Songfic - Ela É Como O Vento - Estrofe III – "Para Sempre..."
I look in the mirror and all I see
(Eu olho no espelho e tudo que eu vejo)
Is a young old man with only a dream
(É um jovem velho homem com um só sonho)
Am I just fooling myself
(Eu me fiz de tolo)
That she'll stop the pain
(Achando que cessaria minha dor)
Living without her
(Vivendo sem ela)
I'd go insane
(Eu devo enlouquecer)
Oº°'¨Parte III – Para Sempre...¨'°ºO
Hermione estava a bordo do Expresso de Hogwarts, voltando para casa. Faziam-lhe companhia na cabine seus amigos Harry, Rony e Neville, que há horas estavam totalmente entregues ao sono devido à exaustão pelo dia anterior, por causa do baile de formatura. Muito tempo ainda iria passar até ela poder fazer aquele caminho novamente, retornando para Hogwarts. Estava recostada na cabine, com o olhar perdido na paisagem desfocada que passava pela janela em alta velocidade. Seus pensamentos iam à noite anterior, naquele beijo e na maravilhosa sensação de sentir o que era ter finalmente o seu amor retribuído.
Abraçado ao seu peito, descansava seu fiel diário, onde havia escrito a última página do livro. Realizara seu maior sonho daquela vida que se encerrara. Era hora de recomeçar a nova vida. E, a partir desta, tinha certeza que haveria mais realizações do que sonhos. Apertou ainda mais o livro contra o peito, fechando os olhos e respirando profundamente. Lembrava-se daqueles dois momentos inesquecíveis que passou com Severus... na tarde doirada de fim de maio e na noite plácida e prateada que lhe revelara algo ainda além do amor. Ainda sentia o nirvana daquele momento efêmero e, ao mesmo tempo eterno, fluindo em seu corpo, em sua alma. Para tudo havia um tempo, se longo ou curto, não tinha importância. Aquele momento raro de real felicidade acontecera no seu momento exato para duas pessoas tão distintas, o que fazia só alongar ainda mais a eternidade daquela vivência. Porém, sabia que ainda não havia chegado o tempo para ambos firmarem definitivamente os laços que os uniriam mesmo que estivessem distantes por um longo período.
"—Cada qual há seu tempo... e nosso tempo juntos ainda não chegou... ainda é cedo..."
Cinco anos se passaram. Para uns, voaram como fossem dias. Para outros, demoraram uma vida inteira. E assim o fora. Mais uma vida vivida, que durara cinco anos... agora era hora de recomeçar novamente, um novo livro, uma nova vida. Estava pronta para retornar à Hogwarts e, desta vez, com uma missão ainda maior do que somente lecionar. O tempo para pôr em prática tudo que Dumbledore e Hermione planejaram finalmente chegou. E, o tempo para realização de outros sonhos estava próximo de acontecer.
Hermione ainda dormia quando foi recepcionada por uma coruja que adentrou seu quarto pela janela, que permaneceu aberta toda a noite, para aproveitar o fresquinho noturno daquele Verão. Bichento dormia sobre o ventre de sua dona quando esta levantou-se, pondo-se sentada na cama. O gato rolou para o lado do colchão, dirigiu um olhar preguiçoso e descontente para Hermione e voltou a dormir, enroladinho como sempre fazia.
A coruja trazia um envelope vermelho lacrado com um selo de cera carimbado com o brasão de Hogwarts. Hermione já devia ter adivinhado o conteúdo, pois dera um gritinho eufórico, que fez a coruja voar para outro canto do quarto e Bichento acordar definitivamente.
Com um largo sorriso que não cabia em si, abriu cuidadosamente o envelope, retirando um pergaminho, que trazia uma caligrafia gótica esmerosa, impressa a pena e tinta.
Conforme ia lendo as linhas escritas pelo diretor Alvo Dumbledore, o sorriso de Hermione se alargava ainda mais em sua face, se isso ainda era possível. Seus olhos ficaram marejados de alegria. Prensou a carta contra o rosto como se quisesse beijá-la e levantou num salto.
