Elas saltam os degraus do templo e pousam na calçada abaixo. Bem... foi divertido. Uma pena que já tinham que voltar. Mas já estavam com muita fome, e não poderiam ficar muito tempo por ali mesmo. Elas começam a andar em direção ao parque quando, cinco minutos depois ambas param e cruzam os braços. Olham uma para a outra e logo em seguida dão um grande salto, formando uma parábola e aterrizando uns vinte metros atrás. Bem atrás de Akira, que as estava seguindo.
- Não sabe o que significa perder com honra?
- Bem, eu não prometi que não iria tentar descobrir quem eram e de onde vieram, gêmea número um.
- Eu sou a número um! Nasci primeiro.
- Tudo bem. Você então é a numero dois.
- Nos chame de Haru-chan e Mako-chan, está bem?
- E quem é quem?
- De novo isso? Ela – é a Haru-chan. Ela gosta sempre de usar roupas mais escuras, e eu sou a Mako-chan.
- Certo. E de onde vêm?
- Mas como ele é insistente!
- E teimoso.
- Adoro isso num homem – ela piscou o olho
- Eu também. Mas olha, estamos com fome e temos que voltar. Não temos nenhum dinheiro conosco.
- Que tal se eu as convidar para jantar? – ele sorriu simpaticamente para ambas – Podemos até dançar depois.
- A troco de que?
- Por enquanto, de sua companhia. Entendam, eu nunca fui claramente forçado a admitir que era inferior a outra pessoa quando a mesma não tinha assim um indicativo tão aparente. Vocês tem a minha idade, e... não posso aceitar fácil que são tão superiores. Se fossem mais velhas eu nem me incomodaria. Mas não são. E onde arrumaram estas coisas que podem ser tão pesadas?
- Segredo – disse uma delas. E ele ainda não sabia distinguir uma da outra. Tudo o que sabia era que parecia que tinham o mesmo tipo de treinamento, mas elas estavam bem mais avançadas que ele. E isto o deixava muito curioso sobre elas. Eram jovianas, disto já não tinha dúvida alguma. Mas que jovianas? De onde? Quem eram os seus pais e, mais importante, o sensei delas?
- Bom, vamos comer!
- Alguma preferência?
Elas se entreolham e sorriem. Cada uma pega um braço dele e o arrastam pela calçada em direção ao parque. Se moveram tão rápido que ele chegou a ficar assustado que alguém percebesse algo. Mas até que não chamaram muita atenção,. Provavelmente ninguém acreditou muito naquilo. Duas gêmeas de mini-saia correndo a cinqüenta por hora na calçada e pulando ruas em um salto. Quem acreditaria?
Logo percebeu para onde iam. Uma... barraca de cachorro quente?
- Bem lindinho – começou a de roupa mais escura, portanto devia ser a Haru-chan – é isso que queremos.
- Certo.. três cachorros quentes, por favor...
- Só isso? – a outra o olhou impressionada – não dissemos que estamos com fome?
- Bom, comemos um de cada vez, certo? E parem quando ficarem satisfeitas.
Meia hora depois, ele percebeu que devia ter prestado mais atenção. Elas comeram nada mais, nada menos que trinta lanches. TRINTA! Onde enfiavam tanta comida?
- Ufa! Finalmente aquele buraco no meu estômago está fechado. E agora? Onde vamos dançar?
Dançar? Puxa! Tinha esquecido que tinha oferecido isto. Ele pagou o homem da barraquinha e percebeu que boa parte de seu dinheiro foi necessária para isso.
- Bom, tem um shopping com pista de dança e...
E lá foram eles de novo em louca correria. E novamente ele nem conseguiu pedir para que andassem de forma mais normal.
Mal entraram e já houve problemas com o elevador. Ele simplesmente começou a estalar quando elas entraram. Aqueles pesos delas... somando as duas, dava mais de uma tonelada, bem mais do que o elevador suportava.
- Que tal deixarem isso de lado – ele apontava para os braceletes delas – esse elevador não vai agüentar muito tempo.
- Tudo bem. Mas que material de má qualidade.. – ela tocou no bracelete e subitamente o elevador parou de estalar e sofrer para se mover - prontinho, reduzi para 20% do peso. Satisfeito?
- Hã.. sim.
