Capítulo 8

Hermione abriu os olhos após segundos que pareceram uma eternidade e percebeu que estava em frente ao Hospital St. Mungus. Assim que recuperou o equilíbrio, ela correu pelos corredores claros do hospital, passos indicando que Harry, Gina e Jorge estavam atrás dela. Ela parou ao ver Arthur conversando com um bruxo alto e jovem que, pelo uniforme, ela reconheceu ser um curandeiro.

- Sr. Weasley! - ela disse, ofegante.

- Hermione. - ele sorriu, tristemente. - Estou muito feliz que você veio.

- Onde ele está, pai? - Gina perguntou.

- Primeiro andar, terceira porta à direita. Sua mãe está lá em cima com ele.

Jorge ficou para trás, cochichando alguma coisa no ouvido de seu pai, enquanto Harry conduzia as duas garotas para o andar acima. Hermione sentia seu coração bater tão forte que ele parecia querer saltar de seu peito. Nunca, em todo o tempo em que conhecia Ron, ele estivera correndo risco de vida. E ela não poderia conceber a idéia de que poderia perder ele agora.

Os três chegaram no quarto e quando abriram a porta, viram a sra. Weasley e Remo Lupin ao lado da única cama que havia no quarto. Gina, por um segundo, hesitou entrar. Harry segurou a mão dela.

- Hmmm... sra. Weasley, como ele está? - Hermione perguntou. Molly virou-se para eles, tomando conta da entrada dos três no quarto. Seus olhos estavam inchados e a ponta do seu nariz vermelho, denunciando que ela estava chorando.

- Hermione! - ela a abraçou fortemente, virando-se novamente para a cama. - Eu... ele...

Lágrimas se formaram em seus olhos novamente, e Lupin a amparou.

- Eu vou levá-la para fora. - ele disse, balançando a cabeça. Então Harry, Hermione e Gina, sozinhos no quarto, se aproximaram da cama, posicionada ao lado da janela. Gina apertou a mão de Harry mais forte ao ver o rosto de seu irmão: Ron estava com os olhos cerrados, a pele levemente arroxeada, os lábios entreabertos como no meio de um grito.

- Ele... ele ia receber... o beijo... - Hermione murmurou pra si mesma. Gina sufocou um grito.

- Ainda bem que Lupin chegou à tempo. - Harry respondeu. - Ele sempre teve dificuldade para conjurar um patrono.

- Ron...? - Hermione passou a mão pelos cabelos cor de fogo do jovem, sussurrando docemente, mas Ron continuou estático.

- Ele vai melhorar, não é? - Gina perguntou para Harry. O olhar inseguro e assustado dela lembrou muito a garotinha que ele conhecera anos atrás. Ele a abraçou, beijando sua testa e sorriu, e ela compreendeu aquele sorriso como um sim.

- É tudo minha culpa... - Hermione murmurou baixinho.

- Ah, Hermione, por favor!

- É minha culpa, Harry! - ela repetiu, dessa vez mais alto. - Se eu não tivesse aceitado me casar com o Viktor ele não ia ter decidido fazer essa viagem estúpida, e... - ela balançou a cabeça. - Eu sou uma idiota...

Ela virou-se novamente para Ron e segurou sua mão, esfregando-a na sua delicadamente. Harry e Gina decidiram deixá-la sozinha, ele ainda queria saber de Lupin como tudo tinha acontecido.

- Ron, eu sei que você está me ouvindo... - Hermione sussurrou em seu ouvido. - Por favor...não me deixe... eu sei que fui idiota de ter feito tudo aquilo de você, de exigir que você se tornasse uma pessoa diferente, a pessoa perfeita. Eu sei que você nunca vai ser da maneira que eu quero que você seja, mas eu gosto de você desse jeitinho... - ela sorriu. - Atrapalhado, estourado, brincalhão e imaturo, mas ainda meu Ron... eu te amo tanto!

Ela não conseguiu segurar as lágrimas e, deitando a cabeça no corpo inerte de Ron, ela chorou copiosamente. Então, ela notou uma pequena pressão em seus dedos. Erguendo os olhos, ela percebeu: Ron estava, com dificuldade, tentando apertar sua mão. Ela soube naquele instante que ele não a deixaria.

