Cara Valente
Está vendo aquele senhor ali? Aquele, de nariz adunco e cabelo ensebado? Pois é. Aquele homem jogou fora a vida dele. Tudo porque era teimoso demais para admitir que precisava de alguém. Para ele, se bastava sozinho. E assim ele seguiu, durante a sua vida inteira.
Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai ficar sozinho
Nunca teve um amigo sequer. Nunca deu abertura para isso, não deixava ninguém se aproximar. Não teve a ventura de dividir alegrias, nem o consolo de uma pessoa querida quando as coisas foram mal. Houve época em que não era nem mesmo considerado gente, humano.
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração, olha lá
Teve a possibilidade de escolha. Havia uma moça, uma linda moça. Sua avó Lílian. Ela conseguiu enxergar através da dura couraça que ele se impôs. Ele ficou tentado, muito tentado a se abrir para ela, para a possibilidade de viver um grande amor. Mas acabou escolhendo o outro lado. As trevas. Quando ele já a tinha maltratado tanto, que nem todo amor do mundo agüentaria tanta rejeição, ela abriu o coração ao amor que um outro jovem lhe ofereceu. Meu vô Tiago, mamãe? É, filha... E então, filiou-se ás forças de Voldemort, decidido a acabar com a pessoa que ele achava que lhe tinha roubado as chances de felicidade, sem perceber que ele próprio era responsável pela sua dor. Seu coração se tornou negro. Somente depois de saber que o Lord das trevas havia assassinado a sua avó, ele se tornou um espião da Ordem da Fênix, para vingar a morte dela. O único sentimento realmente humano que ele já teve na vida.
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Ele foi professor, meu e do seu pai, em Hogwarts. Era o mais temido,
considerado insensível, impiedoso, intolerante. Menos com a Sonserina, a
casa da Serpente, da qual foi diretor. Gostava dessa fama. Perseguia
muito seu tio Rony, sua tia Mione e seu pai. Seu pai, principalmente. Ele
achava que sua avó não teria morrido se não o tivesse protegido.
Ele estava tão centrado em sua própria dor, que não percebia que ela
vivia no seu pai, que ele era uma parte dela.
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Mas no fundo, bem no fundo, eu o entendo. Ele é um homem só,
miseravelmente só. E a solidão não é boa pra ninguém, nem pra quem a
busca incessantemente. Ele deve se sentir muito vazio. Ainda mais depois
que seu objetivo de vida foi cumprido: Voldemort foi derrotado e
exterminado. Ele se aposentou, por vontade própria, e foi se enfurnar em
uma casinha nos limites de Hogsmead. Só sai quando precisa de algo.
E mesmo assim, não desistiu ainda de sua antiga pose de dono do mundo, de
homem temido.
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não
Essa postura já me assustou muito, hoje não assusta mais. É só um método
pra se proteger das emoções que ele não quer sentir. Assim ele afasta
qualquer pessoa, ninguém ousa se aproximar. Ele tem medo de viver, de se
abrir pro mundo.
- Ele deve ser um homem muito triste, nem tem um parente pra se preocupar
com ele, e ter uma família é tão bom! Eu tenho muita pena dele, mamãe...
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Eu acho que ele até gosta de viver assim. Nem sei se ele saberia mais
viver de outra maneira... Annie, onde você vai?
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas
De longe, Virgínia Weasley Potter assistia sua filha de sete anos
aproximar-se do velho senhor: Prazer, meu nome é Anna Marie Weasley Potter. Gostaria de ser meu amigo?
E Gina deixou uma lágrima escorrer quando Snape apertou a mão que lhe era
estendida, com um meio sorriso intrigado no rosto.
E ela ficou pensando se, quem sabe, não era necessário somente um pouco
de calor humano para derreter um coração empedernido...
Está vendo aquele senhor ali? Aquele, de nariz adunco e cabelo ensebado? Pois é. Aquele homem jogou fora a vida dele. Tudo porque era teimoso demais para admitir que precisava de alguém. Para ele, se bastava sozinho. E assim ele seguiu, durante a sua vida inteira.
Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai ficar sozinho
Nunca teve um amigo sequer. Nunca deu abertura para isso, não deixava ninguém se aproximar. Não teve a ventura de dividir alegrias, nem o consolo de uma pessoa querida quando as coisas foram mal. Houve época em que não era nem mesmo considerado gente, humano.
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração, olha lá
Teve a possibilidade de escolha. Havia uma moça, uma linda moça. Sua avó Lílian. Ela conseguiu enxergar através da dura couraça que ele se impôs. Ele ficou tentado, muito tentado a se abrir para ela, para a possibilidade de viver um grande amor. Mas acabou escolhendo o outro lado. As trevas. Quando ele já a tinha maltratado tanto, que nem todo amor do mundo agüentaria tanta rejeição, ela abriu o coração ao amor que um outro jovem lhe ofereceu. Meu vô Tiago, mamãe? É, filha... E então, filiou-se ás forças de Voldemort, decidido a acabar com a pessoa que ele achava que lhe tinha roubado as chances de felicidade, sem perceber que ele próprio era responsável pela sua dor. Seu coração se tornou negro. Somente depois de saber que o Lord das trevas havia assassinado a sua avó, ele se tornou um espião da Ordem da Fênix, para vingar a morte dela. O único sentimento realmente humano que ele já teve na vida.
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Ele foi professor, meu e do seu pai, em Hogwarts. Era o mais temido,
considerado insensível, impiedoso, intolerante. Menos com a Sonserina, a
casa da Serpente, da qual foi diretor. Gostava dessa fama. Perseguia
muito seu tio Rony, sua tia Mione e seu pai. Seu pai, principalmente. Ele
achava que sua avó não teria morrido se não o tivesse protegido.
Ele estava tão centrado em sua própria dor, que não percebia que ela
vivia no seu pai, que ele era uma parte dela.
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Mas no fundo, bem no fundo, eu o entendo. Ele é um homem só,
miseravelmente só. E a solidão não é boa pra ninguém, nem pra quem a
busca incessantemente. Ele deve se sentir muito vazio. Ainda mais depois
que seu objetivo de vida foi cumprido: Voldemort foi derrotado e
exterminado. Ele se aposentou, por vontade própria, e foi se enfurnar em
uma casinha nos limites de Hogsmead. Só sai quando precisa de algo.
E mesmo assim, não desistiu ainda de sua antiga pose de dono do mundo, de
homem temido.
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não
Essa postura já me assustou muito, hoje não assusta mais. É só um método
pra se proteger das emoções que ele não quer sentir. Assim ele afasta
qualquer pessoa, ninguém ousa se aproximar. Ele tem medo de viver, de se
abrir pro mundo.
- Ele deve ser um homem muito triste, nem tem um parente pra se preocupar
com ele, e ter uma família é tão bom! Eu tenho muita pena dele, mamãe...
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Eu acho que ele até gosta de viver assim. Nem sei se ele saberia mais
viver de outra maneira... Annie, onde você vai?
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas
De longe, Virgínia Weasley Potter assistia sua filha de sete anos
aproximar-se do velho senhor: Prazer, meu nome é Anna Marie Weasley Potter. Gostaria de ser meu amigo?
E Gina deixou uma lágrima escorrer quando Snape apertou a mão que lhe era
estendida, com um meio sorriso intrigado no rosto.
E ela ficou pensando se, quem sabe, não era necessário somente um pouco
de calor humano para derreter um coração empedernido...
