Um caso complicado de se resolver

Eles chegaram na casa de jogos, todos cumprimentaram Shaoran. Eram três rapazes somente e Shaoran os apresentou a Sakura.

- Sakura, esses são Toji Kuwabara, Shinji Yamajiro e Kazuo Yamazaki. Ela é Sakura Kinomoto, minha meia-irmã e namorada.

- Olha lá, Shaoran tá finalmente virando homem. – brincou Toji. Sakura riu do comentário, mas achou que fazia bem o gênero de Shaoran. Não era de ficar experimentando, quando fazia algo era sério.

- Mas está faltando alguém, não é? – comentou Shaoran.

- Ah, ele está comprando as fichas. – disse Shinji.

- Olha ele aí. – completou Kazuo.

- Falae, Yue, faz tempo não é? – Shaoran cumprimentou o rapaz que contava o dinheiro nas mãos (imaginem o Yue com o cabelo um pouco mais curto, desde que não arraste no chão e com umas roupas um pouco mais normais. E claro, com uns 19 anos).

- Shaoran Li, que milagre te traz aqui? Seu sumido, abandonou a gente para ir morar com a sua mãe.

- Vim passar o feriado com meu pai e trouxe a minha namorada. – ele se afastou do rapaz e viu que a namorada olhava estática para Yue. – Sakura, algum problema?

- Não acredito, você estava bem esse tempo todo e nem sequer teve coragem de me mandar uma mísera carta? – disse Sakura a Yue.

- Putz... Sakura... Eu... – ele não sabia o que falar.

- Cara-de-pau. – ela riu um pouco. – Saiu com o rabo entre as pernas de Tomoeda e ainda nos fez pensar que estava morto.

- Não foi minha culpa. Você sabe que a guerra de gangues não foi o único motivo que minha mãe teve para nos tirar de Tomoeda.

- Tudo bem, só não faça isso de novo. Não precisa ser telefonemas, de repente só cartas ou nos falamos em dias que sua mãe não esteja em casa.

- Sakura, posso saber do que estão falando? – perguntou Shaoran.

- Yue, depois de Yukito, foi o meu melhor amigo na época em que tive aqueles problemas.

- Pode falar, creio que Shaoran saiba de tudo e eu contei a minha história para os outros. Não mencionei nomes, mas seria impossível esquecer de você nessa história toda.

- É ela a tal garota de quem você nos falou? – perguntou Kazuo.

- Aquela que apanhava na gangue? – perguntou Shinji.

- Yue, não acredito que você falou isso! – repreendeu-o Sakura.

- Que história é essa? Não sabia disso. – comentou Shaoran, olhando feio para Sakura.

- Não precisa se preocupar com isso, não vai mais se repetir. – disse Sakura. – Não estamos aqui para falar de meu passado, já tive que relembra-lo o suficiente nos últimos dias, não acha, Shaoran?

- Tem razão, vamos esquecer isso. Já tivemos problemas suficientes, viemos relaxar e não ficar brigando. Além do que, já descobrimos que não vai ser um feriado tão relaxante quanto nós esperávamos.

- Não fale assim, Mizuno não irá fazer nada. E vamos mudar de assunto, por favor?

- Ei, Sakura, aqui tem aquele jogo de tiro ao alvo. – disse Yue. – Quer sua revanche? Você nunca ganhava de mim.

- Os tempos mudam, Yue, meu caro amigo. Se você quiser podemos jogar. Mas jogar só por jogar ou podemos tornar as coisas um pouco mais interessantes? – perguntou Sakura.

- Que tal a velha aposta do milk-shake? – perguntou Yue.

- OK, minha vingança será doce...

- Eu duvido. – disse Yue. – Podem ir jogar outra coisa, temos contas a acertar e isso pode demorar.

- Para mim vai ser interessante, nunca vi Sakura tensa numa aposta de tiro ao alvo. – disse Shaoran.

- Vamos ver quem é tão bom capaz de ganhar do Yue nesse jogo... Até agora não achamos ninguém. – disse Shinji.

- Seus dias de procura acabaram. – disse Sakura sorrindo maliciosamente para Yue.

- Só quero ver. – eles foram até a máquina e os outros se posicionaram ao redor. – Pronta?

- Quando você quiser. – disse Sakura pegando a arma.

- Manda ver. – ele colocou as fichas e pegou a arma também. O jogo começou.

- Caramba! Os dois estão pau-a-pau... Ninguém erra. – disse Toji, boquiaberto.

- E Sakura nem começou a jogar sério. – disse Shaoran. – Posso nunca tê-la visto atirar ao vivo, mas sei quando ela está realmente levando as coisas a sério.

- Atirar ao vivo? – estranhou Kazuo.

- Você ainda tem muito que aprender, Yue. Está destreinado. Se fosse hoje para Tomoeda não duraria um dia. – disse Sakura, interrompendo a conversa deles. – Agora você vai ver o que anos de prática podem fazer. – ela começou a mirar e atirar mais rápido. Ninguém conseguia acompanhar a garota, no final eles viram o ranking de cada um.

- Cem tiros e noventa e cinco acertos da Sakura contra sessenta tiros com quarenta e três acertos do Yue... – Kaji disse, espantado. – Isso tudo em dois minutos de jogo...

- É, realmente acho que te subestimei. – disse Yue.

- Minha marca é menor que isso, esse jogo não traz o peso e a pressão do tiro da arma. Por isso foi tão fácil. – disse Sakura, alongando os dedos. – Agora vamos mudar de jogo, e não se esqueça que me deve um milk-shake grande.