DIAS DEPOIS

Ron abriu seus olhos, sentia uma dor terrível em todos os ossos de seu corpo. Tentou se levantar, mas não teve sucesso: sua cabeça parecia rodar. Ele piscou os olhos e os esfregou, tudo ao redor dele parecia estar fora de foco. Aos poucos, ele foi se acostumando à luz do ambiente, à nova realidade, depois do que parecia ser um pesadelo horrendo. Ele não sabia onde estava e há quanto tempo estava lá, mas estava grato que não ouvia mais as vozes dentro da sua mente o aterrorizando. Aos poucos, ele notou que estava num lugar familiar. Hospital St. Mungus. Já havia visitado o lugar outras vezes, mas nunca como paciente. Ele esfregou os olhos mais uma vez e reconheceu a silhueta de alguém cochilando numa poltrona à sua frente.

- Mione? - sua voz saiu rouca e ofegante.

A menina acordou num sobressalto e assim que notou de onde vinha o chamado, pulou da poltrona e correu ao seu encontro.

- Ron! Você acordou! Por Merlin, você acordou! - ela exclamou, sorrindo e o abraçando carinhosamente.

- Ai...minhas...costas! - ele reclamou.

- Oops, desculpe... - Hermione o soltou. - Como está se sentindo? Quer que eu traga algumas almofadas? Está com fome? Meu Deus, deixe eu chamar...

- Calma, respira! - ele riu. - eu estou bem. Quer dizer, tá tudo meio dolorido ainda, e minha cabeça ainda tá latejando, mas...

- Que bom! Eu já estava preocupada... - Hermione olhou para o chão. - Você demorou muito pra acordar.

- Há quantos dias eu estou aqui?

- Cinco.

- E... como eu escapei dessa? Os dementadores... eles estavam muito perto, dezenas deles em volta de mim...

Hermione apertou a mão de Ron, um sorriso triste nos lábios.

- Lupin conseguiu afastar todos. Ele falou que foi muito difícil. Kingsley quase não escapou também. Ele só acordou algumas horas depois.

- Puxa, algumas horas depois e cinco dias depois são praticamente a mesma coisa. - ele franziu a testa.

- Eu também acho. - Hermione olhou fundo nos olhos dele e disse algo que estava passando na cabeça dela desde que ela tinha ouvido a história de Lupin. Algo que certamente também havia passado pela cabeça de seus amigos, e que eles, num silencioso acordo, decidiram não comentar. - Por mais difícil que pareça lutar com dezenas de dementadores... por mais surpreendido que você tenha sido... quer dizer...

Ron ergueu uma sobrancelha.

- O que você está dizendo? Que eu... não me esforcei porque... não quis? - ele disse, sua expressão indicando o quanto ele achava aquilo absurdo. Porém, não era. Ele sabia que não era.

- Não é isso... - Hermione abaixou os olhos, como se estivesse se desculpando. - É que... Ron...vo-você queria...

- Morrer? - ele completou calmamente. - Sim.

Hermione fitou-o novamente. Lágrimas se formaram nos seus olhos.

- Por quê? - ela murmurou.

- Eu pensei que você soubesse exatamente a resposta. Ora, Hermione, eu tinha te perdido! Você ia embora com aquele... com o Krum, eu nunca mais a veria, e você acha que eu conseguiria viver sem você? Você foi minha amiga, meu abrigo, meu ar por anos. E então...espera um pouco... você não deveria estar casada na Bulgária agora?

- Deveria. - Hermione sorriu. - Mas você acha que eu conseguiria viver sem você?

Ron sorriu de volta e sem avisar, esquecendo sua dor pungente na coluna, ele segurou o rosto dela em suas mãos e a beijou profundamente.

- Eu prometo que vou tentar, com todas as minhas forças, ser o Ronald que você quer que eu seja.

- Não! - ela tocou seus lábios com o dedo indicador. - Eu não quero que você mude. Eu amo você assim, do jeitinho que você é. Eu não quero o homem perfeito, ou o homem dos sonhos de toda bruxa... eu quero você!

- Obrigado pelo elogio. - Ron soltou uma gargalhada. - Mas ainda bem, porque eu não tenho a menor vocação pra príncipe encantado...

- Você é meu príncipe e é isso que importa... - Hermione o beijou.


rufar de tambores E este é nosso penúltimo capítulo!! E tudo acabou bem... Eu prometo que o próximo sair rápido... eu tenho que ser mais responsável... tsc tsc tsc