Simplesmente Amar Você
.Episódio Um: De Um Malfoy Para Uma Weasley
.Fanfiction por Amora (Melissa)
.Draco/Gina Pós-Hogwarts
Parte 01:
Talvez ele não estivesse realmente bem. Talvez fosse um sonho, ou um pesadelo. Talvez ele acordaria dali a alguns instantes para constatar que era tudo mentira, e então, ele poderia rir daquilo. Draco Malfoy, no entanto, já não mais estava certo se gostaria de saber se era um sonho ou realidade. Porque ele estava gostando de tudo aquilo. Tudo era terrivelmente bom. Terrível, horrivelmente maravilhoso. Embora fosse extremamente errado. Era obtuso e totalmente sem lógica.
Draco lembrou-se, então, que deveria fingir estar dormindo, para não ser molestado. Porque, mesmo durante a madrugada, Virgínia Weasley era capaz de perceber um único movimento dele. Na realidade, a pequena Weasley tinha uma insistente tese de que Draco não deveria sequer se mexer ou falar, não enquanto não estivesse totalmente curado. E Malfoy jamais seria capaz de contestá-la, porque ela era uma moça implacável. E persistente. Além de corajosa, afinal, parecia a ele que ela, apesar de ter deixado Hogwarts há algum tempo, mantinha todas as suas próprias convicções Grifinórias incontestavelmente firmes.
Draco não sabia, contudo, o que acontecera para deixá-lo sentindo-se daquela forma. Embora ele soubesse o que iria acontecer no final. Mesmo que jamais tivesse vivido algo parecido para saber. Ele simplesmente sabia, porque as evidências eram grandes e persistentes, mesmo quando ele tentava apagá-las de sua mente, ou quando as questionava. Na verdade, ele sempre soube, que estar ao lado de Virgínia poderia ser perigoso, porque ela era inquestionavelmente apaixonante. Ainda que Draco jamais tivesse admitido tudo aquilo. Era o tipo de coisa que ele guardava num canto obscuro de sua mente e esforçava-se para não deixá-las voltar aos seus pensamentos mais coerentes. No entanto, naquela madrugada, em que o vento soprava uma brisa realmente refrescante pela janela descuidadamente aberta, ele não estava disposto a lutar contra eles.
Malfoy não queria deixar que sua mente ficasse cheia daquele pensamento aterrorizante, mas era um fato que ele não era capaz de ignorar. Que, quando sua mente os trazia à tona, Draco sentia uma leve pontada de culpa. Ele não gostava da idéia de estar gostando de Virgínia, mas odiava saber que aquilo tudo poderia não existir. Então, ele pensou conformadamente enquanto ajeitava seu travesseiro na sua cabeça de uma forma melhor, talvez ele deveria assumir tudo de uma vez. No entanto, quando ele escutou a voz sonolentamente doce ao seu lado, pareceu perder a coragem de ao menos assumir.
— Você já acordou, Draco?
— Bem, Weasley, eu estava tendo pesadelos com a hora em que você resolveria me importunar novamente.
— Me desculpe — Ela disse com o mesmo tom em que usava todas as vezes em que Draco a respondia com grosseria — Eu não estava realmente afim de te importunar. Era só uma pergunta.
— Então, você já sabe que eu estou acordado. — Ele disse, raivoso pelo simples fato de a voz dela fazer o seu coração acelerar.
— Sabe, eu acho que você já está realmente melhorando. — Disse Gina, ignorando o tom de Draco.
— Finalmente você se convenceu disso.
— Sim, eu me convenci. — Ela disse, levantando sua cabeça para olhá-lo da sua cama. Céus, ele pensou horrorizado, ela consegue ser bonita até depois de acordar!
— Não que isso realmente importe. Mas enche a paciência a sua ladainha sobre o meu estado de saúde.
— Enche? — Ela perguntou num tom divertido, deixando Draco irritado.
— Sim, claro.
