sai, sai... – ele murmurou.
O gato pareceu não gostar muito do rapaz, e Asaba menos ainda. O bicho ficou parado nas mãos dele e começou a lamber os dedos dele, deixando Asaba ainda mais enojado e querendo entrar no primeiro banheiro que estivesse aberto para lavar as mãos.
-Não estou agüentando... – ele murmurou.
Rika, que não deixava de observar o rapaz, ficou ainda mais preocupada.
-Ele está sem forças! Vai acabar caindo! – ela falou à Aya e Maho. Maho começou a torcer as mãos num sinal de nervosismo. Aya estava mais preocupada com o beijo do casal no palco e nem prestou atenção ao que a melhor amiga falou. Maho fez ao rapaz um gesto para indicar que agüentasse mais um pouco, apenas um pouco mais até que pudesse descer, ao que o rapaz fez um movimento de "sim" com a cabeça, embora quase não pudesse mexê-la direito.
{Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 31: "Aika – Elegy (or Sad song)
-Nunca realmente o disseste, entretanto, pelo jeito que falas... – o "rei" começou, avançando um passo para manter a altivez – parece-me que se arrependes disso!
-Nunca ocorreu-me tais pensamentos meu senhor... – Sakura deu um passo em direção ao rapaz – Embora eu ame o meu senhor - Toonami corou ao escutar aqui e sentiu o coração bater rápido, não se importando em saber que aquilo era apenas uma peça - Eu vou defender minha filha, porque ela é meu fruto com meu amado esposo – ela se aproximou de Toonami e enlaçou o pescoço dele com os braços – Eu só peço que meu esposo a faça feliz: deixe-a tomar a decisão que quiser, mas antes, converse com ela pra saber o que Hana realmente deseja.
-Maho-chan! Aquilo ali é um gato? – Rika perguntou à amiga quando viu algo meio encardido se mover perto de Asaba.
-Ecaaa – Mago fez uma careta – Eu acho que ele vai...
-Fazer sujeira perto do Asappi! – Rika completou, correndo até as cortinas para e fazendo menção de baixá-las – Maho-chan, faça sinal para Asappi para que ele desça!
-Hai! – ela começou a mover os braços freneticamente, chamando atenção do rapaz. Aya não desgrudava os olhos da encenação de Toonami e Sakura, ambos ainda nas falas e na ação que ocorreria em poucos segundos.
Asaba viu o sinal e fez menção de cair, ao mesmo tempo em que retirava um dos braços da armação para que o gato não fizesse sujeira nele.
"Rápido, Sakura-chan, Toonami! ", pensava o rapaz, suando para agüentar mais alguns segundos.
-... eu desejo que ela seja feliz tanto quanto sou a seu lado... – Sakura continuou o diálogo, aproximando os lábios dos de Toonami. O rapaz arregalou os olhos segundos antes dela enlaçar o pescoço, mas depois da fala dela, os fechou para aproveitar aquele momento.
Nos bastidores, Aya estava quase para ter um colapso nervoso por perceber que seu plano tinha, em parte, dado certo.
Em milésimos de segundos antes dos lábios se tocarem, as cortinas se fecharam e Asaba caiu ao lado do casal. Toonami e Sakura se afastaram rapidamente, esquecendo-se completamente do que faziam e socorrendo o rapaz, que estava um pouco machucado.
-Go-gomen ne...- Asaba murmurou.
-Cara, você tá legal? – Toonami perguntou, ajudando-o a se levantar.
-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!! – gritava Aya, tendo uma crise nervosa nos bastidores – Eu queria ver o beijo!!!!! MALDITOOOOS!!!!
Assim que Asaba foi levado para os bastidores, Miyazawa tinha acabado de se arrumar. Tinha enxugado os cabelos e trocado de roupa, não prestando atenção ao que tinha acontecido ao amigo por estar mais preocupada com outra coisa.
Pensando em Arima.
"Arima... Arima não mentiu em nenhum momento pra mim..."
Lançou um olhar ao rapaz, que naquele momento ajudava o amigo Asaba a cuidar de um machucado no braço.
"Por que me sinto tão culpada...?"
-Miyazawa, Arima-kun, é a vez de vocês dois em ação! – Maho avisou, fazendo Yukino despertar de seus pensamentos.
