Capítulo 2 - Separação

– Cheguei!

A colegial abriu a porta de sua casa e entrou. Mais um dia cansativo de colégio havia terminado. Por causa dos dias que passou na outra era, havia perdido muitas aulas e agora tinha uma dura semana de provas.

– Filha, você parece muito cansada. Porque não vai descansar um pouco?

– Ai, ai, mamãe... Bem que eu queria, mas não posso. Tenho prova amanhã de novo. Eu vou tomar um banho, comer alguma coisa e meter a cara nos livros. – Começou a caminhar para o seu quarto. – Não vejo a hora de voltar...

– Eu vou fazer uns bolinhos de arroz e levo no quarto para você.

– Obrigada, mamãe.

A mãe ficou observando a filha entrar em seu quarto. Saiu pela porta, caminhou um pouco e ficou observando o templo do poço come-ossos. "Estranho Inu-Yasha não ter vindo... O que será que houve?". Levou as mãos ao rosto.

– Ai, meus Deus! Os bolinhos! – Entrou correndo para preparar os bolinhos.

Após o banho, Kagome entrou em seu quarto e vestiu um pijama. Enquanto penteava seus cabelos diante do espelho, não conseguia tirar seus pensamentos dele.

"Inu-Yasha... Será que você ainda está zangado?".

-x-x-x-x-x- FlashBack -x-x-x-x-x-

Na outra era, dentro da cabana da velha sacerdotisa Kaede.

– Mas por quê?

– Por que eu vou ter provas e preciso estudar!

O hanyou fez uma cara de pidão.

– Ta, mas por que eu não posso ir com você, Kagome?

"Esse olhar... Mas eu não posso fraquejar agora, senão eu vou perder a semana de provas!".

– Eu já disse, Inu-Yasha. Eu não consigo me concentrar nos estudos com você por perto fazendo bagunça...

– Eu? Bagunça? – Indagou ele, indignado. – O seu irmão é quem sempre me mete em confusão!

– E você sempre cai! – Resolveu baixar o tom de voz antes que eles acabassem numa discussão. "Calma, Kagome...". – Inu-Yasha... é sério, eu só vou ficar uns quatro dias que é o período de provas e depois...

– Sabe o que eu acho? – Interrompeu ele. – Acho que você está querendo ir ver aquele humano! – Cruzou os braços e fez aquele ar de desconfiado.

– Quem?

– Aquele humano imbecil que foi no aniversário do seu irmão! Se eu soubesse teria arrancado a cabeça dele! – Cerrou o punho e deu um soco no ar.

– Deixa de ser ciumento, Inu-Yasha. Eu não tenho nada com o Houjou!

– É, mas até nome dele você não esqueceu...

– Mas estudamos na mesma escola! Nos vemos todo dia!

– Conversa! Se 'vêem' todo dia... Você quer dizer 'se encontram' todo dia, não é!

– Ai, seu cabeça dura! – Sem pensar, Kagome proferiu aquela palavra. – SENTA! (x)

O silêncio se fez entre os dois. Inu-Yasha manteve sua posição, apenas cruzando os braços, colocando-os dentro das mangas de seu quimono. Seu olhar entristeceu e Kagome sentiu uma pontada no coração. "E agora? Ele está magoado!". Tentou se aproximar dele, mas ele recuou.

– Você se arrependeu, não foi? – Fechou os olhos e virou o rosto.

– Inu-Yasha... Não é isso...

– Faça o que quiser, eu não quero te atrapalhar... – Saiu da cabana.

Ela correu para fora para se desculpar e o viu adentrar a floresta, sem sequer olhar para trás, desaparecendo entre as árvores.

– Inu-Yasha! – Caiu sentada sobre os joelhos. – Ai... Que mancada...

-x-x-x-x-x- Fim do FlashBack -x-x-x-x-x-

Ela sacudiu a cabeça para se desfazer do transe, sentou em sua cadeira e abriu o livro sobre a mesinha. Mas o olhar dele não saía de sua mente.

– Assim não dá para me concentrar. – Colocou as mãos sobre a cabeça e deitou o rosto sobre o livro. – Que droga, Kagome! – Brigou ela consigo mesma.

