Simplesmente Amar Você
.Episódio Um: De Um Malfoy Para Uma Weasley
.Fanfiction por Amora (Melissa)
.Draco/Gina Pós-Hogwarts
Parte 02:
Draco já não mais sabia, mesmo depois de tantos meses, o que era /i ter sentimentos conflitantes molestando-o. Ele já não sabia, embora não assumisse, o que era não pensar em Virgínia Weasley. Mesmo quando não a via desde aquela tarde ensolarada, quando tiveram uma única conversa civilizada. E Malfoy fazia o possível e o impossível para apagar a imagem de seus olhos de chocolate e seu sorriso doce. Ele não era capaz de fazê- lo. Draco, então, jamais poderia esquecê-la, mesmo quando estivesse com outra pessoa.
Depois de ter-se ferido mortalmente na última batalha contra Voldemort, ele fora enviado para ser cuidado na clínica profissional da Ordem da Fênix. Então, Virgínia havia entrado na sua vida, sem ao menos pedir permissão. Na realidade, Draco se culpava por tê-la deixado penetrar na sua alma daquela maneira inquietante. Porque, desde o momento em que finalmente abrira os olhos e a vira, olhando-o de uma forma profundamente grata, ao menos por estar vivo, Gina era o fantasma de sua vida. Mesmo sem querer. Mesmo contra a vontade dos dois.
Então, eram naqueles momentos em que a imagem de Gina aparecia na sua mente, de forma desconhecida, que ele se questionava. Draco questionava o que poderia ter feito para que ela jamais tivesse estado com ele. Talvez, ele pensava aborrecido, ele jamais deveria ter escolhido lutar ao lado da Ordem, apenas para ter a chance de matar seu próprio pai. Talvez, ele deveria ter largado toda sua ambição de vingança. Ao menos assim, ele não estaria tão inquieto naquele fim de tarde fria, em que o inverno fazia-se notar, pensando nela. Embora ele já estivesse acostumado com aqueles não raros momentos.
A rua não estava cheia. O frio era por demais cortante, para ter-se ao menos vontade de sair de casa. Draco, entretanto, não estava se importando com a temperatura quase insuportável, não quando tinha um casaco suficientemente quente. Então, cansado de caminhar, ele resolveu tomar um chocolate quente. Era bom não ter um patrão, apenas empregados que pudessem fazer o seu serviço quando estava não afim de trabalhar, ele pensou grato, enquanto adentrava o café, praticamente vazio, a não ser por uma mulher de cabelos ruivos, sentada, sozinha, numa mesa no final do recinto.
Draco sentiu seu coração acelerar involuntariamente. Afinal, Virgínia continuava inevitavelmente linda, mesmo quando estava com as bochechas queimadas por causa do frio. Ou, principalmente quando estava sozinha daquela forma. Seus olhos vagavam distraídos pelos desenhos de sua xícara, e seus dedos tamborilavam sonoramente na mesa. Ela parecia chateada, ou apenas entediada. Então, ela ainda não o havia visto. E Draco poderia ir embora rapidamente para evitar enlouquecer-se. Afinal, ver ou conversar com Virgínia novamente, poderia comprometer a sua sanidade mental. E Malfoy percebeu que não importava-se com isso, enquanto caminhava para a mesa onde ela estava e sentava-se, sem cerimônias, na cadeira a sua frente.
— Oh! Malfoy! — Ela exclamou, recolocando a xícara na mesa e encarando-o, surpresa.
— Olá, Weasley. — Ele respondeu, encarando-a.
— Puxa, eu não te via há séculos!
— Você fala como se fôssemos grandes amigos. — Ele riu, quando ela ficou visivelmente encabulada.
— Você nem ao menos se despediu de mim, na clínica. — Ela disse, apoiando a cabeça nos cotovelos apoiados na mesa.
— Esse é o tipo de coisa que não combina com a minha personalidade, Weasley.
— Eu deveria saber. — Gina disse, e soltou um muxoxo. — Mas eu ainda fiquei esperando você vir, ao menos, agradecer. — Ela confessou, com um sorriso torto.
— Eu te decepcionei? — Ele perguntou num tom irônico.
