Capítulo 1:                            Onde tudo começa

         O dia fora particularmente quente. Qualquer resquício de inverno, frio ou neve se dissipara nas colinas próximas com o nascimento de um sol escaldante. A vida voltara à pequena cidade, trazendo as cores fortes e radiantes da primavera.

Crianças corriam pelas ruas ainda úmidas, algumas mulheres e homens estendiam roupas e móveis para tirar o cheiro de mofo. A maioria usava varinhas mágicas para expor sofás e colchões ao calor do sol. Alguns garotos atreviam-se a lançar feitiços de pernas-bambas ou trava-língua nos colegas.

Os pássaros cantavam, os animais saíam de suas tocas para celebrar o retorno da luz.

No sobrado mais afastado da aldeia escocesa, porém, não havia movimentação aparente. Os vizinhos pensaram que os donos estivessem viajando, como acontecia freqüentemente, mas não era isso. Os moradores da bela e confortável casa estavam ocupados demais para um banho de sol ou uma exibição de magia.

Lá dentro havia uma peregrinação.

         A mulher andava da sala para a cozinha, da cozinha para o escritório, do escritório para a sala da lareira – onde parava e examinava inquiridora o relógio acima do console -, desta para o hall e de volta para a sala.

         Cobrira tantas vezes este percurso que os dois elfos domésticos sentiam-se tontos.

         - Senhora não pode se cansar. Senhora precisa de repouso. – um deles ousou aconselhar. A senhora voltou sua atenção para as expressões aflitas atrás de si. Olhou-os como se fosse a primeira vez. Eles não se intimidaram.

         - Senhora nervosa, minha senhora. Nós não pode deixar senhora fazer isso. – exclamou o outro, a voz um fiapo menos estridente.

         Ela suspirou e encaminhou-se para a grande poltrona na sala. Sentou-se com certa dificuldade e abriu um sorriso cansado aos seus acompanhantes.

         - Não posso evitar. Vocês sabem que a ansiedade torna-se insuportável quando ele fica longe por muito tempo. E lá se vão nove semanas.

         - Mas senhora fica cansada, e senhora não deve ficar cansada. Winky sabe que senhora está nervosa. Winky sabe que ele disse que chega hoje. – a elfa doméstica aproximou-se e estendeu a manta xadrez sobre a mulher.

         - Sim... Obrigada, Winky... Sim, ele chega hoje. – o sorriso dela alcançou os olhos cinzentos. – Só não informou a hora exata.

         - Se Mestre diz que vem, Mestre vem! – dardejou o outro elfo enquanto ajudava Winky com a manta e trazia o livro que a senhora apontava. Na lombada lia-se "Traduções do Élfico".

         - Obrigada, Dobby... Sei que ele não mente, contudo, ansiedade é um sentimento difícil. – então ela tocou a barriga que denunciava adiantada gravidez. – Além disso, o nosso hóspede está exigente. Ele quer o pai por perto. Harry também deve sentir a ligação entre nós estreitando à medida que o bebê cresce.

         - Mestre Harry Potter está muito satisfeito, senhora. – Dobby e Winky sentaram-se no sofá ao lado e começaram a tricotar roupinhas. A senhora dera-lhes esse serviço para que pudessem ficar com ela e conversar. Eles simplesmente nunca paravam de trabalhar, por mais que ela pedisse.

         - Dobby está certo, senhora. Ele não abandonaria a senhora, minha senhora. – Winky entendeu errado a queixa dela.

- Não temo ser abandonada. Ele sabe que o esfolo vivo se o fizer!... Estou brincando. – acrescentou ao observar os rostos horrorizados. – Harry quer esse filho tanto quanto eu. Vocês se lembram quando ele recebeu a notícia? – eles sacudiram a cabeça em concordância.

         E quem não se lembrava? Saiu em todos os jornais: "Aline Hunter Potter grávida", "Primeiro filho de Harry Potter", "O Herdeiro  dos Potter". Eles estavam positivamente exaustos de ter seus passos detalhados em periódicos, entretanto não conseguiam evitar. Mesmo passados sete anos da queda de Voldemort, ainda eram a maior fonte pessoal de fofocas do mundo mágico.

         Ela o culpava. Harry aprontara um estardalhaço tão grande quando soubera que nem o jornalista mais surdo e cego deixaria passar o furo de reportagem.

         Depois de verificar se os elfos estavam executando a tarefa corretamente, ela continuou a reler o livro que lhe chegara da Ilha Sagrada há apenas cinco noites.