Levantou-se, pegou sua mochila e começou a arrumá-la. Sua mãe entrou no quarto segurando uma bandeja com bolinhos e uma xícara de chá. Ficou confusa com a ação da filha.

– Filha, você vai voltar para a outra era?

– Eu vou agora, mamãe...

– Mas e a sua prova amanhã?

Kagome encarou a mãe com um olhar muito triste e tentando segurar as lágrimas.

– Eu não estou nem aí para essa prova! Eu magoei o Inu-Yasha! Devia ter ficado e esperado ele voltar, mas...

– Mas você teve medo... – Colocou a bandeja sobre a mesinha, segurou a mão de Kagome e sentou-se com ela na cama. – Vocês brigaram, não foi?

– Foi... – Desviou do olhar da mãe, pois ainda não tinha contado o que tinha acontecido entre ela e Inu-Yasha. – Foi minha culpa... Ele queria vir, mas eu não deixei e gritei com ele... – Sentiu o gostoso abraço de sua mãe envolvê-la e entregou-se ao choro.

– A minha garotinha não é mais uma garotinha...

A jovem corou e escondeu o rosto no peito da mãe.

– Mamãe!

– Kagome, brigas fazem parte de todo relacionamento, vocês só não podem deixar que as coisas fiquem mal resolvidas. Mas toda briga tem um lado bom...

– Qual? – Levantou a cabeça e enxugou as lágrimas.

– Fazer as pazes, ora. – Piscou para a filha e sorriu. – Olha, por que você não come alguma coisa e tira uma boa noite de sono? Você vai se sentir um pouco melhor pela manhã... Talvez até consiga se concentrar na prova. Quando voltar do colégio, tenha uma boa refeição e volte para outra era para falar com Inu-Yasha. – Sentiu-se aliviada ao perceber um sorriso nos lábios da filha.

– Obrigada, mamãe. Sabe, eu queria conversar sobre uma coisa...

– E o que é, minha filha?

– Quando a Jóia de Quatro Almas estiver completa... – Suspirou profundamente. – ...ela não vai simplesmente desaparecer... E a sacerdotisa que a protegia está morta. Seria minha obrigação protegê-la agora... E também não acho que seria certo trazer a Jóia de Quatro Almas para este mundo, não é o lugar dela...

– Entendo... – Fez uma pausa e deu um breve suspiro. – Talvez o colégio não faça tanto sentido para você agora, não é mesmo? Mas você poderia pelo menos terminar este ano?

– Sim.

Abraçou a mãe e assim permaneceram durante algum tempo. Depois se deram boa noite e a mãe saiu do quarto. Kagome levantou-se, comeu dos bolinhos feitos por sua mãe e ficou olhando pela janela. A noite já havia caído e as estrelas faziam companhia à lua que já demonstrava seus sinais de minguante. Sentou-se na cadeira e ficou olhando para o livro, porém em seus pensamentos só um rosto via. "Amanhã eu volto para você...".

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– Inu-Yasha! Cuidado!

Apesar do alerta de Sango, uma árvore, que pela raiz foi arrancada, atingiu o hanyou em cheio e o atirou longe, abrindo uma longa vala no solo.

– Maldição! – Levantou-se, apoiando-se na Tessaiga, e limpou a sujeira do rosto com a manga de seu quimono. – Agora você me deixou furioso, seu bicho feio!

Disparou novamente contra o monstro. Era um youkai muito grande, parecendo um abutre. Seu bico de ponta vermelha possuía muitas protuberâncias, como calos. Suas penas pareciam duras como aço, protegendo seu corpo. No alto da cabeça, tinha um trio de chifres, um atrás do outro. Apesar do tamanho, o youkai não parecia muito forte, mas Inu-Yasha não conseguia concentrar-se na luta. Seus pensamentos estavam em outro lugar. "Kagome... será que você está bem?". Recebeu um golpe de um dos pés da criatura bem no meio do estômago, bateu contra outra árvore e caiu meio desacordado, enquanto o youkai avançava em sua direção...

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– Não! – Sentiu uma dor no estômago e começou a chorar. Até esqueceu de que estava na sala de aula, durante a prova.

– Senhorita Higurashi, está sentindo alguma coisa? – Perguntou o professor, aproximando-se.

