Um caso complicado de se resolver

Os dias se passaram rapidamente e, quando deram por si, era manhã do dia vinte e quatro, véspera de natal.

Todos estavam animados com os preparativos, apesar de não ser uma celebração comum, a família Li respeitava o lado ocidental de seus ancestrais, já que o clã era fora formado pela união de guerreiros de várias nacionalidades que se instalaram na China anos antes.

Canções natalinas eram cantaroladas, o clima era leve, incomum na mansão, mas ainda sim agradável. Sakura e Shaoran estavam ao telefone, ela falando com Fuyutaka.

– Pai, já disse que está tudo bem! Não aconteceu nada! – dizia Sakura, sendo interrompida por mais um sermão de seu pai. – Eu não disse nada porque sabia que ficaria assim e estragaria sua viagem, não havia nada que pudesse ser feito que já não estivéssemos providenciando! – suspirou, ouvindo o pai falar novamente tudo o que ela já sabia. – Pai, é véspera de Natal, falaremos disso quando estivermos em casa, está bem? OK, passarei para ele... Também o amo muito, papai. Feliz Natal. – sorriu, passando o telefone para Shaoran. – Pode esperar sermão... Eles souberam do Chiba... – riu da careta dele enquanto pegava o telefone de suas mãos.

Ia prestar atenção na conversa de Shaoran, mas não conseguia manter sua atenção presa a nada. Sentia-se leve, livre de qualquer preocupação ou pressão. Era assim que queria viver o restante de sua vida, ao lado de Shaoran. Suspirou observando o céu limpo e sentindo a brisa gelada de inverno brincar em sal face, aproximou-se mais da janela  e desviou o olhar para o jardim, onde ver as folhas balançando.

Desligou o telefone, observando a namorada se aproximar da janela com os cabelos embalados pelo vento. Enquanto se aproximava furtivamente, o aroma primaveril que emanava do corpo dela alcançou seus sentidos, fazendo com que desse um passo maior, abraçando-a firmemente, virando seu corpo e beijando-a apaixonadamente.

Pega de surpresa, Sakura demorou alguns segundos para corresponder à carícia, porém logo o fazia, na tentativa de envolvê-lo da mesma forma que ele a ela.

Separaram os lábios, mas continuaram com os rostos próximos, mantendo um sorriso em suas fisionomias.

– Amo você. – disse ela, quebrando o contato visual, apoiando-se nele e abraçando-o.

– Também amo você, Sakura... Mais do que tudo nessa vida. – correspondeu ao abraço, sussurrando no ouvido dela. – Vamos ficar juntos para o que der e vier, estarei sempre com você, eu prometo. – afastou-a de si, fitando novamente os orbes esmeralda. – Que tal irmos tomar um chocolate quente na lanchonete? Preciso passar na casa de alguns sócios da empresa a pedido de meu pai, poderíamos aproveitar esse tempo, o que acha?

– Está bem. – sorriu. – Vou pegar meu casaco e saímos, pode ser?

– OK. – sorriu, vendo-a sair da sala.

Saíram tranqüilamente da mansão, em silêncio, somente curtindo a companhia da pessoa amada.

Durante o caminho até a lanchonete, Sakura começou a cantarolar uma canção desconhecida a Shaoran, que observou curiosamente aquela ação.

– O que foi? – perguntou ela, fitando os olhos chocolate.

– Que música era essa? – perguntou, com um sorriso doce.

– Ah, não sei... Só tive vontade de cantar um pouquinho... De repente é alguma que eu ouvi no rádio ou algo assim...

– Por que sentiu vontade de cantar? – estranhou.

– Ei, isso é algum tipo de interrogatório? – brincou, sorrindo para ele. Abraçou suavemente o pescoço dele, fazendo-o parar para depois depositar um beijo suave sobre os lábios. – Senti vontade porque estou feliz.

– E posso saber o motivo de tanta felicidade? – perguntou, sussurrando ao ouvido dela, sentindo-a arrepiar-se.

– Pelo simples fato de tudo estar perfeito... Tudo está calmo, todos estão bem, é Natal... – aproximou seus lábios do ouvido dele e sussurrou. – Mas, acima de tudo, porque estou a seu lado... Tudo está absolutamente perfeito... – teve seus lábios tomados entre os dele, em uma carícia não tão suave como fora a sua.