Então aquelas coisas eram dispositivos? Onde conseguiram? E como funcionavam? Não pôde pensar muito. Elas seguiram para a pista de dança e começaram a dançar.
A dança mais esdrúxula, sem vergonha e erótica que já tinha visto. E não sossegavam. Ficaram assim direto, por horas! Quando ele notou, já eram onze da noite. Sua okaasan ia lhe matar. Ele ainda devia um certo número de flexões para a mesma...
- Bom, foi uma boa noite – começou ele quando conseguiu tira-las da pista – mas eu preciso ir. Têm onde ficar?
- Como dissemos, vamos para casa agora. Não se preocupe – ambas piscaram o olho para ele – mas o acompanhamos até sua casa. Tudo bem?
- Tudo bem, Mako-chan. E Obrigado pela noite você também, Haruka.
- Eí, como você...
- Puro palpite.
- Estou achando que é palpiteiro mesmo...
- EI!
- Brincadeirinha, lindinho! - ela o beija na face, fazendo-o ficara levemente encabulado - hum... se houver uma próxima vez, acho que vou querer um beijo seu como prêmio...
- HARU-CHAN!!! -
- Ah mana... estou brincando.
Assim que saíram do shopping, ambas tocaram em seus braceletes, reativando-os para que exercessem a mesma pressão de antes.
- Esquisito.. dançamos quatro horas e não estou com fome...
- Claro, Mako-chan. Nós não estávamos carregando meia tonelada desta vez. Se bem que acho que é isto que nos deixou tão fortes assim. Dançar horas carregando isso - ela olhava para os braceletes e sorria intimamente - sem contar quanto tocamos na banda.
- Vocês tem uma banda?
- Bem... - ela sorria - sim. Nós e alguns amigos nossos... Ficamos nas liras sônicas e os outros pegam o teclado e a bateria.
Lira sônica? Mas que diabos era isso?
- E qual é o nome da banda?
- Somos os Neo S... ai! Mako-chan, por que me chutou?
- Para você calar essa boca grande.
(Akira) - Hã... olha... não acham que estavam chamando muita atenção correndo pela rua e pulando daquele jeito?
(Mako-chan) - Onde a gente mora, isso é normal.
(Akira) - Mesmo? - ele arregala os olhos - e em que lugar do planeta fica esse lugar?
- Em nenhum lugar, fica...AI!!! HARU-CHAN!
- E eu que falo demais, não é?
- Ora... bom, você não conhece. Mas somos jovianas, como você. É só o que podemos contar. Você tem seus segredos, não? Temos os nossos.
- Deu para perceber. Realmente é impressionante encontrá-las, sabe. Não há muitos de nós por ai, e me alegra saber disso. E Makora...
- MEU NOME É MAKOTO! Ops! - a mesma fecha a boca, percebendo que falou o que não devia.
- Desculpe, Makoto. Mas "achei" - ele dava um sorriso - que seu nome poderia ser algo assim. Não sei por que esconder isso, mas deixa para lá. Posso ver esse seu bracelete?
- Para que?
- Curiosidade. Gostaria de ver como ele funciona.
- E otousan fala que eu sou curiosa...
- De onde será que você puxou isso, Mako-chan?
- Não comece. Tome - ela solta o bracelete e o joga para ele como se fosse apenas uma bijuteria leve. Ele o pega com uma das mãos e logo percebe a diferença. Ele quase perdeu o equilíbrio. Aquilo era bem mais pesado que ele. Na verdade, pesava quase o dobro do que ele e seus pesos. Não era assim impossível de se erguer, mas percebeu que ficaria exausto se usasse eles por algum tempo. E elas tinham quatro destes. Um total de seiscentos quilos que arrastavam consigo. Não foi a toa que de manhã, quando topou com elas foi como acertar um poste. As mesmas estavam bem ancoradas com este peso.
- Qual é a força de vocês?
- Quase C2, ou C1 nível oito, se preferir.
- Hã... - ele as olhou meio sem entender direito - e quanto é isso em minha língua?
