Um caso complicado de se resolver.

Yukito contou tudo o que aconteceu para Shaoran.

- Eu já esperava algo assim. – disse Shaoran.

- Como assim?

- A carta que Sakura deixou para mim, ela achava que ia morrer. Na verdade fico feliz que esteja bem, apesar de tudo. – ele olhou para Yukito, a roupa dele toda suja de sangue. – Vá para casa, relaxe um pouco, acho que você precisa descansar.

- Vou ver Sakura antes disso.

Nessa hora, Touya chega correndo. Tudo é explicado para ele, por Fuyutaka. Logo os médicos saem da sala, um enfermeiro está lá dentro, empurrando a cama em que Sakura se encontrava. Para a surpresa de todos, ela estava consciente e pediu para ele parar um pouco. Fuyutaka, Yelan, Touya e Shaoran se aproximaram, mas ela pediu que eles dessem espaço para que ela pudesse falar com Yukito.

- Acabou tudo, não acabou? – perguntou ela ao rapaz.

- Acabou sim. – Yukito segurou a mão dela. – Acho que agora você pode procurar aquilo.

- Tenho a impressão que não vou ter que procurar muito. – ela sorriu.

- A concorrência vai ser grande. – ele riu. – Agora descanse, você precisa. Volto mais tarde.

- Tudo bem, descansa viu?

- Eu vou. – ele se foi.

- Sakura, o que ele quis dizer com "aquilo"? – perguntou Shaoran.

- Ah, Shaoran, esquece. – diz ela, relaxando um pouco e fechando os olhos enquanto o enfermeiro a leva para um quarto, seguido pelos quatro.

- Sakura, como que você pôde fazer isso? – disse Fuyutaka.

- Enquanto tudo isso não acabasse, eu não seria a única envolvida. Fui marcada como alvo por estar com ele, vocês corriam perigo.

- Sakura, você se preocupa demais com os outros... – disse Touya.

- Eu tinha pensado em invadir o QG dos Allstars, mas na verdade não considerei realmente uma opção. Quando percebi que Yukito tinha entrado, sabia que tinha que ir atrás dele.

- Mas como que você iria ajuda-lo sem ter algo para se defender? – perguntou Yelan.

- Não me diga que você tem uma arma, Sakura. – disse Fuyutaka.

- Não tinha até ontem à tarde. – disse ela. – Yukito sabia que era impossível acabar com os Allstars sozinho, então pediu para Touma me dar uma arma que ele deixara no QG dos White Tigers. Assim que peguei a arma e li a carta, sabia que tinha que ir atrás dele. O que, na verdade, era a coisa certa a se fazer. Agora sei realmente o que sinto.

- Como assim, Sakura? – perguntou Touya.

- Esqueça, Touya. Não quero falar disso agora. Preciso dormir um pouco, não dava para dormir muito lá. – ela se ajeitou na cama e logo adormeceu.

Sakura dormiu a manhã toda e ficou até as três dormindo. Logo que ela acordou, Eriol, Tomoyo e Sakuya chegaram. Tomoyo correu e abraçou a amiga, que estava sentada na cama.

- Sakura, é tão bom te ver! – disse, com lágrimas, nos olhos.

- Calma, Tomoyo. – Sakura a afastou de si já que ela estava a abraçando bem onde havia os pontos que deram no ferimento do braço dela.

- Ah, desculpe.

- Tudo bem, não foi grande coisa... Pelo que eu esperava isso foi pouco. – disse ela.

- Parece que você saiu inteira de novo. – comentou Eriol.

- Vaso ruim não quebra, Eriol. – disse Sakura e os quatro riram.

- Mas, sério, como que você conseguiu se controlar estando sozinha com ele? – perguntou Sakuya.

- Sakuya, não é hora de falarmos disso! – repreendeu-a Tomoyo.

- Tudo bem, Tomoyo. – disse Sakura. – Na verdade eu não consegui. – disse ela, um pouco mais baixo, apesar de todos da sua família já não estarem no quarto.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Tomoyo.

- Você disse o que sente por ele? – perguntou Sakuya.

- Ele já sabia, Sakuya. Estava óbvio demais. – ela suspirou.

- O que aconteceu lá? – perguntou Eriol, preocupado.