— Eu acredito que eu te encho, não apenas as minhas ladainhas. — Gina disse com um sorriso mequetrefe.
— Você pode ter certeza disso. — Malfoy afirmou, tentando não encará-la.
— Bem, então eu vou dormir. Ao menos assim eu te deixo em paz, não é mesmo?
— É a melhor maneira. — Draco disse num tom aborrecido.
— Então, boa noite. — Ela disse com aquele tom, em que Draco, sem ao menos olhá-la, poderia ter certeza de que ela estava sorrindo.
— Virgínia — Ele chamou-a, antes que pudesse conter-se.
— Sim?
— Eu já estou melhor, não é? — Ela não respondeu e ele ignorou o silêncio — Você poderia me deixar em paz para sempre, não é?
Draco não soube o tempo exato em que ela demorou para responder a sua pergunta, e culpou-se mentalmente por tê-la, possivelmente, deixando chateada. No entanto, ela raramente parecia realmente aborrecida com os comentários ácidos dele. Não no início, quando ela irritava-se facilmente com aquelas suas falas azedas. Agora, ele pensou enquanto lutava contra sua vontade de olhá-la, ela começava a achar graça. O que não era uma coisa muito boa, porque Draco sentia como se já não fosse a mesma coisa, infelizmente.
— Olha, Malfoy, isso depende da minha vontade. — Virgínia disse sem alterar o tom de voz doce.
— Da sua vontade?
— Sim. SE eu quiser te deixar em paz. Você sabe, eu adoro te importunar.
— Era melhor quando você não gostava. — Ele comentou, azedo.
— Ah! Mas antes eu não sabia que se irritava com tanta facilidade. — Gina comentou enquanto apoiava-se num cotovelo, para poder olhá-lo melhor de sua cama.
— Eu não me irrito com facilidade.
— Claro que se irrita. — Ela sentou-se em sua cama, animada. — Você está irritado agora.
— Não, eu não estou. — Ele protestou.
— Está, porque eu disse que você se irrita com facilidade. Só por isso! — Ainda encarando o teto do pequeno quarto que eles dividiam, Draco sabia que o sorriso dela era enormemente debochado.
— Você não disse que ia dormir, Weasley?
— E vou, Malfoy, eu vou... Boa noite.
— Não adianta, você já acabou com ela. — Draco comentou, com raiva.
— Sonhe com os anjinhos. — O timbre doce da voz dela soou em seu ouvido, fazendo-o quase incapaz de permanecer calado. No entanto, tentando ignorar Virgínia, ele dormiu.
.................ooo(.)ooo....................
Não era possível acreditar! Por que diabos Virgínia adorava importuná-lo? Por que diabos abrira a cortina tão cedo, apenas para acordá-lo com aquela luz inoportuna? Deviam ser ainda menos que oito horas da manhã. Deus! Será que ele realmente irritava-se com facilidade, como ela havia confirmado há uma semana, ou Gina tinha uma facilidade incomum de irritá-lo? Virgínia deveria ter algum dom, porque nenhuma pessoa jamais conseguira tirá-lo do sério tão rápido.
— Porra, Weasley! Fecha essa cortina!
— Bom dia, Draco! Está um lindo sol! — Weasley apareceu no seu campo de visão, com os cabelos malditamente vermelhos, contrastando com o sol, embaçando ainda mais sua visão ardida pela luz forte.
— Feche a cortina.
— O que você acha de passearmos? Muitas pessoas fazem isso, agora. Isso pode ajudar na sua recuperação. O que acha?
Gina estava terrivelmente inflamada, Draco percebeu de imediato. Ela costumava agir daquela forma irônica com ele, apenas quando estava sinceramente mal humorada. Era um comportamento estranho, para Draco, porque quando era irônica, ao menos com ele, tornava-se insuportável e falsamente agradável. Ela estava na sua pior forma.
— Eu não vou a merda de passeio nenhum. Feche a janela e saia daqui.