— Não, você me surpreendeu. Você sempre me surpreendeu. — Ela firmou. E Draco não soube como respondê-la. — Você vai tomar alguma coisa?
— Eu ia, mas não estou com vontade mais. — Ele disse.
— Então, vamos sair daqui, estou aqui há quase uma hora. — Gina disse, levantando-se, junto de Malfoy. E, involuntariamente, segurou a mão dele.
Ela não soube o efeito que apenas segurar a sua mão, surtiu em Draco. Ele nunca havia percebido o quão idiota era. Virgínia, entretanto, não pareceu abalada por a sua mão estar em contato com a dele, e nem que foi seguida por um Draco, com o coração aos saltos. No entanto, quando eles alcançaram a rua, finalmente, e ficaram parados, sem dizer nada, ela ficou suficientemente encabulada, vendo sua mão entrelaçada na dele, e Draco com um sorriso irônico.
— Bem — Ela disse com um suspiro, soltando a mão e ajeitando os cabelos. — Você quer me levar em casa? É bem perto.
— Tudo bem. — Malfoy disse, caminhando ao lado dela. — O que você estava fazendo há quase uma hora, ali?
— Eu tinha um encontro. — Ela disse, e apressou-se em emendar: — com uma amiga. E ela não veio.
— Você é bastante paciente. — Ele comentou.
— Se sou... — Virgínia respondeu, lançando-lhe um olhar significativo, que Draco não entendeu, ou sequer percebeu.
...............ooo(.)ooo...............
Gina havia-lhe convidado para tomar um chá. Embora, quando eles sentaram-se confortavelmente no sofá da sala de visitas dela, ela pareceu haver esquecido-se do convite. Draco, no entanto, não pareceu importar-se de não estar tomando o chá, porque aceitara o convite apenas no ímpeto prazer de estar com ela. E, a cada minuto que passava e a conversa fluía, juntamente com os seus pensamentos menos coerentes referentes a Gina, ele descobria-se um tolo ou um idiota que jamais havia percebido.
Então, quando pela milésima vez em que o assunto pareceu faltar e o silêncio reinou desconfortavelmente entre ele, Gina deu um sorriso vacilante e levantou-se, ajeitando os cabelos, delicadamente.
— Oh! Eu me esqueci do chá! Me desculpe. — Ela disse, saindo para a cozinha e deixando Draco sozinho.
Malfoy imaginou que ela traria rapidamente o chá para eles, no entanto, ela demorou tempo o bastante para deixá-lo inquieto.
— Eu não imaginei que demorasse tanto. — Draco comentou, inclinado no batente da porta, fazendo Gina assustar-se.
— Ah, me desculpe. Eu prefiro fazer ao modo trouxa. Eu sempre achei que ficava mais gostoso. — Ela deu um sorriso, enquanto aproximava-se da mesa que estava no final do recinto e convidava Draco a sentar-se também.
— Tudo bem. Eu só comentei.
— Sabe, a minha mãe sempre me ensinou a fazer o chá de outra maneira. Mas, quando eu fui morar na universidade, para o curso de enfermagem, as minhas colegas de quarto me ensinaram a fazer de modo trouxa, e eu sempre achei que ficasse mais saboroso. — Ela falava rapidamente, enquanto observava nervosamente os olhos de Draco, que não parecia prestar muita atenção no que ela falava, penetrando nos seus. — Você não se importa, não é mesmo?
— Por que você não cala a boca? — Draco perguntou erguendo a sobrancelhas. Gina pareceu sinceramente magoada, quando levantou-se, seguida de Draco.
— Por que você não deixa de ser um maldito mal educado e grosso? — Ela perguntou, com raiva, enquanto encarava Draco e seu sorriso irônico. — Nem ao menos na minha própria casa!
— Eu não me importo de estar na sua casa. — Ele respondeu, ainda sem esconder a ironia. Virgínia não gostou do tom de voz, e aproximou-se dele, com um olhar furioso.
— Então por que você não sai daqui? Por que você veio aqui, Malfoy? — Ele, involuntariamente procurou pelas mãos dela, enlaçando-as.
— Porque eu tinha outras coisas em mente, Weasley. — Gina estava surpresa.