- Calma, Eriol, não aconteceu nada de mais... Ele só me beijou. – disse ela, um pouco envergonhada.

- Só? – perguntou Sakuya, estupefata. – E você acha pouco?

- Não é bem isso, graças a ele agora realmente percebo o que sinto de verdade.

- Então finalmente percebeu que só gostava dele como irmão? – perguntou Eriol.

- Até você sabia, Eriol? – perguntou Sakura em tom brincalhão. – É, finalmente eu percebi. E se você ainda estiver interessada nele, Sakuya, vá em frente. Ele gosta de você, disso não tenho dúvidas.

- Sério? – perguntou a garota, em tom sonhador. – Mas não pe hora para eu me preocupar comigo, você é mais importante agora.

- Obrigada, mas eu estou bem. – disse ela.

- Sakura, você é muito importante para nós. – disse Tomoyo. – Qualquer coisa que possamos fazer por você, avisa.

- Claro, mas por hora está tudo bem. – ela sorriu.

- Olá. – Yukito entrou no quarto. – Me parece bem melhor agora, Sakura.

- E estou. – disse ela sorrindo. – Escuta, tem uma máquina de refrigerante aqui, não tem?

- Tem sim, por que? – perguntou Yukito, confuso.

- Sakuya, você poderia ir pegar alguns para a gente? – disse Sakura, abrindo a pochete e passando para Sakuya uma bolsinha com moedas. – Por minha conta.

- Tudo bem. – disse ela.

- Mas acho que a Sakuya não vai conseguir trazer tudo. – disse Tomoyo, sacando o jogo de Sakura.

- É mesmo, Yukito, porque não vai ajudar a Sakuya? – completou Eriol, não dando opção para os dois senão irem pegar os refrigerantes.

- Ai, Sakura, você tem cada idéia. – disse Tomoyo, rindo.

- Os dois já sabem que tem seus sentimentos correspondidos, por que continuar enrolando?

- Verdade. – disse Tomoyo e os três riram.

Enquanto isso, os Sakuya e Yukito estavam comprando os refrigerantes.

- Ah, o que é isso! Só tem coca! – exclamou Sakuya, desapontada.

- Você não gosta? – perguntou Yukito.

- Não muito, mas fazer o que? – ela colocou uma moeda na máquina e apertou o botão para a lata cair. Mas a lata não caiu. – Ah, isso é brincadeira, não é? – ela deu um soco na máquina.

- Calma... – disse Yukito, rindo.

- Eu odeio esse tipo de máquina.

- Você tem que ter jeito com ela. – disse Yukito, olhando para os lados. – Me dá uma moeda.

- Aqui. – disse ela, passando uma moeda para ele.

- Dá uma olhadinha. – ele colocou a moeda e apertou os três botões de coca-cola que havia na máquina.

- Mas, para que…? – Sakuya ficou boba quando quatro latinhas de coca caíram.

- Sempre funciona. – disse ele, pegando as latinhas.

- Como você faz isso?

- Essas máquinas são muito velhas, fáceis de assaltar. – ele passou duas latinhas para ela e pegou outra moeda.

- Mas, porque caíram quatro se você só apertou três?

- Porque a sua caiu junto. – ele fez mais três latas caírem. Ele pegou as latas e os dois começaram a andar para o quarto.

No meio do caminho, Yukito deixa uma lata cair e, antes que pudesse avisar Sakuya, ela escorrega na lata.

- Opa. – Yukito consegue segura-la com os braços. – Tudo bem?

- Tudo, obrigada. – diz ela, corada. Ela se levanta com a ajuda dele.

- Não se machucou mesmo? – ele insiste.

- Não. – ela ri. – Me deixa levar mais uma antes que você derrube todas. – ela vai pegar uma lata da mão dele, mas ele segura a mão dela, a puxa para perto e a beija. Sakuya o afasta de si uns quinze segundos depois.

- Desculpe. – diz ele. – Não devia...

- Não é isso. – Sakuya o interrompe. – Só acho melhor esperarmos a poeira baixar antes de pensarmos em algo.

- Diz sobre Sakura?

- É.

- Ela está bem, só não poderá andar por algum tempo. – diz ele. – Na verdade me sinto um inútil por não ajuda-la, por não poder protege-la daquele canalha do Urameshi.