Ela levantou os olhos para o professor, mas sua visão estava embaçada. Sentiu uma tontura e desmaiou. "Inu-Yasha...".

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Inu-Yasha abriu os olhos lentamente, mas mal conseguia identificar as formas diante de si. Parecia que escutara alguém chamar seu nome. "Kagome...". Então viu o youkai a poucos metros de si. Levantou num pulo rápido e escapou do golpe. Ergueu a Tessaiga e no que o monstro se virou cortou-lhe a cabeça. O corpo decapitado ainda ficou sacudindo-se de um lado para o outro, até Miroku usar o buraco do vento e terminar o serviço. Inu-Yasha guardou sua espada e sentou-se no chão. Estava cansado e ferido.

– O que você tem na cabeça, Inu-Yasha? Se não podia se concentrar na luta não devia ter começado a briga! – Brigou o monge.

– Ora! Vê se não me amola! Eu acabei com ele, não foi?

Miroku sentou-se ao lado do amigo.

– É acabou mesmo... – Deu um tapa nas costas de Inu-Yasha que, por estar ferido, sentiu aquele tapa doer e soltou um grito.

– Miroku! Que diabos está fazendo?

– Terminando o serviço daquele youkai. Mais um pouco e você teria passado dessa para a melhor! Como é que a Kagome ia se sentir se você morresse? Já parou para pensar nisso? – Percebeu o triste olhar do hanyou e colocou a mão na testa. – Eu não acredito...

– O quê?

– Vocês brigaram de novo? Mas não tinham chegado a um acordo ou coisa parecida?

– As coisas mudam... – Cruzou os braços e virou o rosto.

– Inu-Yasha, você tem que tirar proveito dos bons exemplos. Veja eu e a Sango, por exemplo. Nós nunca brigamos...

– É, vocês dois nunca brigam... – Sorriu, como se lembrasse de algo. – Exceto quando passa alguma mulher bonita na sua frente...

– Isso é bobagem, meu amigo... Eu e a Sango temos um relacionamento aberto e... – Lembrou-se de que Sango estava bem ao seu lado. Ela estava de pé, com os olhos fechados, braços cruzados, um dos pés dava pequenas pancadinhas no chão, como se marcasse um ritmo. Parecia irritada. – ...eh... e eu... eu jamais ousaria sequer olhar outra mulher... – Recebeu um golpe básico do osso voador de Sango na cabeça.

– Conversa... – Resmungou a exterminadora, que guardou sua arma e saiu caminhando.

– Hei, Sango! – Levantou-se, com a mão no local da cabeça onde um enorme galo crescia. – Temos que esperar o Inu-Yasha... – Olhou para trás e viu que Inu-Yasha não estava mais lá. – Mas onde será que ele foi?

– Foi fazer o que já devia ter feito há muito tempo... – Cruzou os braços.

– O que você quer dizer?

– Ir atrás da Kagome... Parece incrível, mas você consegue despertar um mínimo de bom senso nele...

– Será que eu não mereço algum prêmio por isso? – Se aproximou querendo abraçá-la, mas ela escapou.

– Vou pensar no seu caso... – Começou a se afastar novamente. – Vamos logo! Ainda temos que passar em mais um lugar antes de voltarmos ao vilarejo!

– Espera! – Foi atrás da moça. – Eu me contento com um beijinho...

Inu-Yasha ficou observando os dois se afastarem do alto de uma árvore. Depois seguiu em direção ao vilarejo. "Kagome... Eu não vou deixar aquele humano estúpido tirar você de mim!".

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Ao abrir os olhos, Kagome se viu deitada sobre uma cama na enfermaria. Suas três amigas estavam com ela.

– Ai, Kagome... – Exclamou a amiga Yuka. – Que susto você deu na gente!

– Desmaiando daquele jeito... Se você ainda não estava boa da febre reumática, devia ter ficado em casa. – Recomendou Ayumi.

Kagome olhou um tanto confusa para sua amiga. "Febre reumática?".

– Não, meninas. – Interrompeu Eri. – Era depressão pós-traumática reversa. Foi isso que o avô dela disse.

A colegial tentou cobrir o rosto com o lençol de vergonha. "Ai, vovô! Aonde você arruma essas doenças?".