- Podemos erguer até cinco toneladas - respondeu a outra - isso, claro, no limite máximo. Mas a força efetiva é de três - Haru-chan percebeu sua confusão e sorriu - Força efetiva é o quanto podemos manusear normalmente, tipo assim, como levar uma sacola de compras por ai. Quando lutamos em treino com nosso sensei, regulamos os braceletes para 25% a mais. Com isso chegamos a oitocentos quilos. Mas no dia a dia usamos os seiscentos, apenas para manter os músculos em forma.
Ela retesou os músculos do braço para ele ver e o mesmo quase assobiou. Que muque! Rivalizava com o seu próprio. Mas quando ela relaxou os músculos, não ficou assim tão aparente. Ainda bem. Não achava muito sensual uma mulher musculosa ao extremo.
Bom... elas podiam erguer cinco toneladas... pelo estudo que tia Amy tinha feito, ele chegou quase a três. Isso quer dizer que elas tinham perto do dobro da sua força. Não foi a toa que perdeu tão rápido e fácil.
- Pode me devolver agora? Meu equilíbrio fica ruim com apenas um bracelete nos braços.
- Sabia que seu nome é igual ao de minha okaasan?
- Jura? - ela sorriu - que coincidência. Filhinho...
- Ela não me chama assim - agora foi ele quem sorriu.
Cabelos castanhos, espetados e olhos cor de âmbar. Que visual elas tinham.
- Sem querer abusar da boa vontade de vocês duas, mas... posso experimentar essas coisas?
(Haruka) - Não vai agüentar.
(Akira) - Por que não? Ao menos, posso tentar...
Haruka tira o bracelete de seu braço, e o coloca no de Akira, depois pega o que estava na mão dele e o coloca na outra.
(Akira) - Parecem leves - ela aperta algo nos braceletes, e ele é pego de surpresa. Que peso! Podia até agüentar, mas assim, de uma hora para outra....
(Makoto) - Haru-chan! Que crueldade! Por que colocou na potência máxima?
(Haruka) - Eu esqueci - ela sorria - tudo bem, eu dou um jeito nisso - ela espera Akira se erguer e aperta os braceletes novamente. Ainda pesavam, mas ele conseguia suportá-los. Eram mais pesados do que os que ele usava, entretanto.
Ambos vão caminhando, ao passo que ele, vez ou outra, as observa. Que coisa. Nunca imaginou que seria assim, o dia que encontraria outras de sua raça.
Mas aquelas coisas estavam pesadas mesmo. Cento e cinqüenta quilos? Puxa! Ele levava uns dez, e já atrapalhava bastante. E cada um daqueles pesavam cento e cinqüenta. Hum...
- Qual potência máxima disto?
- Uma tonelada.. é o quanto a mam... okaasan usa quando treina com a gente. Cada bracelete, claro.
Uma tonelada cada bracelete...
- E dá para treinar com isso?
- Lindinho.. já levou uma tonelada de porrada na cara?
- Acho que não...
- Nem queira levar - disse a outra - sabia que está suando?
- É... - ele e a sua mania. Achava que podia se acostumar, mas não em cinco minutos. E ele nem estava usando nos tornozelos..
Ela aperta os braceletes novamente, e o mesmo sente o peso diminuir. seu corpo estava mais leve, mas ainda assim, era um pouco pesado, mas era algo que ele começava a se acostumar.
- Obrigado - ele as observava - sabe... antigamente eu pensava que guerreiras eram mulheres com músculos em cada parte do corpo e nem um pouco feminina, mas vejo que vocês provam o contrário, pois são muito elegantes... e bonitas, também.
- Isso é uma cantada?
- Bem...
- Tem algo a ver com a enfiada de cara nos meus seios de manhã?
- NÃO!! CLARO QUE NÃO. FOI S" UM ELOGIO, JURO!
- Que pena - disseram ambas ao mesmo tempo - até que você é uma gracinha - completou Haru-chan - mas acho melhor não me envolver. Depois que partirmos, é possível que demore muito para nos encontrarmos de novo.
- Porque?
- Não podemos explicar - tornou a outra - mas podemos dizer que não somos os únicos neste planeta. Vai acabar encontrando mais alguns. Com o tempo, claro.
- Até lá - novamente a primeira recomeçava - viva a sua vida.
- Promete?
- Prometo. mas sabe... é... é fascinante encontrar outros do meu povo. E quanto ao que disse... bem, e se fosse uma cantada? Ou melhor... o que impede isso? Admito que estou fascinado pela presença das duas, mas são belas moças. Sei que estou forçando a barra, mas... eu realmente não ficaria chateado se me visse completamente apaixonado por uma das duas.
