Capítulo 3
Hermione abriu seus olhos e viu os azuis de Ron sorrindo de volta para ela.
- Bom dia, Mione. - ele beijou sua testa gentilmente.
- Bom dia. - ela bocejou e se espreguiçou.
- Torradas?
- Oh, obrigada! - ela se sentou na cama.
Eles tomaram café da manhã na cama, conversaram, riram, e nenhum comentário foi feito sobre a briga do dia anterior. Hermione evitou conversar sobre Viktor Krum, apesar de ainda ter vontade de vê-lo. Gina estava certa: ele apenas estaria na cidade por alguns dias, não havia motivo para causar mais brigas. Ron era daquele jeito mesmo, ciúmes era uma característica gritante nele e ela sabia que ele não iria mudar muito. E talvez Viktor estivesse tão ocupado que nem iria ter tempo de visitá-la... - Hmmm, sabe em que estou pensando agora? - Ron sussurrou em seu ouvido, abraçando-a. - Naquela maravilhosa invenção dos trouxas, acho que tem uma banheira, e espuma... - ele piscou.
- Ah, eu queria tanto... - ela piscou de volta. - Mas não dá. Eu já estou atrasada.
- Você vai sair de novo? - ele reclamou.
- Ron! Desculpe, mas eu tenho que encontrar a sua irmã, nós vamos comprar algumas coisas pra minha tese sobre lobisomens.
- Lobisomens? Essa é fácil! É só você bater um papinho com o Lupin e tem uma tese!
- Eu já fiz isso! Estou só concluindo meu trabalho, é pra ser entregue mês que vem.
- Mês que vem? Ah, Mione, então você tem muito tempo pra fazer isso, hein? Além disso, vocês não tem férias não?
- Esse é meu trabalho de férias. - ela riu. - E você está falando com Hermione Granger. Você sabe que eu não paro.
- Mas você tem eu agora! - ele a abraçou. - Eu esperei tanto pra um ter tempinho livre com você...
- Primeiro, o certo é "você tem a mim". - ela corrigiu, e ele franziu a testa. - Bom, e segundo... segundo... ah, tudo bem. Eu não resisto essa carinha! Vamos fazer assim: eu termino esse trabalho até sexta-feira e a partir daí eu sou toda sua!
- Isso aí! - ele piscou e a beijou. - Oh, eu amo minha garotinha inteligente. Quer que eu vou com vocês?
- Não, não. Você vai achar muito chato. E depois, eu tenho que ter uma conversinha de mulher pra mulher com sua irmã.
- Algo de errado com a Gina?
- Não! Acho que não! Creio que não...não, não.
- Você falou "não" cinco vezes, Hermione...
- Está tudo bem com Gina, Ron. - Hermione mentiu. Ela sabia que a amiga estava passando por uma fase amorosa ruim.
- Espero que sim. Ainda bem que ela tem você para a ajudar. Você é um anjo em nossas vidas! O que seria de todos nós sem você, Hermione querida? - ele sorriu docemente.
- Ron... - ela o beijou. - não me venha com essa. Eu não vou largar o projeto pra sair com você. - ela sorriu.
- Droga. Não me diga que eu não tentei! - ele riu enquanto ela saía para ir se arrumar.
- Agora, eu preciso de pó de garandola... - Hermione falou consigo mesma, passando os olhos pelas prateleiras.
- Nossa, eu nunca ouvi falar sobre isso! Pra que você vai precisar dessas coisas?
- Eu já disse, eu tenho que fazer uma demonstração daquela poção pra lobisomens...
- Sei.
As duas ficaram quietas, Hermione concentrada nos vidros a frente dela. Então Hermione abriu um vidro, aspirou a substância dentro dele e disse, sem olhar para a amiga.
- É esse. E você está com uma cara péssima. Conte o que aconteceu.
- Você é boa nisso. - Gina tentou sorrir. Ela contou, com poucos detalhes, o que havia acontecido na casa de Harry.
- Oh, querida. Você o assustou.
- Assustei? Bem, eu o pressionei, isso eu sei. Mas...irmã, Hermione! Irmã! - Gina exclamou, desconcertada.
- Ele está confuso. Mas sei que ele gosta de você, Gina. Qualquer um pode ver. Deve ser difícil pra ele, no entanto, vocês dois se conhecem há muito tempo mesmo.
