2 – A Revelação

Uma massa cinza, etérea, e espectral aproxima-se dos dois. Aos poucos vai se tornando mais visível e menos etéreo, tomando a forma de um homem. Esse homem aproxima-se de Lyanne e pergunta com um tom de curiosidade misturado com ironia:

- Não estou te entendendo, predadora.... porque não segue logo o seu instinto e mata-o?

Sem interromper o que estava fazendo Lyanne responde ao fantasma, calmamente, sem mostrar preocupação ou rancor, numa voz suave, e com um leve tom de indiferença:

- Não tenho necessidade disso. Ele não me fez mal algum, não tenho nada contra ele, ele não está me ameaçando... Não vejo motivos para agredi-lo, simplesmente, - sorri sarcasticamente e olha com desdém para o espectro – não faz o meu gênero.

O espectro olha firme para a moça, capta alguma coisa de sua energia, e surpreende-se com a alta humanidade de uma criatura como ela. Nate somente olha o espectro, olha Lyanne e fica extremamente pensativo. O homem-espectro então fala:

- Consigo captar uma enorme selvageria e fúria dentro de você , criatura..... Você não é algo normal, que eu já tenha sentido a energia antes, o que é você criatura?

- Talvez – replica Lyanne com ironia e sarcasmo – seja porque eu sou parente de Lobisomem – e solta uma gargalhada.

- Diga-me o que és criatura!!!

Nate sorri, e com uma expressão de desorientado diz:

- Não estou entendendo... – levando a mão esquerda à cabeça, balança-a levemente de um lado à outro, virando-se em seguida para Lyanne - O que esse cara tá querendo dizer, Lyanne? Ele está te incomodando??

- Não Nate, ele não me incomoda de forma alguma, - fala sorrindo e olha para Nate - para me tirar do sério, ele vai precisar de muito, mas muito mais do que ele está fazendo... – vira-se e sem parar de procurar algo na mochila, continua, com um tom de voz calmo. – simplesmente ignore-o, não te farei nada,... confie em mim...

- Não te incomoda, mas a mim, tá começando a irritar...

Nate olha para o espectro firmemente e quando ia falar algo é cortado pela voz do homem:

- Fuja enquanto é tempo, rapaz... – e virando-se para a Lyanne diz – Brincando de Gato e Rato, não??? É feio brincar assim, criatura...

- Achei! – fala Lyanne, tirando um bloquinho de notas da bolsa e uma caneta, e acaba por quebrar o tom pesado da conversa. Sorrindo, ela diz – Me dá o seu autógrafo? – E estende o bloquinho para Nate.

Nate escreve algo no bloquinho, o devolve para Lyanne e diz:

- O que ele está falando?

- Eu não preciso falar Nate, você pode descobrir se você quiser.....

- Eu não vou fazer isso...

- Então me pergunte... eu te respondo... obrigada pela não-invasão...

O Espectro-homem corta a conversa.

- Uma predadora, que não caça... que irônico...

- Pare de se intrometer! – disse Nate, enfurecendo-se e fazendo seus olhos brilharem. Desorientado e zangado, vira-se para Lyanne perguntando – que diabos esse cara tá falando???

- Calma Nate, diz Lyanne e segura firme, mas sem machucar, o braço de Nate.

- Mas é que... – Fala Nate sem terminar a frase porque o Homem-espectro o corta, dizendo com o sarcasmo presente em cada sílaba de suas palavras:

- Criatura!!! Que coisa feia!!! Brincando deste jeito??? Porque não termina esse seu servicinho logo???

- O .... O .... o que esse cara tá falando, cê vai me falar???? – diz Nate completamente desorientado e meio confuso.

- Ela não vai falar... você é a presa dela...

- Como assim??? Presa??? O que ele tá falando Lyanne???

- tsc, tsc... Vocês... cada vez me impressionam mais... cada vez mais atrozes, mais ardilosos...- e virando para Nate, o espectro continua - Foge enquanto pode... antes que não haja mais volta....

Lyanne abaixa a cabeça, põe o caderninho na mochila, fecha-a e pensa... Contar ela não poderia, mas ele pode se zangar e descobrir do mesmo jeito... "Dane-se... de um jeito ou de outro ele vai acabar sabendo... Que bosta... Pérai... Eu nunca liguei par isso!!! Até para quem eu não podia falar e arriscar meu pescoço eu falei e deu certo, então... dane-se... vou falar".

- É ... é.... que – corta a discussão dos dois - eu sou uma... uma...- abaixa um pouco a cabeça e logo em seguida levanta-a.

- Anda, fale criatura... deixe cair a sua máscara predadora noturna de seres!!! – diz o Homem-Espectro

- Eu sou uma Vampira Nate.... – finalmente diz Lyanne com a maior naturalidade do mundo...

- Como??? – pergunta Nate com uma cara de espanto.

- Você assistiu Entrevista com o Vampiro?? Do mesmo jeito....

Nate emudece. Lyanne olha para um lado, olha para o outro, e depois de algum tempo, coloca a mão na mochila, e pega um bolo de papéis finos, com alguns ideogramas escritos à mão com uma bela caligrafia.

- O que está fazendo??? – pergunta o espectro – o... o... o que é isso??? – pergunta com certo desespero o espectro apontando para os papéis que Lyanne segura.

- Isto?? – diz Lyanne levantando os papéis. – Isto é algo que vai fazer você nos deixar em paz, ao menos por algum tempo...

Dizendo isto, Lyanne começa a grudar alguns dos papéis ao redor de Nate e do lugar onde eles estão. No mesmo instante, o espectro começa a contorcer-se e berrar algo que de início parecia completamente incompreensível, mas, dentro de alguns segundos começou a tornar-se algo mais compreensível.

- Não!!! Maldita seja você, criatura!!! Como conhece tal forma de me manter longe!!!

Lyanne sorrindo fala num tom completamente irônico e ríspido: - Ora, viajando... E além do mais, quem gosta de assombração do lado falando prá mais de metro é só Giovanni, tá?? Agora, chispa daqui, vai!!!

O espectro, ainda se contorcendo, afasta-se lentamente dos dois. Nate fica num estando de semi-letargia, pasmo, olhando a situação.

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E ai continuo?