-Ah... Hai... – ela se levantou e dirigiu-se ao palco, passando por Aya e não entendendo o porquê da amiga estar se contorcendo de raiva no chão dos bastidores.
-Sa kisuuuu... ("the kiss", "o beijo", numa péssima pronúncia inglesa) – a escritora murmurava, chorando em cascata.
Depois de alguns segundos, Miyazawa viu Arima aproximar-se dela e o cenário se mudado por Kazuma e Maho. Ficou parada ao lado dele, corando ao perceber que ele a encarava.
-Eu sinto muito... – ele falou, fazendo-a arquear as sobrancelhas em sinal de espanto – Eu não queria forçá-la a me beijar, mesmo sabendo que não quer mais nada comigo – Arima não percebeu Miyazawa prender a respiração por alguns segundos – Nesta cena não há beijo, então não se preocupe que eu não farei nada que não queira. – ele deu-lhe um sorriso sem graça e se preparou para começar a cena.
"Como assim...? Eu NÃO queria?", Miyazawa pensava, sentindo-se confusa.
-Vamos começar, pessoal! – escutaram Maho falar.
"Eu estou esperando por isso desde aquele dia que briguei com Arima!", ela completou, colocando uma das delicadas mãos na boca para esconder o próprio choque que sentiu com aqueles pensamentos.
-Action! – Maho falou, contendo-se para não estrangular Aya por continuar gritando o "sa kisu" no chão dos bastidores. Rika levantou as cortinas e a encenação recomeçou.
Depois da discussão dos pais, Hana recebeu a visita em seu quarto de seu próprio pai. Eles conversaram sobre a vida e ele lhe contara a respeito do que o feudo estava sofrendo. Falou-lhe que, embora tenha sido duro, aquilo tinha sido para a felicidade dela, pois jamais ficaria satisfeito em ver que a filha estaria vivendo num lugar de guerras sangrentas. Deixara-lhe tomar a decisão que quisesse, sabendo que seria sábia na escolha.
{Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 31: "Aika – Elegy (or Sad song)
Arima, como "camponês", avançara em direção a uma triste princesa Hana, sentada em uma das novas pedras que estava no palco como enfeite. Ele olhava tristemente para algumas flores que colhera – na verdade, foi Maho quem arranjou para a peça – e levantou-se ao perceber a presença do camponês ali.
-Princesa...
-Nobuhiro, eu... – ela olhara para ele, mas ao começar a falar, sentiu uma dor tão grande no coração por estar ali, falando com Arima, que virou o rosto para não encará-lo – Eu sinto muito por meu pai tê-lo tratado daquele jeito.
-Sou eu quem pede desculpas a minha princesa... Seu pai brigou por minha causa, não é justo que somente Hana-sama peça desculpas.
-Não... Está errado... – ela baixou o rosto e sentou-se na pedra – Eu sou a culpada desde o princípio porque não consegui perceber o que acontecia com meu coração... Eu apenas pensei em mim quando deveria pensar nas pessoas que dependem de mim por causa desse casamento.
-A princesa pensa então que a causa dos diversos problemas pode ser solucionada apenas por ela?
-Eu... eu não sei... – ela baixou o rosto e escondeu o olhar sob o cabelo. Intimamente, Miyazawa não queria nem ao menos encarar Arima pela vergonha que sentia no momento.
-Eu acredito... – o "camponês" se sentou no chão, próximo à pedra que Hana se sentara – Eu realmente acredito que uma pessoa não possa resolver os problemas da guerra de nosso país, muito menos achar que um casamento de mentira resolva o problema, principalmente se esse casamento não terá o mesmo amor que a princesa teria se casasse com alguém que ama...
Nos bastidores, as coisas já tinham se acalmado. Aya já tinha parado com o colapso nervoso que tivera por causa da cena do beijo; Tsubasa estava dormindo porque já tinha acabado a participação dela na peça e estava sendo carinhosamente velada pelo irmão; Asaba estava se restabelecendo e cuidando da trilha sonora; Toonami e Sakura estavam lanchando e Maho e Rika cuidavam do resto, ou seja, quase tudo.
-Miiaaauuuuu...
Ao escutarem aquilo, Rika, Maho e Asaba se assustaram.
-Cadê? – os três perguntaram juntos, olhando para os cantos a procura do tal gato.
Do nada, o gato encardido que atacara Asaba apareceu nos bastidores e estava em cima do vestido molhado que Miyazawa usara antes.