Desceu as escadas de sua casa correndo e gritando pela mãe e pelo pai. A felicidade que sentia era tanta que tinha que contar a notícia o mais breve possível a alguém, pois acreditava que explodiria se não o fizesse logo. Encontrou a mãe parada em frente a mesa da cozinha, preparando algo, e o pai sentado à mesa, com uma xícara fumegante a mão. Pulou no pescoço da mãe, colando um gostoso beijo em sua bochecha. Em seguida, pulou no pescoço do pai e repetiu o mesmo ritual. Mesmo alarmados pela aparição calorosa da filha, o Sr e a Sra Granger sorriam largamente, pois sabia que algo muito bom acontecera, pois ela sempre agira assim quando recebia uma boa notícia.
Hermione esticou o braço com a carta na mão, entre o pai e a mãe, para que ambos vissem o que estava escrito.
—Olhem! Vejam! Finalmente chegou!
—Uau, filha! Você está sendo convocada! - exclamava a mãe, segurando uma ponta da carta.
—Você vai voltar para Hogwarts?! - perguntava o pai incredulamente, mas com um grande sorriso dirigido para a filha.
—Isso! Isso mesmo! Finalmente irei pôr em prática tudo que planejamos! É um sonho, um ideal, talvez até grande e presunçoso demais! Mas iremos finalmente colocar em prática o que planejamos por anos! Serei a nova professora de Estudo Sobre Trouxas!
Faltava apenas uma semana para o início do ano letivo em Hogwarts. Agosto se findava e no ar pairava a atmosfera de um outono que se aproximava. Os dias estavam mais amenos, com ventos mais constantes. Algumas árvores já antecipavam a estação e suas folhas verdes davam espaços para as cores oxidadas que, anunciavam para breve, um curto período de uma chuva dourada de folhas secas.
Alguns professores já retornavam para a escola a fim de aproveitarem a última semana de férias para o planejamento das aulas, além, é claro, de matarem a saudade daquele que era o segundo lar de todos.
Os anos tinham-se tornado monótonos, caindo numa chata rotina. Não havia mais uma ameaça mortal pairando no ar. Os alunos eram os mais básicos adolescentes que portavam varinhas. Certamente, demoraria ainda muito tempo para haver uma nova turma como a da época de Harry Potter, onde alguns alunos tinham conteúdo a mostrar. Bom, de qualquer forma, era melhor saber o que tinha por vir por mais tedioso que fosse do que se deparar com acontecimentos absurdos como os que acompanharam a "era Harry Potter".
Um banquete foi preparado para a comemoração do retorno dos professores à Hogwarts. Mas, nem tudo estava saindo conforme o planejado por Alvo Dumbledore, pois, o novo professor que Hogwarts iria receber este ano não havia chegado devido a um contratempo do mesmo. Ele queria que fosse a grande surpresa do dia, mas, mesmo tendo seu plano um tantinho frustrado, manteve-se ainda assim o suspense. Apenas mencionara aos professores que receberiam um novo colega, porém limitou-se a isso, sem mencionar qual cátedra tal professor lecionaria e menos ainda seu nome. Por alguma estranha razão, Alvo dirigia olhares marotos à Minerva e à Severus. Ambos nem sequer se deram ao luxo de preocupar-se com isso, pois sabiam que o diretor estava lhes aprontando algo e tudo que podiam fazer era esperar pra ver.
Dumbledore mantinha absoluto segredo sobre a contratação do novo professor, até àquela hora do banquete.
—Meus caros colegas professores, sejam muito bem vindos de volta a Hogwarts! - Alvo brindava a todos, que retribuíam com sorrisos ou apenas assentimentos, como era o caso de Severus. —Apenas lamento por este momento não poder contar com a presença do novo professor que lecionará a partir deste ano aqui em Hogwarts. Um contratempo fez com que não pudesse estar conosco neste dia em que todos retornam à escola, mas amanhã ainda pela manhã, espero que possamos contar com sua presença.
—E o senhor poderia nos dizer de quem se trata esse novo professor? E o que ele ensinará em Hogwarts? Pelo que saiba, todas as cátedras estão ocupadas... - perguntava McGonagall, dirigindo um olhar inquisitório, por estar certa de que Alvo não responderia a sua pergunta.
