- Capítulo Três -

O Sonho

N.B.1: Taí a explicação (e não desculpa!) pra Hermione deprê virar e de repente começar a agarrar o pobre do moleque...

N.B.2: A música não tem muito a ver com o capítulo em si, é mais com o que tá acontecendo na história, o contexto. Ela é em homenagem ao nosso ilustre Roniquinho!


Acima do Sol - Skank

Assim ela já vai

Achar o cara que lhe queira

Como você não quis fazer

Sim, sei que ela só vai

Achar alguém pra vida inteira

Como você não quis

Tão fácil perceber

Que a sorte escolheu voc

E você, cego, nem nota

Quando o tudo ainda é nada

Quando o dia é madrugada

Você gastou sua cota

Eu não posso te ajudar

Esse caminho não ha outro

Que por você passa

Eu queria insistir

Mas o caminha só existe

Quando você passa

Quando o muito ainda é pouco

Você quer infantil e louco

Um sol acima do sol

Mas quando sempre é sempre é nunca

Quando ao lado ainda é muito mais longe

Que qualquer lugar

Um dia ela já vai

Achar o cara que lhe queira

Como você não quis fazer

Se a sorte lhe sorriu

Porque não sorrir de volta

Você nunca olha à sua volta

Não quero estar sendo mal

Moralista ou banal

Aqui está o que me afligia

Hermione acordou devagar, como se gradualmente flutuasse à superfície vinda de águas profundas. Abriu os olhos brevemente, fechou-os de novo. Ainda não havia amanhecido completamente. Desejou mergulhar no sono mais uma vez, ficar sob as águas. Sonhar de novo. Tentou se lembrar do sonho. Sabia que começara como um pesadelo onde ela era presa, amarrada e obrigada a permanecer junto a algo imundo, nojento e traiçoeiro. Sentia a sensação opressora de tentar e não conseguir gritar por socorro, da voz ficar agarrada na garganta. E então aconteceu algo que a libertara, que soltara as amarras que a prendiam. Não conseguia se lembrar exatamente do que acontecera, mas lembrava-se perfeitamente do que havia sentido. Desespero, frustração, desprezo, medo, vergonha, dor e, sobressaindo-se a todos os outros sentimentos, raiva e humilhação. E na velocidade que é peculiar aos sonhos, onde as cenas são rápidas de mais para que se possa controlá-las, porém suficientemente lentas para que possamos acompanhá-las, a cena sombria foi substituída por uma cena reconfortante. Estava sendo abraçada. Sabia estar segura, protegida e acarinhada. E novamente a sensação opressora, as algemas, as correntes, mas apenas por um instante. Pois no instante seguinte estava novamente sendo reconfortada para logo em seguida estar sozinha, mas nem por um momento se sentindo solitária. Pelo contrário, havia uma sensação de aconchego, de familiaridade no ar... Olhando ao seu redor ela percebeu que estava... num jardim luxuriante... um jardim... conhecido... Havia um cheiro inebriante, adocicado, proibido no ar que a intoxicava. A mesma brisa que provocava o farfalhar das folhas, agitava-lhe os cabelos e provocava uma sensação estranha, mas muito agradável, no pescoço. Ela suspirou de prazer. O sol aquecia-lhe o corpo, enquanto a brisa continuava a acaricia-la suavemente. Estremecendo ela entregou-se as sensações.

Mione abriu os olhos novamente, e dessa vez estava bem desperta. Por um momento ficou dividida entre a apreensão e a apreciação do sonho. Por um momento apenas. Logo em seguida foi tomada pelo seu habitual "bom humor matinal" e voltou a ser a garota racional que era.