         A Senhora do Lago enviara um belo colar de pedra-da-lua em forma de lua crescente, que ela levava ao pescoço, e folhas da sarça-sagrada dos alagados de Avalon, além da 'Athelas' dos Elfos, que agora vicejava apenas lá. A pedra ajudaria a manter ao menos um pouco de seus poderes, prejudicados com a gravidez. As ervas auxiliariam num parto tranqüilo.

         Elenna agradeceu os presentes e a visita. Havia anos não encontrava ninguém de Avalon. Às vezes, nas noites de insônia, ela pegava-se mergulhada naquela melancolia própria dos Elfos (assim diziam, e devia ser verdade) e pensando com saudade nas terras esquecidas pelos Homens, que ela via apenas em sonhos.

         Convidou-os a permanecer mais um pouco, mas eles não quiseram.

         - Embora gostemos de saber sobre este mundo, não pertencemos a ele desde muitas gerações, Elenna. – desculpou-se o jovem druida, com suas vestes brancas e seus olhos profundos. – Assim como o Belo Povo foi-se há anos sem conta, também nós devemos nos recolher e esperar.

         - Sim – concordou a sacerdotisa, vestida de preto com o crescente tatuado na testa. – Como é dito em algum dos escritos que lhe trazemos, 'Aurë entuluva!' O dia voltará! E poderemos todos retornar das Brumas, do Reino das Fadas e da Valinor de seus ancestrais.

         - Antes, porém, você deve cumprir seu destino, filha de Elfos e Homens. – o druida sorriu para ela e tocou sua barriga. – Você não veio ao mundo simplesmente para ser mãe e esposa.

         - Sei disso, senhor, apesar de estar feliz. Sinto falta de usar meus poderes, mas faria mal ao bebê.

         - Não se preocupe. Aproveite todas as felicidades que a vida oferecer com as duas mãos. Tudo virá sem que você procure. – A sacerdotisa beijou-a nas faces, o druida fez uma reverência e a deixaram com as suas bênçãos.

         Recordando o encontro, ela adormeceu; e os elfos também.

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         - Como aconteceu? – perguntou, incrédulo, o homem de cabelos negros e olhos muito verdes, no momento lampejantes. – Alguém certamente informou a eles. Acobertou tudo.

         - Nós tomamos providências, Harry. Colocamos vigias e espiões. – o outro homem, mais velho, de ralos cabelos ruivos, rivalizava com seu interlocutor em termos de sinais de cansaço (olheiras, irritação, olhos um tanto vidrados, etc) – Lembre-se: faltam provas para confirmar nossas suspeitas. Até agora, de concreto, só que ele fugiu.

         - O senhor se esquece que eles estavam testando um contra-feitiço para o Fidelius para atacarem as famílias dos aurores. Se isso não bastasse... – Harry tomou fôlego e passou a mão pelos cabelos. Estava muito nervoso. Deveria estar em casa. – Não bastasse essa droga, Lúcio Malfoy escapa de Azkaban! – ele deu um soco na mesa, fazendo os objetos tremerem. – Escapa para liderar os comensais! – outro soco. – Pelo Merlin da Bretanha!

         O Ministro da Magia sorriu levemente ao ouvir a interjeição.

         - Harry, você está cansado. Eu também estou. Todos estamos. Não adianta tentar fazer nada desse jeito. Você liderou o cerco a Eburacum e sei que não foi tão fácil quanto esperávamos.

         - Onze aurores atingidos seriamente.

         - E no dia em que você volta, temos uma notícia dessas.

         - Precisamos agir rápido!

         - Lúcio Malfoy vai demorar a ser uma ameaça. Todos os redutos estão sob vigilância, os grupos desbaratados...

         - Se não o pararmos vai começar tudo outra vez! – Harry interrompeu o Ministro, erguendo a voz. Arthur Weasley levantou-se e debruçou sobre a mesa, calando-o.

         - Não você. Você vai para casa. Há quanto tempo não vê Elenna? Você tem uma família, Harry.

         - É por ela que estou aqui. Elenna ajudou a prender Malfoy. Ele provavelmente deseja vingar-se dela.

         - Pense, rapaz! Você precisa de descanso. Ela está sozinha em casa, esperando um filho. As mulheres ficam sensíveis grávidas. – o tom de Arthur era o de um pai aconselhando o filho estourado. – Imagino que você queira estar com ela, protegendo-a.