E ela ficou ainda mais surpresa, quando ele inclinou-se levemente e a beijou. Draco já não sabia o que estava fazendo, porque toda aquela sensação maravilhosa parecia entorpecê-lo. Virgínia o entorpecia. E ele jamais conseguiria ter evitado beijá-la, porque era uma sensação absolutamente fascinante. Porque ele achou que talvez tivesse nascido para beijá-la. Porque, quando ela agarrou seu pescoço, e Draco segurou a cintura dela, puxando-a para mais perto, tudo pareceu perfeito. Porque, tendo Gina em seus braços, ele achou que talvez não precisasse de mais nada na sua vida.
Ela tinha um cheiro maravilhoso, uma boca suave e um gosto marcante. Draco pensou que talvez nunca houvesse beijado nenhuma outra mulher de forma tão profunda. Ele teve certeza que beijar qualquer outra mulher nunca havia sido tão perfeito quanto beijar uma Weasley. Talvez, porque ela era uma Weasley e fosse tão diferente dele. Era uma sensação maravilhosa sentir as mãos delicadas dela passeando por seu pescoço, nuca e bagunçando o seu cabelo. E era muito melhor, poder passear suas próprias mãos pela cintura dela, por debaixo de sua camisa. Melhor ainda, no entanto, era beijá-la. Ou simplesmente estar com ela.
...............ooo()ooo...............
Era bom sentir aquilo. Embora ruim, na verdade, fosse admitir sentir alguma coisa. E no entanto, era inevitável para Draco não ter certeza de que amava. Porque ele amava, inexplicavelmente, uma Weasley. E, a cada instante em que beijava em Virgínia, a cada instante em que a via, ou simplesmente pensava nela, Draco sentia-se como um completo idiota. Porque amar era capaz de torná-lo um idiota, tanto que aquilo não parecia ter importância para ele.
E, naquela noite abafada, estrelada e banhada por uma lua cheia, Draco Malfoy teve a sensação desconhecida de que estava fazendo a coisa certa, independente de seus instintos mais primitivos e mais "Malfoys". Embora ele estivesse novamente sentido-se ridículo, porque quando Gina apareceu profundamente bela, de seu estilo simples, Draco achou que o chão havia sumido sob seus pés. Era sempre assim, ele tentou acalmar-se, sempre. No entanto, ele sabia que nunca havia sentido-se tão nervoso.
— Olá, Draco. — Gina disse, colocando-se nas pontas dos pés para beijá-lo.
— Olá, Virgínia. — Ela sorriu.
— Você é a única pessoa que me chama de Virgínia. — Gina disse, enquanto enlaçava sua mão na de Malfoy.
— Eu não gosto de Gina. — Ele disse, enquanto a conduzia para dentro do restaurante.
— Eu gosto. Não sei, eu acabei me acostumando. Todos me chamam assim.
— Vai ver é por isso. Eu prefiro ser diferente. — Draco disse.
— Você nem precisa fazer muito esforço para ser.
— Não? Por quê? — Malfoy perguntou, com o cenho franzido.
— Porque, pra mim, você sempre será diferente. Você sempre vai me surpreender. — Ela disse, quando acomodaram-se numa mesa ao fundo do restaurante. — Porque nós somos opostos.
— Sim, nós realmente somos muito diferentes. — Ele confirmou.
— Vai ver é por isso que dá certo, não é? — Ela disse, sorrindo.
— Eu não sei se é por isso. Mas dá certo. — Ele deu de ombros.
O jantar, naquele restaurante incontestavelmente rebuscado, passou-se num ritmo lento. Talvez, porque Malfoy queria que ele acabasse rapidamente, já que sua ansiedade já quase não o fazia apto a falar. E, embora Gina estivesse tratando de vários assuntos durante a refeição, Draco jamais poderia saber o que ela havia dito. Ele não prestava a mínima atenção nas palavras dela. Talvez, por ser um idiota apaixonado, ele estivesse apenas admirando-a. Então, quando os dois saíram do restaurante, o coração de Draco parecia dar solavancos dentro do seu peito.
— Hoje faz dois anos que você foi para a clínica, sabia? — Gina disse, abraçada a ele, numa rua quase deserta.