- Não vou esquecer. – disse Yue.

Eles ficaram lá jogando durante um bom tempo. Depois Sakura olhou no relógio.

- Acho melhor irmos, já está tarde e tem a festa de noite.

- Verdade, já são quase cinco... A festa é às oito. Meu pai vai ter um treco. – ele suspirou.

- Desde quando você teme o que seu pai pensa? – perguntou Shinji.

- É, você nunca ligou para isso. – completou Toji.

- É, mas não é você que tem um primo idiota que está babando pela sua namorada.

- Shaoran... – Sakura disse em sobreaviso. – Não comece, até parece que você não pode confiar em mim.

- Não estou falando que não confio em você, estou falando do meu primo.

- E até parece que ela não sabe se cuidar. – disse Yue.

- Não estou questionando isso, Sakura sabe se cuidar, mas meu primo que me irrita.

- Vamos mudar desse assunto. Melhor irmos. – disse ela. – Yue, outro dia você me paga o milk-shake.

- Tudo bem, e eu vou querer uma revanche.

- Quando você quiser. Seria mais interessante com armas de verdade e com todas as conseqüências, mas já que não dá mesmo... – ela piscou para ele e os dois se foram.

- Cara, tem certeza de que não exagerou? Ela não parece capaz de tudo aquilo que você nos disse... – disse Kazuo.

- E também, mesmo ela estando com o Shaoran, ela pareceu muito interessada em você.

- É o jeito dela. Sakura é uma pessoa muito doce, mas, quando o bicho pega, ela sabe muito bem se cuidar e cuidar dos outros. Preciso falar com Mizuno, ele irá gostar de saber que ela está na cidade.

- Eu já sei. – disse Mizuno, se aproximando.

- Me seguindo, para variar. – comentou Yue com sarcasmo.

- Eu a encontrei hoje ainda cedo, temos que cuidar para que ela, pelo menos aqui, não tenha problemas.

- Eu sei. Não quero estragar o descanso dela, parece que ela teve problemas recentemente. – os dois andavam enquanto conversavam. – Até mais, gente.

- É, ela me contou algo, mas não quis detalhar.

- Não vamos forçar a barra, temos que ficar de olho no Chiba. Se ele tentar alguma coisa eu juro que mato.

- Calma, ele nem vai ficar sabendo que ela está na cidade, pode deixar.

- Espero...

- Não estava seguindo você, estava vendo como ela está.

- Está maravilhosa, se Chiba a vir ela não terá descanso.

- Ou ele terá descanso eterno. – disse Mizuno. – Ela amadureceu muito, acho que agora, para se proteger e proteger aos outros, poderia até matar.

- Prefiro não pensar nisso, ela está aqui para descansar.

- Eu sei, vamos ficar de olho.

- Quer dizer que a Kinomoto está na cidade... – comentou baixinho um rapaz alto de cabelos loiros e olhos castanhos que parecia ter uns 20 anos. Era bem charmoso, tirando o sorriso demente e alucinado em seu rosto. – Meu querido anjo, parece que o destino nos uniu novamente.

Enquanto isso, Sakura e Shaoran caminhavam para a mansão e Sakura parou de andar por um instante.

- O que foi?

- Estávamos sendo seguidos a tarde toda, mas agora eu acho que estão nos seguindo e não estou gostando do que eu estou sentindo. É outra pessoa que está nos seguindo e, pelo jeito não tem muito boas intenções.

- Bom, eu imagino quem possa ser. – comentou Shaoran.

- Quem?

- Uma das meninas da minha antiga escola... Ela era obcecada por mim e...

- Não é ela então. Não é uma simples obsessão, é algo bem maior. Acredite, eu sei o que eu estou sentindo.

- Você está com medo? Deve ser algo bem estranho para você ficar assim.

- Vamos logo, não queria ficar tanto na rua sem estar com a minha arma desse jeito.

- Tudo bem. – os dois estavam quase correndo e chegaram logo à mansão.

- Por que a pressa? – perguntou Aoshi, estranhando a correria dos dois.

- Nada não. – disse Shaoran, mas logo virou e viu Sakura olhando pela janela um vulto se esconder entre as árvores.

- Eu sabia...

- Viu quem era?

- Não, posso ver bem, mas estava muito longe.

- Sei...

- O que está acontecendo? – perguntou Aoshi.

- Bom... – Shaoran olhou para ela.

- Explica você, vou me arrumar, preciso de um tempo a mais. Só quero que me prometa que não vai sair sozinho, estou com um péssimo pressentimento sobre isso.

- Sakura, eu sei me cuidar.

- Não facilite as coisas, Shaoran, acredite, eu sei o que é achar que sabe se cuidar. Por favor, me promete que, se for sair da mansão, não vai fazer isso sozinho?

- Prometo, hoje não vou mais sair mesmo.

- Tudo bem, vou me arrumar então. – ela se afastou dos dois e foi para o quarto.

- Posso saber que diabos foi aquilo? – perguntou Aoshi.

- Fomos seguidos e Sakura ficou preocupada.

- Só isso?

- Para deixa-la preocupada desse jeito acho que não era pouca coisa... Ela raramente fica daquele jeito.

- Bom, seu pai já estava tendo um ataque com a demora de vocês.

- Eu imaginei, mas voltamos mais por causa da Sakura.

- Mulheres... Fazer o que?

- Não podemos viver com ela e muito menos sem elas... – os dois riram.

- Shaoran, cadê a Sakura? – Meiling se aproximava correndo.

- Foi para o quarto, se arrumar. Por que?