— Sabe, Malfoy — Agora, ela estava realmente raivosa. Draco preparou-se mentalmente para a explosão dela. — Para uma pessoa que praticamente morreu há um mês, você anda bastante inflamado. Sabe o que eu acho? Que você deveria ser ao menos grato a mim por estar aqui, cuidando de você. Afinal, eu não sei você sabe, eu salvei a sua vida. Você deveria estar morto. E a cada dia a minha consciência me persegue com a idéia de que eu nunca deveria ter deixado você viver. Então, eu acho realmente bom você ir com calma, porque eu já fiz o máximo que pude para aturar o seu azedume e as suas grosserias. Eu não vou aturar mais! — Ela gritou a última frase, seu rosto tingido de um vermelho violento.
— Você está fazendo o seu trabalho. — Ele respondeu, sem realmente parecer abalado com a explosão dela.
— O meu trabalho, Malfoy, é deixar que as pessoas vivam. E não monstros como você!
E, gritando aquela última frase, ela fechou as cortinas e saiu do quarto, batendo a porta com força. Então, Draco não soube se sentia-se imensamente grato por ela tê-lo deixado sozinho e apto, novamente, a voltar ao seu sono; ou se culpava-se por ser tão grosso e azedo com ela. Afinal, ele tinha de admitir, Virgínia estava certa. Horrivelmente correta. E ele, novamente, havia deixado-se dominar pela raiva. Droga, ele pensou inconformado, ela nunca me deixa em paz! Nem quando estava ausente, pois os pensamentos voltados apenas pra ela não paravam de enche-lo. E por esses e por outros motivos particularmente inoportunos, Draco não conseguiu voltar a dormir.
...............ooo(--)ooo.................
— O que você está fazendo aqui, Malfoy?
Draco não respondeu de imediato. Na realidade, sequer teve vontade de responder, porque havia ficado suficientemente raivoso com a pergunta subitamente grosseira de Gina a ponto de responder-lhe no seu melhor estilo ácido. Não, ele pensou enquanto apenas olhava para o rosto da ruiva a sua frente, que parecia suavizar-se lentamente, não deveria perder o controle. Não de novo. E, contando até 10 mentalmente, tentando manter a calma, ele olhou-a com os olhos estranhamente pacíficos.
— Você disse que seria bom eu caminhar.
— Oh, sim... é bom... — Ela deu um sorriso atravessado. — Eu não sabia que você estava com uma aparência tão ruim, quando você estava na cama....
— Obrigado. Eu me sinto realmente motivado com isso. — Draco comentou, num tom usual, enquanto sentava-se num banco ao lado de Gina, que estivera sozinha.
— Desculpe... Hã... Não, na realidade você não está feio. — Virgínia disse, enquanto sentava-se virada na direção dele, com as pernas cruzadas por cima do banco.
— Eu não tenho essa capacidade. — Ele disse, erguendo uma sobrancelha.
— Eu vou ignorar esse comentário, está bem?
— Você sabe que não é possível ignorar um fato como esse.
— Mas o comentário é absolutamente dispensável. — Ela disse, aborrecida.
— Então você confirma que eu não tenho capacidade de parecer feio? — Ele perguntou, enquanto apoiava suas pernas na mesa a sua frente.
— Não! — Gina protestou, com o rosto corado.
— Você está vermelha.
— Não estou! — Virgínia disse, enquanto passava as mãos no rosto, visivelmente sem graça.
Draco riu. Gina, terrivelmente encabulada, virou o rosto para a mesma direção em que Draco olhava, e não falou mais nada. Então, Malfoy sentiu-se subitamente desarticulado, e achou melhor não aventurar-se em nenhum assunto, que provavelmente não teria retorno. No entanto, Virgínia não tinha a capacidade de fazer o silêncio reinar.
— Malfoy. — Ela chamou, sem mudar a direção de seu olhar.
