Capítulo 12:                          Armas, deuses e responsabilidade

         Anos depois, ao tentar lembrar-se de tudo que aconteceu naquele dia, Elenna não saberia defini-lo com outra palavra senão: decisivo. Talvez rápido também, se ela pensasse em como as decisões foram tomadas em minutos.

         Os irmãos Elfos ficaram com ela a manhã inteira, revelando afinal a razão de sua vinda. Preferiram uma conversa reservada, fazendo-a exercitar o pouco de élfico que sabia.

         - Perigo. – Elladan explicou em sua voz baixa e sonora. – Nós, Eldar, amamos a Terra. Apesar dos Homens mortais terem se esquecido, há muito de nosso espírito aqui e nosso pai prevê acontecimentos nefastos se o Inimigo ressurgir.

         - Então era essa a verdadeira razão para Malfoy querer o pingente? – ela perguntou, sentada à sombra de uma macieira.

         - Ele pretende libertar o horror, Elenna. – Elrohir sentou-se ao lado dela, oferecendo uma fruta. – Por hora foi surpreendido quando tomamos a jóia, mas ele agora tem um objeto humano capaz de realizar esse feito. Tem um poder desconhecido para nós e tememos, meu irmão e eu, que somente um outro objeto humano, de igual utilidade e potencial possa combatê-lo.

         - Então, Elrond, nosso pai, nos enviou para encontrarmos um descendente de nossa linhagem e levá-lo a Tol Eressëa – Elladan parou, pensando um instante. - para reaver Andúril, a Chama do Oeste.

         - A espada que lutou contra o Senhor do Escuro no início do mundo? – a meio-elfo estava espantada. – Realmente as lendas saltaram dos livros para a luz do dia!

         - Sim. Ela está guardada na Torre Branca de nossa ilha, - Elrohir balançava a maçã em direção ao oeste. - e só um descendente que permaneceu na Terra Mortal e chegue até ela de coração disposto pode reivindicá-la.

         - Temos uma espada, isto é, Harry tem uma espada com grande poder humano. É a espada de um antepassado dele, Godric Gryffindor. Por que não podemos usá-la?

         - Simplesmente porque ela não é uma arma consagrada pelos Deuses dos mortais nem pelos Valar, Senhores de Valinor. – Elrohir explicou, depois de pensar com os olhos fechados. Elenna sentiu-o buscando informações em sua mente e deliberadamente permitiu que ele o fizesse. - Não há comparação entre Andúril e a espada de seu companheiro.

         Elenna ficou em silêncio um longo tempo. Sabia que esse oferecimento teria um preço, mas previa o horror que Lúcio Malfoy certamente espalharia no mundo se não fosse combatido à altura. Ele estava invencível com a bainha cheia de feitiços de proteção, e a espada era um símbolo de poder antigo e letal. E, se ele planejava requerer a abominável ajuda das Trevas...

         Foi subitamente tirada de seus pensamentos por Gina e Hermione, que vinham apressadas ao encontro dos três, atravessando o pomar.

         - Os druidas levaram Rony, Harry e Malfoy. – Mione informou, parando para tomar fôlego.

         - Dian disse que eles não poderiam ficar deste lado da ilha. Precisavam de preparação. – Gina completou.

         - Sabia que isso poderia acontecer. – Elenna respondeu, erguendo-se, jogando fora a maçã meio mordida e olhando para os irmãos, que não demonstraram surpresa com a notícia.

         - Seis semanas com Oengus e seus sacerdotes. – Hermione continuou. – Disseram que vamos viajar?!

         - Iremos? – Elenna voltou-se confusa para os gêmeos.

        

         "Você precisará de companhia." a voz de Elladan ressoou em sua mente. "Eles concordaram ainda no Grande Salão."

         - Dian diz que também precisamos nos ocupar. – Gina se manifestou. – Vamos acompanhar a instrução das sacerdotisas.

         - Eles já foram? – a meio-elfo perguntou, resignada.

         - Sim. – Mione respondeu. – Dian pediu que viéssemos avisá-la. Ficaremos na Casa das Donzelas.

         "Vocês tomaram todas as providências, hein?!", transmitiu amarga para os Elfos. Não gostava de ter sua vida decidida por outros.

         - Você e Gina podem ficar com as aprendizes. Elanor e eu encontraremos outras acomodações. Havia uma cabana no caminho para o Poço Sagrado. Ficarei lá.

         - Acho deveríamos ficar junt...

         - Preciso de um tempo para mim, Gina – Elenna interrompeu. – Verei sempre vocês, mas quero ficar sozinha. Vamos, vamos arrumar nossa bagagem.

         Sua cabeça girava. Não podia escapar de suas responsabilidades. Parou na saída do pomar e virou-se para os gêmeos, que esperavam à sombra da macieira.

         - Iremos com vocês – concluiu por fim. - e implorarei se for preciso.

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         Naquela noite, sentaram-se junto à uma das fogueiras que queimavam no Salão e Elenna contou-lhes o que fariam. Gina prestou atenção, vendo que as medidas dos gêmeos e de Dian não agradavam à meio-elfo.

         Em resumo, viajariam até os limites das Terras Imortais, a Valinor dos Elfos, para reaver uma arma que pudesse combater o poder de Malfoy e seus seguidores.

         - A viagem foi tentada raras vezes por mortais e apenas um conseguiu voltar e teve sua história contada: – dizia Elenna – Eärendil. Mas isso foi há milênios. É muito perigoso. E não vejo porque arriscar tantas vidas.

         - Você quer ir só? – a ruiva indagou. – E nos fazer perder a aventura?

         - Não é uma aventura qualquer, Gina.

         - Pare de gastar energia à toa, Elenna. Nós vamos, não vamos, Mione?

         As duas viraram-se para a amiga, que estava anormalmente quieta. Viram que ela admirava o fogo de uma forma obsessiva, a mão pousada na barriga.

         - Mione? – a cunhada chamou de novo, tocando-lhe o ombro.

         - Ela não irá. – queria salvar alguém daquela loucura.

         - Claro que irei, Elenna! – a mulher empertigou-se, magoada.

         - Nem você, nem Rony. Vocês têm filhos, Mione. E seu estado é delicado.

         - Isso é um pensamento machista! Estou grávida, não doente. Além disso, você também tem uma filha.

         - Não banque a heroína, por favor. Tenho problemas suficientes.

         - Você tem? E nós não, não é? – a Elfa conseguiu deixar a amiga irritada. – Só temos que seguir você cegamente, fazendo tudo que você mandar, não é? Ora, poupe-me!

         Elenna cogitou em dizer que seria mais fácil assim, mas conteve-se em tempo.

         - Não quis ofender, Hermione. Mas não é seguro. Você sabe que não. Quer perder o seu bebê?

         - Veremos quando o barco zarpar. Veremos. – Mione recusou-se a dizer mais e logo retirou-se para a casa de pedra.

N/A: Eu sei, castiguei vocês, não foi?! Nada de atualizações... rsrsrs!!! Mas eu quis caprichar nas explicações, então acho que valeu a pena esperar. Me digam vocês: o que acharam do irmãos élficos?! Para quem leu "O Senhor dos Anéis", não vai ser difícil lembrar deles. São realmente irmãos de Arwen, e têm uma participação um tanto 'misteriosa'... O destino deles é incerto, por isso sempre vontade de usa-los em uma fic... rsrsrs!!! Não percam o próximo capítulo, hein?! Obrigada por ler.