         - Claro que sim, Sr. Weasley. – um sorriso iluminou o rosto exausto de Harry. Ele finalmente entendeu. – Acho que todas essas batidas e ocorrências estão me fazendo esquecer o que realmente importa. – constatando isso, ele levantou e apertou a mão do Ministro. – Mantenha-me informado, por favor.

         - Certo. Dê um abraço nela por mim.

         Andando rápido pelos corredores do Ministério em Londres, Harry chegou à Sala das Chaves de Portal Autorizadas. Um grande mapa das Ilhas Britânicas ocupava todo o piso. Sobre cada cidade onde morasse um funcionário encontrava-se uma chave de portal. Pegou o palito de picolé correspondente a sua e quase instantaneamente via os fundos do mercado distante quatro quadras de casa.

         "Ela deve estar furiosa", pensou enquanto caminhava apressado pelas ruas molhadas e escuras.

         Passava das duas da manhã quando ele entrou sem ruído pela porta da frente. A luz tênue na sala o atraiu. Sorriu ao ver Elenna dormindo na poltrona, acompanhada por Dobby e Winky. Sentira uma falta absurda dela. Em seis anos de casamento, fora a primeira vez que ficaram tanto tempo longe, sem poderem se comunicar de forma alguma, por medida de segurança.

         Harry não queria ir. Sabia que se afastar dela durante a gravidez só pioraria tudo, por causa da ligação entre ele, o bebê e ela. Moody foi quem insistira, por alguns motivos práticos de escala de férias. O cerco durou além do previsto.

         Tinha certeza que se não voltasse naquela noite enlouqueceria de ansiedade. Agora, porém, à medida que se aproximava dela, sentia seu coração sossegado, num ritmo calmo. Ajoelhou-se ao lado da poltrona e tirou uma mecha que caía no rosto da mulher.

         - Ei, preguiçosa. – murmurou, acariciando os cabelos de Elenna. – Poltrona é lugar de dormir?

         Harry precisou de paciência para acordá-la. Ela também estava exausta. A reação compensou o esforço. Ao vê-lo na sua frente, Elenna sorriu seu melhor sorriso.

         - Então, sentiu minha falta?

         - Não. – ela respondeu com olhar debochado. – Eu me virei com o Dobby. – Harry virou-se para o casal adormecido e levantou uma sobrancelha, desconfiando.

         - E como vocês estão? – beijou-lhe a barriga.

         - Bem. Ele, ou ela, cresce rápido. Não falta muito.

         - Eu sei. – disse, enlaçando sua mão na dela. - Creio que é diferente das suas sensações, mas também sinto. Desculpe ter ficado tanto tempo fora.

         - Não se preocupe, querido. – ela acariciou o rosto dele. - Ajude-me a levantar... Você deve estar faminto. A sua cara não engana. – dirigiu-se ao sofá e sacudiu os elfos. - Dobby, Winky, arrumem a mesa para esse velho soldado jantar, por favor.

         Os elfos festejaram a volta do Sr. Potter. Só depois de apertarem as pernas do rapaz em abraços é que foram aprontar a comida. Os patrões trataram de matar um pouco das saudades.

         Elenna viu-se nos braços do marido, sentindo o cheiro dele, deliciando-se com seus carinhos. Harry afundava a mão nos cabelos da esposa, causando arrepios e beijando-a devagar, especialidade sua. Ela logo ficou sem fôlego.

         - Que tal sentarmos? Sente aqui no meu colo.

         - Estou pesada, Harry.

         - Ora, venha. – puxou-a para a poltrona. – Quero os dois junto a mim. – ela prontamente encolheu-se junto ao peito dele. Harry ficou tentando sentir o bebê, acariciando a barriga.

- Ela, ou ele, estava com uma saudade devastadora do pai desnaturado. – Elenna riu. – E a mãe também. – completou, passando a mão pela nuca do marido e beijando-o com doçura.

- Acho que vou ser voluntário sempre. – ele sussurrou no ouvido dela. - Essas recepções estão ficando cada vez melhores. – ela sorriu, ambos perdidos nos olhos um do outro.

- Tive medo que você não chegasse a tempo. – murmurou.

- Nem que eu estivesse no outro extremo do universo. – os lábios dele roçavam a orelha da meio-elfo. Logo desciam para o pescoço e voltavam para dos lábios dela.

Harry sentia vertigem com os dedos quentes percorrendo seu rosto, assanhando seus cabelos ao mesmo tempo em que percebia Elenna relaxada totalmente.