- Como assim por quê? Eu tenho que dar umas dicas pra ela, imagina o que os anciãos do clã vão falar?

- Eles que se danem, Sakura sabe que a festa é chique, não vai ficar de qualquer jeito.

- Mesmo assim, estou indo lá. – ela se afastou.

- Você vai deixar por isso mesmo?

- Se bobear a Meiling vai acabar quebrando a cara... Sakura pediu para vir mais cedo porque ela precisava de mais tempo... E, mesmo assim, independente se ela se arrumar muito, é linda de qualquer jeito. Não há homem no mundo que não assuma isso.

- Verdade... Você tem sorte.

- E você? A Misao não vem para a festa?

- Está louco? Nós vamos ao cinema, isso sim.

- Os anciãos te liberaram, imaginei...

- É, não tenho obrigação de vir. Mas posso ficar se você quiser.

- Pára com isso, eu queria poder ia ao cinema com a Sakura, mas já que não posso...

- Masayuki também estava se mordendo de raiva quando vocês dois saíram.

- Imaginei isso também, não quero saber do meu primo babando na Sakura hoje de novo, eu juro que quebro a cara dele no meio da festa.

- Calma, ele não fará nada se você estiver de olho.

- É bom mesmo.

- Agora, mais uma coisinha... Os anciãos querem falar com você. Pediram para eu o levar até eles assim que chegasse.

- Tudo bem, vamos então. – eles foram até a sala onde os anciãos estavam. – Aqui estou eu, o que querem?

- Shaoran Li, um de nossos guerreiros mais precisos e poderosos em artes marciais... Mesmo nos abandonando achamos que, pelo menos, seu espírito de guerreiro o impediria de fazer as escolhas erradas. Mas acho que nos enganamos... – falou um senhor que parecia ser o chefe.

- Sério? E será que eu posso saber qual é a escolha errada que eu fiz? – perguntou, displicente, como se não estivesse nem aí para o que eles iriam dizer.

- Você escolheu por se apaixonar, a maior fraqueza de um guerreiro...

- Ora, façam-me o favor! Não julguem ninguém sem conhecer, Sakura não é a minha fraqueza, pelo amor dos Deuses! – disse Shaoran. – E outra, eu já saí do clã há muito tempo, estou aqui de férias, não pretendo voltar nem hoje nem amanhã e nem nunca!

- Seria um desperdício de suas habilidades...

- Que se dane, não estou nem aí para isso! Quero viver a MINHA vida com as pessoas que REALMENTE se importam comigo e não só com minhas habilidades.

- E o que o faz crer que aquela garota está interessada em você e não no dinheiro de sua família ou em suas habilidades?

- Para começar, ela tem nome, e um nome lindo por sinal. Sakura Kinomoto nunca se aproveitaria de alguém dessa forma, ela mesma me provou isso. Mas, se querem mesmo saber, ela não sabia da fortuna de meu pai quando começamos a namorar e, quanto às minhas habilidades, ela só soube disso ontem. Não vão estragar o que eu estou vivendo agora, não sou mais fantoche de vocês, e vocês que tentem me obrigar a algo... – ele advertiu, se virando para sair, em seguida. – Ah, só mais uma coisinha, se, por um acaso, eu souber que algum membro do clã encostou em um fio de cabelo sequer de Sakura eu juro que mato com minhas próprias mãos. – e saiu da sala, seguido de Aoshi.

- Cara, essa você exagerou...

- Exagerei nada, eu ainda me controlei...

- Me lembre de que quero morrer seu amigo.

- Sei como eles pensam... Se bobear era um deles nos seguindo durante a tarde...

- Bom, na verdade eu tenho um presente para você, mudando de assunto. – eles foram caminhando para o quarto de Aoshi. – Ia dar quando você fosse embora, mas acho que você pode precisar dela mais cedo...

- O que é? – eles entraram no quarto de Aoshi e o rapaz começou a mexer em umas coisas em seu armário.

- Aqui está. – ele pegou um embrulho fino, em pano, e estendeu a Shaoran.

- Isso é... – Shaoran pegou o embrulho e tirou o pano. – Minha espada... Um pouco melhorada, mas ainda a minha espada... – ele ficou admirando a espada. – Achei que eles tivessem destruído.

- Eles também. Mandei fazer uma cópia e troquei pouco antes de eles a destruírem.

- Nem sei como agradecer...

- Escondendo isso, se descobrem que fui eu estou frito e você vai ter que me hospedar na sua casa no Japão.

- Nem morto! – brincou Shaoran. – Tudo bem, não vou deixar que saibam. Sorte que eu ainda tenho minha licença...

- Vai lá.

- Aonde?

- Guardar isso, antes que alguém veja.

- Mas Meiling e Sakura estão se arrumando lá...

- Como você é tonto, é o SEU quarto, esqueceu? Qualquer coisa é só chutar Meiling de lá.

- Sabe muito bem que eu nunca faria isso, não quero apressar as coisas e estragar tudo.

- Quer dizer que, mesmo morando na mesma casa vocês nunca...

- Nunca, estamos curtindo ainda, Aoshi, não vamos correr. Para que toda essa pressa, estamos bem do jeito que estamos. E, mesmo que quiséssemos, Sakura anda tendo uns problemas, não estaria muito disposta.

- Tem uma coisa que me intriga... Quando nos falamos pelo telefone, antes de vocês começarem a namorar, você falou que ela não estava bem, que tinha acontecido um acidente sério... Mas ela parece tão bem, nem cicatrizes ela tem... Você mentiu para mim, não foi?

