Capítulo 06

Acordei com o sol batendo no meu rosto. Ao olhar para o lado, me deparei com o meu anjo ainda dormindo. As lembranças da noite passada voltaram à minha mente. Eu ainda não acreditava que tudo aquilo havia acontecido. Parecia um sonho. Mas não, era real. Quatre realmente estava dormindo ao meu lado, e eu me senti a pessoa mais feliz do mundo.

- Bom dia, Tro. – Quatre sorriu, ao acordar.

- Bom dia, meu anjo. Dormiu bem?

- Muito. E você?

- Só de estar ao seu lado eu já me sinto maravilhosamente bem.

O loirinho corou levemente, pelo visto ainda não havia se acostumado com os meus elogios. Eu então me lembrei de que era terça-feira, e que eu tinha uma consulta marcada.

- Qat, eu vou ter MESMO que ir ao hospital hoje?

- Por quê?

- Hoje é terça, esqueceu? Eu tenho consulta.

- Ah é mesmo.

- Não vejo por que ir ao hospital se eu já tenho o meu médico aqui comigo.

- Se você quiser, podemos fazer a consulta aqui mesmo. – Quatre sorriu, o brilho do desejo voltando aos seus olhos.

- Hmmm… seria maravilhoso. – eu sorri de volta, beijando a curva entre o pescoço e o ombro do árabe.

- Ahh… pelo o que eu vejo, a sua saúde está praticamente perfeita, senhor Trowa Barton.

- Não, eu ainda sinto um incômodo.

- Aonde?

- Aqui. – eu olhei para o meu baixo ventre. – Toda vez que eu estou perto de você.

Quatre ficou quase roxo.

- Acho que eu sofro de "quatrite aguda". – o loirinho não pôde deixar de rir.

- Então eu não pretendo lhe curar tão cedo.

- Nem eu pretendo ficar curado.

Nesse instante, o meu celular tocou. O pequeno aparelho estava no meio das roupas, ainda jogadas no canto do quarto. Levantei-me para pegá-lo.

- Alô? Trowa, onde você está????? – Sharon quase berrou do outro lado da linha.

- No apartamento do Quatre, por quê? – eu respondi, calmamente.

- …

- Sha?

- Não vai me dizer que vocês…

- Então tá, se você não quiser, eu não digo.

- TROWA!!!

- Não grita!

- Desculpa, é que foi tudo tão rápido… Me conta, como foi?

- -gota- Como é que é?

- Eu quero saber os detalhes!!

- Vai ficar querendo, onde já se viu.

- Tá, mas vem logo pra casa, seu grosso.

- Tchau.

Eu desliguei, sem esperar respostas. Quatre me olhava sem entender absolutamente nada.

- Era a Sharon. Estava preocupada comigo.

- Ah.

Nós nos vestimos e fomos comer algo. Todo aquele "exercício" havia nos deixado exaustos e sem energia. Após uma refeição decente (não que Quatre não tivesse sido, claro…), resolvi ir embora, mesmo contra a vontade. Sharon me esperava, e provavelmente já havia contado para Duo, que havia contado para Heero. Malditos fofoqueiros.

- Eu vou sentir a sua falta, meu amor. – eu depositei um leve beijo nos lábios do meu anjinho loiro.

- Eu também. Mesmo que seja por algumas horas. Eu não pretendo ficar o dia inteiro sem te ver.

- Pode ter certeza de que eu também não. Até mais. – eu falei, beijando a mão de Quatre, como um perfeito cavalheiro.

O árabe só faltou derreter ante esse gesto.

- Até.

Contrariado, eu entrei no meu carro e parti rumo à minha casa. O caminho curto pareceu demorar uma eternidade para acabar, mas eu cheguei em casa depois de uns sete minutos. Como eu havia previsto, os três fofoqueiros estavam me esperando na sala. Heero nem tanto, mas Duo e Sharon pareciam que iriam enfartar se eu não contasse todos os detalhes.

- TRO-SAAAAAN!!!!!!!!!!!! – Duo gritou assim que eu entrei.

- Graças aos céus você chegou. Eu não agüento mais esses dois… - Heero suspirou, aliviado.

- Cale a boca, Hee-chan. – Duo falou, autoritário.

- Pode começar a contar, Trowa Barton! – Sharon me empurrou para o sofá, sentando à minha frente no chão e indicando para os outros fazerem o mesmo

- Eu não vou contar nada, já falei.

- Mas Tro-san, a gente vai enfartar se você não contar! – o americano fez cara de menor abandonado.

- Pois que enfartem. Não conto, não conto e não conto!

- Você vai fazer isso com a sua irmã preferida??? – Sharon se juntou a Duo na chantagem emocional.

- Você é a minha ÚNICA irm

- Então tá, vai fazer isso com a sua irmã querida que sempre cuidou de você???

- Vou.

- Deixem de pentelhar, vocês dois. – Heero interferiu. – Não vêem que ele não quer que ninguém se intrometa na intimidade dele?

OBS da autora: Heero, eu te amo!

- Obrigado, Yuy. – eu dei um meio-sorriso.

- Não há de quê, Barton.

- Vocês dois são muito chatos! – Duo fez um bico.

- É isso aí! Muito sem-graça! – Sharon fez o mesmo.

- Não adianta, podem fazer o que vocês quiserem. Eu não conto nem sob tortura.

- Seu feio. – o americano estirou a língua.

- Tudo bem, eu conto. Mas com uma condição. – resolvi brincar um pouco com ele.