— Que foi, Weasley?
— Me desculpe. — Gina disse, não conseguindo encará-lo, com os olhos baixos. Draco sorriu.
— Por quê? — Draco perguntou, ainda sem conseguir conter seu sorriso superior.
— Por ter explodido com você daquela forma, hoje de manhã. Não foi certo.
— As pessoas costumam explodir comigo. Eu não me importo. — Malfoy disse.
— Você não se importa com nada, aliás. — Gina observou, como se aquilo fosse ruim.
— Não é bem assim. — Draco disse — Eu me importo comigo mesmo.
— Que grande vantagem, hein? — Weasley disse numa voz debochada — Bem, eu não poderia esperar nada melhor de um Malfoy, não é mesmo?
— Não se você já os conhece.
— Eu conheço bem você. — Ela disse, encarando-o com um sorriso.
— Eu não teria certeza disso. — Draco respondeu, também encarando-a, com uma sobrancelha erguida.
— Não? Por que não? Eu te suportei durante um mês e algumas semanas!
— Você fala como se eu fosse insuportável. — Draco disse num tom de reprovação.
— Você era, sim, insuportável. — Gina disse com um sorriso doce.
— Era?
— Sim, eu aprendi a conviver com você. — Ela maneou com a cabeça e voltou a olhar para frente, encarando algumas montanhas, cercadas pelo céu absurdamente azul.
— Eu acho isso realmente estranho. — Draco observou com um sorriso irônico — Afinal, você acabou de me pedir desculpas por ter brigado comigo.
— Nós estamos tendo uma conversa absolutamente normal agora, Malfoy.
— Eu posso mudar isso. Sem problemas. — Ele respondeu. Gina apressou-se:
— Eu estou gostando da experiência nova. Você não?
— Bom, experimentar coisas novas é bom, não é? Ao menos para quebrar a rotina. — Gina sorriu.
— Olha, Malfoy, eu tenho uma boa notícia para você.
— Ao menos uma, né?
— Você vai se ver livre de mim. Você terá alta amanhã. — O sorriso dela não apareceu dessa vez, apenas os olhos pareceram ansiosos, enquanto Malfoy demorava-se em responder.
— Felizmente. Até que enfim. — Ele finalmente respondeu, sem muita emoção. Então, ele notou que os olhos dela estavam brilhando.
— Eu esperava que você fosse ficar mais feliz.
— Eu estou feliz, Weasley, eu só não demonstro isso. — Draco disse, olhando- a.
Gina demorou-se com seu olhar pousado no dele. E Malfoy não sentiu-se incomodado em ficar encarando-lhe durante tanto tempo. Então, após dar um sorriso conformado, Virgínia levantou-se e disse-lhe, num tom despreocupado:
— Vá arrumar as suas coisas. Talvez você possa sair hoje.
Draco não respondeu e também não levantou-se para ir. Ficou apenas observando-a sair de seu campo de visão, a passos demorados e cabeça baixa. Infelizmente, ele pensou analisando a cor dos cabelos dela, era muito bom ter uma conversa civilizada com ela. Então, Draco sentiu-se definitivamente inconformado em admitir aquilo, nem que fosse apenas para si mesmo. Assim, com raiva, ele foi arrumar as suas coisas. E, com sorte grande, ele poderia nunca mais olhar na cara de Virgínia e ter novamente aqueles sentimentos conflitantes dentro dele.
...............oo(ºº)oo...............
N/A: Olá! Tudo bom com vcs? Eu sei que eu já postei essa fic, mas eu resolvi postá-la de novo para dividi-la em duas partes, assim como eu farei com os outros três episódios. Eu espero que as pessoas que gostam de Remo/Tonks, Sirius/Bellatrix e Tiago/Lílian, leiam minhas outras histórias, que também estarão intituladas como "Simplesmente Amar Você".
A Segunda Parte dessa história vem no sábado, e as pessoas que ainda não leram, espero que curtam! Um enorme beijo pra todos!