- Vocês o mataram?

- Bom, na verdade Sakura o matou. Ela estava em melhor posição do que eu, mas ele também tinha uma mira boa e a acertou três vezes.

- Três? Não foi só no braço?

- Não, ela levou dois tiros na coxa direita também.

- Meu Deus! Que horror!

- Guerra de gangues é coisa séria, Sakuya. Achei estranho sairmos vivos de lá. Mas estamos falando da Sakura, não é? Ela sempre dá um jeito.

- Verdade.

Eles voltaram para o quarto com as sete latinhas. Deram uma para Shaoran, que se juntou a eles logo e a que caíra no chão ficara na mesinha. Touya pegou a lata e quando a abriu, tudo espirrou nele e todos riram.

- Ai, Touya, você não viu que a latinha estava amassada? – perguntou Sakura.

- Vi, mas não achei que ela tivesse caído no chão. – disse ele, indo para o banheiro e se limpando.

Logo o médico veio falar com Sakura e os familiares dela. Ela poderia ir para casa, mas não poderia colocar pressão nenhuma na perna direita e teria que evitar esforços físicos. Voltaria lá em dez dias para retirarem os pontos do braço esquerdo (que eram quatro pontos) e quando ela fosse, o médico olharia os da coxa (que eram sete em cada tiro, 14 no total). Ela foi para casa de muletas e eles encontraram Touma no meio do caminho.

- Sakura, você está bem?

- Estou sim, obrigada. – ela sorriu. – E obrigada por me ajudar ontem.

- De nada, Sakura. Só não me peça para fazer aquilo de novo.

- Eu não te pedi nada, você me ajudou porque quis.

- Não, te ajudei porque você não conseguiria entrar lá sem ajuda.

- Nunca duvide de Sakura, Touma. – disse Yukito. – Agora vamos, temos muito que fazer. – disse ele, se afastando de Sakura e indo até Touma.

- Yukito. – Sakura o chamou.

- O que foi? – ele se virou.

- Se cuida, agora não vou poder salvar a sua pele. – disse ela e os dois riram.

- Eu sei, vou tomar cuidado.

- Promete?

- Prometo. Até amanhã, na escola. – ele se foi junto com Touma.

- Por que será que eu não confio no que ele disse? – perguntou Sakura.

- Talvez porque você o conheça bem demais para cair em uma mentira dessas. – disse Eriol.

- Vamos. – disse Fuyutaka, irritado.

Os amigos logo se foram e Sakura ficou assistindo TV enquanto seu pai e Yelan faziam o jantar. Shaoran se sentou ao lado dela.

- Seu pai parece estar muito bravo com você. – diz ele.

- Eu sei, não o culpo. Eu menti para ele por tempo demais. – ela suspirou. – Mas não imagino que ele esteja bravo comigo por causa do que eu fiz.

- Então seria com quem e por que?

- Com Yukito. Eu me feri e ele saiu ileso, meu pai parece que não agüentou isso.

- Mas, pelo que Yukito me contou, ele não teve mesmo como te ajudar.

- E você acha que meu pai vai ouvi-lo? Nem em mim ele acreditaria, quanto mais em Yukito.

- É verdade...

- Não adianta reclamar agora, acho que vou ter que agüentar isso. – disse ela, desligando a TV.

- Aonde vai? – perguntou Shaoran, ao ver que ela estava se levantando e pegando as muletas.

- Vou à escola de dança, preciso dar explicações à professora. – ela foi até a cozinha. – Pai, se importa se eu for à escola de dança? Eu precisava avisar a professora.

- Você sempre foi aonde queria e andou com quem quisesse, por que pede minha permissão agora? – perguntou ele, friamente.

- Fuyutaka! Tenha dó da menina, ela pediu desculpas. – disse Yelan.

- Tudo bem, Yelan. Não se preocupe com isso, meu pai tem todo o direito de estar zangado comigo. – disse ela, com lágrimas nos olhos e saindo da casa.

- Sakura, espera, eu vou com você! – Shaoran foi atrás dela.

- Viu o que você fez? – repreendeu-o Yelan. – Ela se arrependeu de ter mentido, dê um tempo a ela!