— Sim, eu acho que eu não esqueço o dia em que você virou o meu fantasma. — Ele respondeu, inevitavelmente sorrindo, quando Virgínia deu-lhe um beijo rápido.
— Bem, eu faço das suas palavras, as minhas. — Ela disse, acariciando o rosto dele. — O que foi? — A ruiva perguntou quando as expressões dele tornaram-se subitamente sérias.
— Eu tenho um drama de consciência. — Gina riu. — É um problema muito sério.
— O quê, Draco? — Ela perguntou, sem esconder um sorriso debochado.
— Você não acredita que é realmente sério, Virgínia?
— Não.
— Então, talvez, você não vá levá-lo a sério. — Draco retrucou, aborrecido.
— Eu sempre levo o que você fala a sério, meu amor. — Gina disse, com um sorriso sincero.
— Eu não acredito em você. — Ele afirmou.
— Mas eu, sim. Eu acredito em você. Eu acreditaria até se você dissesse que quer casar comigo. — Virgínia deu uma risada deliciosa.
— Case comigo, então. — Draco disse, cortando o riso dela, subitamente.
— Vamos, me diga qual é o seu drama? — Ela disse rapidamente.
— Case comigo, Virgínia. — Draco estava sério, incontestavelmente sério. E Virgínia arregalou os olhos antes que um sorriso descrente se formasse em seus lábios.
— Isso é sério?
— Claro. — Ele respondeu, sentindo que o coração de Gina estava num ritmo tão frenético quanto o seu.
— Casar? Casar? Casar? — Ela perguntou, respirando fundo.
— É, juntar os trapos, morar junto, trocar alianças, essas coisas.
— Você sabe, eu não acredito em você. — Ela disse, ainda com aquele sorriso de incredulidade.
— Você disse que acreditaria se eu te pedisse em casamento. — Draco protestou, com um sorriso.
— Jura?
— Juro.
— Se for verdade, eu caso com você. Claro. — Gina disse com a voz embargada, suspirando em seguida.
— Casa? — Draco perguntou, sorrindo.
Então, retirou uma pequena caixinha de dentro do bolso, e abriu-a, mostrando uma aliança delicada e simplesmente maravilhosa. Era um solitário, que continha uma beleza singular dentro daquela simplicidade. Cuidadosamente, ele pegou a mão direita de Gina e colocou-a no seu dedo anular. Em seguida, Gina arrancou a caixinha da mão dele, jogando-a fora e o beijou. E Draco não soube quanto tempo durou aquele beijo, embora ele esperasse que durasse muito tempo.
Porque, com Virgínia ao seu lado, nada tinha mais importância.
...............ooo(..)ooo...............
Virgínia enlaçou a sua mão na de Draco, e olhando para ele, detalhadamente, observando as rugas aparentes em seu rosto, o cabelo branco e ralo que despontava apenas no final de sua cabeça, acariciando sua mão enrugada, ela deu um sorriso.
— Sabe, Draco, uma vez você me disse que não tinha capacidade de ficar feio.
— Você, por acaso, está sugerindo que é mentira?
— Claro que não, meu amor. — Ela disse, acariciando o rosto dele. — Eu não tenho capacidade de te achar feio.
— Nem eu, Virgínia. — Ele disse, pesaroso.
— Você continua tão lindo quanto daquela vez em que eu acordei no meio da noite para perguntar se você estava acordado, você lembra? Na clínica? — Ele confirmou com a cabeça. — Então, eu me lembro de ter pensado horrorizada que você conseguia ser bonito até depois de acordar.
— Sabe, Virgínia, eu pensei a mesma coisa. — Ele sorriu.
— Você sempre foi convencido, ou realista. — Virgínia disse, com um sorriso nostálgico.
— Não, eu pensei que você era linda. E é. — Draco acariciou as mãos dela. — E sempre será, meu amor.
...............ooo(.)ooo..............
N/A: Cá estou eu de novo... Bom, a segunda parte está aí, e sábado que vem eu posto a parte 01 do segundo episódio. Eu espero que gostem!! Este aqui já está acabado.
Procurem pelo segundo episódio como "Simplesmente Amar Você II" em Remo/Tonks, tá??
Obrigada a Isinha pela review! mandem mais, se gostaram!