-Fora daqui, pulguento! – Asaba ordenou, pegando uma vassoura para bater no gato – Ainda estou zangado com você, cara!
-Asaba, só não o mate aqui porque odeio ver sangue, seja humano ou de gato!
-Ele tá cheirando mal... – Rika tapou o nariz com as mãos.
-Eu o acho bonitinho... – Sakura falou, subitamente. Ao escutarem aquilo, os três mandaram um olhar arregalado para ela.
-'Cê bebeu? – Maho perguntou – Toonami, ela ainda tá sonhando com o beijo, faça-a acordar.
Toonami e Sakura se olharam sem entender uma única palavra do que ela dizia. Maho deu um suspiro e continuou para Asaba.
-Tire-o daqui, o cheiro dele pode chegar até na platéia.
-Sim, senhora! – o rapaz avançou no bicho, ainda segurando a vassoura.
O gato se posicionou em posição de ataque. Asaba também fez o mesmo, parecendo ainda mais ameaçador com a vassoura. Entretanto, o gato não pareceu intimidado e ameaçou atacar o rapaz com as patas se ele desse mais um passo. Asaba deu um passo e o gato deu um pulo, assustando-o e fazendo o rapaz se esconder atrás de Maho, que deu um suspiro desanimado e não escondeu uma *gota na cabeça ao olhar para Toonami e pedir:
-Será que você poderia tirá-lo daqui?
-Como desejar, Maho... – Toonami falou, avançando em direção do gato, mas parando ao vê-lo em posição de ataque e olhando ameaçadoramente para algo atrás do rapaz. Toonami virou a cabeça e viu Tsubasa, já acordada, na mesma posição do bicho e querendo atacá-lo também.
-O que está acontecendo, afinal? – Aya perguntou de súbito, prestando atenção no que acontecia ao redor naquela hora.
A resposta àquela pergunta dela foi um ataque surpresa por parte de Tsubasa, que avançou no gato disposta a tudo. Todos os amigos se esconderam, assustados com o que estava acontecendo.
-Graaaau!!!!! – Tsubasa rosnou, correndo atrás do gato como se fosse uma gata.
Uma luta sem precedentes na história dos animes e mangás ocorreu nos bastidores daquela peça. Os amigos, mesmo assustados, tentaram acalmar Tsubasa e expulsar o gato dali, mas ninguém teve muito sucesso. Asaba resolveu apelar para uma barra de chocolate que tinha escondido para não ser confiscada por Maho, que tentara antes pegar o máximo de comida possível para estocar durante a apresentação, caso alguém ficasse com fome. O rapaz pegou o doce e mostrou-o ao gato.
-Não, Asaba! Não faça isso! – gritou Maho.
Infelizmente, o aviso tinha sido dado tarde demais. A briga entre Tsubasa e o gato tinha parado, mas agora os dois queriam avançar em Asaba para pegar a barra de chocolate que brilhava como prêmio para os olhos dos dois gatos, quer dizer, Tsubasa e o gato (o verdadeiro). Gato e humana avançaram ao mesmo tempo, deixando Asaba de olhos arregalados e paralisado, sem saber o que fazer naquela hora. Entretanto, apenas um conseguiu alcançá-lo: o gato, pois Tsubasa fora agarrada no ar por Kazuma antes que pudesse encostar os dedos no doce.
-AAAAARGHHHHHHH!!!!!!!!! – gritou Asaba, tentando se proteger do ataque do bicho encardido que tentava, atacando o braço do rapaz, fazer com que ele soltasse o chocolate para pegá-lo.
-CUIDADO! – Aya gritou, descabelando-se.
-Tá na hora de trocar a faixa da trilha sonora! – gritou Rika.
-AAAAAARGHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!! – continuou Asaba, tentando afastar o gato, não conseguindo sequer toca-lo direito por estar muito enojado e tentando proteger o nariz.
-Eu irei lá! – Maho falou, determinada. A garota estava exatamente no outro canto da sala no qual estava o aparelho de som que Asaba estava usando para trabalhar.
-NÃO, NO ROSTO, NÃO!!!! – gritou Asaba, tentando proteger o rosto das garras do gato encardido. Todos tentaram socorrê-lo, inutilmente. Ninguém conseguia arranjar coragem do fundo da alma para tocar no gato.