.Episódio Um: De Um Malfoy Para Uma Weasley
.Fanfiction por Amora (Melissa)
.Draco/Gina Pós-Hogwarts
Parte 01:
Talvez ele não estivesse realmente bem. Talvez fosse um sonho, ou um pesadelo. Talvez ele acordaria dali a alguns instantes para constatar que era tudo mentira, e então, ele poderia rir daquilo. Draco Malfoy, no entanto, já não mais estava certo se gostaria de saber se era um sonho ou realidade. Porque ele estava gostando de tudo aquilo. Tudo era terrivelmente bom. Terrível, horrivelmente maravilhoso. Embora fosse extremamente errado. Era obtuso e totalmente sem lógica.
Draco lembrou-se, então, que deveria fingir estar dormindo, para não ser molestado. Porque, mesmo durante a madrugada, Virgínia Weasley era capaz de perceber um único movimento dele. Na realidade, a pequena Weasley tinha uma insistente tese de que Draco não deveria sequer se mexer ou falar, não enquanto não estivesse totalmente curado. E Malfoy jamais seria capaz de contestá-la, porque ela era uma moça implacável. E persistente. Além de corajosa, afinal, parecia a ele que ela, apesar de ter deixado Hogwarts há algum tempo, mantinha todas as suas próprias convicções Grifinórias incontestavelmente firmes.
Draco não sabia, contudo, o que acontecera para deixá-lo sentindo-se daquela forma. Embora ele soubesse o que iria acontecer no final. Mesmo que jamais tivesse vivido algo parecido para saber. Ele simplesmente sabia, porque as evidências eram grandes e persistentes, mesmo quando ele tentava apagá-las de sua mente, ou quando as questionava. Na verdade, ele sempre soube, que estar ao lado de Virgínia poderia ser perigoso, porque ela era inquestionavelmente apaixonante. Ainda que Draco jamais tivesse admitido tudo aquilo. Era o tipo de coisa que ele guardava num canto obscuro de sua mente e esforçava-se para não deixá-las voltar aos seus pensamentos mais coerentes. No entanto, naquela madrugada, em que o vento soprava uma brisa realmente refrescante pela janela descuidadamente aberta, ele não estava disposto a lutar contra eles.
Malfoy não queria deixar que sua mente ficasse cheia daquele pensamento aterrorizante, mas era um fato que ele não era capaz de ignorar. Que, quando sua mente os trazia à tona, Draco sentia uma leve pontada de culpa. Ele não gostava da idéia de estar gostando de Virgínia, mas odiava saber que aquilo tudo poderia não existir. Então, ele pensou conformadamente enquanto ajeitava seu travesseiro na sua cabeça de uma forma melhor, talvez ele deveria assumir tudo de uma vez. No entanto, quando ele escutou a voz sonolentamente doce ao seu lado, pareceu perder a coragem de ao menos assumir.
— Você já acordou, Draco?
— Bem, Weasley, eu estava tendo pesadelos com a hora em que você resolveria me importunar novamente.
— Me desculpe — Ela disse com o mesmo tom em que usava todas as vezes em que Draco a respondia com grosseria — Eu não estava realmente afim de te importunar. Era só uma pergunta.
— Então, você já sabe que eu estou acordado. — Ele disse, raivoso pelo simples fato de a voz dela fazer o seu coração acelerar.
— Sabe, eu acho que você já está realmente melhorando. — Disse Gina, ignorando o tom de Draco.
— Finalmente você se convenceu disso.
— Sim, eu me convenci. — Ela disse, levantando sua cabeça para olhá-lo da sua cama. Céus, ele pensou horrorizado, ela consegue ser bonita até depois de acordar!
— Não que isso realmente importe. Mas enche a paciência a sua ladainha sobre o meu estado de saúde.
— Enche? — Ela perguntou num tom divertido, deixando Draco irritado.