- Isso não atrapalhou você e meu irmão...
- Sim, bem... - Hermione tomou fôlego. - Não quero que você se ofenda com a minha pergunta, Gina, mas... você realmente gosta do Harry? Ou é como todas as outras vezes?
- O que você quer dizer com isso? - Gina cruzou os braços ameaçadoramente.
- Michael Corner, Dean Thomas, aquele sonserino que, diga-se de passagem, quase fez seu irmão ter um ataque do coração... você dispensou todos depois de um certo tempo. Você não leva as coisas a sério.
- O quê? Não é por aí, não mesmo! - Gina exclamou, exasperada. Mas sua amiga continuava a observá-la, paciente e firme, e então Gina desistiu. - Ah, droga. Eu sei disso, Hermione. - ela corou-se e suspirou. - Mas com ele é diferente. Eu mudei muito e não sou mais aquela garotinha de dez anos que ficaria muda em frente dele, e nós até nos tornamos amigos; mas toda vez que ele vira pra mim com aqueles profundos olhos verdes...
- Hmmm, você gosta mesmo dele... - Hermione deu uma risadinha.
- Sim. E ele me vê como uma irmã! - ela repetiu, nervosa. - Dá pra ficar pior que isso?
- Dá um tempo para ele. Você cresceu, ele sabe disso. Vai dar tudo certo.
Uma horinha depois, as garotas terminaram suas compras, e ambas pareciam exaustas, especialmente por causa dos 24 livros que Hermione insistia em comprar e elas tiveram de carregar.
- Você tem certeza que eu não posso fazer um feitiço pra isso ficar mais leve?
- Não, pode estragar os livros.
- Então nós devíamos contratar um elfo doméstico pra carregar isso. - Gina provocou.
- Haha, muito engraçado! Ah, eu desisto! - Hermione pegou sua varinha e pronunciou "Plumio!", e as malas pareciam estar cheias de penas.
- Então quando você se cansa você pode? - Gina reclamou. - Ei, o Três Vassouras! Vamos tomar alguma coisa, amiga!
Elas entraram no bar e tudo tinha um sentimento de nostalgia, como se tivesse permanecido intocado desde o tempo em que as garotas eram estudantes de Hogwarts. O lugar não estava tão cheio, e elas facilmente encontraram uma mesa perto da janela para sentar e relaxar. Assim que Hermione pediu duas canecas de cerveja amanteigada para Rosmerta e Gina começou a falar de seus problemas, alguém se aproximou da mesa.
- "Hermeyoni"?
- Viktor! - Hermione se virou rapidamente e sorriu, surpresa. - Ah, faz tanto tempo! - ela se levantou e o abraçou.
- Sim. Estou feliz de tê-la encontrado! Senti muito sua falta em todos esses anos...
- Ah, eu também, Viktor! Sente-se, por favor. Você se lembra da Gina Weasley, irmã do Ron?
- Oi. - Gina disse, meio abobada. - Eu sou jogadora dos...dos...Hipogrifos Nervosos. Jogadora de quadribol.
- Que legal! Então nós vamos se ver bastante esses dias? - Viktor sorriu, dizendo num forte sotaque.
- Espero que sim, porque eu admito muito o que você faz, Viktor. Krum. Senhor Krum. - ela se corou. - Ah, o que importa é que você é bom pacas! E muito mais simpático do que eu pensei que você era! Todos falavam que você era muito estranho.
Todos riram.
- Muito obrigado, eu acho. - ele sorriu. - Eu vou aceitar isso como um elogio. Mas eu devo dizer que foi minha doce Hermyoni que me fez uma pessoa melhor... - ele pegou a mão dela.
- Você sempre foi uma pessoa maravilhosa, Viktor... Você só era incompreendido. - Hermione disse, sorrindo para ele. - Mas, como vão as coisas na Bulgária?
ENQUANTO ISSO...
Ron esperava do lado de fora do apartamento de Harry. Ele tocou a campainha duas vezes, bateu na porta três vezes, e chamou o nome do amigo mais umas outras tantas. Como era nada de Harry aparecer, ele resolveu fazer aquilo de jeito Weasley, então ele pegou sua varinha, exclamou Alohomorra e a porta se escancarou. Ele encontrou seu melhor amigo deitado displiscentemente no sofá, vestindo nada além de sua cueca samb-canção, jogando seu pomo de ouro pra cima e capturando-o antes que pudesse sair voando.