—Minha querida professora, apenas posso informar-lhe e ao demais professores, que trata-se de um velho conhecido vosso e todos, com certeza, terão muita satisfação em revê-lo... - Alvo dirigia-se a todos, mas as palavras finais foram diretamente para McGonagall, antes de completar, dirigindo com um sorriso enigmático para Snape. —e, para outros, será ainda mais que satisfação. - Snape retrucou com um olhar indagador e desconfiado, mas preferiu manter-se calado, pois preferiria morrer a dar qualquer sinal que aquilo tinha surtido qualquer efeito nele, mesmo que fosse apenas curiosidade.
O banquete levou mais de uma hora, pois todos conversavam entre si, contando novidades, gabando-se de viagens e das férias que tiveram, coisas do tipo. Até mesmo Snape mostrava-se mais sociável, participando vez ou outra com algum comentário até, por vezes, simpático. Era visível o quanto ele mudara nos últimos anos, não só exterior, mas principalmente, interiormente. Já não era mais aquele tirano ditador injusto - ao menos não todos ao mesmo tempo. Já não era mais tão odiado pelos alunos e nem tão mais anti-social.
O fato de que Severus Snape mudara muito nos últimos anos, era fato percebido por todos, principalmente por ele próprio. Não que tenha sido uma mudança abrupta, acontecida sem mais nem menos da noite para o dia. Mas no momento em que ele aceitou sair das sombras para abraçar aquela luz que o aconchegava em seus braços, suas mudanças começaram a surgir lenta, porém gradativamente. A principal, sem dúvida, foi a atitude para consigo mesmo, de como ele se portava para com o mundo. Tornou-se mais gentil, mas cortês, embora para aqueles que acabavam de conhecê-lo, ele ainda era um iceberg, tanto por sua frieza quanto pela incógnita do que ocultava atrás daqueles olhos negros e profundos, que já não traziam mais a amargura de outrora.
Suas mudanças internas refletiam em sua aparência. Severus não estava 5 anos mais velho, mas parecia 15 anos mais jovem. Deixou de usar vestes tão sisudas e pesadas, ainda que continuasse a trajar negro, que sempre lhe cairia muito bem. Por algum lapso de humor, permitia-se trajar uma camisa branca, nada além disso. Seus cabelos permaneciam negros, mas estavam mais finos e soltos, além do comprimento, que já passava do meio das costas. Se alguém que não o visse há muito tempo o reencontrasse agora, talvez não o reconhecesse de imediato.
Sabia perfeitamente, tinha plena consciência, do que foi o responsável por sua mudança. Aqueles dois momentos inesquecíveis, que culminou naquela noite memorável do baile de formatura. Hermione Granger era a principal e única responsável por aquelas mudanças. A luz que emanava dela serviu-lhe de guia para finalmente encontrar o caminho que o traria para fora das trevas. Embora não a tivesse mais reencontrado depois daquele dia, certamente a luz que ela lhe doara permanecia acesa em seu coração e lá estaria para todo o sempre.
Embora soubesse que um dia a reencontraria e o tempo em que ficariam finalmente juntos ainda chegaria, não conseguia impedir o sentimento de desolação por não tê-la por perto, por nunca mais ter tido uma notícia provinda diretamente dela. Aquele beijo foi o maior êxtase de sua vida, um beijo que foi muito além da matéria física. Em seus braços sentiu uma paz que jamais sentiu nem em ilusões, o calor de sua áurea que aquecia sua alma, que fez com que finalmente enxergasse a luz, libertando-o das trevas que o consumia há anos, quase por toda a sua vida.
Por vezes pensou em procurá-la, pedi-la em casamento, seqüestrá-la, sei lá, talvez só para terem uma breve conversa amigável ou mesmo poder rever aqueles olhos cor de mel que lhe faziam tanta falta e, só na ausência dos mesmos, percebeu o quanto eles sempre lhe davam a força que continha no interior daquela menina. Mas tinha um medo irracional, justo ele que não chegou a temer nem sequer o pior bruxo do mundo mágico, tinha medo de destruir aquele laço que se formou naquela noite e, tinha medo, principalmente, de descobrir que estava terrivelmente enganado a respeito de tudo, talvez por amá-la tanto, tenha criado expectativas demais e tudo o que aconteceu não era exatamente aquilo que acreditava. Sim, era realmente um medo infantil e irracional, mas não queria que aquele momento em que viveu seu nirvana fosse quebrado de jeito algum. Uma verdadeira tolice, mas... ele não havia sido, de certa forma, tolo a vida inteira?