— Sim, claro.
— Eu acredito que eu te encho, não apenas as minhas ladainhas. — Gina disse com um sorriso mequetrefe.
— Você pode ter certeza disso. — Malfoy afirmou, tentando não encará-la.
— Bem, então eu vou dormir. Ao menos assim eu te deixo em paz, não é mesmo?
— É a melhor maneira. — Draco disse num tom aborrecido.
— Então, boa noite. — Ela disse com aquele tom, em que Draco, sem ao menos olhá-la, poderia ter certeza de que ela estava sorrindo.
— Virgínia — Ele chamou-a, antes que pudesse conter-se.
— Sim?
— Eu já estou melhor, não é? — Ela não respondeu e ele ignorou o silêncio — Você poderia me deixar em paz para sempre, não é?
Draco não soube o tempo exato em que ela demorou para responder a sua pergunta, e culpou-se mentalmente por tê-la, possivelmente, deixando chateada. No entanto, ela raramente parecia realmente aborrecida com os comentários ácidos dele. Não no início, quando ela irritava-se facilmente com aquelas suas falas azedas. Agora, ele pensou enquanto lutava contra sua vontade de olhá-la, ela começava a achar graça. O que não era uma coisa muito boa, porque Draco sentia como se já não fosse a mesma coisa, infelizmente.
— Olha, Malfoy, isso depende da minha vontade. — Virgínia disse sem alterar o tom de voz doce.
— Da sua vontade?
— Sim. SE eu quiser te deixar em paz. Você sabe, eu adoro te importunar.
— Era melhor quando você não gostava. — Ele comentou, azedo.
— Ah! Mas antes eu não sabia que se irritava com tanta facilidade. — Gina comentou enquanto apoiava-se num cotovelo, para poder olhá-lo melhor de sua cama.
— Eu não me irrito com facilidade.
— Claro que se irrita. — Ela sentou-se em sua cama, animada. — Você está irritado agora.
— Não, eu não estou. — Ele protestou.
— Está, porque eu disse que você se irrita com facilidade. Só por isso! — Ainda encarando o teto do pequeno quarto que eles dividiam, Draco sabia que o sorriso dela era enormemente debochado.
— Você não disse que ia dormir, Weasley?
— E vou, Malfoy, eu vou... Boa noite.
— Não adianta, você já acabou com ela. — Draco comentou, com raiva.
— Sonhe com os anjinhos. — O timbre doce da voz dela soou em seu ouvido, fazendo-o quase incapaz de permanecer calado. No entanto, tentando ignorar Virgínia, ele dormiu.
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Não era possível acreditar! Por que diabos Virgínia adorava importuná-lo? Por que diabos abrira a cortina tão cedo, apenas para acordá-lo com aquela luz inoportuna? Deviam ser ainda menos que oito horas da manhã. Deus! Será que ele realmente irritava-se com facilidade, como ela havia confirmado há uma semana, ou Gina tinha uma facilidade incomum de irritá-lo? Virgínia deveria ter algum dom, porque nenhuma pessoa jamais conseguira tirá-lo do sério tão rápido.
— Porra, Weasley! Fecha essa cortina!
— Bom dia, Draco! Está um lindo sol! — Weasley apareceu no seu campo de visão, com os cabelos malditamente vermelhos, contrastando com o sol, embaçando ainda mais sua visão ardida pela luz forte.
— Feche a cortina.
— O que você acha de passearmos? Muitas pessoas fazem isso, agora. Isso pode ajudar na sua recuperação. O que acha?
Gina estava terrivelmente inflamada, Draco percebeu de imediato. Ela costumava agir daquela forma irônica com ele, apenas quando estava sinceramente mal humorada. Era um comportamento estranho, para Draco, porque quando era irônica, ao menos com ele, tornava-se insuportável e falsamente agradável. Ela estava na sua pior forma.
— Eu não vou a merda de passeio nenhum. Feche a janela e saia daqui.
