Remo comia uma torrada distraído enquanto pensava nervosamente no seu encontro com Lilly no dia seguinte. Sirius, tirado da cama por Remo, parecia ainda adormecido, mexia em seus ovos com o garfo num movimento circular, no sentido horário, sem parecer pensar am nada.
- Qual é a última aula de hoje? - perguntou Remo ainda fitando o vazio.
- Defesa Contra as Artes das Trevas - Sirius sorriu e disse com uma voz arrastada - preparado pra mais uma aula sobre lobisomens?
- Realmente gosto dessa matéria, - falou Remo virando para encarar Sirius - mas receio que terei que faltar, preciso comprar o presente da Lilly.
Sirius fez uma cara de espanto exagerada.
- O Sr. Remo Lupin vai matar aula por causa de uma garota? - ele disse em um tom falso de censura.
Mas Remo não pôde responder, uma coruja caramelo voou por cima da cabeça de Sirius e deixou um pacote embrulhado em papel pardo em frente a Remo, e foi embora sem esperar gratificação pelo vôo.
-É a coruja da Andrômeda! - Sirius exclamou animado.
Ele mostrou-se muito acordado naquele momento, tirou o pacote das mãos de Remo e rasgou o embrulho violentamente. Dentro havia um envelope vermelho que havia escrito em uma letra visivelmente infantil: "De: Tonks Para: Tio Remmy" e uma lata em forma de coração que mostrava uma menininha de cabelo cor de rosa abraçando um lobo.
- É pra você - disse Sirius decepcionado entregando a lata e o envelope pra Remo, esse abriu o envelope sorrindo, e havia escrito em uma letra redonda e didática.
Querido Remo,
Sinto enviar essa carta um dia antes dos dias dos namorados, mas a Nimphadora estava realmente ansiosa para que eu enviasse seu presente e não pude esperar até amanhã. Desde de que você veio aqui, ela não fala outra coisa senão o "Tio Remmy" e quando me viu falando que era dia dos namorados, não sossegou até que saíssemos e para comprar o presente de seu "nemarado". Ela escolheu essa lata de biscoitos de chocolate, de algum modo que eu não sei, ela tem certeza que é seu favorito. O desenho da lata foi feito por ela, eu não sei o significado do lobo, mas me pediu para que encantasse a lata e além do desenho, quando abrir a lata vai reparar um outro encanto idealizado por ela. Junto com a carta segue uma foto dela à um ano atrás, com dois anos.
Mande lembranças a Sirius e Tiago.
Com amor,
Andrômeda.
Remo tirou a foto de dentro do envelope e viu uma menininha muito pequena correndo, que enquanto isso mudava seu cabelo de rosa pra verde limão. Ele olhou pra lata e viu o desenho feito por Tonks, que nesse momento mostrava a menina dando suaves beijinhos no focinho do lobo. Ele abriu a lata e no segundo seguinte uma voz aguda e delicada saiu lá de dentro: "Tio Remmy, te amo!".
Sirius cruzou os braços e disse enciumado depois de ler a carta da prima.
- Isso é tudo que ela tem a dizer? A Nimphadora gostou realmente de você né?
- Ah sim - Remo sorriu - uma menina muito inteligente pra idade, conversamos muito. Vou aproveitar e comprar um presente pra ela também quando for a Hogsmead mais tarde. E você não vai comprar presente de dia dos namorados pra ninguém?
Sirius riu demoradamente.
- Eu não compro presentes, só ganho.
- Que bom pra você - Remo disse sinceramente enquanto se levantava para a aula de poções que os esperava.
O tempo não demorou muito a passar e Remo saiu da penúltima aula daquele dia, deixou a mochila na sala comunal, tirou um pedaço de pergaminho do bolso, na outra mão a varinha.
-Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom - ele sussurrou para o pergaminho que no momento seguinte exibia um mapa detalhado do castelo e vários pontinhos que se mexiam seguidos por seus respectivos nomes.
Remo andou muito rápido até o terceiro andar, onde passou pela corcunda de uma estátua que mostrava uma velha de um olho só nada simpática e engatinhou por uma passagem escura e subiu milhões de degraus até o porão da Dedosdemel.
Foi muito complicado para Remo sair do porão, a loja de doces estava completamente vazia, a não ser pelo vendedor careca e gorducho. Naquele momento desejou ter a capa da invisibilidade de Tiago. Ficou ali mais uns vinte minutos até ver pela fresta da porta o homem adormecer com os dedos das mãos entrelaçados e apoiados sobre sua barriga grande e oval.