Balançando a cabeça para afastar lembranças indesejáveis se pôs a espreguiçar. Quando ia levantar sentiu um peso estranho no corpo. Olhou distraidamente para baixo, mas estava tão ocupada com seus resmungos matinais que seu cérebro demorou um pouquinho para registrar o que ela estava vendo. Mas também! Não era todo dia que ela era impedida de se levantar por uma cabeça coberta por um emaranhado de cabelos pretos e espetados. Tinha dormido de novo e estava tendo outro sonho - constatou. Mas já que era pra sonhar bem que podia ter voltado para aquele outro sonho. Hermione riu da situação. E ainda rindo resolveu se livrara daquela cabeça inoportuna e folgada. Quem sabe, se ela conseguisse se levantar, ela não tornava a ir parar naquele jardim. Sorrindo em se imaginar de volta ao jardim, ela a pegou "delicadamente" pelos cabelos e a puxou:

- Aiê! Ai! Que isso? Ai! - gemeu uma voz grave. Hermione só não pulou pra trás porque estava deitada. Foi só então que ela caiu em si e percebeu que não estava sonhando coisa nenhuma. Respirando fundo resolveu encarar de vez a realidade e olhar para baixo. Dessa vez foi o choque e não o sono que a fez demorar para entender a situação.

- Ha... Ha... Har... Harry?? - gaguejou.

- Ai... Bom dia pra você também, Mione. - respondeu um desalinhado Harry.

- Como assim "bom dia"? - disse ainda meio lerda pelo susto.

- Oras! Bom dia! E dá pra largar meu cabelo, por favor?! - gemeu Harry.

- Ah... tá... - disse Mione soltando os cabelos do menino - Mas... Peraí! O que você está fazendo aqui?

- Bem, eu? Eu estava dormindo até que você me acordou. E por falar nisso, bem que você podia ter sido um pouco mais gentiu, né? - disse enquanto esfregava a cabeça dolorida e sentava.

- Tá! Disso eu sei! Sei que você estava dormindo. O que eu estou querendo saber porque você estava dormindo aqui, no meu quarto. Mais especificamente na minha cama. Pior! Na minha cama... comigo! - Hermione foi aumentando o tom de voz agudo gradativamente até se tornar quase um grito histérico.

- Como assim por que eu estou dormindo aqui? VOCÊ é que me pediu que dormisse aqui! - disse o garoto colocando os óculos e pegando a camisa no chão.

- Que?? Como assim eu que te pedi? Eu não pedi nada. - disse Hermione olhando Harry que vestia a camisa e começava a abotoá-la. Só então Hermione notou as roupas do garoto. Automaticamente olhou para si mesma. Apesar de não se lembrar de tê-la vestido, estava com sua velha e macia camisola de algodão que por sinal encontrava-se toda amassada na altura das coxas deixando-a seminua. Após esta constatação ela olhou ao redor e o que viu a deixou extremamente apreensiva. Seu uniforme se encontrava jogado no chão assim como a capa e os sapatos de Harry. Os lençóis e a colcha estavam totalmente amassados. Hermione lembrou-se da cabeça de Harry em sua barriga e teve um pressentimento de que Harry estivesse dizendo a verdade.

- Harry, por favor me responda: O que é que, bem... o que é que aconteceu aqui? - perguntou Hermione hesitante.

- Como assim Hermione? Você não se lembra? - perguntou Harry incrédulo.

- E do que eu deveria me lembrar, pelo amor de Deus? - questionou enquanto sentia sua apreensão crescer.

Harry tentando organizar os pensamentos correu o olhar distraidamente pelo quarto. Foi quando seus olhos pousavam no pequeno frasco com a poção rosada sobre o criado. O apanhou. "Poção da Serenidade" leu sem realmente prestar muita atenção. "Trás serenidade aos corações feridos, acalma as almas em sofrimento e ajuda a trazer os verdadeiros sentimentos à tona. Dosagem:" continuou lendo "Coração ferido: 4 gotas; Alma em sofrimento: 6 gotas; Trazer verdadeiros sentimentos: 5 gotas. ATENÇÃO: Exceder as dosagens pode trazer efeitos colaterais como desorientação e confusão mental assim como de sentimentos, amnésia parcial e distúrbios de personalidade. Modo de Usar: Pingue al... ". De repente algo se agitou na cabeça de Harry. O garoto então releu o rótulo, e dessa vez com toda a atenção. Enquanto lia Harry começou a entender tudo. Olhando para Hermione ele perguntou:

- Mione, você não se lembra de nada? Ou melhor, do que é você se lembra?