- Foi... Não foi um acidente... Ela levou três balas, duas na perna e uma no braço.

- Como é? Mas o que aconteceu?

- Você tem que me prometer que vai manter em segredo.

- Você acha que não pode confiar em mim? Claro que vou ficar quieto, né.

- Tomoeda não é uma cidade tão calma como parece ser... Existem várias gangues e...

- Sakura é líder de uma?

- Deixa eu terminar, seu mané. Não, ela não faz parte de nenhuma, mas já fez e o melhor amigo dela é líder de uma.

- O que a envolve diretamente às gangues.

- Quase isso, por sua experiência péssima em gangues quando era menor, Sakura não tem nada de boba e ingênua. Então, mesmo que não queiram envolve-la, se ela descobre que estão em perigo, ela vai lá e ajuda...

- Então foi isso?

- Foi, o amigo dela, Yukito Tsukishiro, entrou num QG de uma gangue que queria mata-lo e também a Sakura. Ela descobriu e, como ele lhe mandara uma arma para que ela se cuidasse, foi atrás dele.

- Ela tem uma arma?

- Tem, e pode ter certeza de que, apesar daquela carinha doce, ela pode ser muito fria e calculista mesmo com aquilo.

- Ela já matou alguém com aquilo?

- Que eu saiba só um. O tal chefe da gangue onde os dois entraram. Isso foi antes de namorarmos, ela levou três tiros desse cara...

- E, deixe-me ver se eu que sou muito tonto ou as coisas estão se encaixando mesmo... O tal Mizuno foi um dos companheiros de gangue dela?

- Na verdade o chefe dela.

- Shaoran, será que eu posso saber exatamente como ela provou para você que não está com você só por interesse?

- Ela não me provou exatamente isso... Mas sei que ela é uma pessoa em que posso confiar... Sem mesmo nos conhecermos, ela me salvou de uma bala, entrando na frente, praticamente... Na hora eu não entendi o motivo, ninguém aqui faria isso por mim, mas ela realmente é uma pessoa muito especial...

- Bom, tinha que ser para encantar você desse jeito.

- Bom, melhor você guardar a espada, depois eu guardo nas minhas coisas.

- Tudo bem. – Aoshi olhou no relógio. – Vou me arrumar, Misao não gosta de atrasos.

- Divirta-se.

- E você se controle.

- Sakura me controla, pode deixar. – ele saiu do quarto.

Sete horas, Shaoran foi para seu quarto se arrumar, esperando que elas já tivessem liberado o banheiro. Entrou no quarto e sentiu um aroma delicioso de perfume. Quando olhou, as duas estavam só de toalha, que cobria pouco menos da metade das coxas, arrumando o cabelo. Sakura estava com os cabelos ligeiramente encaracolados, o que deva um tom de graça a ela, maior do que o normal.

- Espera só um pouco, Shaoran. A gente já deixa você tomar banho. – disse Sakura com naturalidade.

- Você não tem vergonha? – perguntou Meiling.

- Por que deveria? Não estou mostrando nada, estou? – comentou Sakura, sem nem ligar para o comentário.

- Verdade... – disse Meiling e continuou a arrumar os cabelos, que não estavam ondulados, mas estavam extremamente brilhantes e sedosos.

- Vocês ficaram duas horas só para arrumar o cabelo? – perguntou Shaoran. – Que perda de tempo.

- Ai, Shaoran, você nunca vai entender as mulheres... Somos vaidosas. – disse Meiling.

- Nem liga Meiling, ele fala isso, mas está adorando ver a gente assim. Ou estou enganada? – perguntou, olhando para o namorado.

- Quem sabe... – disse ele, se sentando na cama.

- Principalmente se ele acha que estamos nos arrumando assim para ele. – continuou Sakura.

- No seu caso, é verdade. Mas já no meu...

- Bom, continuando o assunto antes de Shaoran interromper, você falou que, depois da festa, o Seiya falou que tem uma surpresa para você.

- É, ele falou para eu deixar uma roupa pronta para eu trocar e nós sairmos. Ele disse que queria me levar num lugar...

- Que história é essa??!! – Shaoran entrou no banheiro berrando. – Você não vai sair no meio da noite com o Seiya mesmo, viu?

- Shaoran, eu já sou bem grandinha para você ficar me dando ordens.

- Tudo bem, eu falo com seus pais. Eles não sabem, ou estou enganado?

- Está enganado, falei com eles. Seiya mesmo pediu a permissão deles para nós sairmos depois da festa. – Meiling mostrou a língua para Shaoran.

- Ai, ai... – Sakura suspirou e riu. – Você tem que deixar de ser paranóico e possessivo, Shaoran, Seiya jamais faria algo para machucar Meiling. Principalmente porque ele sabe que morreria se o fizesse.

- Assim espero. – disse ele, quase bufando de raiva.

- Bobo... – Sakura prendeu duas mechas de seu cabelo com uma fivela prateada em forma de sakura. – Pronto, eu terminei, e você, Meiling?

- Também. – ela deixara os cabelos soltos.

- Pode tomar seu banho, Shaoran. – disse Sakura, saindo do banheiro, seguida por Meiling.

- Você tem sorte. – disse ele.

- Eu? – perguntou Sakura.

- É. – respondeu ele.

- Por que, se é que eu posso saber.

- Se a Meiling não estivesse aqui... – ele não terminou a frase que sussurrara no ouvido dela e entrou no banheiro, fechando a porta.

- O que ele falou? – perguntou Meiling.

- Nada não... E depois ele ainda fala do Seiya... – ela riu. – Vamos nos trocar.