.Episódio Um: De Um Malfoy Para Uma Weasley
.Fanfiction por Amora (Melissa)
.Draco/Gina Pós-Hogwarts
Parte 02:
Draco já não mais sabia, mesmo depois de tantos meses, o que era /i ter sentimentos conflitantes molestando-o. Ele já não sabia, embora não assumisse, o que era não pensar em Virgínia Weasley. Mesmo quando não a via desde aquela tarde ensolarada, quando tiveram uma única conversa civilizada. E Malfoy fazia o possível e o impossível para apagar a imagem de seus olhos de chocolate e seu sorriso doce. Ele não era capaz de fazê- lo. Draco, então, jamais poderia esquecê-la, mesmo quando estivesse com outra pessoa.
Depois de ter-se ferido mortalmente na última batalha contra Voldemort, ele fora enviado para ser cuidado na clínica profissional da Ordem da Fênix. Então, Virgínia havia entrado na sua vida, sem ao menos pedir permissão. Na realidade, Draco se culpava por tê-la deixado penetrar na sua alma daquela maneira inquietante. Porque, desde o momento em que finalmente abrira os olhos e a vira, olhando-o de uma forma profundamente grata, ao menos por estar vivo, Gina era o fantasma de sua vida. Mesmo sem querer. Mesmo contra a vontade dos dois.
Então, eram naqueles momentos em que a imagem de Gina aparecia na sua mente, de forma desconhecida, que ele se questionava. Draco questionava o que poderia ter feito para que ela jamais tivesse estado com ele. Talvez, ele pensava aborrecido, ele jamais deveria ter escolhido lutar ao lado da Ordem, apenas para ter a chance de matar seu próprio pai. Talvez, ele deveria ter largado toda sua ambição de vingança. Ao menos assim, ele não estaria tão inquieto naquele fim de tarde fria, em que o inverno fazia-se notar, pensando nela. Embora ele já estivesse acostumado com aqueles não raros momentos.
A rua não estava cheia. O frio era por demais cortante, para ter-se ao menos vontade de sair de casa. Draco, entretanto, não estava se importando com a temperatura quase insuportável, não quando tinha um casaco suficientemente quente. Então, cansado de caminhar, ele resolveu tomar um chocolate quente. Era bom não ter um patrão, apenas empregados que pudessem fazer o seu serviço quando estava não afim de trabalhar, ele pensou grato, enquanto adentrava o café, praticamente vazio, a não ser por uma mulher de cabelos ruivos, sentada, sozinha, numa mesa no final do recinto.
Draco sentiu seu coração acelerar involuntariamente. Afinal, Virgínia continuava inevitavelmente linda, mesmo quando estava com as bochechas queimadas por causa do frio. Ou, principalmente quando estava sozinha daquela forma. Seus olhos vagavam distraídos pelos desenhos de sua xícara, e seus dedos tamborilavam sonoramente na mesa. Ela parecia chateada, ou apenas entediada. Então, ela ainda não o havia visto. E Draco poderia ir embora rapidamente para evitar enlouquecer-se. Afinal, ver ou conversar com Virgínia novamente, poderia comprometer a sua sanidade mental. E Malfoy percebeu que não importava-se com isso, enquanto caminhava para a mesa onde ela estava e sentava-se, sem cerimônias, na cadeira a sua frente.
— Oh! Malfoy! — Ela exclamou, recolocando a xícara na mesa e encarando-o, surpresa.
— Olá, Weasley. — Ele respondeu, encarando-a.
— Puxa, eu não te via há séculos!
— Você fala como se fôssemos grandes amigos. — Ele riu, quando ela ficou visivelmente encabulada.
— Você nem ao menos se despediu de mim, na clínica. — Ela disse, apoiando a cabeça nos cotovelos apoiados na mesa.
— Esse é o tipo de coisa que não combina com a minha personalidade, Weasley.
— Eu deveria saber. — Gina disse, e soltou um muxoxo. — Mas eu ainda fiquei esperando você vir, ao menos, agradecer. — Ela confessou, com um sorriso torto.
— Eu te decepcionei? — Ele perguntou num tom irônico.