Hermione pôs-se a pensar e então respondeu:

- Bom, Harry, eu me lembro da briga com o Rony. Lembro do que ele fez e também do que eu fiz. Lembro de ter subido pro meu quarto e chorado e depois de você ter vindo me consolar. Depois eu só lembro de hoje. - concluiu Hermione, porém ao ver o olhar do garoto tornou a ficar apreensiva. - Harry, afinal de contas, do que exatamente eu deveria me lembrar? - perguntou sem se preocupar em esconder o nervosismo. Harry vendo o desespero sem razão da amiga resolveu brincar um pouco com ela:

- Oras, Hermione! Deixe de brincadeira. - disse com um olhar incrédulo - Acha mesmo que eu vou cair nessa? Agora? - e dando um sorriso extremamente malicioso continuou - Por um acaso vai me dizer que esqueceu de tudo, tudinho, que aconteceu aqui, é? - Hermione fez uma cara horrorizada e Harry teve que se controlar para não cair na gargalhada.

- Harry você não está dizendo que nós... que eu e... que você e eu, bem... que agente... você sabe... Você não está dizendo isso, está?! - perguntou uma ainda mais horrorizada Hermione. Harry, que tentava desesperadamente controlar o riso, fez uma cara que dizia exatamente o que Hermione tinha medo de ouvir:

- Ora, Mione, o que VOC acha que eu estou dizendo? - perguntou cinicamente. Hermione arregalou tanto os olhos ao ouvir isso que eles pareciam que iam saltar das órbitas.

- Harry, nós não fizemos isso, fizemos?! Por Deus, nós não PODIAMOS ter feito isso, Harry! - esbravejou. Harry teve que morder os lábios para não rir. Porém, vendo a expressão da amiga viu que era melhor contar logo a verdade porque se demorasse muito a coisa podia ficar feia pro seu lado. Mas antes que Harry descesse qualquer coisa. Hermione recomeçou com as lamúrias:

- Harry, onde nós estávamos com a cabeça. Nós não podíamos. Eu e o Rony, nós ainda... bem... agente mal terminou direito. O que ele vai pensar? O que ele vai pensar disso tudo, Harry? Agente...

- Como é que é, Hermione? - perguntou Harry indignado.

- É, Harry! Agente não tinha o direito de fazer isso com...

- Eu não acredito no que estou ouvindo! - interrompeu novamente Harry - Você esta preocupada com o que o Rony vai pensar, com o que ele vai sentir? Por acaso você se esqueceu do que ele fez com você, Mione? Será que quando ele estava lá com a Lilá, Hermione, ele se preocupou com você? Se preocupou com o que você poderia pensar ou sentir se descobrisse? Não, Mione, eu acho que não. - Harry pôs-se de pé, apanhou a capa e calçou os sapatos. Respirando fundo para tentar conter a raiva, Harry olhou para Hermione. - Hermione, acho melhor eu ir embora agora. Depois agente conversa. Se é que ainda tem mais alguma coisa para ser dita.

- Harry agente ainda não acabou, você não pode ir embora.

- Eu já disse que eu "t" saindo. - disse rispidamente.

- Harry, você está bravo comigo? - perguntou Hermione assustada com a reação do garoto.

- Claro que não, Mione! Por que eu estaria bravo com você? - disse Harry sorrindo, ou melhor, tentando sorrir. E antes que Hermione (ou sua própria consciência) se manifestasse, aproximou-se dela e a beijou. Foi apenas um selinho, mais foi mais que suficiente para deixar Hermione sem reação. E por um triz sua pernas não reagiram da mesma maneira. Recuperando a compostura, Harry sorriu sedutoramente - Tchau Mione.

E sob o olhar abobalhado da garota, se dirigiu a porta. A segurança e a calma em pessoa. Mas foi só sair do quarto para a mascara vir abaixo. Ele não estava calmo coisa nenhuma. Muito pelo contrario. Estava furioso. Furioso com aquele cafajeste do Rony. Furioso com Hermione por se preocupar com os sentimentos dos outros. Como se aquele pústula merecesse alguma consideração! E, no fundo, furioso consigo mesmo por ter se enfiado nessa confusão. Em vez de ajudar Hermione, como era seu propósito, ele acabara por deixa-la ainda mais confusa do que antes. "Grande Harry Potter!" pensou com sarcasmo enquanto se dirigia à Sala Comunal da Grifinória, "Tentou bancar o herói indo em salvamento da donzela em apuros e olha só no que deu." E a donzela em questão nem era mais donzela. "Bem, pelo menos é isso que ela acha" pensou um pouco mais descontraído.