— Sabe, Malfoy — Agora, ela estava realmente raivosa. Draco preparou-se mentalmente para a explosão dela. — Para uma pessoa que praticamente morreu há um mês, você anda bastante inflamado. Sabe o que eu acho? Que você deveria ser ao menos grato a mim por estar aqui, cuidando de você. Afinal, eu não sei você sabe, eu salvei a sua vida. Você deveria estar morto. E a cada dia a minha consciência me persegue com a idéia de que eu nunca deveria ter deixado você viver. Então, eu acho realmente bom você ir com calma, porque eu já fiz o máximo que pude para aturar o seu azedume e as suas grosserias. Eu não vou aturar mais! — Ela gritou a última frase, seu rosto tingido de um vermelho violento.
— Você está fazendo o seu trabalho. — Ele respondeu, sem realmente parecer abalado com a explosão dela.
— O meu trabalho, Malfoy, é deixar que as pessoas vivam. E não monstros como você!
E, gritando aquela última frase, ela fechou as cortinas e saiu do quarto, batendo a porta com força. Então, Draco não soube se sentia-se imensamente grato por ela tê-lo deixado sozinho e apto, novamente, a voltar ao seu sono; ou se culpava-se por ser tão grosso e azedo com ela. Afinal, ele tinha de admitir, Virgínia estava certa. Horrivelmente correta. E ele, novamente, havia deixado-se dominar pela raiva. Droga, ele pensou inconformado, ela nunca me deixa em paz! Nem quando estava ausente, pois os pensamentos voltados apenas pra ela não paravam de enche-lo. E por esses e por outros motivos particularmente inoportunos, Draco não conseguiu voltar a dormir.
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— O que você está fazendo aqui, Malfoy?
Draco não respondeu de imediato. Na realidade, sequer teve vontade de responder, porque havia ficado suficientemente raivoso com a pergunta subitamente grosseira de Gina a ponto de responder-lhe no seu melhor estilo ácido. Não, ele pensou enquanto apenas olhava para o rosto da ruiva a sua frente, que parecia suavizar-se lentamente, não deveria perder o controle. Não de novo. E, contando até 10 mentalmente, tentando manter a calma, ele olhou-a com os olhos estranhamente pacíficos.
— Você disse que seria bom eu caminhar.
— Oh, sim... é bom... — Ela deu um sorriso atravessado. — Eu não sabia que você estava com uma aparência tão ruim, quando você estava na cama....
— Obrigado. Eu me sinto realmente motivado com isso. — Draco comentou, num tom usual, enquanto sentava-se num banco ao lado de Gina, que estivera sozinha.
— Desculpe... Hã... Não, na realidade você não está feio. — Virgínia disse, enquanto sentava-se virada na direção dele, com as pernas cruzadas por cima do banco.
— Eu não tenho essa capacidade. — Ele disse, erguendo uma sobrancelha.
— Eu vou ignorar esse comentário, está bem?
— Você sabe que não é possível ignorar um fato como esse.
— Mas o comentário é absolutamente dispensável. — Ela disse, aborrecida.
— Então você confirma que eu não tenho capacidade de parecer feio? — Ele perguntou, enquanto apoiava suas pernas na mesa a sua frente.
— Não! — Gina protestou, com o rosto corado.
— Você está vermelha.
— Não estou! — Virgínia disse, enquanto passava as mãos no rosto, visivelmente sem graça.
Draco riu. Gina, terrivelmente encabulada, virou o rosto para a mesma direção em que Draco olhava, e não falou mais nada. Então, Malfoy sentiu-se subitamente desarticulado, e achou melhor não aventurar-se em nenhum assunto, que provavelmente não teria retorno. No entanto, Virgínia não tinha a capacidade de fazer o silêncio reinar.
— Malfoy. — Ela chamou, sem mudar a direção de seu olhar.
— Que foi, Weasley?