— Não, você me surpreendeu. Você sempre me surpreendeu. — Ela firmou. E Draco não soube como respondê-la. — Você vai tomar alguma coisa?
— Eu ia, mas não estou com vontade mais. — Ele disse.
— Então, vamos sair daqui, estou aqui há quase uma hora. — Gina disse, levantando-se, junto de Malfoy. E, involuntariamente, segurou a mão dele.
Ela não soube o efeito que apenas segurar a sua mão, surtiu em Draco. Ele nunca havia percebido o quão idiota era. Virgínia, entretanto, não pareceu abalada por a sua mão estar em contato com a dele, e nem que foi seguida por um Draco, com o coração aos saltos. No entanto, quando eles alcançaram a rua, finalmente, e ficaram parados, sem dizer nada, ela ficou suficientemente encabulada, vendo sua mão entrelaçada na dele, e Draco com um sorriso irônico.
— Bem — Ela disse com um suspiro, soltando a mão e ajeitando os cabelos. — Você quer me levar em casa? É bem perto.
— Tudo bem. — Malfoy disse, caminhando ao lado dela. — O que você estava fazendo há quase uma hora, ali?
— Eu tinha um encontro. — Ela disse, e apressou-se em emendar: — com uma amiga. E ela não veio.
— Você é bastante paciente. — Ele comentou.
— Se sou... — Virgínia respondeu, lançando-lhe um olhar significativo, que Draco não entendeu, ou sequer percebeu.
...............ooo(.)ooo...............
Gina havia-lhe convidado para tomar um chá. Embora, quando eles sentaram-se confortavelmente no sofá da sala de visitas dela, ela pareceu haver esquecido-se do convite. Draco, no entanto, não pareceu importar-se de não estar tomando o chá, porque aceitara o convite apenas no ímpeto prazer de estar com ela. E, a cada minuto que passava e a conversa fluía, juntamente com os seus pensamentos menos coerentes referentes a Gina, ele descobria-se um tolo ou um idiota que jamais havia percebido.
Então, quando pela milésima vez em que o assunto pareceu faltar e o silêncio reinou desconfortavelmente entre ele, Gina deu um sorriso vacilante e levantou-se, ajeitando os cabelos, delicadamente.
— Oh! Eu me esqueci do chá! Me desculpe. — Ela disse, saindo para a cozinha e deixando Draco sozinho.
Malfoy imaginou que ela traria rapidamente o chá para eles, no entanto, ela demorou tempo o bastante para deixá-lo inquieto.
— Eu não imaginei que demorasse tanto. — Draco comentou, inclinado no batente da porta, fazendo Gina assustar-se.
— Ah, me desculpe. Eu prefiro fazer ao modo trouxa. Eu sempre achei que ficava mais gostoso. — Ela deu um sorriso, enquanto aproximava-se da mesa que estava no final do recinto e convidava Draco a sentar-se também.
— Tudo bem. Eu só comentei.
— Sabe, a minha mãe sempre me ensinou a fazer o chá de outra maneira. Mas, quando eu fui morar na universidade, para o curso de enfermagem, as minhas colegas de quarto me ensinaram a fazer de modo trouxa, e eu sempre achei que ficasse mais saboroso. — Ela falava rapidamente, enquanto observava nervosamente os olhos de Draco, que não parecia prestar muita atenção no que ela falava, penetrando nos seus. — Você não se importa, não é mesmo?
— Por que você não cala a boca? — Draco perguntou erguendo a sobrancelhas. Gina pareceu sinceramente magoada, quando levantou-se, seguida de Draco.
— Por que você não deixa de ser um maldito mal educado e grosso? — Ela perguntou, com raiva, enquanto encarava Draco e seu sorriso irônico. — Nem ao menos na minha própria casa!
— Eu não me importo de estar na sua casa. — Ele respondeu, ainda sem esconder a ironia. Virgínia não gostou do tom de voz, e aproximou-se dele, com um olhar furioso.
— Então por que você não sai daqui? Por que você veio aqui, Malfoy? — Ele, involuntariamente procurou pelas mãos dela, enlaçando-as.
— Porque eu tinha outras coisas em mente, Weasley. — Gina estava surpresa.