Havia acabado de passar pelo buraco do retrato e se dirigia às escadas do dormitório quando viu Rony vindo em sua direção. Continuou seu caminho e o ignorou. - Harry - Rony chamou, e vendo que o amigo não respondera chamou novamente:

- Harry! Harry! Onde você estava? Você ficou sabendo? A Mione terminou comigo. Você a viu? Eu preciso conversar com ela. Ela não tinha o direito de terminar comigo! - Ao ouvir isso Harry perdeu o que sobrava de sua paciência. Rony nem viu o que o atingiu.

- Seu grande idiota! - gritou furioso - Ela tinha direito de fazer isso e muito mais! Você tem sorte de ela ter sido tão generosa com você.

- Como assim, Harry? Você está do lado dela? - perguntou Rony do chão esfregando o lábio inchado da pancada.

- É claro que eu estou, seu idiota! Você não podia ter feito isso com ela! Não com a Mione! Você NÃO podia! E agora sai da minha frente antes que eu te parta em dois - esbravejou Harry e subiu as escadas.

Só quando ouviu o barulho da porta fechando é que Hermione acordou do seu estado de semiconsciência. Saiu da cama e pôs-se a andar de um lado pro outro inquieta enquanto sua mente trabalhava furiosamente. "Não é possível" pensava "Não pode ser! Eu ainda estou dormindo e tendo um sonho estranho. Eu vou é tomar um banho. Isso! Não há nada melhor para acordar do que um banho" pensou indo em direção ao banheiro. Por alguns instantes ela se distraiu com os preparativos do banho. Porém, assim que mergulhou na água morna, os pensamentos voltaram com força total.

"Nós não fizemos isso!" pensou com convicção em quanto atravessava a banheira. "Não podíamos fazer isso! O Harry tá doido. Só pode. E se - e eu estou concedendo o benefício da dúvida - SE isso for verdade eu é que sou doida. Totalmente. O pior e que eu não lembro de nada... Como será que foi? Bem, o Harry é gentiu, é carinhoso e também muito... É, não deve ter sido tão ruim. Pensando bem, deve ter sido "danado de bom", isso sim!" - uma parte de sua mente riu do "danado de bom". Lembrou-se do sonho.

Dando uma última braçada, alcançou os degraus para sair da banheira. - É! Acho que nós fizemos isso. - pensou alto dando um meio sorriso. Vestida com o roupão voltou ao quarto e parou em frente à janela observando a neve cair lá fora. Ficou assim, nessa contemplação silenciosa por algum tempo. Então notou sua própria imagem refletida na vidraça. Fez uma careta para si mesma e sorriu alegre. Mandou um beijo para sua imagem. Esse gesto fez com que se lembrasse de um outro beijo. O beijo que Harry havia lhe dado antes de sair. Passou a língua nos lábios e então sorriu, e dessa vez abertamente. Um sorriso triunfante. Logo depois do sorriso veio um bocejo. O que fez com que o sorriso se transformasse numa gargalhada convulsiva que a levou às lágrimas. - É! Resultados de uma noite mal dormida! - disse dando outro enorme bocejo. Contendo um novo acesso de riso, mandou um último beijo para o seu reflexo e se jogou na cama. Pegou a varinha sobre o criado e murmurou um feitiço para fechar as cortinas. Então sorriu de forma determinada, um sorriso totalmente feminino. E foi com essa expressão no rosto que ela voltara a adormecer.


N.B.3: Ha! A Hermione desesperada desse capítulo é o máximo!!!

Ai ai, o Rony toma tanta porrada nessa fic...

Estaí, esse é começo da fic... Vamos tentar não demorar muito, atualizar rápido. Mas não prometo nada!!