Ficaram por alguns momentos envolvidos naquele momento que, apesar de estarem no meio da rua, atraindo os olhares dos transeuntes, era somente deles. Assim que se separaram, sorriram ternamente e continuaram o caminho até a lanchonete.

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Estavam na sala de música da mansão, Eriol tocava uma suave melodia enquanto Tomoyo mantinha sua cabeça encostada no ombro dele, de olhos fechados, somente curtindo a música.

Seus dedos deslizavam habilmente pelas teclas do instrumento, enquanto deliciava-se com o doce aroma que sentia emanar dos cabelos de sua amada. Poderia ficar assim para todo o sempre, somente sentindo a suave respiração dela acariciar sua pele suavemente.

Terminou a melodia e suspirou, pousando as mãos sobre as próprias pernas.

– Tomoyo? – chamou docemente, vendo-a abrir os olhos e fitá-lo, sorrindo. – Está tudo bem, meu anjo? Hoje está tão calada...

– Não há nada errado, meu amor. Só estou um pouco cansada, somente isso.

– Não dormiu bem? – perguntou, preocupado.

– Não exatamente... Não consigo dormir direito sem você a meu lado. – sorriu, vendo os olhos dele brilharem.

– Ora, minha preciosa dama, porque não me disse isso antes? – sorriu ternamente. – Sinto-me solitário sem seu calor durante as longas noites frias... – disse, como se recitasse um poema.

– Você ensaia essas coisas ou elas vêm naturalmente à sua mente? – perguntou, sorrindo divertida.

– Não preciso ensaiar se tenho uma musa tão doce e bela, tampouco para dizer o que sinto... Não para você. – sorriu sedutoramente, fazendo-a aproximar-se e beijá-lo apaixonadamente.

– Eu... Te... Amo... – disse, entre beijos. – Você não sabe... O quão importante... Tê-lo a meu lado... Ouvindo essas palavras... Vindas da única pessoa que quero que as pronuncie. – separaram-se, fitando os orbes um do outro profundamente.

– Não há outro lugar que eu queira estar, e nem outras palavras que eu queira dizer nesse momento. – tomou novamente os lábios dela, porém, dessa vez seus movimentos eram mais provocantes e demonstravam todo o desejo que ele reprimia.

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Nas visitas aos sócios do senhor Li, Sakura e Shaoran acabaram sendo convidados para almoçar na casa de um senhor muito simpático que, de acordo com Shaoran, era o único dentre todos os membros da empresa que aceitou sua decisão de sair de lá com sua mãe.

Ele morava sozinho em um casarão um pouco afastado do centro da cidade, o que fazia o lugar ser bastante calmo e relaxante.

Ficaram por lá algum tempo após o almoço, mas logo tiveram que ir, pois Shaoran tinha que entregas os papéis que seu pai pedira que pegasse.

– É uma pena que seu pai trabalhe até em feriados... Não deve passar muito tempo com a família... – comentou Sakura, tristemente.

– E porque é que você acha que meus pais se separaram? Minha mãe não agüentava mais ser colocada em segundo plano, sempre "o trabalho isso" e "o trabalho aquilo"... Para ser sincero, não sei como ele se casou novamente. – ergueu os ombros, em sinal de descaso. – Na verdade ele até melhorou... Antes nem as refeições fazia conosco...

– Não sabia disso... – fitou o chão, pensativa.

– O que foi? – perguntou ele, preocupado com a reação dela.

– Deve ser triste passar sua infância sem ter a atenção do pai... Eu tive sorte que meu pai, apesar de gostar muito de seu trabalho, nunca o colocou antes da família.

– Talvez tenha sido por esse motivo que minha mãe e seu pai tenham se casado. – sorriu. – Vamos mais depressa, temos que nos arrumar para a festa. – beijou brevemente os lábios dela, antes de apertarem o passo.

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Todos estavam no salão. Já haviam jantado e agora eram embalados por uma música suave que ecoava pelo local, alguns dançando, outros conversando.

Sakura, Shaoran, Tomoyo e Eriol estavam em uma rodinha, até que decidiram dar seus presentes.