- O que ela fez não importa, meu problema é a loucura que ela fez e porque ela fez isso.

- Ela fez isso porque não podia deixar o rapaz se suicidar por ela.

- Você não entende, ela não fez isso por ele somente, ela fez isso por nós.

- Como assim?

- Ela estando envolvida, isso nos colocava em perigo, ela acabou com tudo para nos proteger.

- Você devia estar feliz por ter uma filha que se preocupa tanto com você. Se bem que imagino o que sentiria se ela não sobrevivesse.

Enquanto isso, Sakura ia rápido para a escola de dança.

- Ei, Sakura. – Shaoran entrou na frente dela e viu que ela chorava muito.

- Ai, Shaoran... – ela se apoiou nele e chorou muito.

- Calma... – ele a abraçou, meio sem graça. – Não chora...

- O que houve? – perguntou Yukito se aproximando, preocupado.

- O pai dela, ele brigou com ela e ela ficou assim.

- Parece que o Sr. Kinomoto realmente não entende nada. – disse ele, com raiva.

- Não o culpe, Yukito. – disse Sakura. – Ele tem o direito de estar bravo comigo. – ela secou os olhos. – Eu só… não esperava algo assim.

- Não fica assim, Sakura. – disse Yukito. – Seu pai não sabe como lidar com isso.

- Ele sabe exatamente como lidar com isso. – disse ela. – Exatamente do modo que ele fez agora.

- Sakura, você não merece algo assim, você salvou todos nós. – disse Shaoran.

- Você não entende, Shaoran. Meu pai sempre trabalhou duro para me dar uma vida boa, e olha o que eu fiz com ele...

- Sakura, ele pode trabalhar o quanto quiser, mas ele devia ter se preocupado em passar mais tempo com você. – disse Yukito. – Eu sei o que é ficar sozinho, moro sozinho desde os quatorze anos, você sabe disso. Meus pais estão em outra cidade e me dão o dinheiro que preciso para conseguir viver, mas eles não estão nem aí com o que eu faço com esse dinheiro. Se eles viessem para cá, ficariam surpresos em me ver, a última vez que me viram eu tinha dez anos. Morei com meus avós até os quatorze, que foi quando eles morreram, mas eles viviam viajando, sempre estive sozinho e você sabe.

- Eu sei, foi por isso que você entrou para a gangue. – disse ela. – E foi pelo mesmo motivo que eu entrei.

- Não se culpe, e nem culpe a seu pai. As circunstancias te levaram a entrar, circunstancias criadas por seu pai e por você.

- Eu sei, mas não sei se vou conseguir aturar meu pai.

- Epa, pode parar por aí. – disse Shaoran. – Independente do que aconteceu, ele continua sendo seu pai e você continua sendo a filha dele, vocês vão se entender.

- Eu espero.

- Agora vamos, você não queria ir à escola de dança? – perguntou Shaoran.

- Vamos. Obrigada, Yukito.

- De nada, se cuidem. – o rapaz se foi.

Sakura e Shaoran foram para a escola de dança e Sakura explicou tudo à professora. Enquanto isso, Yukito foi até a casa de Sakura falar com o pai dela.

- O que quer? – perguntou Fuyutaka, friamente.

- Falar com o senhor. – respondeu, calmo.

- Sobre o que?

- Sobre Sakura.

- Qual o problema com ela?

- O problema é que ela teve que se virar sozinha desde os treze anos. Ela fez umas escolhas erradas, mas agora ela sabe se cuidar, acho que o senhor poderia dar uma chance a ela.

- Ela mentiu para mim durante quatro anos, como que me pede isso?

- Ela não mentiu para o senhor porque quis. Diga-me, quantas vezes conversou com ela para adverti-la sobre os perigos de uma gangue?

- Eu disse isso várias vezes...

- Não estou falando dizer, conversar, olhar nos olhos e explicar os perigos. – Fuyutaka ficou em silêncio. – Não precisa me dizer, você sequer quis saber o que Sakura fazia quando passava as tardes fora de casa. Andava ocupado com seu trabalho.

- Trabalho que faço para dar a ela uma casa e comida na mesa.