- Eu sabia que você ia entrar de qualquer jeito. - ele murmurou, irônico, sem encarar o amigo.
- O que está acontecendo aqui? - Ron franziu a testa, caminhando para a sala de estar, sem deixar de tropeçar numa garrafa vazia de cerveja. - Ai. Odeio bebida trouxa. Hmmm, e você ainda não tomou banho, hein?
- Fala o que você quer.
- Desde quando você está assim?
- Ontem a noite.
- Ok. Quem é a garota? - Ron sorriu.
Harry virou-se para Ron, seus olhos repentinamente bem abertos, ele teve consciência do que a resposta aquela pergunta significaria para o amigo. Ele tentou pensar rápido. O que diria? "Sua irmã me agarrou e nós estávamos no maior amasso até que eu parei com tudo e ela foi embora furiosa" não parecia a resposta mais adequada. Harry sentia amor pela vida. E por seus dentes também.
- Ninguém. Quer dizer, alguém, mas só uma garota. Você não a conhece. Absolutamente não.
- Tudo bem, você não quer contar. - Ron riu. - Mas qual foi o problema?
- Hmmm, bem... - Harry coçou a cabeça. - Nós tivemos uma briga e ela foi embora. Eu disse algo muito estúpido a ela, algo que não é verdade...
- E ela foi embora antes da parte picante? - Ron deu uma risadinha irônica.
- Acredite, você não vai querer saber dos detalhes. - Harry respondeu com o mesmo sorriso. Se Ron soubesse...
- Eu adoraria ficar e discutir seus problemas amorosos, mas vá tomar um banho. Nós vamos a Hogsmeade. Eu quero surpreender a Hermione. Eu sei que ela está bem ocupada e tal, mas ela não vai me negar um almoço num restaurante chique, você não acha? E eu preciso de você pra despistar minha irmã.
- Amigo é pra essas coisas. - Harry sorriu.
Dez minutos mais tarde, os dois aparataram em Hogsmeade. Harry convenceu o amigo a visitar a velha Dedosdemel, há muito tempo que ele não experimentava um feijãozinho. Harry teve sorte, o dele tinha sabor de morango silvestre, mas o de Ron tinha um gosto amargo que ele não conseguiu identificar. Após procurarem pelas garotas em diversas lojas, eles chegaram à entrada do Três Vassouras.
- Elas devem estar aqui. - Harry disse, entrando no bar com o coração na boca. Seu pulso estava acelerado com a idéia de encontrar Gina novamente. Ele prometera a Ron que cuidaria para que ela deixasse o casal sozinho... então ele teria que ficar sozinho com ela. Mas o que ele viu fez seu coração acelerar ainda mais, e de preocupação. As garotas estavam sentadas numa mesa com Krum. E ele estava segurando a mão de Hermione.
- Elas não estão aqui! - Harry virou-se, tentando evitar que Ron entrasse. Mas o amigo já estava ao lado dele. E, infelizmente, olhando na mesma direção em que ele estava. - Ou talvez sim...
O rosto de Ron se contorceu, suas orelhas quase queimando de tão vermelhas.
Ele não viu mais nada, além do sorriso no rosto de Hermione. Ele não ouviu mais nada, além da risada vinda da mesa onde estavam sentados. Ron pegou sua varinha e apontou para o homem alguns metros a frente dele. Ele queria matá-lo, devagar e lentamente. Harry conseguiu desviar o braço de Ron antes que o feitiço pudesse atingir Viktor, então ele foi desviado e acertou em cheio uma vidraça, partindo-a em mil pedaços. Nesse ponto, Hermione e Gina haviam gritado assustadas e Viktor tinha apontado sua própria varinha para eles.
- Me solta, Harry! Eu vou matar esse cara! - Ron cuspiu, furioso.
- Cala a boca, você não vai matar ninguém! - Harry respondeu no mesmo tom. - E guarda essa varinha!
Hermione correu até eles.
- Ron, o que você está fazendo?
- Você disse que estava muito ocupada pra ficar comigo... então era com isso que estava ocupada?
- Ah, não. Não, não, não... De novo... - ela balançou a cabeça.