E ela ficou ainda mais surpresa, quando ele inclinou-se levemente e a beijou. Draco já não sabia o que estava fazendo, porque toda aquela sensação maravilhosa parecia entorpecê-lo. Virgínia o entorpecia. E ele jamais conseguiria ter evitado beijá-la, porque era uma sensação absolutamente fascinante. Porque ele achou que talvez tivesse nascido para beijá-la. Porque, quando ela agarrou seu pescoço, e Draco segurou a cintura dela, puxando-a para mais perto, tudo pareceu perfeito. Porque, tendo Gina em seus braços, ele achou que talvez não precisasse de mais nada na sua vida.
Ela tinha um cheiro maravilhoso, uma boca suave e um gosto marcante. Draco pensou que talvez nunca houvesse beijado nenhuma outra mulher de forma tão profunda. Ele teve certeza que beijar qualquer outra mulher nunca havia sido tão perfeito quanto beijar uma Weasley. Talvez, porque ela era uma Weasley e fosse tão diferente dele. Era uma sensação maravilhosa sentir as mãos delicadas dela passeando por seu pescoço, nuca e bagunçando o seu cabelo. E era muito melhor, poder passear suas próprias mãos pela cintura dela, por debaixo de sua camisa. Melhor ainda, no entanto, era beijá-la. Ou simplesmente estar com ela.
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Era bom sentir aquilo. Embora ruim, na verdade, fosse admitir sentir alguma coisa. E no entanto, era inevitável para Draco não ter certeza de que amava. Porque ele amava, inexplicavelmente, uma Weasley. E, a cada instante em que beijava em Virgínia, a cada instante em que a via, ou simplesmente pensava nela, Draco sentia-se como um completo idiota. Porque amar era capaz de torná-lo um idiota, tanto que aquilo não parecia ter importância para ele.
E, naquela noite abafada, estrelada e banhada por uma lua cheia, Draco Malfoy teve a sensação desconhecida de que estava fazendo a coisa certa, independente de seus instintos mais primitivos e mais "Malfoys". Embora ele estivesse novamente sentido-se ridículo, porque quando Gina apareceu profundamente bela, de seu estilo simples, Draco achou que o chão havia sumido sob seus pés. Era sempre assim, ele tentou acalmar-se, sempre. No entanto, ele sabia que nunca havia sentido-se tão nervoso.
— Olá, Draco. — Gina disse, colocando-se nas pontas dos pés para beijá-lo.
— Olá, Virgínia. — Ela sorriu.
— Você é a única pessoa que me chama de Virgínia. — Gina disse, enquanto enlaçava sua mão na de Malfoy.
— Eu não gosto de Gina. — Ele disse, enquanto a conduzia para dentro do restaurante.
— Eu gosto. Não sei, eu acabei me acostumando. Todos me chamam assim.
— Vai ver é por isso. Eu prefiro ser diferente. — Draco disse.
— Você nem precisa fazer muito esforço para ser.
— Não? Por quê? — Malfoy perguntou, com o cenho franzido.
— Porque, pra mim, você sempre será diferente. Você sempre vai me surpreender. — Ela disse, quando acomodaram-se numa mesa ao fundo do restaurante. — Porque nós somos opostos.
— Sim, nós realmente somos muito diferentes. — Ele confirmou.
— Vai ver é por isso que dá certo, não é? — Ela disse, sorrindo.
— Eu não sei se é por isso. Mas dá certo. — Ele deu de ombros.
O jantar, naquele restaurante incontestavelmente rebuscado, passou-se num ritmo lento. Talvez, porque Malfoy queria que ele acabasse rapidamente, já que sua ansiedade já quase não o fazia apto a falar. E, embora Gina estivesse tratando de vários assuntos durante a refeição, Draco jamais poderia saber o que ela havia dito. Ele não prestava a mínima atenção nas palavras dela. Talvez, por ser um idiota apaixonado, ele estivesse apenas admirando-a. Então, quando os dois saíram do restaurante, o coração de Draco parecia dar solavancos dentro do seu peito.
— Hoje faz dois anos que você foi para a clínica, sabia? — Gina disse, abraçada a ele, numa rua quase deserta.