As duas colocaram os vestidos e, quando Shaoran saiu, Sakura estava dando os últimos toques olhando no espelho do closet. Meiling não estava mais lá.

Sakura estava magnífica, o vestido lhe caía como uma luva, parecia que havia sido feito especialmente para ela, era colado ao corpo até os quadris e depois ficava mais solto, o decote era bem generoso, e ela usava uma gargantilha prateada com uma lua na ponta, também prateada. Ainda estava descalça, mas seu sapato seria com um salto médio (uns quatro a cinco cm) e preto.

- Está linda. – disse Shaoran.

- Obrigada. – ela sorriu. – Sabe muito bem que não e só pelo fato de a festa ser chique que me arrumei desse jeito.

- Eu sei. – ele se aproximou dela e a beijou (detalhe, ele está só de toalha).

- Temos mesmo que ir para a festa, não é?

- Você não precisa, mas eu tenho.

- Não me arrumei assim para ficar sozinha. – disse ela. – Agora põe a roupa que eu ainda preciso passar a maquiagem e você está interditando o banheiro.

- Ah, não... Você vai colocar maquiagem?

- Vou sim, por que?

- Assim vou ter que tomar cuidado para não borrar.

- Shaoran, é uma festa, não posso ir de qualquer jeito.

- Mas você já está maravilhosa.

- Calma, Shaoran, se é isso o que você quer não coloco batom. Só um pouco de sombra, está melhor?

- Tudo bem.

- Então vai logo colocar a roupa.

- OK. – ele ainda deu um selinho nela, pegou sua roupa no armário e entrou no banheiro. Logo saiu já com a calça, camisa, o smoking pendurado no braço enquanto ele tentava dar o nó na gravata borboleta. – Não consigo fazer isso...

- Deixa que eu faço. – ela se aproximou dele e deu o nó com facilidade. – Pronto, agora me deixa terminar de me arrumar. – ela entrou no banheiro e começou a passar maquiagem, com a porta aberta mesmo.

Dez minutos depois os dois estavam prontos e foram para o salão onde seria realizada a festa. O salão era enorme, estava praticamente inteiro livre, a não ser por umas mesas nos cantos e um pequeno palco onde uns homens estavam arrumando alguns instrumentos. Tinha uma porta que dava para uma "varanda" que era uma elevação, na verdade, porque eles estavam no primeiro andar.

- Mesmo depois da conversa ainda tem coragem de vir à festa, Shaoran? – o chefe do conselho se aproximou deles.

- Nossa, mas achei que eu fosse obrigado a vir. Se não sou, com licença nós vamos ao cinema. – brincou Shaoran.

- Você está irritando extremamente todo o conselho.

- Que pena que vocês não podem mais me controlar, não é? – disse ele ainda com sarcasmo.

- Seu insolente.

- Por que está se contendo? Normalmente me chamaria de incompetente, idiota, imbecil e fraco. Ah é, esqueci que não tem mais o direito de me insultar dessa forma, não controla mais a minha vida. Vamos, Sakura, quero te mostrar o jardim. – Shaoran estendeu o braço a ela que aceitou com um sorriso e os dois foram para o jardim.

- O que era aquilo? – perguntou ela.

- Ele é um patife que viva me irritando e me xingando... Agora que estou fora do clã eu desconto tudo o que eu queria falar para ele na época.

- Sabia que você ficou lindo com aquele sorrisinho de criança levada? – ela o abraçou pelo pescoço.

- E você é linda de qualquer jeito. – ele passou uma das mãos pela cintura dela e a outra a puxou pela nuca e a beijou apaixonadamente.

Sakura se sentia totalmente submissa a Shaoran. Mesmo sabendo que era "mais experiente", ele conseguia beija-la de forma tão envolvente... Quase selvagem. Logo que eles se separaram, Sakura sentiu um frio na espinha, como sentira mais cedo sobre eles serem seguidos.

- Sentiu isso? – perguntou ela, tensa.

- O que?

- Tem alguém aqui.

- Sakura, a mansão é vigiada, ninguém entra sem a autorização do meu pai, não se preocupe.

- Acho que eu estou ficando paranóica mesmo. – ela suspirou. – Vamos entrar, aqui está meio frio.

- Tudo bem, meu pai vai querer que eu recepcione os convidados...

Os dois entraram e não deu outra: o pai de Shaoran falou para ele recepcionar os convidados e Sakura acabou por ir pegar alguma coisa para eles beberem. Shaoran pediu uma batida, mas Sakura preferiu um suco.

- Está aqui, Shaoran. – ela entregou o copo a ele.

- Obrigado, meu anjo. – ele pegou a taça com a mão direita e a enlaçou pela cintura com a esquerda, beijando-a em seguida.

- Garçonete não deve ser um emprego ruim... – ela brincou.

- Só se for minha particular. – disse ele.

- E você pagaria bem?

- Isso a gente pode negociar... – ele a beijou novamente.

- Ae, Shaoran, tá bem na vida, hein? – comentou Toji entrando com Yue, Kaji, Kazuo e Shinji.

- Não sabia que vocês vinham. – disse ele, sem soltar a cintura de Sakura.

- Seu pai nos convidou, falou que a festa era para você, não fazia sentido não convidar os amigos.

- Parece que a festa não vai ser aquela chatice que você falou, Shaoran. – disse Sakura.

- É, meu pai não foi tão chato dessa vez.

- Mesmo se ele fosse, Shaoran, você deu a sorte grande. – comentou Yue.

- Não entendi. – disse Shaoran.