– Eu começarei, está bem? – perguntou Tomoyo, tendo o assentimento de todos. Entregou pacotes para os três: o De Sakura e Shaoran eram do mesmo tamanho, porém o de Shaoran era mais grosso e pesado. O de Eriol era bem menor, o que fez Shaoran brincar.

– Ei, Eriol... Parece que seu presente vem mais tarde... – todos riram.

– Não me importo com o tamanho do presente... Afinal, nos menores frascos é que são guardados os melhores perfumes. – respondeu, fitando ternamente a namorada.

– E também os piores venenos, Eriol... – disse Sakura, rindo e terminando de abrir seu presente. Era um belo vestido de verão rosa bebê com sakuras estampadas por toda a extensão. Era simples e belo, provavelmente feito pela própria prima. – Tomoyo, é lindo! Muito obrigada. – sorriu, abraçando a morena.

– Ei, Shaoran, que cara é essa? – perguntou, Eriol, assim que o chinês acabara de abrir o embrulho. Chegou mais perto e viu um smoking sobre o papel de presente. – Nossa! Mas é perfeito... – disse, ouvindo a risada das garotas logo em seguida.

– Shaoran, se continuar com essa cara eu vou ficar muito ofendida! – brincou Tomoyo, ainda rindo. – Vou explicar para você o motivo do presente... Eu lembro como você ficou bem no casamento do senhor Kinomoto com a sua mãe... Comentei com a Sakura e ela disse que também tinha achado, mas que o smoking era alugado porque você não tinha nenhum... Sei que não é seu estilo de roupa favorito, mas pode ser muito útil ter um... Acredite em mim, nunca se sabe o que acontecerá amanhã. – piscou, vendo o rir um pouco.

– Isso tinha que ter dedo seu, não é Sakura? – disse, vendo-a rir ainda mais.

– Mas o que a Tomoyo disse é verdade! – defendeu-se, controlando o riso. – Agora você não pode dizer que só eu acho que você fica lindo de smoking.

– Está bem... – suspirou. – Vocês venceram. Obrigado, Tomoyo... Realmente, não posso dizer que não irá ser útil. Pelo menos não irei precisar correr atrás de roupa para o baile de formatura. – sorriu. – E você, Eriol? O que ganhou? – aproximou-se do amigo, vendo que os olhos azuis dele brilhavam ao observar o que ele acabara de desembrulhar.

– Tomoyo... É maravilhoso! – seus olhos refletiam seu espanto e admiração. Olhava fixamente para uma miniatura perfeita de um piano em porcelana.

– Veja isso aqui... – disse ela, aproximando-se e virando o piano de cabeça para baixo, onde estava gravado, em letras floreadas e douradas: "Para o melhor compositor do mundo, com muito amor". Alargou o sorriso ao reparar que seus olhos estavam marejados com a homenagem.

– Tomoyo... – não tinha palavras para expressar a felicidade que sentia. Seu coração parecia querer sair do peito e sua garganta repentinamente secara.

– Pode beijar a noiva. – brincou Shaoran, pegando o presente das mãos de Eriol para olhar o pequeno objeto, enquanto Eriol beijava Tomoyo.

– Realmente, é muito perfeito... E a dedicatória ficou linda! – comenta Sakura, observando o presente nas mãos de Shaoran.

– Obrigado, meu anjo... – sussurrou Eriol para Tomoyo, logo depois de afastar os lábios. Aproximou-se dos amigos e pegou delicadamente o pequeno piano. – Bem, se não se importam, acho que serei o próximo. – entregou três pacotes, um grosso e pesado para Sakura, e dois mais leves para Shaoran e Tomoyo.

– Eriol! – Sakura abriu rapidamente o seu e viu um livro sobre a história dos esportes. – Puxa vida, eu estava feito louca atrás desse livro! – sorriu, abraçando o amigo.

– Pois é... Tomoyo contou-me e eu estava sem saber o que comprar para você... – explicou. – Fico feliz que tenha gostado.

– Gostei muito! – sorriu, olhando para os dois que ainda abriam os presentes.

– Eriol... É... Maravilhoso! – disse Tomoyo, pulando nos braços do namorado, com um quimono lilás com detalhes em azul marinho nas mãos.

