Comentários da autora: Genteeeeeee, eu resolvi reescrever Diário de Um HIV-positivo, porque estava muito... não-original... Então aqui está a nova versão! Espero que gostem. Bjus

Say-sama!

Novo Diário de um HIV-positivo

Sayuri Maxwell

Capítulo 01

- Trowa, vamos à festa na casa do Duo? – Sharon perguntou.

- Não sei. Não estou muito em clima de festa hoje. – eu respondi, melancolicamente.

- Ah, brother, por favor! Vai ser divertido! Quem sabe essa festa não muda a sua vida?

E realmente mudou. Me chamo Trowa Barton, tenho 22 anos e sou HIV-positivo. É isso aí, eu tenho AIDS. Não se preocupe, você não vai ser contaminado(a) só por estar lendo isso… Não precisa sair correndo.

Na época da festa, eu tinha 15 anos. Nela eu conheci a pessoa que mudou a minha vida drasticamente: Jana, uma prostituta. Mas que eu não sabia que ela era. Até eu me deitar com ela e ter que pagar 100 dólares. E, ainda por cima, pegar AIDS.

- Oi, Sha-sama! – Duo Maxwell cumprimentou minha irmã. – E aí, Trowa, beleza?

– Como vai, Duo? – eu dei um meio-sorriso.

- Vou indo, e você?

- Mesma coisa.

Duo é meu amigo de longa data. Bonito, cabelos castanhos longos presos em trança e belos olhos violetas. Sabe, eu nunca tive problema em achar outro homem bonito. Não tem nada a ver.

- Cadê o Heero? – Sharon perguntou, sorrindo.

Heero é o namorado de Duo. Exatamente, eles são gays. Mas eu prefiro não usar esse termo. Acho melhor homossexuais.

- Tá lá na sala. – a festa era no lado de fora, mas tinha algumas pessoas na sala vendo DVD.

- Eu vou lá dar um oi pra ele e depois eu volto. Você vem, Trowa?

- Vou. Até mais, Duo.

- Sintam-se em casa! – o americano sorriu e foi cumprimentar outros convidados que haviam chegado.

Heero estava sentado no sofá vendo um filme de ação, assim como outras pessoas. Era fácil identificá-lo: moreno, forte, com olhos azul-cobalto.

- Olá, Heero! – Sharon cumprimentou-o, sorrindo.

- Oi. – Heero não era de falar muito.

- Como vai, Yuy? – eu perguntei.

- Bem. E vocês?

- Nós estamos ótimos, não é, Trowa?

- Ah é. Otimos.

Heero percebeu que eu não estava dizendo a verdade. Ele e Duo sabiam da minha carência afetiva. Há anos eu não me envolvia com alguém.

- Bom, eu vou lá pra fora. Vai ficar aí, mano? – Sharon olhou para mim, esperando uma resposta.

- Vou sim.

- Então até mais.

Minha irmã se virou e saiu pela porta que dava para o quintal. Eu me sentei ao lado de Heero no sofá e tentei prestar atenção no filme. Até consegui por um certo tempo, mas minha atenção logo se voltou para outra coisa. Ou melhor, pessoa. Uma loira linda, olhos azuis, corpo bem feminino. Ela me olhou de um jeito que não sei descrever.

- O gatinho está sozinho? – ela perguntou ao se aproximar de mim.

- Gatinho, eu? – eu olhei incrédulo para ela.

- Sim. Qual o seu nome, lindo?

- Trowa. E o seu?

- Jana. Vamos caminhar um pouco na praia, para a gente se conhecer melhor. – a casa de Duo era beira-mar.

- Tudo bem.

A última coisa de que me lembro é a gente deitados na areia, ofegantes após muito esforço físico, se é que vocês me entendem.

- São 100 dólares, bem. – Jana me olhou com a cara mais cínica do mundo, pelo visto ela já estava acostumada com aquilo.

- Como é que é?

- É isso aí, sou puta.

- O QUÊ? – eu ainda não acreditava no que ouvia.

- Puta, prostituta, garota de programa, como quiser.

Contrariado, eu paguei os 100 dólares e voltei para a casa do americano, indignado.