- Meu namorado ficaria se fosse comigo.
- Mas tu é linguaruda, heim Mako-chan?
- Grande coisa. Mas essa daí está disponível. Mas falando sério, Akira. Nós não podemos ficar. Esta noite temos que partir. Foi uma boa visita e até bem divertida.
- É... se bem que... hum...
- Que foi mana?
- Talvez seja melhor irmos amanhã cedo. Se formos agora, vamos estar cansadas.. e.. - ele olhou para Akira - lembra daquela questão de fuso horário?
Era verdade! Como foi esquecer este detalhe? Tinham que voltar segundos depois que partiram, e isto foi de manhã cedo. Estariam arrasadas pelo dia inteiro...
- É. Tem razão. Dormimos embaixo de uma das árvores no parque.
- Hum... tenho uma sugestão melhor... - começou Akira com um sorriso de safado.
- Melhor? Você não vai ser doido de nos hospedar em sua casa. Como vai explicar isso para sua okaasan?
- Minha casa não. A casa de um amigo. Como ele está temporariamente morando comigo, a casa dele está vaga. Vocês podem dormir lá.
- Não sei não...
- Bem... ele não vai se importar, mesmo. Vai até ficar agradecido depois do que fizeram com ele... Podem dormir lá, e partirem de manhã cedo. Topam?
Uma noite de sono em uma cama macia... e um rápido treino no dia seguinte e então, pé na estrada, quer dizer, no limbo temporal.
- Não vai querer nada em troca?
- Bem.... - ele sorriu levemente - eu gostaria de um treino amanhã cedo...
- Fala a verdade... você é masoquista!
- Não. Você não entendeu. Quero um treino mas usando estes apetrechos, assim como vocês. Quero saber como é treinar assim.
- Carregando oitocentos quilos? Me diz uma coisa... quanto pesam essas suas pulseiras?
- Uns... hã... - ai que vergonha - dez quilos cada...
- E CONSEGUIU TUDO AQUILO CONTRA MIM? - a outra ficou surpresa - nossa! Seu sensei deve ser fantástico.
- Nem tanto assim - agora sim ele ficou todo satisfeito - mas é uma mestra muito experiente, sem dúvida.
- Bom... se quer assim. Tudo bem. Mas pode me devolver minhas pulseiras?
- Posso usar mais um pouquinho? Pelo menos até vocês dormirem? E... vocês vão desligar isso para dormir, certo?
- Porque?
- A cama não vai agüentar.
- Mas tudo é fraco por aqui! o banco do jardim, as árvores, os carros... tudo!
- As coisas não foram feitas para suportar o peso que carregam. Por falar nisto, para quanto está regulado isto aqui?
- Cinqüenta quilos. Como se sente?
- Sinto o esforço, mas estou me acostumando. E então?
- Tudo bem, a gente desliga para dormir.
- Bom... que tal uma corrida até minha casa para pegar as chaves com ele? Ela fica no...
- Coração da tempestade. Estivemos lá a tarde.
- Porque?!
- Não disse para reclamarmos com sua okaasan pela sua trombada comigo hoje?
- Hã... foi.. tudo bem, vamos indo?
Ele não as esperou, pulou em cima de um prédio e foi saltando, tentando conseguir vantagem. Quase um minuto depois, ele nota algo acima dele e olha. Surpreso, ele as vê, flutuando perto dele. Ou melhor. Estavam voando. Ele devia ter imaginado. Se eram jovianas, tinham poderes elétricos e estavam tão avançadas em relação a ele, era lógico que poderiam já voar. Que incrível. Pena que já tinham que ir embora. Seria ótimo ficar mais tempo junto delas.
Seres de sua raça... E da sua idade. Não precisava se esconder delas como fazia dos seus colegas. Uma pena mesmo.
Será que um dia haveria um lugar assim? Queria tanto saber de onde elas vieram.
Um lugar em que as pessoas faziam uso de seus dons como algo corriqueiro, sem medo de serem repreendidos e gerarem o medo das pessoas.
Será que Tóquio de Cristal seria assim?