– Tomoyo, vai ficar perfeito em você! – disse Sakura, observando a roupa. Virou-se para Shaoran logo em seguida e sorriu ao ver quatro camisas pólo nas mãos dele, uma azul, outra verde-musgo, a terceira branca e a última preta. – Parece que o Eriol adivinhou o que você estava precisando, não? – piscou para o namorado, sorrindo.

– Tudo tem um dedinho seu, não é? – riu, beijando-a docemente.

– Na verdade... – disse, separando os lábios. – Você mesmo comentou com o Eriol antes de virmos para cá, não se lembra? Ele só me perguntou se eu iria comprar isso para você.

– Ah sim... – afastou-se da namorada e foi até o inglês, que já parara de abraçar Tomoyo. – Obrigado, Eriol. – abraçou o amigo.

– Bem, agora é minha vez. – disse Sakura, entregando três embrulhos. Os três eram pequenos, sendo o de Tomoyo o menorzinho.

– Vejamos o que a minha querida prima comprou para mim... – disse Tomoyo, abrindo o pacote e vendo uma caixa de veludo vermelho. Abrindo a mesma encontrou um par de brincos prateados em formato de coração. – Sakura! São lindos!

– Quando os vi lembrei logo de você... Não pude deixar de comprá-los. – respondeu sorrindo, recebendo um abraço da prima. – Fico muito feliz que tenha gostado.

– Sakura! É perfeita! – disse Eriol, após rasgar o papel de presente e encontrar uma carteira de couro preto simples.

– Lembro que perdeu a sua antiga... – disse ela, indo até o amigo e abrindo a carteira, deixando a mostra o nome dele gravado em letras prateadas. – Achei que iria gostar disso. – sorriu, enquanto ele beijava-lhe a bochecha.

– Muito obrigado mesmo.

– Não foi nada. – sorriu, virando-se para o namorado e vendo-o a observar o objeto que já tirara do embrulho. Caminhou até o lado dele e viu-o desviar o olhar do presente para si mesma.

– Sakura... É lindo! Definitivamente perfeito. – disse, voltando a olhar para o enfeite de cristal de uma árvore de cerejeira com um lobo embaixo que ganhara da namorada.

– Fico feliz que tenha gostado... Quase o comprei para mim. – comentou, recebendo um beijo dele.

– Bem, Shaoran, agora é a sua vez. – disse Eriol.

– Está bem... – disse, entregando dois pacotes, um para Eriol, mais pesado, e outro para Tomoyo, mais leve. Sakura olhou-o, confusa.

– Shaoran? Não está esquecendo de nada? – perguntou ela, enquanto os outros dois também estavam confusos.

– Não... Acho que não. – riu da careta dela. – O seu será entregue no momento certo, minha flor.

– Shaoran! – colocou as mãos na cintura. – Não é justo!

– Sabia que você fica linda quando brava? – provocou.

– Ora, Sakura, não fique assim. – disse Tomoyo, abrindo seu presente. – É óbvio que ele quer dar seu presente em um clima mais aconchegante e romântico. – terminou de tirar o papel e viu um vestido de outono, longo e alaranjado. – Shaoran, que beleza! É lindo!

– Que bom que gostou, Tomoyo... Sei que não está acompanhando a estação, mas quando o vi, achei a sua cara.

– Obrigada, Shaoran, realmente é lindo. – sorriu, beijando-o na bochecha.

– Ei! – disse, Eriol, sorrindo, ao abrir o embrulho. – Como foi que adivinhou qual seria minha próxima compra na livraria, Shaoran? – perguntou, abraçando o amigo.

– Vi-o e lembrei de você... Mas perguntei para Tomoyo antes se você já não o tinha.

– Muito obrigado mesmo...

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Estavam no jardim, logo o relógio bateria meia-noite e ele ainda não lhe dera o presente.

– Shaoran, você está deixando-me curiosa! – reclamou, ouvindo-o rir.

– Acalme-se, minha flor... Tudo a seu tempo. – disse, admirando o enfeite que ganhara de sua namorada. – É realmente uma beleza... Obrigado.