- Só isso não é o suficiente, ela precisa de alguém que a ensine, ou pelo menos precisava. Agora Sakura já é uma mulher linda e que sabe todos os perigos que essa cidade traz. Sakura agora sabe se cuidar e poderá se proteger e proteger a todos. O senhor sabe que não foi só por mim que ela foi para o QG dos Allstars, foi para protege-los também. – Fuyutaka o olhava, em silêncio. – Exatamente, fui eu quem ensinou tudo sobre gangues a Sakura. Pode me achar louco, mas, se Sakura não tinha ninguém para ajuda-la, era melhor ela saber de tudo e saber como se proteger. Pode me odiar para o resto da vida, mas se eu não tivesse ensinado nada a Sakura, ela provavelmente estaria morta hoje.

- Meu problema não é com o que você ensinou a minha filha, só quero saber umas coisas, com Sakura o ajudou dentro daquele lugar?

- Com isso. – ele tirou do bolso a arma que ele mesmo dera para Sakura. – Creio que Sakura lhe contou que eu mesmo dei essa arma para ela.

- Contou sim. E o que vai fazer com essa arma agora?

- Ela está legalmente no nome de Sakura, qualquer decisão a ser tomada com relação à arma é dela. – Yukito suspirou. – Mas por hora vou guarda-la comigo, acho que Sakura não vai precisar dela tão cedo.

- Você só veio aqui para falar isso?

- Vi Sakura chorando na rua, não a trate assim. Ela fez de tudo para não envolver vocês nisso e o senhor ainda a trata dessa forma? Não acho muito justo.

- Eu sei, acho que vou demorar um pouco para me acostumar com tudo isso.

- Sakura não merece esse tipo de tratamento, ela é uma pessoa muito importante para mim, não quero vê-la chorando daquela forma novamente.

- Eu sei, vou falar com ela quando ela voltar.

- Bom, eu vou indo, acho melhor Sakura não saber que vim aqui.

- Escute, Yukito... – Fuyutaka o chamou e ele se virou. – Por que não janta conosco, acredito que Sakura iria gostar muito.

- O senhor tem certeza disso?

- Tenho.

- Tudo bem, mas antes preciso ir resolver umas coisas. A que horas o senhor prefere?

- Volte em uma hora, pode ser?

- Com certeza, obrigado. – ele se foi.

Sakura e Shaoran logo voltaram para casa e Fuyutaka chamou Sakura para conversar.

- O que foi, pai?

- Sakura, me desculpe. Sei que agi muito mal com você.

- O senhor tem todo o direito de estar bravo comigo...

- Não tenho não, você foi lá para não nos envolver no que você se meteu. Salvou nossas vidas arriscando a sua, acho que eu tenho que ter orgulho de ter você como filha.

- Obrigada, pai. – ela o abraçou. Nessa hora a campainha toca.

- Ah, e também temos um convidado para o jantar. – ele abriu a porta e Yukito entrou.

- Boa noite. – ele cumprimentou todos.

- Isso tinha que ser coisa sua. – disse Sakura, em tom de brincadeira. – Obrigada por se preocupar comigo.

- Estou em divida com você, lembra? Salvou minha vida duas vezes só essa semana.

- Você pode ser tão bobo às vezes. – disse ela e todos riram.

- Vamos, Touya logo vai chegar e o jantar não vai estar pronto. – disse Yelan, puxando Fuyutaka para a cozinha.

- Vamos para a sala.

Eles ficaram conversando e, assim que Touya chegou, eles jantaram. Logo depois, Sakura e Yukito foram para o quarto dela, conversar.

- Sakura, sei que não é a melhor hora, mas preciso saber o que você quer fazer com isso. – ele tirou do bolso a arma que ele dera para ela.

- Como assim o que eu vou fazer com isso? – ela pegou a arma da mão dele. – Ela é minha, não é?

- É sim.

- Então vou ficar com ela. – Sakura abriu uma gaveta do criado-mudo dela e guardou, junto com a carta que Yukito lhe dera. – Nunca se sabe quando vai precisar de novo.

- Seu pai pode acabar brigando de novo com você por causa disso.

- Ele não vai, vou conversar com ele. Obrigada por tudo, Yukito.