Bom, era uma possibilidade. Em poucos minutos eles chegavam diante das escadas de sua casa, e ele sentia seus pulsos latejarem um pouco. E não era para menos. Apesar de estar regulado para três vezes menos o que elas usavam, ainda assim era uns cinco vezes mais o que ele usava. Será que tinha um jeito de aumentar os seus pesos para algo próximo a isso sem que os mesmos parecessem rodas de caminhão? Tinha que ter... talvez com o interior de chumbo...
Mas seria difícil convencer a mãe de Megumi para tanto. E isso também o faria subitamente ficar muito ruim nos treinos com okaasan. Melhor fazer isso aos poucos mesmo. Mas amanhã ele veria como seria lutar com aquelas coisas. E depois se despediria... ai...
Será que tinha um jeito de convence-las a ir embora um pouco mais tarde? Adoraria tê-las no seu time de basquete que iria desafiar Noriko. Só para a vitória ser extremamente humilhante...
Ele maneia a cabeça. Por mais que ele procurasse desculpas, a verdade era que estava adorando ver que ele e okaasan não eram os únicos jovianos do planeta.
- Me esperem aqui. Vou até lá em cima e já volto.
Elas cruzam os braços e o observam subir as escadas saltando elas de cinco em cinco degraus, até o mesmo sumir de vista. E chegam a ficar se perguntando se foi mesmo uma boa idéia.
Quando Akira chega no alto, olha ao redor e vê que as luzes já estavam apagadas. E que já era bem tarde. Será que okaasan já estava dormindo? Tomara. E Shin? Sim... ele estava ali. Podia sentir sua energia. Mas não sente a de okaasan. Só faltava ela estar procurando por ele. Bom, era ótimo, isso lhe daria tempo. Ele entra sorrateiramente na casa e vai onde Shin estava. No seu quarto, dormindo. Abre a porta e o acorda. Ele boceja um pouco e o olha com o rosto um pouco cansado.
- Divertiu-se muito? - pergunta ele esfregando os olhos - sua sensei saiu atrás de você espumando. Ela achou que estaria fazendo arte com aquelas duas.
- Só dançamos um pouco e perdemos a hora. Me empresta a chave de sua casa?
- Para que?
- Para hospeda-las. Elas estão muito cansadas e vão embora amanhã cedo.
Ele fecha um dos olhos e o observa desconfiado. Emprestar a chave de sua casa para hospedar duas ainda mal conhecidas? Será que Akira pirou ou...
- Certo - ele se levanta e abre uma cômoda, pegando as chaves - mas não faça nada na cama de okaasan, está bem? Use o sofá da sala para esta sua orgia.
- MAS O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO? EU NÃO VOU FAZER NADA!
- Sei... conhece duas gatas jovianas que podem lutar melhor que você e quer que eu acredite que não ficou caído por elas? E ainda ficou dançando com as mesmas até agora? Pois sim...
- Eí!!!
- Não banque o santo, você não é o todo santo que sua mãe pensa. Ou acha que eu não estava prestando atenção em você e Noriko do lado de fora, pela janela? Se ela fica bufando agora, imagine se soubesse do sucesso que você faz de verdade...
- Não mais do que você...
- Eu não escondo nada. Mas não vou atrás como você. E não achei nenhuma que realmente eu tenha interesse em sair. Se bem que confesso que achei aquelas duas simpáticas. Bom, melhor ir antes que ela apareça, ou vai ter muita coisa para explicar.
- Vou ter que explicar de qualquer jeito - ele suspirou - mas não vou contar tudo. Apenas que conheci duas jovianas hoje.
- Não faça arte. E se fizer, não me conte, certo?
- Ah droga! Certo. Eu volto logo.
Ele saiu correndo de casa e pula os degraus até chegar lá embaixo. Elas pareciam um pouco impacientes.
- Desculpem a demora. Vamos?
Novamente eles saem correndo, mas desta vez as duas não voaram. estavam acompanhando-o pelos telhados. Logo chegam a casa de Shin e Akira abre a porta. Ele mostra as coisas e onde estava o chuveiro - que elas pareciam doidas para usar.
- Desculpe não ter comida aqui mas...
- Sim? - Perguntou Haruka com o seu vestido no ombro. Ela ficou só de calcinha e... e... alguma coisa que parecia se encaixar nos seios, mas não era um soutien.