A essa altura o homem roncava de um modo que lembrava a Remo um porco, reparou a decoração para o dia dos namorados: vários corações muitos vermelhos com pequenas asinhas sobrevoavam a loja freneticamente, Remo pensou consigo mesmo, "Passo na volta pra repor meu estoque de chocolates e comprar algo pra Tonks e Lilly.". Foi até e a porta sorrateiramente, mas seus esforços empenhados em não fazer barulho foram em vão, ao fazer um mero movimento para abrir a porta um sino que ficava em seu topo tocou alegremente uma musiquinha que envolvia "Alegre sua vida com chocolate". O ronco do homem parou e Remo fingiu que entrava na loja naquele momento.
Ele saiu de lá com três sacolas cheias, comprara um quantidade exagerada de doces para pequena Tonks, mais ainda pra ele e um bombom enorme em formato de coração pra Lilly na qual o homem gordo fez Remo corar ao dizer que com certeza beijaria a 'guria' que queria se desse aquilo de presente à ela.
Ele andou pensativo pelas ruas largas de Hogsmead pensando em o que daria a Lilly junto com o chocolate e como se uma luz dos céus tivesse baixado sobre ele se lembrou.
Correu até uma livraria na qual tinha certeza que Lilly havia mencionado e foi atendido por uma mulher de meia idade com um ar misterioso que lhe oferecia ajuda.
-Vou dar uma olhada, muito obrigado - respondeu Remo acanhado.
Remo tinha certeza que havia checado cada livro na loja e sem sucesso se dirigiu à porta.
-Espere aí mocinho, tenho exatamente o que precisa - a bruxa entrou por uma cortina vermelha e voltou com um embrulho vermelho que parecia brilhar.
- O que - Remo hesitou - o que é isso.
- Ah, é um livro maravilhoso - ela encarou Remo com seus enormes olhos cinzentos cheios de expectativa - abra.
Remo abriu o embrulho cuidadosamente e se deparou com um livro com a capa em branco, assim como suas páginas e olhou pra bruxa procurando algum tipo de explicação.
- Só a pessoa que você der pode ler esse livro, ele diz exatamente o que você sente e o que quer dizer, através de imagens e palavras e o que mais for preciso.
O rapaz nunca havia visto uma vendedora que quisesse vender mais que aquela, baixou o preço sem que ele pedisse e deu algumas penas como brinde.
- É só você escrever o seu nome completo e o de quem vai dar aqui - ele disse indicando a primeira página do livro.
Remo não havia previsto ficar tanto tempo em Hogsmead, quando finalmente havia comprado tudo que queria (comprara um livro para colorir que se renovava para Tonks) o vilarejo já estava escuro e todas as lojas estavam fechadas. Ele fitou o céu e observou tristemente a lua quase cheia, o que fez com que ele quase desmaiasse.
A Dedosdemel estava fechada, teria que passar pela Casa dos Gritos. Andou vagarosamente no escuro, estava tonto. Pulou a cerca da casa abandonada sem ser notado e em alguns minutos estava nos jardins do castelo.
Acionou o mapa novamente e viu uma aglomeração de pontos a alguns metros dali onde lia-se os nomes Lucio Malfoy, Belatrix Black, Narcisa Black, Tiago Potter e Pedro Pettigrew. Remo andou mais um pouco e viu Pedro e Narcisa no chão desacordados, Tiago com o nariz sangrando, de quatro, tentando pegar a varinha presa embaixo do pé de Belatriz, essa assim como Malfoy apontava a varinha para a nuca de Potter.
Remo ouviu Belatrix começar a dizer um feitiço, não sabia porque, mas aquela garota parecia ter o dom de tirar a vida de seus amigos.
- Ah, mas não vai não! - Remo disse baixo - Expelliarmus! - ele disse dessa vez impondo a voz de uma tal maneira que todas as varinhas, inclusive a de Tiago, Narcisa e Pedro voaram até ele - acho melhor vocês irem pro castelo - disse Remo olhando pra Lucio, Belatrix e Narcisa caída no chão. - Tiago, cuide de Pedro.
Mas no momento seguinte Remo estava envolto na capa da invisibilidade junto com Tiago e Pedro, que abara de acordar.