Krum, após o momento de choque, percebeu que era o namorado de Hermione que estava a frente dele. Ele guardou sua varinha, como sinal de paz. Mas ainda a segurava dentro do bolso.
- Escuta, cara, eu só trombei com a...
- Você cala a boca! Cala a boca! - Ron o interrompeu, uma veia saltando de sua testa. - Eu estou cansado de você e de sua carreira de jogador e de suas cartinhas... Você acha que pode vir aqui e roubar minha namorada, hein?
- Ron, por favor! - Hermione estava intensamente corada. - Tá todo mundo olhando!
- Eu não me importo! - ele olhou de volta para ela com raiva. - Como posso confiar em você se você me diz que vai estar ocupada com seu trabalho e quando eu chego você está de risinhos com o idiota da Bulgária!!
- Ron, dá um tempo, meu! Hermione não mentiu pra você, nós estávamos fazendo compras! Eu tive a idéia de vir tomar alguma coisa e Krum nos encontrou!
No entanto, Ron não estava ouvindo o que sua irmã estava dizendo. Ele aproveitou um momento de distração de Harry e se desvencilhou, indo pra cima de Krum e dando um soco bem no meio de seu rosto. Krum deu um passo a trás, levando as mãos ao rosto, suas vestes escorrendo sangue. Ron o fitou com um olhar de triunfo.
- Está contente, agora? Está se sentindo melhor, agora que você apelou para seu jeito agressivo e estúpido de resolver as coisas? - Hermione gritou, exasperada.
- Pra falar a verdade, não! Por que eu ainda não sei o que você estava fazendo de mãos dadas com esse traste!
- Ele é meu amigo e eu não te devo nenhum tipo de satisfação! Você não manda em mim, Ronald Weasley!
- Mas você é minha namorada e se eu não quero que você se encontre com ele, você não vai e faz pelas minhas costas!
- Eu não fiz nada escondido! Eu o encontrei por acaso!
- Minha namorada não se encontra por acaso com Viktor Krum!
Hermione o olhou com mágoa. Lágrimas caíam de seus olhos. Ela respirou fundo.
- Você está certo. Sua namorada não. Mas eu sim. Acabou, Ron.
Hermione abriu seus olhos e viu os azuis de Ron sorrindo de volta para ela.
- Bom dia, Mione. - ele beijou sua testa gentilmente.
- Bom dia. - ela bocejou e se espreguiçou.
- Torradas?
- Oh, obrigada! - ela se sentou na cama.
Eles tomaram café da manhã na cama, conversaram, riram, e nenhum comentário foi feito sobre a briga do dia anterior. Hermione evitou conversar sobre Viktor Krum, apesar de ainda ter vontade de vê-lo. Gina estava certa: ele apenas estaria na cidade por alguns dias, não havia motivo para causar mais brigas. Ron era daquele jeito mesmo, ciúmes era uma característica gritante nele e ela sabia que ele não iria mudar muito. E talvez Viktor estivesse tão ocupado que nem iria ter tempo de visitá-la... - Hmmm, sabe em que estou pensando agora? - Ron sussurrou em seu ouvido, abraçando-a. - Naquela maravilhosa invenção dos trouxas, acho que tem uma banheira, e espuma... - ele piscou.
- Ah, eu queria tanto... - ela piscou de volta. - Mas não dá. Eu já estou atrasada.
- Você vai sair de novo? - ele reclamou.
- Ron! Desculpe, mas eu tenho que encontrar a sua irmã, nós vamos comprar algumas coisas pra minha tese sobre lobisomens.
- Lobisomens? Essa é fácil! É só você bater um papinho com o Lupin e tem uma tese!
- Eu já fiz isso! Estou só concluindo meu trabalho, é pra ser entregue mês que vem.
- Mês que vem? Ah, Mione, então você tem muito tempo pra fazer isso, hein? Além disso, vocês não tem férias não?
- Esse é meu trabalho de férias. - ela riu. - E você está falando com Hermione Granger. Você sabe que eu não paro.
- Mas você tem eu agora! - ele a abraçou. - Eu esperei tanto pra um ter tempinho livre com você...
- Primeiro, o certo é "você tem a mim". - ela corrigiu, e ele franziu a testa. - Bom, e segundo... segundo... ah, tudo bem. Eu não resisto essa carinha! Vamos fazer assim: eu termino esse trabalho até sexta-feira e a partir daí eu sou toda sua!