Ela, por sua vez, entrevia o abraço de Harry mais forte, a língua explorando sua boca calmamente, como ele gostava de fazer. Até que ela precisou novamente de ar e afastou-se, apoiando a cabeça no ombro do marido.

Ficaram apenas analisando-se até que Dobby apareceu na porta, convocando para a ceia.

         Ele tentou não tocar no assunto da fuga. Queria adiar ao máximo esse aborrecimento. Harry conhecia a esposa bastante bem para deduzir no que resultaria a notícia. O problema é que ela sempre perguntava sobre tudo, especialmente agora que estava afastada. Elenna gostava da vida de auror. Se ele ocultasse informações, ela saberia.

         E, claro, ela perguntou, perguntou e perguntou.

         - Não vou contar, Elenna. Pare. Estou cansado.

         - Mas eu quero saber. – os olhos dela brilhavam de curiosidade. – Por que você demorou tanto?

         - Depois conversamos sobre isso, ok? – a voz dele tinha um quê de definitivo. Ela não se importou. – Não é bom para você discutir certos assuntos agora.

         - Não tenha medo pelo bebê. Eu vou me controlar. O que o prendeu no Ministério?

         Ele perdeu a paciência. Estava fazendo aquilo pelo bem dela, droga!

         - Elenna Hunter Potter, não me aborreça! – Harry trovejou, num acesso de raiva. - Eu estou exausto e você fica me perturbando com perguntas! Dá um tempo! – decididamente, ele não deveria ter dito isso. O brilho nos olhos sumiu e ela pareceu interessada numa mancha na parede.

         - Desculpe. – a voz estava fria quando ela se levantou sem olhá-lo. – Pode comer em paz.

         - Querida, não faça isso. – ele pegaria sua mão se ela não tivesse desviado. - Eu não quis magoá-la. Apenas não quero preocupá-la.

         - Eu fui inconveniente, Harry. Não suba antes de terminar. – e saiu da sala.

         As brigas deles eram assim. Elenna nunca gritava (só quando se descontrolava mesmo. Aí atirava retratos, pesos-de-papel, quadros, qualquer coisa), nem o mandava dormir no sofá (o que ele agradecia). Harry, às vezes, desejava alguém mais explosivo. Talvez ele não se sentisse tão culpado agora. Ela gritaria, ele também e logo fariam as pazes.

         Quando entrou no quarto, viu o vulto dela virado para o lado de fora da cama, imóvel. Ele suspirou, trocou de roupa e deitou-se. Amanhã conversariam. Mal tinha encostado a cabeça no travesseiro, sentiu que ela se virava, aconchegava seu corpo ao dele, a cabeça apoiada no ombro, como sempre dormia.

         - Elenna?! – pensou que ela acordara. O silêncio informou que não. – Você me surpreende, sabia? – abraçou-lhe a cintura e beijou o alto da cabeça.

         Foi bem mais leve que ele pegou no sono.

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Draco Malfoy estava preocupado com o encontro. Sentado no bar de pior reputação da Travessa do Tranco, ele procurava a todo custo manter os olhos longe do relógio. Tentara prestar atenção aos outros fregueses.

No ambiente enfumaçado e mal iluminado distinguiu os contornos de dois bruxos em sobretudos negros, bastante suspeitos na sua opinião; um casal de duendes num canto escuro e um homem que nitidamente desviara o olhar dele.

"Por que perco meu tempo?"

Ele duvidava que alguma vantagem adviria se fosse visto num antro como aquele. Depois do trabalho que fora convencer o Ministério da sua isenção no ataque a Hogwarts e retomar um pouco do respeito que a comunidade tinha pela família, seria negligência perder tudo por causa "dele".

- Pensando no diabo... – disse, à guisa de cumprimento, quando a figura encoberta por uma gasta capa cinzenta sentou-se sem cerimônia à sua frente.

- Também estou feliz em vê-lo, Draco. – a voz continuava a mesma. Um pouco rouca, talvez.

- Não viria se ela não insistisse tanto.

- Sua mãe fez o que mandei, como sempre.

- O que você quer de mim?

- Calma aí. Não vai perguntar como eu estou? Achei que tinha lhe ensinado boas maneiras, moleque! – o homem deu um soco na mesa, chamando a atenção do casal de duendes. Draco não demonstrou reação. O encapuzado debruçou-se sobre a mesa – Você não foi me visitar. Fiquei tão chateado...

- Foi para ouvir lamentos de um velho que me trouxe aqui? – Draco destilava frieza em cada sílaba. – Você realmente decaiu muito. Nos meus delírios mais ousados jamais pensei em vê-lo tão decadente.