- Silêncio, Filch vem aí - disse Tiago tomando o mapa das mão de Remo.
Eles assistiram em silêncio Filch chegar e encontrar os sonserinos em uma situação crítica, o que lhe deixou em ótimo humor, leva-los embora e por fim viram os olhares furiosos de Malfoy em direção ao nada.
Quando eles entraram no castelo Tiago tirou a capa da invisibilidade e jogou o mapa pra cima de Remo ao perceber o conteúdo das sacolas de Remo.
- Você me salvou e eu te paguei, não pense que nada mudou - disse a voz de Tiago vinda de dentro da capa.
Quando Remo chegou ao dormitório todos já dormiam, ele se trocou e despencou sobre a cama, estava fraco, a luz do luar quase cheio entrava pela janela, segundos depois adormeceu.
Remo acordou e viu Sirius sentado sobre a cama, a boca lambuzada de chocolate e muitos presentes à sua volta.
- Uma coruja me acordou - disse ele explicando o fato de estar acordado tão cedo. - Nada pra você, hum? Lilly terá com certeza algo a te dar - ele riu.
- Não entendi a piada - Remo levantou ainda meio lento, - vou tomar banho.
Os dois desceram para o saguão de entrada animados. Sirius com a sua beleza casual, as calças largas, um tênis velho e uma blusa xadrez azul, com as mãos nos bolsos e os cabelos muito negros caindo sobres os ombros largos. Remo, ao contrário do amigo havia se preocupado com o que vestia talvez pela primeira vez na vida, usava uma calça jeans escura e m suéter roxo escuro, pelo qual uma gola social branca saia e sapatos que lembravam seu pai, em baixo do braço o presente de Lilly embrulhado caprichosamente. Os dois chamavam atenção pelo corredor.
- Afinal, vai à Hogsmead com quem?
- Não marquei com ninguém pra não ter o compromisso de ficar o tempo todo com uma pessoa só. Quando chegar lá acho que terei quinze minutos pra fazer tudo que quero com cada uma.
Remo não falou nada, seu estômago dava voltas extraordinárias. Pararam à porta do saguão de entrada. Sirius se despediu do amigo que não esperou por mais de cinco minutos até ver Lilly, também mais arrumada que o normal, e com uma beleza irresistível, seus olhos verdes pareciam particularmente brilhantes naquela hora, e sem saber muito bem o que estava fazendo, Remo beijou a menina quase que nos lábios.
- Oi Remo - ela retribuiu o beijo rápido dele, acertando os lábios, o que fez com que ele ruborizasse e ficasse sem ação.
- Você está linda - Remo disse com dificuldade.
- Obrigado, você também - por um segundo ela examinou Remo - está muito atraente.
Remo fez menção de entregar o presente a ela.
- Acho melhor trocarmos os presentes quando já estivermos em Hogsmead - ela pegou na mão de Remo, e mais uma vez seu estômago pulou.
Levou alguns minutos até que Remo ficasse seguro em segurar a mão delicada de Lilly, eles andaram pela vila, no início Remo achou que sem rumo, mas Lilly parecia saber aonde iam.
- Aonde vamos? - ele disse confuso.
- Bem aqui - ela disse abrindo a porta da livraria que Remo comprara seu presente.
- Você que comprar algum livro? Acho que podemos voltar depois. - disse o rapaz parando em frente à porta.
- Não vim comprar livros - ela sorriu e puxou o garoto até o balcão.
- Sala quatorze, querida - Madame Grump disse apontando para a cortina vermelha.
Ainda guiado por Lilly, Remo entrou pela cortina e se viu em um corredor que lembrava o de um hotel, portas de madeira escura com números dourados pregados perto do olho mágico, que exibiam realmente olhos movendo-se para espiar por perto.
Lilly abriu o número quatorze e eles se encontraram em uma sala aconchegante, não muito grande, a iluminação fraca em vermelho, e um sofá vermelho gritante em forma de coração e uma mesa farta.
- Nossa, essa mulher sabe como esconder bem quartos para namorados. - Remo disse espantado.
- Também não sabia o que existia atrás da cortina, ela quase que me induziu a te trazer aqui quando vim comprar seu presente - ela se sentou no sofá seguida por Remo - estou tão surpresa quanto você.
Eles trocaram os presentes e Lilly ficou maravilhada com o livro que mostrava emoções, que para Remo continuava em branco, o que fez com que ele ficasse tremendamente inseguro, não sabia o que Lilly estava vendo.