- Isso aí! - ele piscou e a beijou. - Oh, eu amo minha garotinha inteligente. Quer que eu vou com vocês?
- Não, não. Você vai achar muito chato. E depois, eu tenho que ter uma conversinha de mulher pra mulher com sua irmã.
- Algo de errado com a Gina?
- Não! Acho que não! Creio que não...não, não.
- Você falou "não" cinco vezes, Hermione...
- Está tudo bem com Gina, Ron. - Hermione mentiu. Ela sabia que a amiga estava passando por uma fase amorosa ruim.
- Espero que sim. Ainda bem que ela tem você para a ajudar. Você é um anjo em nossas vidas! O que seria de todos nós sem você, Hermione querida? - ele sorriu docemente.
- Ron... - ela o beijou. - não me venha com essa. Eu não vou largar o projeto pra sair com você. - ela sorriu.
- Droga. Não me diga que eu não tentei! - ele riu enquanto ela saía para ir se arrumar.
- Agora, eu preciso de pó de garandola... - Hermione falou consigo mesma, passando os olhos pelas prateleiras.
- Nossa, eu nunca ouvi falar sobre isso! Pra que você vai precisar dessas coisas?
- Eu já disse, eu tenho que fazer uma demonstração daquela poção pra lobisomens...
- Sei.
As duas ficaram quietas, Hermione concentrada nos vidros a frente dela. Então Hermione abriu um vidro, aspirou a substância dentro dele e disse, sem olhar para a amiga.
- É esse. E você está com uma cara péssima. Conte o que aconteceu.
- Você é boa nisso. - Gina tentou sorrir. Ela contou, com poucos detalhes, o que havia acontecido na casa de Harry.
- Oh, querida. Você o assustou.
- Assustei? Bem, eu o pressionei, isso eu sei. Mas...irmã, Hermione! Irmã! - Gina exclamou, desconcertada.
- Ele está confuso. Mas sei que ele gosta de você, Gina. Qualquer um pode ver. Deve ser difícil pra ele, no entanto, vocês dois se conhecem há muito tempo mesmo.
- Isso não atrapalhou você e meu irmão...
- Sim, bem... - Hermione tomou fôlego. - Não quero que você se ofenda com a minha pergunta, Gina, mas... você realmente gosta do Harry? Ou é como todas as outras vezes?
- O que você quer dizer com isso? - Gina cruzou os braços ameaçadoramente.
- Michael Corner, Dean Thomas, aquele sonserino que, diga-se de passagem, quase fez seu irmão ter um ataque do coração... você dispensou todos depois de um certo tempo. Você não leva as coisas a sério.
- O quê? Não é por aí, não mesmo! - Gina exclamou, exasperada. Mas sua amiga continuava a observá-la, paciente e firme, e então Gina desistiu. - Ah, droga. Eu sei disso, Hermione. - ela corou-se e suspirou. - Mas com ele é diferente. Eu mudei muito e não sou mais aquela garotinha de dez anos que ficaria muda em frente dele, e nós até nos tornamos amigos; mas toda vez que ele vira pra mim com aqueles profundos olhos verdes...
- Hmmm, você gosta mesmo dele... - Hermione deu uma risadinha.
- Sim. E ele me vê como uma irmã! - ela repetiu, nervosa. - Dá pra ficar pior que isso?
- Dá um tempo para ele. Você cresceu, ele sabe disso. Vai dar tudo certo.
Uma horinha depois, as garotas terminaram suas compras, e ambas pareciam exaustas, especialmente por causa dos 24 livros que Hermione insistia em comprar e elas tiveram de carregar.
- Você tem certeza que eu não posso fazer um feitiço pra isso ficar mais leve?
- Não, pode estragar os livros.
- Então nós devíamos contratar um elfo doméstico pra carregar isso. - Gina provocou.
- Haha, muito engraçado! Ah, eu desisto! - Hermione pegou sua varinha e pronunciou "Plumio!", e as malas pareciam estar cheias de penas.
- Então quando você se cansa você pode? - Gina reclamou. - Ei, o Três Vassouras! Vamos tomar alguma coisa, amiga!