- QUALQUER UMA!!! – Duo e Sharon gritaram ao mesmo tempo.

- Conte-nos, Duo Maxwell, como foi a sua noite com o Heero semana passada? Caso você tenha se esquecido, o meu apartamento fica ao lado do apartamento do Heero… Pude ouvir TUDO.

Os olhos violeta do do americano de se arregalaram, parecendo que iriam saltar da cara a qualquer minuto.

Não consegui evitar que um sorriso enorme se estampasse em meu rosto. A expressão do garoto de trança era muito cômica. Heero manteve sua máscara fria, mas pude perceber que havia ficado um pouco constrangido.

- Como é? Estou esperando. Não tenho o dia inteiro, se você quer saber.

- Você ficou louco? – Duo finalmente conseguiu falar algo.

Eu ergui uma sobrancelha.

- Vamos jogar com as mesmas cartas, Maxwell.

- NUNCA! – Duo estava mais vermelho que camarão em carne viva.

- Então nada feito.

- Ah, Duo, conta!!!! Agora eu também quero saber! – Sharon não resistiu.

- Heero, o que eu faço??? – o americano olhou para seu namorado.

- Se você quiser ter uma morte lenta e dolorosa quando chegar em casa, então pode contar.

- Eu vou morrer do mesmo jeito. Morrerei de curiosidade!

- O que você prefere, morrer de curiosidade, ou pelas minhas mãos? – o japonês fuzilou-o com o olhar metálico.

Duo sentou emburrado no sofá, cruzando os braços, e murmurando um "Não é justo." Baixinho.

Todos riram, menos o japonês, que apenas deu seu típico meio-sorriso, e, claro, o americano. Pelo menos ele parou de insistir para que eu contasse os detalhes da noite maravilhosa que eu tive ao lado do meu anjo. Era só o que me faltava. Até parece que eu iria compartilhar com mais alguém aquilo que era só nosso.

- Já que não vai me contar o que aconteceu, então não tenho mais nada pra fazer aqui. Vamos, Heero. – Duo levantou-se do sofá, esperando o seu namorado fazer o mesmo.

- Vamos, baka. – Heero sorriu ao ver a expressão do seu namorado.

- Por que você me chama de baka?

- Porque você É um baka.

- Então você me acha um idiota, é?

- Às vezes.

- Tudo bem, Heero Yuy. Me aguarde! – Duo deu um tom falso de mágoa à voz e foi embora sem esperar pelo japonês.

Revirando os olhos, Heero foi atrás do americano. Todas as discussões desses dois eram muito divertidas de se assistir.

No dia seguinte eu me acordei bem disposto. Era o dia do meu 23º aniversário. Quatre havia passado no meu apartamento na noite anterior, e nós ficamos conversando por horas. Bom, não só conversando… Mas não vamos entrar em detalhes.

Estranho, não havia ninguém em casa. Sharon não costumava sair àquela hora da manhã. Fui até a cozinha em busca de algo comestível e achei um bilhete.

"Trowa,

Tive que sair para resolver umas coisinhas

do teatro. Duo e Heero estão comigo.

Não sei quanto tempo vou demorar,

por isso não se preocupe comigo.

Beijinhos da sua irmã querida,

Sharon"

Legal. Eu estava sozinho em casa em pleno aniversário. Após comer um sanduíche improvisado, resolvi fazer uma visita surpresa pro meu médico preferido no hospital. Ele ficava lindo todo de branco.

- Olá, doutor. – eu falei, ao entrar em sua sala.

- Trowa! O que faz aqui? – Quatre sorriu, surpreso.

- Estava com vontade de te ver. Por que, não posso?

- Claro que pode!

- Que horas você sai hoje?

- Umas 3h da tarde. Por quê?

- Porque eu quero te pegar para a gente ir a um restaurante comemorar.

- Comemorar o quê? – não é possível, será que ele havia se esquecido do meu aniversário?

- Eh… comemorar a nossa felicidade! – eu disfarcei.

- Sinto muito, meu amor, mas hoje não vai dar. Preciso resolver várias coisas ainda. Mas amanhã eu prometo que a gente sai, sem falta.

- Tudo bem então. – ele realmente havia se esquecido.

- Você não ficou chateado comigo, ficou?

- Claro que não, anjo. Então até mais.

- Até.

Eu me senti a criatura mais insignificante na face da Terra. Ninguém se lembrava do meu aniversário. Isso acaba com a auto-estima de qualquer um. Fiquei sem ânimo de voltar pra casa, então decidi dar uma caminhada pela praia que ficava atrás da casa do americano. Uma certa tristeza me abateu quando eu cheguei. Fora lá que eu havia pego AIDS.

Lembranças daquela noite povoaram o meu pensamento, trazendo arrepios com elas. Porém, se não fosse pela minha doença, eu jamais teria conhecido Quatre. E eu era extremamente grato aos céus por ele ter entrado na minha vida. Era como uma recompensa por tudo o que eu passei.

Já estava ficando tarde, então resolvi voltar ao meu apartamento. No meio do caminho, meu celular toca.

- Diga, meu anjo. – eu logo reconheci o número de Quatre.

- Trowa, preciso que você me encontre agora.

- O que aconteceu?

- Não posso explicar-lhe por telefone. Por favor, me encontre na praia, em frente àquela loja de artigos exóticos.

- Ok, já estou indo.

Comentários da autora:

Nhai… o que será que aconteceu com o Q-sama?

Tadinhu do Tro-san, ninguém se lembrou do niver dele… será?

Esperem para ver!

Bjus

Say-sama –risadas malignas-