Mas ele sentia, de alguma forma, que algo estava para se resolver, que o tempo para algo totalmente novo em sua vida estava para começar. Andava pelos corredores de Hogwarts e olhava para tudo com certa admiração, como se não tivesse estado ali por séculos. Algo muito diferente passava por sua mente: como se fosse um trailer de filme, várias imagens de seu passado passavam diante seus olhos, imagens que coincidiam com os lugares dentro do castelo, mas, o mais estranho, era que todas eram imagens de boas lembranças ou apenas de fatos curiosos que presenciou. Isso era realmente estranho, pois não sabia que tinha tanta coisa boa para relembrar. Será que sua vida estava no fim?
Já que estava sendo agraciado por seu próprio cérebro que lhe fornecia imagens de um passado bom que julgava não existir, lembrou-se de descer até os jardins, ir praquele cantinho tão especial que foi testemunha do mais sublime momento de sua vida. Queria muito estar com ela, reviver tudo aquilo novamente, queria sua luz, sentir seu corpo, seu calor, o sabor de seu beijo. Se ele não pudesse vir nunca mais a experimentar novamente essa sensação, ao menos se faria valer de reviver as lembranças, pois acontecesse o que fosse, isso jamais seria tirado de si.
Apesar do momento não relembrar em nada o que ali passou, sentou-se, simplesmente, em frente ao lago e ali ficou a contemplá-lo. Eram por volta das 4 horas da tarde e o sol de verão, ainda alto, lhe ardia as costas cobertas com a camisa negra, que só fazia intensificar o calor. Mas isso pouco importava. Em outros tempos, teria a certeza de que viraria pó se ficasse um minuto sequer exposto aquele sol que, para ele, era escaldante. O lago, plácido como sempre, refletia brilhos difusos. Observou atentamente toda a extensão diante de si, admirando todas aquelas luzes e sombras que só poderiam ser visíveis com o sol forte. Jamais imaginara que na natureza houvesse tentas cores e em tons tão variados como agora estava vendo. A copa das árvores não era apenas verde, mas com diversos tons de verde, que passava pelo amarelo e até o banco intenso que era o reflexo direto dos raios de sol. Olhou acima das árvores e viu um céu de intenso azul que se diluía em alguns pontos com nuvens tão finas como vapor. Jogou-se para trás, deitando na grama com os braços sob a cabeça. Fitou por mais um tempo aquele azul infinito. Acompanhou com o olhar alguns pássaros que pareciam brincar no ar, caçando insetos. Viu algumas borboletas voando desengonçadas. Fechou os olhos para sentir melhor o calor do sol que iluminava seu rosto. Sentiu a brisa fresca deslizando por sobre si. Não sabe se tinha adormecido, mas as imagens que buscava se formaram diante de seus olhos cerrados, misturando-se.
E o dia seguinte chegou.
Já quase anoitecia quando Dumbledore recebeu uma jovem muito bonita e esbelta em seu escritório. Roçando-lhe as pernas sobre as vestes longas, estava um gato persa alaranjado, como a cumprimentá-lo. Alvo dirigia-lhe um olhar e um sorriso divertido. Era estranho, mas sentiu saudades daquele bichano.
Sentando-se em sua cadeira atrás de sua escrivaninha, Dumbledore convidou a moça para senta-se diante de si, o que fez, prontamente, sem um minuto sequer desmanchar seu largo sorriso. Olhava tudo em volta com o coração em ritmo acelerado, não imaginava que até mesmo o escritório do diretor lhe traria tanta saudade. E ali estava novamente, de volta e, desta vez, para ficar para a vida inteira, assim esperava - e almejava neste momento.
Alvo apenas esperava que Hermione voltasse seu olhar para ele para começarem a conversas. Seu típico sorriso divertido e olhos confiantes permaneciam em sua expressão. Bichento pulou no colo da mãe, que a fez despertar das lembranças e, assim, encarar o diretor que aguardava sua atenção.
—Senhorita Granger, saiba, mais uma vez, que é uma imensa alegria e uma grande honra tê-la conosco novamente e, desta vez, como uma colega nossa no corpo docente!
—A honra é toda minha, Professor! Estou muito feliz mesmo de voltar pra Hogwarts! Mais feliz ainda em poder dar minha contribuição para o mundo mágico. Sei que é uma pretensão grandiosa demais, mas quero muito contribuir para mudar a mentalidade dos bruxos em relação aos trouxas. Tenho certeza de que isso ajudará e muito a evitarmos que um novo Voldemort surja algum dia...