Elas entraram no bar e tudo tinha um sentimento de nostalgia, como se tivesse permanecido intocado desde o tempo em que as garotas eram estudantes de Hogwarts. O lugar não estava tão cheio, e elas facilmente encontraram uma mesa perto da janela para sentar e relaxar. Assim que Hermione pediu duas canecas de cerveja amanteigada para Rosmerta e Gina começou a falar de seus problemas, alguém se aproximou da mesa.
- "Hermeyoni"?
- Viktor! - Hermione se virou rapidamente e sorriu, surpresa. - Ah, faz tanto tempo! - ela se levantou e o abraçou.
- Sim. Estou feliz de tê-la encontrado! Senti muito sua falta em todos esses anos...
- Ah, eu também, Viktor! Sente-se, por favor. Você se lembra da Gina Weasley, irmã do Ron?
- Oi. - Gina disse, meio abobada. - Eu sou jogadora dos...dos...Hipogrifos Nervosos. Jogadora de quadribol.
- Que legal! Então nós vamos se ver bastante esses dias? - Viktor sorriu, dizendo num forte sotaque.
- Espero que sim, porque eu admito muito o que você faz, Viktor. Krum. Senhor Krum. - ela se corou. - Ah, o que importa é que você é bom pacas! E muito mais simpático do que eu pensei que você era! Todos falavam que você era muito estranho.
Todos riram.
- Muito obrigado, eu acho. - ele sorriu. - Eu vou aceitar isso como um elogio. Mas eu devo dizer que foi minha doce Hermyoni que me fez uma pessoa melhor... - ele pegou a mão dela.
- Você sempre foi uma pessoa maravilhosa, Viktor... Você só era incompreendido. - Hermione disse, sorrindo para ele. - Mas, como vão as coisas na Bulgária?
ENQUANTO ISSO...
Ron esperava do lado de fora do apartamento de Harry. Ele tocou a campainha duas vezes, bateu na porta três vezes, e chamou o nome do amigo mais umas outras tantas. Como era nada de Harry aparecer, ele resolveu fazer aquilo de jeito Weasley, então ele pegou sua varinha, exclamou Alohomorra e a porta se escancarou. Ele encontrou seu melhor amigo deitado displiscentemente no sofá, vestindo nada além de sua cueca samb-canção, jogando seu pomo de ouro pra cima e capturando-o antes que pudesse sair voando.
- Eu sabia que você ia entrar de qualquer jeito. - ele murmurou, irônico, sem encarar o amigo.
- O que está acontecendo aqui? - Ron franziu a testa, caminhando para a sala de estar, sem deixar de tropeçar numa garrafa vazia de cerveja. - Ai. Odeio bebida trouxa. Hmmm, e você ainda não tomou banho, hein?
- Fala o que você quer.
- Desde quando você está assim?
- Ontem a noite.
- Ok. Quem é a garota? - Ron sorriu.
Harry virou-se para Ron, seus olhos repentinamente bem abertos, ele teve consciência do que a resposta aquela pergunta significaria para o amigo. Ele tentou pensar rápido. O que diria? "Sua irmã me agarrou e nós estávamos no maior amasso até que eu parei com tudo e ela foi embora furiosa" não parecia a resposta mais adequada. Harry sentia amor pela vida. E por seus dentes também.
- Ninguém. Quer dizer, alguém, mas só uma garota. Você não a conhece. Absolutamente não.
- Tudo bem, você não quer contar. - Ron riu. - Mas qual foi o problema?
- Hmmm, bem... - Harry coçou a cabeça. - Nós tivemos uma briga e ela foi embora. Eu disse algo muito estúpido a ela, algo que não é verdade...
- E ela foi embora antes da parte picante? - Ron deu uma risadinha irônica.
- Acredite, você não vai querer saber dos detalhes. - Harry respondeu com o mesmo sorriso. Se Ron soubesse...
- Eu adoraria ficar e discutir seus problemas amorosos, mas vá tomar um banho. Nós vamos a Hogsmeade. Eu quero surpreender a Hermione. Eu sei que ela está bem ocupada e tal, mas ela não vai me negar um almoço num restaurante chique, você não acha? E eu preciso de você pra despistar minha irmã.
- Amigo é pra essas coisas. - Harry sorriu.