- Não se esqueça quem lhe ensinou tudo que sabe, garoto! – o tom ameaçador faria qualquer um sair correndo, mas Draco não era qualquer um. Seus olhos cinzentos emitiram um brilho gélido.

- Nunca ouviu aquele ditado de que o aprendiz supera o mestre? Não sou mais uma sombra sua. Pensando bem, jamais fui. Sempre fui dono de mim mesmo, fiz o que quis; enquanto você...

- Tudo graças a mim! Você não seria nada sem mim! Você é fraco, incapaz, imbecil o suficiente para fugir do verdadeiro poder!

- Escute aqui! – Draco quase descontrolou-se. Bateu na mesa também e desta vez o barman emitiu uma exclamação de protesto. "Ele só pode ter ficado louco. Completamente maluco." – Eu não tenho que ficar ouvindo insultos de um fugitivo num buraco de quinta. Você, com certeza, precisa de ajuda médica. – levantou-se para sair voando dali, mas foi impedido pela mão do homem, que segurou firme seu braço.

- Você vai sentar aí e vai me ouvir, moleque. – dizendo isso, jogou-o no encosto da cadeira. A cabeça de Draco bateu, fazendo-o perder o equilíbrio por um momento. – Eu a quero. Quero me vingar e você vai me ajudar.

- Não sei do que você está falando. – o jovem levantou-se mas novamente foi barrado pelo homem, agora apontando uma varinha para ele. Draco ficou parado, fuzilando o outro com o olhar.

- Eu não posso andar livremente. Já contatei vários conhecidos e estamos armando algo grande. Mas, primeiro, quero ela fora do meu caminho. E eu soube, para meu desapontamento, que você tem estado perto dos amantes de trouxa. – parou e encarou o jovem imóvel à sua frente. – Você é uma vergonha para a nossa família. Mas vai me ser útil ao menos uma vez nessa sua vida medíocre.

- Realmente é curioso o seu conceito de 'vergonha da família' e de 'vida medíocre' já que você os exemplifica perfeitamente pelo 'meu' conceito.

- Pode despejar as besteiras que quiser, contanto que colabore. – era a terceira vez que ele mencionava esse 'porém', Draco percebeu. Conhecendo-o, como ele conhecia, sabia que era a maneira de seu pai fazer o interlocutor ficar curioso. Ele, entretanto, não desejava saber. Prometera afastar-se de atividades ilegais. Ia o tempo em que era um garoto tolo que acreditava nessa história ridícula de Trevas. – E você vai colaborar. Por bem ou por mal.

Draco mexeu os lábios numa imitação de sorriso.

- Está me ameaçando?

- Claro que não. Você é meu sangue.

- Então não vejo como você possa me obrigar.

- Com a maldição Imperius, quem sabe?! – Draco olhou de esguela para ele. - Não, isso saiu de moda. Mas acho que pode voltar...

- Ela não me afeta mais.

- Pelo menos isso você consegue evitar. Tenho outros meios de fazê-lo auxiliar no meu plano para acabar com aquela garota insolente!

- Está falando de Aline Hunter? – o homem concordou. - Esqueça. Ela é a pessoa mais protegida da Inglaterra. E ela já levou a melhor uma vez. Por que agora seria diferente?

- Ela é só a primeira que será sacrificada em nome da nossa causa.

- 'Sua' causa perdida. Eu não vou tomar parte nisso. Não há nada que você faça para me obrigar.

- Um homem sempre tem um ponto fraco. E eu, por acaso, sei o seu. – um tom divertido surgiu na voz. - Adivinha de 'quem' eu estou falando?

Ele poderia estar blefando. Ninguém sabia do relacionamento dos dois. Tudo era muito recente. Mas resolveu não arriscar. Enfim, sentou-se e ouviu o plano absurdo de Lúcio. Depois decidiria o que fazer. 

N/A: A idéia da Sala das Chaves de Portal Autorizadas foi tirada de algum dos volumes da série "A Sétima Torre", mais uma história de fantasia que me cativou de imediato, assim como no nosso Harry Potter e "Fronteiras do Universo". Vale a pena ler!

Bem, o que estão achando? Devo continuar nesse ramo, ou desistir de vez?... Escrevam para criticar, dar sugestões, elogiar, ou apenas para dizer 'oi'. No próximo capitulo, reunião de emergência no sobrado Potter. Não percam... rs!