– De nada... – suspirou, resignada. – Parece que não há nada que eu possa fazer para que fale.

– Bem... – olhou para o relógio, constatando que faltavam dois minutos para a meia-noite. – Acho que está na hora. – sorriu, colocando o objeto no bolso e pegando o presente para Sakura do outro. Era um pacote no formato de um quadrado, com três ou quatro centímetros de espessura. – Aqui está, meu anjo.

– Vamos ver o que aprontou dessa vez. – disse, com um sorriso maroto, rasgando o papel e encontrando uma caixa de veludo negro. – Shaoran... – olhou desconfiada, mas ele apenas sorriu. Ao abrir a caixa, seus olhos brilharam: uma gargantilha com um pingente de uma lua minguante com uma única pétala de sakura sobre a mesma, em prata.

– Essa é uma tradição da família... – tirou o colar da caixa, abrindo o fecho e observando o ornamento. – Quando o filho mais velho encontra a pessoa com quem quer passar o resto de sua vida, deve dar-lhe isso de presente, como demonstração de seus sentimentos. – colocou a gargantilha no pescoço dela.

– Ah, Shaoran... – sorriu, com os olhos marejados. – Eu... Eu...

– Não precisa dizer nada. – colocou o indicador sobre os lábios dela. – Independente de qualquer coisa que aconteça, quero passar minha vida inteira ao seu lado. – enquanto sussurrava, o rapaz aproximava os rostos, até beijá-la ternamente ao final da frase.

Enquanto estavam envolvidos naquele momento mágico, o relógio deu as doze badaladas e alguns fogos de artifício foram queimados e iluminaram o céu.

– Feliz Natal. – disse ela, sorrindo.

– Feliz Natal, minha flor. – respondeu, sorrindo também. – Vamos entrar. – segurou delicadamente a mão dela, guiando-a pelo jardim.

Já no quarto, preparando-se para dormir, Shaoran se trocava enquanto Sakura já estava há dez minutos no banheiro. Ele fitou a porta fechada e caminhou até a mesma.

– Sakura, está tudo bem? – perguntou, preocupado.

– Está sim... – respondeu, fitando o colar em seu pescoço pelo espelho. Suspirou. – Já estou saindo... – abriu a porta e fitou os olhos dele. – O que foi?

– Você ficou dez minutos aí dentro fazendo o quê?

– Dez minutos? Tudo isso? – estranhou.

– Foi sim. O que aconteceu?

– Nada... – sorriu, constrangida. – Eu só...

– Só...? – inquiriu, vendo que ela não falaria.

– Ah, Shaoran... – abraçou-o, ficando na ponta dos pés para sussurrar no ouvido dele. – Tudo o que eu sempre sonhei, por mais que negasse, desde que te conheci, foi ter uma vida calma, sem precisar mentir e fugir o tempo todo... Por mais que, para os outros, sue presente pareça somente mais uma promessa, é a realização de maus sonhos. E, principalmente, pela pessoa com quem quero passar toda a minha vida.

– Acho que descobri porque nos damos tão bem... – sussurrou em resposta, afastando-a ligeiramente de si para fitar os orbes esmeralda. – Temos sonhos em comum. – beijou-a com paixão, sendo correspondido em mesma intensidade.

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Já passava das duas da manhã, mas eles continuavam olhando as estrelas, ele sentado no banco e ela deitava com a cabeça em seu colo.

– Está cansada? – perguntou ele, beijando-lhe a fronte.

– Um pouco... – suspirou. – Mas quero ficar aqui mais um pouco.

– Tudo bem, podemos ficar o tempo que quiser. – sorriu. – Amanhã voltamos para casa, teremos tempo para descansar.

– Uhum... – ela fechou os olhos, suspirando e mantendo um sorriso sereno nos lábios.

– No que está pensando? – perguntou ele, acariciando os cabelos dela.

– Em tudo o que aconteceu...

– Diz... Com a Sakura? – perguntou, tendo o assentimento dela. – Realmente, foi algo bastante inusitado. Ela vivia dizendo que somente alguém que viveu os problemas de uma gangue a entenderia... E acabou se apaixonando por Shaoran, que sequer chegou perto de uma...