- Nada - gaguejou ele - você... não acha que esta se mostrando muito?
- Isso? Não. Não mostro mais do que quando uso biquíni. Qual o problema?
- Nada... nada mesmo - ele engoliu em seco e foi se afastando.
- Mako-chan! Já está lavando sua roupa?
- Estou. Me dá a sua e vamos tomar banho.
- Bom... já vou indo, tá bom? Amanhã cedo eu volto.
- Me dá meus braceletes primeiro, lindinho - ela estendeu a mão esperando ele os entregar.
- Acho que é assim... pronto - ele aperta um botão, e na hora as mesmas se soltam - acho que aprendi como se tira isso. Bem, até amanha.
- Tchau, lindinho.
Ele se afasta depressa delas antes que ficassem totalmente nuas, e segue correndo para sua casa. Assim que termina de subir as escadas, dá de cara com sua okaasan. Bem.. agora ele tinha que se explicar.
- Posso saber onde estava, mocinho?
- Passeando, okaasan.
- A essa hora da noite?
- Fui acompanhar duas moças que...
- DUAS?!?!?
- Eí, calma! Não é nada disso que a senhora está pensando, eu posso explicar!
- Pois é bom que comece logo.
- Bem.. eu fui na casa de Megumi para estudar e praticar um pouco...
- Esta parte eu sei. Vá direto para onde estas duas moças entram na história!
- Bom - ai, ai... ela estava uma fera hoje - elas apareceram lá. Parecia que queriam apenas uma leitura de sorte. Só que logo foram para cima do Shin. E depois ficaram comentando do meu treino com a Megumi. E ai eu fiquei um pouco irritado e.. hã... desafiei uma delas a fazer melhor.
- Foi? Eu devia saber. E depois?
- Bem.. uma delas aceitou e.. e.. ganhou da Megumi.
- Ganhou?
- Foi. Ai eu fiquei curioso e a desafiei. E.. ela.. as duas.. elas... hã...
- Fala logo, Akira - ela cruzou os braços e o olhou duramente. Devia estar pensando horrores a seu respeito.
- Elas são jovianas mãe. Com poderes iguais aos meus, e com uma força enorme. Fiquei impressionado e tentei descobrir de onde tinham vindo.
- Jovianas... tem certeza?
- Quem mais poderia fazer um trovão de Júpiter?
Ela franze o cenho pensativa. Jovianas... ali na cidade? Como ela não sentiu a energia delas?
- E onde estão elas agora?
- Bem.. hã... como eu queria ficar de olho nelas.. eu... eu as hospedei na casa de Minako-sensei..
- VOCÊ O QUE?!
- Okaasan... - ele ficou assustado com a reação dela. Tinha pensado que ficaria feliz de haverem mais pessoas como eles na cidade. Mas a mesma parecia desconfiada e até ultrajada - o que foi? Não podemos ajudar seres de nossa própria raça?
Ela o observa e imagina o que devia estar passando pela sua cabeça. Um garoto bem mais forte que qualquer outro colega subitamente conhece duas moças como ele. De repente descobre que não está sozinho no mundo na sua situação...
Realmente, era para ficar encantado com a idéia. Mas ele não podia ir confiando assim simplesmente.
- Não acha que foi arriscado demais? Nem as conhece direito, e já fez isso?
- Mas...
- Agora já foi, mas o melhor a se fazer teria sido se elas tivessem ficado aqui, não lá.
- Eu sei... mas se não fosse lá, elas iriam embora. Acharam que a senhora não iria deixá-las ficar aqui e... - ela percebe o súbito desapontamento em sua face. Pelo visto, já havia se acostumado com as mesmas, e ficado triste com a idéias delas partirem.
- Tudo bem filho - ela pôs a mão no seu ombro e sorriu levemente - tudo bem. Está chateado delas terem que ir embora, não é?
- É... Seria tão bom se ficassem mais tempo...
- Devem estar só de visita mesmo. Mas alegre-se. Prometo que vai conhecer, um dia, outros como nós. E quem sabe estas mesmas moças não voltam um dia?
- Okaasan.. obrigado - ele a abraça ternamente, como um menininho de dez anos. Coitado. Ele realmente deve ter adorado a idéia de colegas como ele.