- Nunca vi Sakura tão bonita, ela quer mesmo impressionar você. Nunca se arrumou desse jeito para ninguém.

- Yue! Não fale assim. – Sakura ficou vermelha.

- É sobre isso então? Que eu dei a sorte grande eu sei, não se preocupe. – disse Shaoran.

- Espero que saiba cuidar desse anjo, senão vai se ver comigo.

- Eu sei exatamente como cuidar, não se preocupe com isso também. – Shaoran sorriu para Sakura, que retribuiu o sorriso.

- Bobo... – ela de repente se sentiu tonta e a visão de um rapaz de cabelos loiros e olhos castanhos bem charmoso, porém com um olhar alucinado e um sorriso demente em seu rosto. Deixou o copo cair e só não desfaleceu porque Shaoran a segurou. As atenções se voltaram para eles, pelo barulho do copo quebrado, mas Shaoran nem ligou.

- Sakura, o que foi? – Shaoran a segurou, desesperado.

- Ai... – ela demorou alguns instantes para voltar a si. – Nada, só um pouco de tontura.

- Melhor ir se sentar. – disse Kazuo, preocupado.

- Um pouco de ar seria melhor, o ambiente aqui é fechado. – disse Yue.

- Sério, eu estou bem. – disse ela, ficando mais firme e deixando de se apoiar em Shaoran.

- O que aconteceu aqui? – perguntou o pai de Shaoran se aproximando enquanto uma das empregadas limpava os cacos.

- Nada, foi só um acidente. – disse Shaoran.

- Meu filho, está certo que quer dar atenção a Sakura, mas espere pelo menos até os figuras da festa chegarem, pode ser?

- Mas pai...

- Deixa, Shaoran. Eu já disse que estou bem. – disse Sakura.

- Eu vou com ela até lá fora. – disse Yue. – Não se preocupe, nós já voltamos, não é, Sakura.

- É sim, não se preocupe comigo, viu? – ela deu um selinho nele e saiu pela mesma porta que entrar com Shaoran algum tempo atrás, acompanhada agora de Yue.

- O que você teve? – perguntou ele.

- Foi só uma tontura, nada demais.

- Pode fazer tempo, mas não sou bobo.

- É sério, foi só uma tontura.

- Tudo bem...

- Yue, tem mais alguém de Tomoeda aqui em Hong Kong?

- Bem, vários vieram para cá.

- Alguém que eu deva saber?

- Não, acho que não.

- Certo...

- Por que a pergunta.

- Fomos seguidos até a mansão hoje de tarde, não sei quem era, mas não gostei nada da sensação.

- Você já sentiu isso antes, com alguém?

- Acho que não. – ela sentiu novamente o calafrio. – Vamos entrar, não quero deixar Shaoran preocupado.

Os dois entraram, e, assim que os grandes figuras da festa chegaram, Shaoran foi até eles e a festa correu tranqüila. Começou a tocar uma música com uma batida gostosa e Shaoran chamou Sakura para dançar.

- Será que me daria a honra dessa dança? – perguntou ele.

- Eu é que ficaria honrada em dançar com você. – disse ela e os amigos riram.

- Um pouco de romantismo não faz mal a ninguém, viu? – disse Shaoran.

- Nossa, Shaoran, você mudou demais, cara...

- Realmente, mudei e agora tenho um anjo do meu lado, acho que a mudança não foi tão ruim, não é? – os dois foram para a pista.

O pai de Shaoran havia arranjado uma espécie de holofote, que os iluminou assim que começaram a dançar.

- Não acredito. Meu pai me paga. – Shaoran fez menção de sair da pista.

- Esqueça, agora é tarde. Vamos dançar essa e depois você fala com ele.

- Mas você não fica incomodada?

- Não é a coisa mais agradável, mas me acostumei a ser o centro das atenções quando se trata de dançar. Não se preocupe.

- Então vamos dar um show que nenhum deles vai esquecer?

- Você é quem manda. – disse ela.

Os dois dançaram maravilhosamente bem, Shaoran aprendera a dançar para eventos como estes e também aprendera muito assistindo às aulas de Sakura. Ela fazia aulas, não tinha como errar passos tão básicos comparados com o que ela estava acostumada. Saíram da pista aplaudidos até pelos cantores da música. Shaoran foi falar com seu pai enquanto Sakura ia até os amigos, as foi abordada por Masayuki no caminho.

- Dança maravilhosamente bem. – disse ele, se postando à frente dele.

- Não viu nada ainda. – disse ela.

- Não consegui falar com você até agora, creio que meu primo não deve ter deixado claro o quão bela está hoje. Já é bela de qualquer forma, mas conseguiu superar-se para a festa.

- Na verdade Shaoran não falou em outra coisa a noite inteira. – replicou ela, sem se importar com a careta que ele fez. – E se você achou maravilhoso o que viu agora, arrisco-me a afirmar que não entende muito de dança, já que aquilo não foi nada.

- Sakura! – Meiling se aproximava com Seiya. – Garota, você não me falou que dançava tão bem!

- Que isso Meiling, aposto que você faz melhor. – nisso os três foram se afastando de Masayuki.

- Que nada, eu não consigo dançar tão bem daquele jeito.

- Obrigada por me tirar de lá.

- Não fiz isso só por você, imagina o escândalo que Shaoran faria se visse Masayuki paquerando você. Mas eu falo sério, você estava demais, não foi, Seiya?

- Foi sim, depois dessa nem entro mais na pista.

- Não diga isso, na verdade eu posso até fazer melhor, mas Shaoran não conseguiria me acompanhar... Faço aulas de dança, por isso parece tão fácil.