Maho, atravessando todos aqueles obstáculos, correu para chegar ao outro lado da sala para trocar o cd. Suou durante o caminho e a visão de quem assistia aquilo como espectador era de que a garota estava correndo em câmera lenta como se estivesse participando de alguma competição, com direito até à trilha sonora de uma famosa música de competição que de vez em quando aparece nos meios de comunicação quando se tem certo tipo de corrida.
A garota conseguiu alcançar o som e trocou rapidamente o cd. Depois disso, correu até os amigos para ajudar Asaba a desgrudar o gato da cara.
Enquanto isso...
{Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 24: "Bojou - Longing"}
-Você acha então...
-Que minha princesa deve fazer o que manda o coração, ou será tão infeliz quanto está agora.
-Mas isso seria tão egoísta, Nobuhiro!
-Minha princesa realmente pensa que fazer o que os outros mandam sem questionar vai fazer com que acabe uma guerra? Que sozinha irá conseguir apaziguar esse período turbulento em que vivemos?
Hana ficou calada. A platéia conseguia, em profundo silêncio, conseguia até mesmo ver Miyazawa tremer por causa das falas, numa atuação muito convincente.
-O que achas que devo fazer? O que me aconselhas?
-Que faças o que desejar pela primeira vez na vida.
-O que eu desejo...? – ela repetiu, vagamente.
Nobuhiro aproximou o rosto do dela e perguntou, mostrando uma expressão séria:
-O que minha princesa deseja?
Um momento de silêncio se seguiu, no qual algumas folhas de papel cor de rosa, que simbolizavam as flores de cerejeira, caíam perto deles, um "efeito especial" preparado por Maho e Rika para aquela hora.
-Eu quero... – ela começou.
A platéia prendeu a respiração para escutar a resposta.
-...fazer esse casamento.
Muitos "oh's", "ah's" e até um "Que menina burra" foram ouvidos na platéia.
Nobuhiro se levantou e deu um suspiro. Estendeu a mão para a princesa e a ajudou a levantar-se. Ficaram por um momento se encarando, até que ele decidiu falar:
-Então só faço meus votos para que Hana Hime seja feliz, mesmo que não seja a meu lado.
{Música instrumental: Inuyasha OST 1 track 32 : "Kanashimi no hate ni – End of sadness"}
-A minha princesa quer que seus desejos se realizem?
-Are? – ela perguntou, confusa.
-Eu quero muito que seus desejos se realizem, também queres, não?
-Sim... eu quero sim.
-Venha comigo, então... – ele pegou na mão dela e a conduziu até uma "árvore" que tinha no meio do palco e a parou diante dela.
-"Esta aqui é a árvore na qual faremos nossos pedidos. Não poderemos realizá-los, mas esta árvore as guardará para sempre na memória o que nós gostaríamos de ter feito."
-E como faremos nossos pedidos nela? – Hana perguntou.
Nobuhiro se abaixou e pegou uns pedaços de madeira que estavam no chão "ao acaso", de tamanho irregular, e entregou à princesa junto com uma pequena faca.
-Marque o desejo na tábua. Depois iremos pregar aqui – passou a mão na árvore de forma carinhosa – Esta aqui é a melhor árvore da região e ela irá guardar nossos pedidos para sempre.
Depois de um momento de silêncio, a princesa começou a marcar o pedido dela no pedaço de madeira, enquanto Nobuhiro fazia o mesmo. A platéia não perdia um único detalhe da ação. Depois de alguns minutos, os pedidos ficaram prontos e o casal se preparou para pregar as pequenas tábuas na árvore.
-Espero que seu desejo se realize, princesa.
-Digo o mesmo para ti. – ela respondeu numa voz rouca.
O casal pregou os pedidos com algumas fitas coloridas que a "princesa" tirou de dentro da manga do vestido que usava. Depois de fazerem isso, os dois se encararam mais uma vez.
-Acho que é aqui que termina.
Hana não respondeu. "Isso parece tão real...", pensou Miyazawa. "Parece que realmente terminamos, e eu não queria..."
-Adeus, minha princesa... – Nobuhiro falou, dando as costas e afastando-se dela.
Miyazawa tapou a boca com uma das mãos. Na platéia, alguns choravam.
"Arima!", Miyazawa pensou, controlando a vontade de chorar. Só tinha um jeito de fazer o rapaz parar e dizer tudo o que sentia, e foi o que ela fez.