– Ai, meu Deus! A prova! – Lembrou-se ela.

– Kagome, não se preocupe com isso. O professor disse que você poderia fazer a segunda chamada. E que se você precisasse de aulas de reforço, ele estaria a disposição, é claro, assim que você melhorar. – Yuka sorriu e começou a falar em baixo tom, como que contando um segredo. – Sabe, só entre nós. Mas o professor não estava acreditando que você estivesse tão doente, mas depois do susto que você deu hoje...

– É, ele até nos liberou da última aula para levá-la para casa... – Completou a amiga Eri

– Está tudo bem, meninas. Eu não quero que vocês percam aula por minha causa. Eu posso ir sozinha agora. – Sentou-se na cama e começou a calçar os sapatos.

– Mas Kagome, e se você desmaiar na rua? – Insistiu Ayumi. – Você não pode ficar andando sozinha por aí!

Sentiu um aperto no peito e uma vontade desesperada de chorar. Mas conteve suas lágrimas, do contrário, as que a acompanhavam iriam fazer muitas perguntas, as quais ela não tinha a menor vontade de responder ou enrolar. Ela se manteve silenciosa enquanto as amigas a acompanhavam até sua casa. As meninas, sim falavam pelos cotovelos. Ela deve ter ouvido o nome do Houjou e do Inu-Yasha umas trinta vezes cada pelo menos, mas não deu muita atenção. Em seus pensamentos só havia uma pessoa com quem queria estar. Na porta de casa, despediu-se das amigas e entrou correndo.

– Algum problema minha filha? Chegou cedo hoje.

– Estou bem, mamãe. Eu vou pegar as minhas coisas para ir para a era feudal... – Subiu correndo as escadas.

– Minha criança... espero que encontre o que tanto precisa...

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– Kagome! – Gritou a raposinha, que saltitava de alegria ao redor da colegial que acabara de chegar no vilarejo e adentrar a cabana da velha sacerdotisa.

– Shippou... Que bom te ver... Como vai, vovó Kaede?

– Estou bem, Kagome... Mas você não disse que ia ficar fora uma semana? – Começou a mexer um cozido num enorme caldeirão.

– Mudei de idéia... – Olhou ao redor. – Onde estão Inu-Yasha, Sango e Miroku?

– Ah... Eles foram atender um chamado. Parece que tinha um youkai perturbando uma aldeia e eles foram até lá.

– Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido! Em que direção eles foram?

– Norte, mas... – Escutou o barulho da porta. – Kagome! – Saiu atrás da menina, seguida por Shippou.

– Kagome, espera! Deixa eu ir com você! – Suplicou o pequenino.

– De jeito nenhum, Shippou. É muito perigoso! Quando eu encontrá-los, nós voltamos para te buscar. – E pedalou desesperadamente sua bicicleta na direção indicada por Kaede. "Espero que esteja bem...".

Seguiu até sentir faltar forças nas pernas. Já estava anoitecendo e ela resolveu parar um pouco para descansar. "Será que é o caminho certo?". Olhou para o alto, tentando vislumbrar as estrelas, mas já havia adentrando a parte mais densa da floresta e a copa das árvores era muito fechada. "Logo, logo isso aqui vai ficar um breu só, tenho que fazer uma fogueira...". Pôs-se a juntar gravetos, montou um acampamento e acendeu a tão calorosa fogueira. A escuridão da noite também estava descendo fria e absoluta sobre ela. Sentou-se diante daquele fogo acolhedor, abraçando os joelhos. Não havia comido nada desde o almoço que sua mãe praticamente a obrigou a comer, mas não sentia fome. Estava preocupada demais com o bem-estar de Inu-Yasha para comer. Levantou o olhar e se manteve em estado de alerta, pois percebeu uma sombra cruzando a escuridão. Lentamente colocou a mão sobre seu arco, equipou-se com a bolsa de flechas. Retirou uma e levantou-se apontando na direção em que sentia uma estranha energia sinistra.

– Saia daí, seu youkai!

Um vulto começou a tomar forma ao aproximar-se dela e da luz da fogueira. Então ela pôde perceber a forma de seu amado surgir da escuridão.

– Você conseguiu perceber minha presença... – Sua voz era fria e seu rosto inexpressivo.