Lilly havia lhe dado um livro chamado "Magia do beijo", tinha uma capa vermelha e dois ursinhos brancos que se beijavam suavemente.
- Estou faminta - disse Lilly - se importa? - ela disse levantando puxando a varinha e trazendo a mesa para que pudessem comer sentados ali mesmo.
Remo não respondeu. A idéia de estar naquele quarto com Lilly, dela saber tudo o que sentia por ela e dela ter lhe dado um livro tão sugestivo o fez se afundar no canto do sofá.
- Olha tem um bilhete aqui! - falou Lilly empolgada.
Remo observou um bilhete breve, em uma caligrafia elegante.
Espero que tenham gostado da surpresa. De alguém que torce por vocês.
- De quem você acha que é? - o entusiasmo na voz de Lilly se quebrou ao perceber a quietude de Remo, pegou o presente dado por ele e folheou - se você não se sente bem aqui vamos lá pra fora, ver os livros talvez.
Remo sorriu. Eles deixaram o quarto, passaram pelo corredor e ficaram bastante tempo comentando livros.
- Queria comer o chocolate que você me deu, se você ficar nesse ângulo - ela pegou Remo pelos braços e o moveu de forma que ela ficasse na sua frente e Madame Grump não pudesse vê-los, e também com que ficassem espremidos, seus corpos mais próximos que nunca - talvez a Madame Grump não nos expulse.
Ela mordeu o rabinho do coração e fechou os olhos involuntariamente, e ao abri-los lançou um olhar que jamais havia lançado pra Remo, e então ele se lembrou do que o vendedor da Dedosdemel havia falado sobre o coração.
- Pode me dar um pedaço -ele disse ainda acanhado.
Lilly deu o chocolate a ele, quando comeu teve a sensação que o mundo agora era só eles dois. Ele lançou o mesmo olhar a Lilly a ali mesmo, entre livros os dois se beijaram da forma que Sirius beijava as garotas, não foi um beijo suave.
- Acho melhor sairmos daqui antes que nos enxotem.
Remo deu o chocolate na mão de Lilly que comeu um grande pedaço e devolveu ao garoto que fez o mesmo e quardou o resto no bolso. Eles saíram da livraria sorridentes, com os lábios vermelhos e as roupas desarrumadas. Os dois haviam comido chocolate demais, não tinha como evitar que acontecesse de novo, e os dois sabiam disso.
- Já sei onde podemos ir - Remo saiu correndo em direção à casa dos gritos pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas.
- Remo, esse lugar é mal assombrado - ela não conseguia tirar os olhos dele e nem ele dela.
- Não é - ele disse olhando para a face aterrorizada de Lilly - você confia em mim?
Lilly fez que sim com a cabeça e os dois pularam a cerca e entraram na casa, tinha muitos quartos, um deles iluminado.
- Deve ser Sirius - Remo disso como de lesse os pensamentos de Lilly.
Eles subiram um lance de escadas e encontraram uma cama com um colchão velho sem lençol e uma cadeira com o pé quebrado, as paredes tinham marcas de unhas.
Lilly parecia não ligar para o fato de que o lugar era sujo e acabado, eles se jogaram na cama e por mais ou menos uma hora, que passou muito rápido para os dois, ficaram ali, beijos e toques nada suaves.
Quando o efeito do chocolate finalmente passou os dois já estavam no chão, se ajoelharam e Lilly, já no seu estado normal, abraçou Remo.
- Quer namorar comigo? - ele sussurrou enquanto beijava seu pescoço de forma tão suave que causava um contraste gritante com o modo que se beijavam minutos atrás.
- Claro - eles se beijaram de forma como Remo e Lilly se beijariam normalmente.
Eles se ajeitaram, se calçaram e Lilly deu um jeito nas roupas amarrotadas com um feitiço passa-roupa. Foram até o Três Vassouras, que estava lotado e tomaram café ali, namorando.
Antes que começasse a escurecer eles foram embora e Lupin inventou uma desculpa que explicasse o porquê deles terem que ir embora cedo. Era muito cedo pra contar que precisava se preparar para lua cheia, gostaria de poder contar.
N/A.:Fiquei muito tempo sem atualizar porque não tive tempo pra escrever. Esse capítulo ficou realmente grande, mas é que eu me empolguei. Obrigado por todas as Reviews.