Algumas semanas depois, comecei a sentir uma dorzinha de estômago. Achava que não era nada de mais, mas Sharon insistiu para que eu fosse ao médico dar uma checada. Fazer o quê, lá fui eu ao médico. Naquela época era bem raro eu fazer visitas ao hospital, por isso eu hesitei um pouco. Achava que não era nada de mais, que iria passar logo e coisa e tal…

- Vou pedir um exame de sangue, ok? – o médico velho e barrigudo falou.

- Exame de sangue??? – eu não gostava muito de ser furado por agulhas.

- Exato. – o velho rabiscou alguma coisa num papel e me entregou. - Toma. Leve isto para a enfermeira e que ela colhe o seu sangue agora mesmo.

Levei. Até que o exame não foi tão ruim quanto o imaginado. Fui embora com aqueles adesivos redondos que eles colocam no seu braço depois do exame de sangue. Alguns dias depois o médico me ligou e disse que eu teria que refazer o exame.

- Refazer?? Por quê?? – isso é muito estranho.

- Só pra confirmar. – esse infeliz estava me escondendo algo.

- Confirmar… sei… Doutor, se eu estiver com alguma doença, me fale logo!

- Não posso dizer nada sem confirmar os resultados.

Morrendo de raiva, desliguei o telefone. Sharon, que estava sentada no sofá, me observando, viu a minha cara de preocupação.

- O que houve, maninho?

- O velho pediu pra eu refazer o exame.

- Mas por quê? – ela ficou preocupada.

- Ele disse que quer confirmar uma coisa. Acho que estou com alguma doença.

- Não diga uma coisa dessas! Eu hein.

Mas algo me dizia que eu tinha uma doença muito grave. Bom, o único jeito era voltar ao hospital e ser furado de novo. Ninguém merece!

- Tro-san, você não acha estranho esse médico ter pedido para refazer os exames? – Duo me perguntou, tomando um gole do seu refrigerante.

- Acho. Muito estranho.

- O que será que ele quer confirmar? – Heero me olhou.

- Sei lá. Só sei que ele é um velho barrigudo e imbecil não quer me dizer o que eu tenho. Quase soquei a cara dele.

- Trowa, acho que você está convivendo demais com Duo. – o japonês deu um meio-sorriso.

- O que você está querendo insinuar, Heero Yuy?!?! – Duo fingiu estar ofendido.

- Nada, eu não faço insinuações. Eu afirmo.

- Ah, é assim que você me trata? Depois de ANOS de dedicação, como é que Duo é recompensado? A socos e pontapés pelo ignorante do Heero. – o americano quase chorou.

- Duo, não começa.

- Tanto esforço, tanto amor, para quê? Pra só ser xingado e ofendido na frente de todo mundo.

- Duo, cale a boca.

- Bom, gente, eu vou indo pegar o resultado. Vou deixar vocês a sós para resolverem esse pequeno... "problema". – eu me levantei e saí, deixando Heero e Duo discutindo na lanchonete.

Duas horas depois, eu cheguei em casa e peguei o telefone.

- Alô?

- Duo?

- Sim, sou eu... peraê Heero, eu tô no telefone! – Duo berrou para seu amado.

- É o Trowa.

- E aí, Tro-san, pegou o resultado?

- Peguei sim. Vocês poderiam vir aqui em casa... por favor?

-Claro, o que aconteceu?

- Prefiro não falar sobre isso pelo telefone.

- Tá, tudo bem, já estamos indo.

Alguns minutos depois, todos estavam reunidos na minha sala de estar: eu, Sharon, Duo e Heero.

- Trowa, fala logo, você está me assustando! – Sharon me olhou, preocupada.

- É o seguinte... o médico me pediu pra refazer os exames daquela vez porque havia surgido um resultado inesperado. Então eu tive que refazer para confirmar. E confirmou.

- Confirmou o quê? – Heero perguntou.

- Eu... eu tenho AIDS. ... – silêncio.

Sharon começou a chorar. Me senti horrível por isso. Duo abraçou Heero e começou a chorar também.

- Como isso aconteceu? – Heero perguntou.

- Foi na festa do Duo.

- Na MINHA festa??? – Duo começou a chorar mais forte ainda, se sentindo culpado.

- Sim, mas não foi culpa sua. Foi minha. Minha... e da Jana.

- Vo...você... e a... Jana...

- Sim, a gente transou.

- Mas, ela é uma p...

- É, mas eu não sabia disso.

- E agora? – Sharon perguntou, se acalmando.

- Agora... vou continuar com a minha vida.