—É realmente uma pretensão grandiosa, mas em momento algum é arrogante e presunçosa. Quando a senhorita veio até mim, quando tinha apenas 15 anos, e me contou suas idéias, que ainda estavam apenas germinando, achei tão fabulosa que queria pôr em prática naquele mesmo momento. Mas como estávamos na iminência de uma guerra contra as trevas, esse esforço teria sido em vão, mesmo porque não haveria ninguém qualificado o suficiente para repassar aos alunos um complexo estudo sobre os trouxas. Graças aos esforços de todos e sacrifícios de alguns, a treva foi derrubada e agora permanece enfraquecida. Este é o momento certo para cuidarmos dos conceitos que a nova geração de bruxos fará sobre aqueles que lhes são também semelhantes, embora não tenham a mesma graça de contar com a magia.
—Agora me diga, senhorita, em que mais se qualificou, além do Magistério Bruxo?
Hermione continuava a sorrir e mordia os lábios inferiores. Estava ansiosa por contar sobre seus estudos e sua preparação para exercer o cargo com a qualidade que exigia. Começou a contar sobre tudo o que tinha feito nesses últimos cinco anos, que dedicou única e exclusivamente aos estudos, ainda mais do que fazia na sua época de Hogwarts. Tudo que queria era adquirir o máximo possível de conhecimento. Deve ter lido metade dos livros trouxas existentes. Cursou, ainda, duas faculdades trouxas, de Sociologia e Pedagogia, além de uma pós-graduação no ramo da psicologia, Relações Humanas. Muitas horas se passaram, inclusive a hora do jantar. Ambos estavam tão envolvidos na conversa que nem sequer perceberam o tempo voar.
Minerva McGonagall adentrou o escritório de Dumbledore, muito preocupada pela ausência do diretor no jantar. Já entrava ralhando com o diretor, quando avistou uma pessoa de longos e cheios cabelos castanhos encacheados, que virou-se para ela com um imenso sorriso e olhos muito brilhantes.
—Por Merlin! É você mesma, Hermione?! - a velha professora ficou com os olhos rasos d'água ao rever sua aluna favorita depois de tantos anos.
Hermione levantou-se e andou alguns passos em direção à professora, que se adiantou e abraçou maternalmente a moça. Sua alegria era tanta que enchia o ambiente.
—Que saudades, professora! - os olhos de Hermione também encheram-se de lágrimas.
—Oh! Filha! Como você está linda! O que tem feito? O que tem passado? - Minerva segurava o rosto da menina para encará-la. Hermione era naturalmente alta, esbelta, mas os sapatos de saltos davam-lhe ainda mais altura que obrigavam a professora, que também era mais alta que habitualmente uma mulher seria, a levantar um pouco a cabeça para olhá-la.
Dumbledore aproximou-se das duas mulheres, com seu sorriso costumeiro, para dar a Minerva a grande notícia.
—Minerva... a partir de hoje teremos a senhorita Hermione Granger como a nossa nova professora de Estudos Sobre Trouxas!
—Mas, então era dela que você falava, seu velho brincalhão?! Como você falou que tratava-se de um professor, um homem, jamais teria imaginado...
—Mas era essa mesma a minha intenção, Minerva! O suspense quebra a rotina. Se eu tivesse falado que tratava-se de uma mulher, acho que você teria descoberto de imediato e teria estragado a minha surpresa, hihihi!
—Oh, tudo bem Alvo, está perdoado! E você, querida, irá lecionar Estudos Sobre Trouxas... há muitos anos essa cátedra foi desativada por não termos ninguém apropriado e qualificado para a função... mas, creio muito, que você é mais que perfeita para essa missão!
—E realmente trata-se de uma missão, Minerva...
Os três permaneceram por um bom tempo ainda no escritório do diretor, contando os planos, as novidades, contando como ia a vida nos últimos tempos, enfim, uma longa e gostosa conversa entre grandes amigos que não se viam há muito e muito tempo...
Severus Snape demorou-se no jantar, mas comera muito pouco. Algo pressionava o seu peito e estava sentindo-se angustiado com aquilo. Só sentia-se assim quando a saudade de Hermione era forte demais a ponto de não conseguir se distrair com nada. Desistiu de tentar comer alguma coisa, e saiu do salão.