— Sim, eu acho que eu não esqueço o dia em que você virou o meu fantasma. — Ele respondeu, inevitavelmente sorrindo, quando Virgínia deu-lhe um beijo rápido.
— Bem, eu faço das suas palavras, as minhas. — Ela disse, acariciando o rosto dele. — O que foi? — A ruiva perguntou quando as expressões dele tornaram-se subitamente sérias.
— Eu tenho um drama de consciência. — Gina riu. — É um problema muito sério.
— O quê, Draco? — Ela perguntou, sem esconder um sorriso debochado.
— Você não acredita que é realmente sério, Virgínia?
— Não.
— Então, talvez, você não vá levá-lo a sério. — Draco retrucou, aborrecido.
— Eu sempre levo o que você fala a sério, meu amor. — Gina disse, com um sorriso sincero.
— Eu não acredito em você. — Ele afirmou.
— Mas eu, sim. Eu acredito em você. Eu acreditaria até se você dissesse que quer casar comigo. — Virgínia deu uma risada deliciosa.
— Case comigo, então. — Draco disse, cortando o riso dela, subitamente.
— Vamos, me diga qual é o seu drama? — Ela disse rapidamente.
— Case comigo, Virgínia. — Draco estava sério, incontestavelmente sério. E Virgínia arregalou os olhos antes que um sorriso descrente se formasse em seus lábios.
— Isso é sério?
— Claro. — Ele respondeu, sentindo que o coração de Gina estava num ritmo tão frenético quanto o seu.
— Casar? Casar? Casar? — Ela perguntou, respirando fundo.
— É, juntar os trapos, morar junto, trocar alianças, essas coisas.
— Você sabe, eu não acredito em você. — Ela disse, ainda com aquele sorriso de incredulidade.
— Você disse que acreditaria se eu te pedisse em casamento. — Draco protestou, com um sorriso.
— Jura?
— Juro.
— Se for verdade, eu caso com você. Claro. — Gina disse com a voz embargada, suspirando em seguida.
— Casa? — Draco perguntou, sorrindo.
Então, retirou uma pequena caixinha de dentro do bolso, e abriu-a, mostrando uma aliança delicada e simplesmente maravilhosa. Era um solitário, que continha uma beleza singular dentro daquela simplicidade. Cuidadosamente, ele pegou a mão direita de Gina e colocou-a no seu dedo anular. Em seguida, Gina arrancou a caixinha da mão dele, jogando-a fora e o beijou. E Draco não soube quanto tempo durou aquele beijo, embora ele esperasse que durasse muito tempo.
Porque, com Virgínia ao seu lado, nada tinha mais importância.
...............ooo(..)ooo...............
Virgínia enlaçou a sua mão na de Draco, e olhando para ele, detalhadamente, observando as rugas aparentes em seu rosto, o cabelo branco e ralo que despontava apenas no final de sua cabeça, acariciando sua mão enrugada, ela deu um sorriso.
— Sabe, Draco, uma vez você me disse que não tinha capacidade de ficar feio.
— Você, por acaso, está sugerindo que é mentira?
— Claro que não, meu amor. — Ela disse, acariciando o rosto dele. — Eu não tenho capacidade de te achar feio.
— Nem eu, Virgínia. — Ele disse, pesaroso.
— Você continua tão lindo quanto daquela vez em que eu acordei no meio da noite para perguntar se você estava acordado, você lembra? Na clínica? — Ele confirmou com a cabeça. — Então, eu me lembro de ter pensado horrorizada que você conseguia ser bonito até depois de acordar.
— Sabe, Virgínia, eu pensei a mesma coisa. — Ele sorriu.
— Você sempre foi convencido, ou realista. — Virgínia disse, com um sorriso nostálgico.
— Não, eu pensei que você era linda. E é. — Draco acariciou as mãos dela. — E sempre será, meu amor.
...............ooo(.)ooo..............
N/A: Cá estou eu de novo... Bom, a segunda parte está aí, e sábado que vem eu posto a parte 01 do segundo episódio. Eu espero que gostem!! Este aqui já está acabado.
Procurem pelo segundo episódio como "Simplesmente Amar Você II" em Remo/Tonks, tá??
Obrigada a Isinha pela review! mandem mais, se gostaram!