- Não me agradeça, agora vamos. Já está tarde e eu preciso ir embora. – ele foi até a porta. – Eu te ajudo a descer.

- Obrigada.

Yukito foi embora e logo Sakura foi dormir. No dia seguinte, acordou cedo e desceu, encontrando Shaoran na cozinha.

- Não sabia que hoje era o seu dia de cozinhar. – comentou Sakura.

- E não é, mas acordei cedo e achei que você iria gostar que eu cobrisse.

- Quando Touya fazia isso ele sempre queria algo.

- Mas eu não sou o Touya, sabe...

- Eu sei, só comentei.

- Bom, na verdade, eu queria te perguntar algo.

- Demoro. – ela riu. – O que é?

- Aquela carta que você deixou para mim...

- Tudo o que eu escrevi é a mais pura verdade. – ela o interrompeu. – Você é uma pessoa maravilhosa, mesmo não o conhecendo por muito tempo, eu sinto isso.

- Fala sério?

- Claro que sim. – ela sorriu. – O café demora a sair? Estou faminta.

- Já está saindo.

Ele serviu o café dela e dos outros quando eles desceram. Depois que ele comeu, os dois foram para a escola. Chegando lá, os garotos ficaram espantados e rodearam Sakura.

- Ei, calma aí, rapazes. – Yukito entrou na sala. – Deixem Sakura sentar, pelo menos.

- Yukito, não precisa ficar na minha cola o tempo todo – disse Sakura, indo para a carteira dela. – Obrigada.

- Não vim aqui só por você. – ele foi até Sakuya e os dois saíram para conversar.

Os dias vão passando e Shaoran e Sakura se tornam cada vez mais amigos. Shaoran gostava da companhia de sakura, assim como ela da dele. Shaoran sempre estava ajudando Sakura, especialmente agora q ela estava machucada. No dia que ela iria ao hospital para retirar os pontos, Shaoran foi com ela mesmo ela dizendo que poderia ir sozinha.

Chegando lá, o médico retirou os pontos do braço e depois examinou os da perna.

- É, está cicatrizando bem, mas ainda não posso retirar. Acho que daqui a uma semana já vou poder tirar.

- Ah, então volto em uma semana e até lá ando de muletas, é isso?

- As mesmas precauções de antes.

- Está certo.

Os dois saíram do hospital e foram para casa conversando tranqüilos. Chegaram em casa e os dois foram fazer o jantar.

Shaoran admirava Sakura, ela era linda, doce e meiga. Ele percebera que ela não gostava mais tanto de Yukito, tanto que ele e Sakuya estavam namorando e ela dava total apoio aos dois. A vantagem de todos estarem namorando, era que eles ficavam muito tempo sozinhos e Shaoran adorava ficar com ela, só ouvindo ela falar. A voz dela soava como música em seus ouvidos, ele sabia o que isso significava. Desde pequeno sempre fora advertido sobre o amor, ele confunde a mente e te deixa fraco. Ele, até os dezessete anos conseguira evitar isso, mas depois que conheceu Sakura, fora impossível evitar isso.

Sakura notou que ele a observava, mas estava com o pensamento longe dali.

- Alguma coisa errada, Shaoran?

- Ahn? – ele voltou a realidade com a voz dela. – Nada.

- Você anda no mundo da lua já há algum tempo. Tem alguma coisa que eu possa fazer pra te ajudar? – perguntou, preocupada.

- "Tem sim, namora comigo" – disse uma voz na mente dele. Mas ele mentiu. – Não é nada, não se preocupe.

- Tudo bem, então. – ela não tinha se convencido, mas preferiu não insistir.

Aquela noite passou tranqüila e a semana também. Sakura e Shaoran foram ao hospital para retirar os pontos da perna de Sakura e ela finalmente poderia andar. Ela estava tão feliz, Shaoran a olhava incrédulo, ela era um presente dos deuses.

- Você está assim de novo. – disse Sakura.

- Assim como?

- Oras, no mundo da lua. Por que não me conta o que está acontecendo?

- Porque não tem nada acontecendo.

- Tudo bem, pode me contar quando achar que precisa. – eles voltaram a andar em silêncio.

- Eu Sakura, finalmente sem as muletas? – Shinji Suzuhara, um amigo da escola se aproximou deles.