– E, apesar de se conhecerem há, relativamente, pouco tempo, ele a compreende e apóia mais do que qualquer um de nós... – abriu os olhos e fitou carinhosamente o namorado. – Eu não posso dizer que estava realmente confiante quanto à vida amorosa de Sakura... Ela não é uma pessoa fácil de se lidar 24 horas por dia... Claro que eu não me importaria, mas nós somos primas, já convivemos muito tempo e eu me acostumei a esse jeito dela... Mas devo dizer que achei que Shaoran iria enlouquecer ao passar a morar com Sakura de uma hora para outra. – os dois riram, mas foram interrompidos pela voz de Sakura em tom divertido.

– Eu também achei que fosse deixá-lo louco... – riu, fazendo-os olharem para si, encabulados. – Não precisam me olhar assim... Tudo o que disseram é verdade. Minha constante mudança de humor faz com que eu seja uma pessoa difícil de se lidar. – suspirou, olhando as estrelas. – Lembram como Shaoran ficou depois do incidente na casa de campo?

– É... Ele ficou bastante preocupado com você, Sakura... – disse Eriol.

– E isso mostra que ele se importa com você... Além do que, ele ficou a seu lado durante vários momentos que nem seu pai ou Touya estavam... – completou Tomoyo, que ainda estava deitada no banco.

– Essas são as provas que vocês tem que ele se importa comigo... Certas coisas não precisam de provas desse tipo, você simplesmente sente. – sorriu, fechando os olhos e podendo vislumbrar o rosto de Shaoran. – Mas vocês sabem disso, afinal vão fazer dois anos de namoro, não é?

– É sim... – a morena sorriu, fitando ternamente o namorado. – No Ano Novo...

– Mas, Sakura, você e Shaoran tinham ido dormir... O que aconteceu? – perguntou Eriol, preocupado.

– Não aconteceu nada, Eriol... Só quis ver as estrelas de hoje... A nossa última noite aqui. – passou as mãos pelos braços, em um claro sinal de frio. – Eu aconselho aos dois a irem dormir... – suspirou, olhando uma última vez as estrelas. – Boa noite. – entrou na mansão e sumiu da vista dos dois.

– Acho que ela está certa... Deveríamos ir dormir. – diz Eriol docemente, acariciando os cabelos da amada.

– Certo... – ela sentou-se e levantou do banco com a ajuda dele.

Entraram na mansão abraçados, enquanto uma brisa suave balançava os cabelos de ambos.

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N/A: Olá pessoal!!!

Primeiramente, mil perdões pela demora, mas eu realmente não conseguia escrever! Não por falta de tempo, mas simplesmente não saía nada! E ainda mais que viajei no carnaval, aí sem pc só escrevi uma ceninha lá... Tava desanimada... Tive uns problemas pessoais e aí já viram, né?

Enfim, deixando de lado as desculpas... As coisas tão acalmando, a poeira baixando... E a fic acabando... Pois é... Estamos no cap 20 e já não tem muito que acontecer com eles, não acham? Coitados, merecem um pouco de paz... Não tenho muito que lhes dizer só que estou esperando reviews. ^_^

Preciso agradecer à Yoruki Mizunotsuki, que, apesar de não nos falarmos muito, me deu um espacinho no fic dela para lembrar os velhos tempos de nossa parceria com Angels of Paradise... Me animou muito, viu filhota?

Também não posso esquecer do Felipe S. Kai, que me ajudou com a troca de presentes... E me ajudou bastante nesses problemas, me ouviu e talz... Não vou agradecer tudo o que você fez por mim que senão não saímos daqui hoje (e eu tenho que ir fazer o almoço para o meu irmão... Lembra do que acontece se ele tenta cozinhar? ¬¬)...

Também agradeço e dedico esse capítulo à Soi-chan, minha filhinha fofa que me ajudou bastante e me animou muito... Sem você esse capítulo não sairia, docinho!

Aos meus queridos reviewers... Harumi, Jenny-Ci, sakura14, Soul Hunter2 (Preciso falar com você sobre os personas...), Rô, Hime, Diogo_Li, Serenite, Diu-chan e MiDoRi (não esquenta se demorar pra ler, viu? ^.~).

Por enquanto é só...

Beijinhos!

Miaka.