Arima sentiu os braços de Miyazawa abraçarem sua cintura e parou de andar, surpreso com aquilo que definitivamente não estava no roteiro.
-Gomen nasai...
-Ah... – ele exclamou, surpreso.
-Gomen nasai... gomen nasai... gomen nasai... Gomen por fazê-lo sofrer tanto.
-Do que está falando...? – Arima virou um pouco o rosto para olhar para Miyazawa.
-Eu não quero me separar... não quero ficar mais longe de você. – ela respondeu, não contendo as lágrimas.
Nos bastidores, já mais calmo depois da expulsão do gato e dos primeiros socorros no belo rosto de Asaba, todos prestavam atenção na cena.
-Epa. – Aya falou, arqueando as sobrancelhas.
-O que foi? – Asaba perguntou, curioso.
-Aquilo não estava no roteiro! – ela falou zangada, apontando para o casal no palco.
-O quê? – Maho perguntou, olhando para o casal.
-AQUILO_NÃO_ESTÁ_NO_ROTEIRO! – ela falou, entre dentes.
-Mas do que você está falando, Aya? – Toonami perguntou, tão confuso quanto os amigos que estavam ali.
-Eles estão mudando meu roteiro!!!! – a escritora falou, furiosa – Isso vai acabar agora!
Aya deu alguns passos disposta a entrar no palco e dar uma surra com o roteiro no casal que ousava mudar as falas que escrevera, entretanto os amigos fizeram uma barreira para que ela não passasse e Asaba a segurava pela cintura.
-Eu sinto muito por tudo o que causei a você, queria que me perdoasse e – Miyazawa fungou – e se eu posso voltar pra você...
Um momento de silêncio se seguiu, no qual Arima compreendia o verdadeiro significado daquelas palavras. Ele fez Miyazawa soltar sua cintura e a virou-a para abraça-lo. No momento em que fez isso, ele falou:
-É claro que sim.
Depois disso, a platéia prendeu a respiração ao ver outro beijo de tirar o fôlego que o casal deu ali, na frente de todo mundo, envolvendo-os sem querer no próprio romance.
-IEEEEE!!!!!!!!! – o senhor Miyazawa se levantou disposto a acabar com aquela cena – NÃO VOU PERMITIR QUE ESSE PERVERTIDO TOQUE NA MINHA YUKINO!!!!!
Um ataque conjunto de Tsukino, Kano e da senhora Miyazawa fizeram o senhor Miyazawa se calar.
-VOU MATÁ-LOS!!!! – gritava Aya, seus olhos brilhavam como se fosse uma psicopata – VOU DECAPITÁ-LOS E EXIBIR OS CADÁVERES EM PRAÇA PÚBLICA!!!!
-Ma-Maho!!!! – Asaba gritou, ainda tentando conter Aya com a ajuda de Toonami e Kazuma – Leia o final, depressa!!!!
-Tá!!!! – ela correu para o microfone e procurou o papel para começar a ler.
-Rika, quando ela estiver para terminar, baixe as cortinas! – Asaba ordenou.
-Ok! – a garota correu para seu posto.
"Essa foi a origem do Tanabata. Um casal que se amava, mas não podia ficar junto, criou uma das tradições mais populares do Japão. Os pedidos foram pregados, e o casal que fez isso pela primeira vez acreditou que podiam se realizar."
Rika abaixou rapidamente as cortinas e Maho completou, com a própria opinião.
"E se realizaram."
A equipe que estava nos bastidores escutou a platéia vibrando e batendo palmas para o final da apresentação. Ao perceber que tinha acabado, Asaba soltou Aya e deu um suspiro de cansaço.
-Malditos! – a escritora falou – Vão me pagar!
-No stress, Aya-sama... – Kazuma falou – Vamos logo lá pro palco para receber nossas palmas.
-Droga, droga, droga... Estragaram meu roteiro! Minha peça! Meus diálogos! – ela continuou resmungando.
-Olhem só isso... – Sakura falou, chamando a atenção deles.
Os amigos sorriram ao ver que, mesmo depois de terem acabado a apresentação, Miyazawa e Arima ainda estavam se beijando apaixonadamente.
****
Se considerarem este capítulo digno de um comentário, não hesite em mandá-lo! =^x^=
Beijos da Shampoo-chan! ^-^