- É sim, Shinji. Finalmente. – ela sorriu.

- Você parece estar muito feliz.

- E estou, é tão bom poder andar normalmente de novo.

- Escuta, você não gostaria de jantar comigo? – perguntou ele. Shaoran o olhou com raiva, Sakura era muito popular, mas não gostava de ninguém em especial. Porque não iria aceitar esse convite se não tinha nada melhor para fazer?

- Desculpe, Shinji, mas hoje não dá.

- Ah, Tudo bem, então deixa quieto. Fica para uma próxima vez.

- Tudo bem, até amanhã. – Sakura e Shaoran se afastaram.

- Por que mentiu? – perguntou Shaoran assim que se afastaram do rapaz.

- Não estava muito a fim de sair com ele, ele está no meu pé há um tempão.

- Ué, mas ele não é uma pessoa ruim.

- Ele é muito chato, ficou parecendo eu quando queria sair com o Yukito. – ela riu. – Agora sei o que ele sentia.

- É, deve ser mesmo irritante. – os dois riram. – Sabe, Sakura, logo as férias de inverno vão chegar. Você tem algo em mente para fazer?

- Na verdade não, por que a pergunta?

- Nada não, só curiosidade.

- E você, tem algo em mente?

- Eu ia falar com a minha mãe sobre isso... – ele ficou sério. – Queria ver meu pai.

- Pelo que você me contou dele, ele não parece ser uma pessoa ruim. Por que ficou tão sério?

- Ele não é ruim, mas ele vive me corrigindo. Ele e a mulher dele.

- Isso é bom, pelo menos alguém vive te corrigindo. Você sabe que não tive alguém que me corrigisse sem eu apanhar muito pra isso.

- É, isso é verdade.

- Mas por que você tocou no assunto?

- Estava pensando em ir no começo das férias, mas essa é bem a época em que seu pai e a minha mãe vão estar em lua-de-mel e...

- Não se preocupe comigo. – disse ela, entendendo a preocupação dele. – Se você quer ver seu pai, vá. Posso me virar sozinha aqui.

- Não se importa mesmo se eu for?

- Se me pedisse para escolher por você, eu preferiria que ficasse, mas sei que isso é importante para você. Não se preocupe, os outros nunca viajam no inverno, não vou ficar sozinha. – ela sorriu.

Eles foram para casa e, depois de duas semanas, era o casamento de Fuyutaka e Yelan. Os amigos de Sakura foram todos convidados, o baile seria muito animado. Sakura e Sakuya seriam damas de honra. Sakura estava linda, com um vestido verde claro até os joelhos e de costas nuas. Sakuya estava com um modelo parecido, mas rosa claro.

- Está linda. – disse Yukito, beijando Sakuya.

Sakura observou aquela cena com um aperto no peito. Ela sabia quem ela queria que a tratasse daquela forma. Ela se apaixonara por Shaoran e tinha plena consciência disso.

- Sakura, algo errado? – perguntou Sakuya, ao notar o olhar triste da amiga.

- Nada não, Sakuya. Vamos para o altar.

- Sakura. – Yukito a chamou e ela se virou. – Quando vai contar para ele?

- Não dá para esconder nada de você, não é?

- Não, você não consegue esconder nada de mim. – ele levantou o rosto dela. – Agora coloque um sorriso no rosto que hoje é o casamento do seu pai, ele não vai querer te ver assim.

- Eu sei. – ela sorriu. – Obrigada. Agora vamos, Sakuya.

Bom, eu preciso agradecer a muita gente, mas uma pessoa em especial que me ajudou demais. Sem ela esse capitulo não sairia. Muito obrigada Saki Kinomoto, você é um anjo!!! Bom, pra muita gente q está acompanhando, Hime Hiiragizawa, Misao-chan, e a todo mundo... Vamos ver se consigo postar até onde eu quero antes de eu viajar... Mas é provável que esse seja meu último capítulo postado, já que vou viajar e não vou poder escrever lá...

Bom, os dois já se gostam, quem será que vai se declarar primeiro? Será que um dos dois vai ter coragem? Bom, vamos ver com quem eu vou invocar, né?

Bjs pra vocês e feliz ano novo se eu não postar outro antes de viajar.