- Ah... Está explicado então. – disse Meiling.

- Para falar a verdade eu prefiro dança pop, mas, para dançar a dois, essa estava ótima...

- Então você fazia parte do grupo de dança de Tomoeda que iria vir para o festival de Natal? – perguntou Seiya.

- É, íamos, mas acabou sendo cancelada... Como você sabe?

- Minha mãe era uma das organizadoras. Pelo que ela me contou vocês iam fazer um número de flamengo, não era?

- Era sim, eu e meu amigo Shinta. A idéia foi dele, mas acabou me colocando no meio.

- Queria ver, sempre quis fazer dança, mas minha mãe não deixa. – disse Meiling.

- Posso te dar umas aulinhas se você quiser. Não sou profissional, mas posso tentar.

- Não se incomode, está aqui para descansar. Curta o momento aqui, sei que você e Shaoran estão precisando de um tempo sozinhos.

- Tudo bem, mas se mudar de idéia pode avisar.

- Tudo bem.

- Ei, Sakura. – Shaoran estava se aproximando.

- Oi. – ela foi até ele.

- Meu pai falou que vai parar com isso, agora que tal irmos para o jardim, lá é bem mais calmo e não vai ter ninguém para nos atrapalhar.

- Vamos. – os dois foram até o jardim.

- Assim está bem melhor. Sem barulho, sem gente... Só nós dois... – ele a beijou com paixão. Sakura foi pega desprevenida, não esperava tão rápido. Quando se deu conta, os lábios de Shaoran já haviam deixado os seus e ele, após dar vários beijos em seu rosto, começou a beijar seu pescoço. Infelizmente ouviram alguém chamando o nome de Shaoran, quebrando todo o clima. – Ah, essa não... – ele olhou para a porta que entrava na casa e viu que era a mulher de seu pai que o chamava. – O que será que ela quer agora?

- Vai lá, eu te espero aqui. – disse ela.

- Eu não demoro. – disse ele, dando um rápido beijo nela e indo até a porta, que estava ligeiramente longe dali.

Sakura sentou-se em um banco perto dali. Suspirou. Alguém não queria que os dois se curtissem, sempre havia algo os interrompendo. De repente ouviu um barulho atrás de si. Levantou assustada e olhou para trás.

- Assim você me mata de susto. – disse ela a Masayuki.

- Você gosta tanto assim dele?

- Shaoran é a pessoa mais maravilhosa do mundo, eu o amo muito e não o trocaria por ninguém. Achei que isso já estivesse claro.

- Eu só queria confirmar, prefiro não concluir nada e sim ouvir da própria pessoa.

- Você tem sorte, meu anjo. – disse uma voz de homem, pouco grave, desconhecida para ambos.

- Eu sabia, quem está aqui? – Sakura começou a procurar pelos lados, e, quando voltou a olhar na direção de Masayuki viu o mesmo sendo segurado por trás e com uma arma sendo apontada para sua cabeça por um rapaz alto de cabelos loiros e olhos castanhos, o mesmo de sua "visão", só que um pouco mais velho. – Não... – ela tremia.

- Emocionada em me ver novamente? – perguntou ele, rindo. – Parece que não se esqueceu de mim.

- Chiba... O que está fazendo aqui?

- Ué, eu queria relembrar os velhos tempos, não posso?

- Pare com isso, você ficou louco... Não pode me obrigar a mais nada agora.

- Mesmo? Então a vida dele não significa nada para você? – perguntou, pressionando a arma contra a nuca de Masayuki, que estava estático.

- Masayuki, não se preocupe, ele não vi mata-lo. – disse Sakura. – Escute, Chiba, chega de loucuras, ele é um Li, vai ser caçado até a morte se machuca-lo.

- Não me importa, você sabe o que eu quero, mais que tudo na vida, sempre quis e não mudei.

- Chiba, não faça isso. Não seja louco.

- Está preocupada comigo, minha flor?

- Não me chame assim, sabe bem que eu tenho nojo de você.

- Opa, resposta errada. – ele pressionou ainda mais forte a arma em Masayuki, que gemeu.

- Não posso faze-lo de novo, Chiba, você mesmo me prometeu que me deixaria em paz depois que eu fizesse o que você queria. Para começar você me disse uma coisa e fez outra, mas até lá eu aturei, só a perspectiva de você sumir valia a pena...

- É, acho que menti sobre as duas coisas então. Você também arruinou tudo, apanhei durante uma noite inteira na polícia por sua causa.

- Você apanhou porque foi pego, a culpa não foi minha.

- Se não tivesse gritado eu não seria pego.

- E você acha que, naquela época, eu conseguiria controlar aquela dor?

- Deveria.

- Deixe-o ir, Chiba, podemos resolver isso só nós dois.

- Se me enganar não terá descanso até o dia da sua morte.

- Eu sei. – disse ela e ele soltou Masayuki, que correu em meio às árvores, apavorado. Sakura riu com desdém. – Panaca...

- Espero que isso não tenha sido para mim.

- De jeito nenhum, não rebaixaria a categoria.

- Vadia... – ele partiu para cima dela. Sakura podia ser ágil, mas, por causa do vestido, não conseguiu escapar e foi derrubada no chão rapidamente. Chiba batia em seu rosto enquanto prendia seus braços e pernas com as próprias pernas. Sakura gritava, ele não estava brincando, batia para valer e ela não podia fazer nada. Logo seu rosto começou a sangrar em alguns pontos e as pessoas no salão começaram a ir para o jardim procurar a fonte da gritaria. Chiba começou a lamber o rosto de Sakura, limpando o sangue. Por mais que ela se sentisse enojada não podia fazer nada.