Ia em direção às masmorras, mas algo no caminho evitou que continuasse, interrompendo seu percurso com algo que lhe chamava a atenção.
Havia passado por uma sala que, em seus mais de 30 anos de Hogwarts, não se lembrava de ter visto antes. Achou que tratava-se da tal sala de requerimento, mas lembrou-se de que esta ficava no sétimo andar do castelo... ou seria que ela mudava periodicamente de lugar também? Sua porta estava entreaberta, como se convidasse a adentrar a sala. Pelo vão, via algo refletindo a luz que vinha do corredor. Snape deu asas a sua curiosidade e entrou na sala, para ver do que se tratava.
A sala era enorme e em suas paredes havia muitos vitrais em motivos barrocos. Estranhou a luz que passava por eles, pois era noite e não estava na época de lua cheia ou mesmo crescente a ponto de lançar toda essa luminosidade. Teve a impressão de que a sala parecia aquelas imensas construções trouxas de estilo gótico ou barroco que os trouxas chamavam de catedral ou algo do tipo. Andando lentamente e olhando para tudo. Apesar da tênue luminosidade do ambiente, era possível ver com certa clareza o que havia ali dentro. Alias, o salão estava desprovido de qualquer móvel ou objeto, apenas estava ali um grande espelho de corpo inteiro com adornos muito bem trabalhados. Aproximou-se do espelho com cautela e viu a descrição que trazia na base:
"Oãçarao ues ed ojesed o, mis sam, otsor ues o ortsom oãn ue."
—É o espelho de Ojesed! Mas eu tinha certeza de que Alvo o havia trancado no depósito, onde ninguém pudesse ter acesso a ele... por que ele está aqui?"
Aproximou-se mais do espelho, com certo temor. Apenas uma única vez encarou o espelho de Ojesed, quando ainda era aluno e estava em seu sexto ano. Naquela ocasião, o espelho mostrou o que, para ele agora, era extremamente assustador, mas, na época, serviu como ponto de partida para a decisão mais estúpida de sua existência, a de aliar às trevas. Seu temor era de que o espelho mostrasse algo escondido em seu coração que ele não tivesse plena consciência, embora ele soubesse exatamente qual era seu mais profundo e imutável desejo.
Pôs-se frente ao espelho, respirando fundo como se preparasse para encarar sua sentença. No primeiro instante, apenas seu exato reflexo aparecia, então ele pode reparar o que todos já haviam notado, menos ele: sua aparência era muito diferente do que fora há muito e muito tempo. Suas feições já não eram mais tão sérias e sua expressão não tão mordaz. Seus olhos não traziam mais amargura e rancor, mas transmitiam uma força que julgava jamais possuir. Sua fisionomia de homem maduro com uma juventude que não fora altera pelo tempo. Mas, antes que terminasse sua auto-avaliação, a superfície do espelho ondulou como a água do lago, formando uma imagem difusa que ainda não era possível distinguir. Sentiu um leve tremor e prendeu a respiração, involuntariamente. A imagem que se formou foi a de duas pessoas de braços dados: uma era ele próprio, a outra era, certamente, Hermione... não tinha certeza, pois estava um pouco diferente do que ele se lembrava dela. Estava ainda mais linda, com o mesmo sorriso cativante e, mesmo sendo uma imagem ilusória, transmitia a mesma força e mesma luz. Seus cabelos estavam muito mais longos, pendendo em grandes cachos, seu rosto e seu corpo eram de uma mulher já formada, apesar de ainda estar ali seu ar de menina.
Snape espalmou sua mão esquerda sobre a face da imagem de Hermione que estava diante de si dentro daquele espelho. Em seguida, recostou a testa e fechou os olhos. Estava, ao mesmo tempo aliviado por não ter encontrado nada obscuro em seu coração e feliz por revê-la tão quase realmente, mas sentiu a pressão em seu peito apertar ainda mais seu coração. Precisava daquela moça! Isso era vital! Estava decidido a não esperar mais e ir procurá-la, custasse o que fosse, nem que para isso tivesse que pagar com uma amarga decepção.