Ela não pensou duas vezes antes de jogar o arco e a flecha no chão.

– Inu-Yasha! – Correu e o abraçou, mas seu abraço não foi retribuído. – Me desculpe... Achei que fosse um youkai...

– Eu sou um youkai, Kagome, pelo menos metade de mim é... – Disse ele, com uma frieza assustadora.

– Inu-Yasha... Eu sei que eu errei, mas eu quero pedir desculpas por ter magoado você...

Inu-Yasha afastou-a de si e aproximou-se da fogueira, ficando de costas para ela.

– Você acha que é tão simples assim?

– Por... por que tanta frieza? – Olhou incrédula para ele. – Eu não queria te magoar...

– Só tem uma coisa que me interessa agora, Kagome... – Ergueu sua mão e estalou suas garras. – Me entregue os fragmentos da Jóia de Quatro Almas que estão com você!

Avançou contra Kagome que desviou por pouco de suas garras. As árvores atrás dela foram retalhadas. Ela caiu sentada no chão, enquanto observava atônita, aquele hanyou virar-se contra ela e sorrir maldosamente. Aquele a quem tanto amava e que jurara protegê-la agora tentava matá-la. Simplesmente não reconhecia mais aquele estranho diante de si.

– Por... quê?...

– Você foi mesmo uma burra de me tirar aquele maldito colar... Agora posso me livrar de você e ficar com os fragmentos! – Foi aproximando-se dela, com as afiadas garras prontas para ataque, enquanto ela recuava, arrastando-se pelo solo.

– Você... você disse que me amava... – Lágrimas começaram a cair de seus olhos.

– Eu diria qualquer coisa para ter esses fragmentos. Como Naraku está com a maioria e aquele lobo possui alguns, creio que não deva haver mais por aí. Portanto, não preciso mais de você!

Novamente tentou acertá-la, mas ela virou-se para o lado da fogueira. Pegou um graveto com uma ponta em chamas, jogou contra ele e saiu correndo. Antes de escapar dali, conseguiu apanhar seu arco e olhou para Inu-Yasha, que estava um tanto confuso, pois ela o havia acertado no rosto.

– Sua maldita! Você vai me pagar por isso! – Não estava vendo muito bem e começou a golpear o ar ao seu redor. Kagome puxou uma flecha e as lágrimas começaram a cair.

– O que está acontecendo com você?

Ele parou e a encarou.

– Você vai repetir o mesmo erro que a Kikyou? – Percebeu que a magoou e expressou uma maldade sem igual em seu rosto. – É, vocês duas são idênticas... Duas tolas... – Avançou lentamente na direção dela.

– Espere! Não se aproxime!

Ela recuou um pouco e sem querer deixou a flecha escapar por entre seus dedos. A flecha chegou a iluminar-se e passou raspando pelo rosto do incrédulo hanyou, causando-lhe um pequeno corte. Ele passou as costas da mão sobre o corte e lambeu o sangue. Ela percebeu a maldade em seu olhar. Não poderia mais ficar ali do contrário morreria. Então começou uma corrida desenfreada pela mata, tentando escapar de seu perseguidor. Não olhava para trás, tinha medo de acreditar no que estava acontecendo. Soluçava enquanto corria e escutava o barulho das árvores sendo estraçalhadas atrás de si. Sentiu um desespero tomar conta de seu corpo e logo corria apenas pelo próprio instinto de sobreviver. Já não ouvia mais nenhum som, a não ser aquelas duras palavras. "Diria qualquer coisa para ter esses fragmentos... Não preciso mais de você!...". Lembrou-se da noite em que se entregou e abriu seu coração para ele. "Seu maldito! Como pôde!".

Continuou a correr, chegando a um pequeno riacho. Não era profundo, mas ao atravessá-lo correndo escorregou e caiu, machucando-se nas pedras. Sentia fraqueza e estava muito cansada de tanto correr. "Levante-se Kagome!". Buscou dentro de si um resto de força para continuar sua fuga.

– Eu não quero morrer!


(x) SENTA! – Na fic anterior, Kagome havia retirado o colar do pescoço de Inu-Yasha que era acionado por essa frase, fazendo com que ele sempre "beijasse" o chão.