— Me desculpe. — Gina disse, não conseguindo encará-lo, com os olhos baixos. Draco sorriu.
— Por quê? — Draco perguntou, ainda sem conseguir conter seu sorriso superior.
— Por ter explodido com você daquela forma, hoje de manhã. Não foi certo.
— As pessoas costumam explodir comigo. Eu não me importo. — Malfoy disse.
— Você não se importa com nada, aliás. — Gina observou, como se aquilo fosse ruim.
— Não é bem assim. — Draco disse — Eu me importo comigo mesmo.
— Que grande vantagem, hein? — Weasley disse numa voz debochada — Bem, eu não poderia esperar nada melhor de um Malfoy, não é mesmo?
— Não se você já os conhece.
— Eu conheço bem você. — Ela disse, encarando-o com um sorriso.
— Eu não teria certeza disso. — Draco respondeu, também encarando-a, com uma sobrancelha erguida.
— Não? Por que não? Eu te suportei durante um mês e algumas semanas!
— Você fala como se eu fosse insuportável. — Draco disse num tom de reprovação.
— Você era, sim, insuportável. — Gina disse com um sorriso doce.
— Era?
— Sim, eu aprendi a conviver com você. — Ela maneou com a cabeça e voltou a olhar para frente, encarando algumas montanhas, cercadas pelo céu absurdamente azul.
— Eu acho isso realmente estranho. — Draco observou com um sorriso irônico — Afinal, você acabou de me pedir desculpas por ter brigado comigo.
— Nós estamos tendo uma conversa absolutamente normal agora, Malfoy.
— Eu posso mudar isso. Sem problemas. — Ele respondeu. Gina apressou-se:
— Eu estou gostando da experiência nova. Você não?
— Bom, experimentar coisas novas é bom, não é? Ao menos para quebrar a rotina. — Gina sorriu.
— Olha, Malfoy, eu tenho uma boa notícia para você.
— Ao menos uma, né?
— Você vai se ver livre de mim. Você terá alta amanhã. — O sorriso dela não apareceu dessa vez, apenas os olhos pareceram ansiosos, enquanto Malfoy demorava-se em responder.
— Felizmente. Até que enfim. — Ele finalmente respondeu, sem muita emoção. Então, ele notou que os olhos dela estavam brilhando.
— Eu esperava que você fosse ficar mais feliz.
— Eu estou feliz, Weasley, eu só não demonstro isso. — Draco disse, olhando- a.
Gina demorou-se com seu olhar pousado no dele. E Malfoy não sentiu-se incomodado em ficar encarando-lhe durante tanto tempo. Então, após dar um sorriso conformado, Virgínia levantou-se e disse-lhe, num tom despreocupado:
— Vá arrumar as suas coisas. Talvez você possa sair hoje.
Draco não respondeu e também não levantou-se para ir. Ficou apenas observando-a sair de seu campo de visão, a passos demorados e cabeça baixa. Infelizmente, ele pensou analisando a cor dos cabelos dela, era muito bom ter uma conversa civilizada com ela. Então, Draco sentiu-se definitivamente inconformado em admitir aquilo, nem que fosse apenas para si mesmo. Assim, com raiva, ele foi arrumar as suas coisas. E, com sorte grande, ele poderia nunca mais olhar na cara de Virgínia e ter novamente aqueles sentimentos conflitantes dentro dele.
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N/A: Olá! Tudo bom com vcs? Eu sei que eu já postei essa fic, mas eu resolvi postá-la de novo para dividi-la em duas partes, assim como eu farei com os outros três episódios. Eu espero que as pessoas que gostam de Remo/Tonks, Sirius/Bellatrix e Tiago/Lílian, leiam minhas outras histórias, que também estarão intituladas como "Simplesmente Amar Você".
A Segunda Parte dessa história vem no sábado, e as pessoas que ainda não leram, espero que curtam! Um enorme beijo pra todos!