Pelo corredor principal, Hermione ia caminhando junto com Bichento. Pretendia passar a noite no salão comunal da Grifinória e, de preferência, dormir na mesma cama que pertenceu a si por sete anos. Estava cheia de saudades de tudo aquilo, de cada pedrinha polida de cobria o chão, de cada tocha acesa pelos corredores, estava cheia de saudades da torre da Grifinória. Matar a saudade é mesmo algo muito gostoso, até parecia que conseguia ver e ouvir o burburinho de alunos, embora estivesse completamente sozinha naquele corredor, tendo apenas a companhia do gato de cara chata. Teria um dia longo amanhã. Seria apresentada aos professores como a nova professora da escola. Era uma situação até engraçada. Pensava como seria seu reencontro com Severus. Jamais o esqueceu. Jamais o retirou de seu coração. Porém, tinha receios de que ele fosse a tratar da pior forma possível, por ter cortado contato mesmo depois de ter vivido com ele aquele momento tão intenso, aquele beijo... seu sorriso desaparecera do rosto, dando lugar a ares de preocupação. Não quis perguntar e nem permitiu que lhe falassem sobre Severus Snape, queria constatar por si mesma, sob qualquer pena que teria que suportar por isso. De repente, Bichento saiu correndo, largando Hermione para trás, que fez com que ela despertasse de seus pensamentos.
—Bichento! Fique aqui, gato! - Murmurou alto, temendo fazer muito barulho que quebrasse aquela tranqüilidade do lugar. Não adiantou chamar pelo gato, pois ele entrou rapidamente por uma sala que tinha a porta entreaberta mais à frente.
O gato foi em direção ao homem que estava parado no meio do salão, com a cabeça apoiada num espelho. Bichento, muito sem-vergonhosamente, correu em direção às pernas do homem e começou a roçá-la, envolvendo com sua grossa cauda, ronronando alto, o que fez com que Severus despertasse de suas ilusões. Olhou meio alarmado para o chão, para se certificar do que acontecia ali. Deu um sorriso ao ver que se tratava de um gato, mas estranhou por não se lembrar de ter visto aquele gato por ali. "Será que é o novo companheiro de uns dos professores?" - Abaixou-se, apoiando-se no chão com um dos joelhos, para olhar de mais perto aquele gato e retribuir o afago tão gentil. Passou a mão sobre a cabeça de Bichento, que o encarou com aqueles grandes olhos amarelos de pupilas negras dilatadas, que mais parecia um fino cristal de vidro pelo brilho que refletia.
—Um gato persa alaranjado? Você se parece muito com aquele gato feio da Srta. Granger... mas não é possível que ela tenha lhe abandonado aqui e só agora eu tenha te visto... que tolice! É claro que Hermione jamais o abandonaria!
Neste momento, entra pela porta de forma cautelosa, uma pessoa alta e magra, que parecia ter cabelos muito cheios. Apenas era possível ver sua silhueta recortada pela claridade das tochas que vinham do corredor.
—Bicheto! Você está aí? - Hermione focalizou uma pessoa que estava banhada pela pouca iluminação, mas não era possível distinguir de quem se tratava. Achou que talvez fosse o zelador Argo Filch. Aproximou-se o mais lentamente possível.
—Oh! Me desculpe senhor! É o meu gato! Ele saiu correndo e entrou aqui. Espero que ele não tenha feito nada errado! - Hermione parou quase no centro do salão, a poucos metros daquele homem que tinha Bichento enroscado nas pernas. Sua vista estava se adaptando àquela pouca luminosidade, então já conseguia distinguir as imagens.
O homem pôs-se em pé virando-se na direção daquela moça. Seu coração havia disparado. Ele reconhecia aquela voz, embora esta estivesse com o timbre um pouco mais grave do que ele se recordava. Arriscou um palpite, mesmo correndo o risco de ser ridicularizado, mas...
—Hermione?
Hermione estremeceu! Era a voz do professor Snape, e continha a mesma doçura daquela noite da formatura. Mas, a figura que estava diante de si era muito diferente daquela que conviveu por sete anos. Era realmente um homem magro e alto, de ombros largos que ficavam mais evidentes sob aquela camisa fina branca de manga longa, jogada displicentemente sobre o corpo e sobre a calça negra. Seus cabelos eram longos, que iam até a altura dos cotovelos, estavam presos num rabo de cavalo que caia sobre o ombro esquerdo, pendurado diante de seu peito. Aproximou-se por impulso, movida mais pela curiosidade. Não podia crer que aquele homem fosse Severus Snape que conheceu e que amava profundamente. Estava tão diferente. Estava realmente bonito e... mais jovem?!