- Larga ela. – a voz fria de Shaoran pode ser ouvida, se sobrepondo à das pessoas que se aproximavam. Chiba nem se importou, continuou o que estava fazendo com prazer. – EU MANDEI LARGÁ-LA! – ele partiu para cima de Chiba e o fez sair de cima de Sakura. Os dois começaram a lutar corpo-a-corpo, mas Shaoran tinha a vantagem, então Chiba fugiu, mas antes disse uma última coisa.

- Isso é só o começo, minha flor, prometo que vou voltar. – e sumiu.

- Sakura... – Shaoran foi até ela, que chorava sentada no chão.

- Não se preocupe. – disse com a voz trêmula, se levantando.

- Sakura... – Yue foi até ela, mas antes de qualquer coisa que ele pudesse fazer ela deu um tapa no rosto do rapaz e todos a olharam espantados.

- Isso é para você aprender a nunca mais mentir para mim. – ela saiu de lá andando para o interior da mansão para is para o quarto, mas, quando cruzou com o Sr. Li, teve que parar. Ele merecia saber o que acontecera, não que os outros não merecessem, mas era a casa dele... – Senhor Li, eu... – Ela mantinha a cabeça baixa e sua voz não demonstrava emoção, apesar de os machucados no rosto estarem ardendo e muito.

- Não se preocupe. – ele a cortou. – Agora sei ao que Shaoran se referia quando falava que você não era qualquer uma. – ele levantou o rosto da garota. – A maioria das garotas estaria caída no chão só por causa desses ferimentos.

- Desculpe senhor, - ela recuou um passo, se esquivando da mão dele. – eu não queria que...

- Eu entendo. Vá descansar, amanhã podemos conversar com mais calma.

- Certo. E desculpe por arruinar a festa.

- Não se preocupe, não foi culpa sua. – ele foi até o aglomerado e Sakura foi correndo até o quarto. Shaoran não demorou a ir para lá também.

Assim que entrou, viu Sakura no banheiro encarando o espelho com lágrimas nos olhos. Não estava mais com o vestido, agora estava com um pijama de frio.

- Sakura... – ele foi até ela e a abraçou por trás, tentando acalma-la, mas a voz com que ela falou o fez querer chorar também. A voz dela saía rouca e triste.

- Yue já foi embora?

- Não... – ele tentou se controlar. – Pediu para eu ver se você já estava dormindo e que, se não estivesse a chamasse para que ele pudesse se explicar.

- Sei... Ele ainda acha que tem explicação... – ela soltou uma risada sem emoção. – Vou falar com ele. – ela se esquivou do abraço dele e foi até a porta.

- Sakura. – Shaoran a segurou pelo braço. – Não sei o que está acontecendo, imagino que, para deixar você assim, realmente esse cara tem que ter feito algo muito ruim para você antes.

- Não sou tão forte assim, me abalo como qualquer outra pessoa.

- Mesmo assim, não quero que nada mude entre nós. Você confia em mim, não confia?

- Claro que sim. Você sabe que confiaria minha vida a você.

- Eu sei que você deve estar se sentindo um nojo, mas me deixe pelo menos te acalmar.

- Eu... – ela não teve tempo de terminar a frase, ele a calou com um beijo. Sakura resistiu no começo, não se sentia bem o suficiente para aquilo, mas Shaoran insistia era para o próprio bem dela, além de acariciar todo o corpo da garota. Ela, lentamente, foi correspondendo o beijo e respondendo às carícias dele. Ficaram assim por alguns minutos, até Shaoran sentir Sakura totalmente envolvida por si mesmo.

- Desculpe se fiz isso contra a sua vontade. – disse ele. – Mas eu não podia deixa-la daquele jeito.

- Tudo bem, agora é melhor ir falar com Yue. Apesar de eu saber o que ele vai me dizer. – ela foi até o closet, colocou um hobby e os dois saíram do quarto.

- Foi só para te proteger. – disse Yue, quando os dois chegaram e Sakura perguntou.

- Yue, podia ter sido pior, imagina se alguém tivesse morrido?

- Ele não faria isso...

- Ele é louco, quase matou Masayuki. Não vou me submeter a ele novamente para salvar a pele de ninguém, Yue, você sabe disso melhor do que ninguém.

- Não estou te pedindo isso, só queria explicar...

- Yue, você mentiu para mim, não tem desculpa. Se fosse uma besteira qualquer não teria problema, mas poderia ter custado a vida de alguém!

- Sakura eu...

- Esqueça, fale com o Mizuno, quero falar com os dois amanhã às duas da tarde na casa de jogos, assim você aproveita e me paga o milk-shake.

- Tudo bem, eu falo com ele.

- Boa noite então. – Sakura e Shaoran se retiraram.

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Ae, gente, valeu pela ajuda e desculpem o tamanho do capítulo, mas eu não podia cortar no meio, senão iam me matar.

Bom, agradeço de todo o coração à: Chibi Lua, que me deu uma grande força. Daí, meu anjinho que tem me acompanhado e me ajudado em tudo o que pôde. Diogo e Nath, gente, vocês são demais, valeu pela força! Makimachi Misao, que, mesmo não lendo esse fic me deu umas idéias nas horas de conversa por tel. À Soi que quer me matar, para variar, mas ninguém liga também, hehehe.

Bjs a todos, obrigada pelo apoio e, como todos já sabem, CLIQUEM ALI EMBAIXO E DEIXEM REVIEW!!!

Miaka.