Dez minutos mais tarde, os dois aparataram em Hogsmeade. Harry convenceu o amigo a visitar a velha Dedosdemel, há muito tempo que ele não experimentava um feijãozinho. Harry teve sorte, o dele tinha sabor de morango silvestre, mas o de Ron tinha um gosto amargo que ele não conseguiu identificar. Após procurarem pelas garotas em diversas lojas, eles chegaram à entrada do Três Vassouras.
- Elas devem estar aqui. - Harry disse, entrando no bar com o coração na boca. Seu pulso estava acelerado com a idéia de encontrar Gina novamente. Ele prometera a Ron que cuidaria para que ela deixasse o casal sozinho... então ele teria que ficar sozinho com ela. Mas o que ele viu fez seu coração acelerar ainda mais, e de preocupação. As garotas estavam sentadas numa mesa com Krum. E ele estava segurando a mão de Hermione.
- Elas não estão aqui! - Harry virou-se, tentando evitar que Ron entrasse. Mas o amigo já estava ao lado dele. E, infelizmente, olhando na mesma direção em que ele estava. - Ou talvez sim...
O rosto de Ron se contorceu, suas orelhas quase queimando de tão vermelhas.
Ele não viu mais nada, além do sorriso no rosto de Hermione. Ele não ouviu mais nada, além da risada vinda da mesa onde estavam sentados. Ron pegou sua varinha e apontou para o homem alguns metros a frente dele. Ele queria matá-lo, devagar e lentamente. Harry conseguiu desviar o braço de Ron antes que o feitiço pudesse atingir Viktor, então ele foi desviado e acertou em cheio uma vidraça, partindo-a em mil pedaços. Nesse ponto, Hermione e Gina haviam gritado assustadas e Viktor tinha apontado sua própria varinha para eles.
- Me solta, Harry! Eu vou matar esse cara! - Ron cuspiu, furioso.
- Cala a boca, você não vai matar ninguém! - Harry respondeu no mesmo tom. - E guarda essa varinha!
Hermione correu até eles.
- Ron, o que você está fazendo?
- Você disse que estava muito ocupada pra ficar comigo... então era com isso que estava ocupada?
- Ah, não. Não, não, não... De novo... - ela balançou a cabeça.
Krum, após o momento de choque, percebeu que era o namorado de Hermione que estava a frente dele. Ele guardou sua varinha, como sinal de paz. Mas ainda a segurava dentro do bolso.
- Escuta, cara, eu só trombei com a...
- Você cala a boca! Cala a boca! - Ron o interrompeu, uma veia saltando de sua testa. - Eu estou cansado de você e de sua carreira de jogador e de suas cartinhas... Você acha que pode vir aqui e roubar minha namorada, hein?
- Ron, por favor! - Hermione estava intensamente corada. - Tá todo mundo olhando!
- Eu não me importo! - ele olhou de volta para ela com raiva. - Como posso confiar em você se você me diz que vai estar ocupada com seu trabalho e quando eu chego você está de risinhos com o idiota da Bulgária!!
- Ron, dá um tempo, meu! Hermione não mentiu pra você, nós estávamos fazendo compras! Eu tive a idéia de vir tomar alguma coisa e Krum nos encontrou!
No entanto, Ron não estava ouvindo o que sua irmã estava dizendo. Ele aproveitou um momento de distração de Harry e se desvencilhou, indo pra cima de Krum e dando um soco bem no meio de seu rosto. Krum deu um passo a trás, levando as mãos ao rosto, suas vestes escorrendo sangue. Ron o fitou com um olhar de triunfo.
- Está contente, agora? Está se sentindo melhor, agora que você apelou para seu jeito agressivo e estúpido de resolver as coisas? - Hermione gritou, exasperada.
- Pra falar a verdade, não! Por que eu ainda não sei o que você estava fazendo de mãos dadas com esse traste!
- Ele é meu amigo e eu não te devo nenhum tipo de satisfação! Você não manda em mim, Ronald Weasley!
- Mas você é minha namorada e se eu não quero que você se encontre com ele, você não vai e faz pelas minhas costas!
- Eu não fiz nada escondido! Eu o encontrei por acaso!
- Minha namorada não se encontra por acaso com Viktor Krum!
Hermione o olhou com mágoa. Lágrimas caíam de seus olhos. Ela respirou fundo.
- Você está certo. Sua namorada não. Mas eu sim. Acabou, Ron.