—Pro-professor Snape?! - gaguejou, insegura.
—Sim, Hermione... isso não é um sonho, é? - Aproximou-se da moça e pegou suas mãos que estava cruzadas diante do rosto, demonstrando claramente sua surpresa e tensão. Era pouco a luminosidade do ambiente, mas de perto era possível ver claramente a figura que estava parada diante de si. Observou por um longo tempo aqueles grandes olhos cor de mel, que brilhavam intensamente. A pressão em seu peito havia cedido lugar a uma ardência que começava a espalhar por todo seu corpo. O rosto de Hermione era idêntico ao que vira no espelho há poucos minutos, emoldurado por sedosos e brilhantes cachos que caiam soltos pelos ombros indo até a cintura. Ela havia crescido, estava bem mais alta, não precisaria mais abaixar tanto sua cabeça para beijá-la. Com esse último pensamento, alargou ainda mais seu sorriso para a menina.
Ainda segurava as mãos de Hermione, que pareciam úmidas e frias, decerto pela ansiedade que era compartilhada por ambos. Levou suas mãos até seu rosto, beijando-as delicadamente. Queria sentir o cheiro, o gosto, a textura de sua pele para certificar-se de que não era uma ilusão... e não era! A Hermione que estava diante de si, com olhos marejados em lágrimas era real! Ela havia voltado! Emanava de si o mesmo calor e a mesma luz. O tempo de espera havia se findado.
—Severus... eu... me desculpe! Todo esse tempo eu estive trabalhando para poder concretizar um sonho... eu estive envolvida apenas com isso e... me desculpe por não ter mantido contato... o que fiz foi para que pudéssemos ficar juntos no futuro e...
Hermione foi calada com um beijo carregado de ternura, ainda mais do que fora naquela noite. Após os breves instantes de surpresa, ela entregou-se àquele beijo, era leve e tímido, mas carregado de um carinho que duvidava que qualquer outro ato pudesse transmitir. Severus cessou o beijo, abraçando a moça com todas suas forças, como se temesse que ela evaporasse dali a qualquer momento.
—Não diga nada, Hermione... não é necessário... - Snape perdia-se entre as madeixas de Hermione, querendo preencher seus pulmões com aquele perfume que tanto sentia falta. —Nosso tempo finalmente chegou... agora sim é a hora... não importa quanto tempo tenha levado...
Luzes intensas passavam pelos vitrais do salão, dando vários nuances de cores naquele ambiente ainda escuro. Uma neblina parecia brotar do chão, difundindo os raios de luz. Aquele raro e tão precioso momento se repetia e eles sabiam que agora era para sempre.
Oº°'¨FIM¨'°ºO
by Snake Eye's 2004.
N/A Finais:
Os menos distraídos devem ter notado que esta é a minha primeira songfic. Logo que li a tradução da música, veio em mente algo SS/HG - a música em si é quase uma trilha sonora para tal ship... tá, talvez eu esteja exagerando um pouco, mas... - também devem ter notado que eu sou um estreante nesse mundo das fanfics. Peço-lhes paciência, pois prometo melhorar... acho que preciso de mais prática, além de ler ainda mais.
A minha maior inspiração para a narrativa deste songfic vem da escritora/poetisa/jornalista Rosemary Lopes Pereira. Editora do jornal independente, poético e cultural "O Radar", de Apucarana, Paraná. Todos os textos dessa mulher maravilhosa são dotados de uma beleza singular, mergulhados na sensibilidade da poesia. Seja o editorial, seja em resposta às cartas, seja em legendas ou grandes textos, a Sra. Rosemary Lopes coloca toda a sua alma e sua paixão em cada linha. Impossível não se deixar influenciar. Impossível não se sensibilizar com cada frase, cada palavra. Se você quiser conhecê-la, entre em contato através do endereço: Praça Rui Barbosa, 252, s/107 - Cx. Postal 601 - Apucarana, PR - 86800-700. O jornal trabalha no esquema de assinaturas, mas vale muito a pena, mesmo, mesmo, mesmo!
