Capítulo 15:                         Elenna e Harry

         Foram dias angustiantes. Não imaginavam o que os aguardava, mas os gêmeos Elfos não deixaram dúvidas de que seria uma missão desesperada. Caminhavam para um final amargo e sem esperanças, em todos os sentidos.

         Harry meio que esperava ver homens furiosos invadindo seu quarto e arrastando-o para uma matança vingativa, mas nada aconteceu. Vencendo o receio, perguntou a Oengus quando seria julgado, mas o druida respondeu evasivo.

         - Seu destino está traçado pelos Deuses. Não há nada que possamos fazer. Devemos esperar um sinal.

         E o sinal parecia não vir. Os habitantes das ilhas fugiam dele, os Elfos pouco faziam além de preparar a viagem, ficando a maior parte do tempo com Dian ou Elenna. Aparentemente, os irmãos só esperavam pela conclusão do treinamento deles para partir. Havia pouco consolo em Rony ou Draco.

Porém, o destino (ou a razão) não permitiram que as expectativas do desastre se confirmassem. Porque na tarde anterior à partida do grupo, Elenna e Harry estavam inquietos. Saíram vagando sozinhos, demorando-se para guardar na memória uma flor especial ou um caminho pelos juncos.

         Harry só se deu conta de que estava na clareira da luta quando viu o sangue seco na grama. Olhou em volta, certificando-se de não ter alguém por perto. Depois, posicionou-se e começou a se movimentar, reconstituindo a cena.

         - Malfoy veio em minha direção, mas o rapaz bloqueava o caminho dele. Então, ele assobiou e um outro assobio respondeu daqueles arbustos. Pensei que Malfoy ia me lançar um feitiço e me abaixei. Assim... – ele franziu a testa e levantou-se. - Então, aconteceu alguma coisa... Droga! – chutou a grama. - Por que não consigo me lembrar?... – passou a mão nos cabelos, nervoso. Só podia ser um feitiço de memória mal-feito! - O outro percebeu e tentou correr... o embrulho...

         - Não havia embrulho. Malfoy estava desacordado e o rapaz morto. Você estava com a adaga na mão. – Elenna surgiu dos arbustos de onde o assobio viera.

         - Eu não me lembrava do embrulho até agora. – ele voltou-se confuso para ela. – Acho que o sujeito dos arbustos me lançou um feitiço de memória. Alterou minhas lembranças.

         - Não se usam feitiços de memória aqui, Harry.   

         - Exatamente! – ele circulou a mancha. – Isso provaria que não era um aprendiz de druida... Havia uma varinha... – apontou para os arbustos atrás dela. – Alguém conjurou o feitiço dali... – parou de caminhar e a encarou. – Eu não entendo! Feitiços de memória não deviam me afetar! Desde que você... que nós... nada que alterasse a consciência funcionou comigo desde que fizemos amor pela primeira vez e você me transmitiu alguns poderes...

         - Talvez fosse algo que você quisesse esquecer. – a Elfa estava confusa. Tentava ajudar, encontrar uma explicação para a reação do marido. – Podemos fazer uma poção desbloqueadora.

         - Você sabe os efeitos dessa poção... – um tremor involuntário percorreu o corpo dele. – Alguns bruxos perdem a sanidade para sempre, lembrando-se de cada detalhe de suas vidas miseráveis... Tem que haver outro meio... – ele continuou a andar. – Malfoy também não se lembra... mas é claro... ele foi nocauteado pelo cabo da faca... Maldição!... Hei! – o bruxo voltou-se com uma expressão desconfiada. – O que você está fazendo aqui?

         Elenna sorriu genuinamente.

         - Nossas preocupações nos guiaram hoje, querido. – disse suavemente. – Você está começando a lutar contra o bloqueio. Quer que eu me retire? Você ficaria mais à vontade.

         - Você acredita em mim? – uma fagulha de esperança iluminou o rosto sóbrio. Ele deu um passo para perto e ela não recuou. – Acredita realmente que eu não o matei?

         - Eu... eu... quero muito acreditar, Harry. – ela desviou os olhos cinzentos para a mancha de sangue. – Mas se você está utilizando um feitiço para esquecer... eu... não sei...

         - Bem, neste caso será requerida intervenção. – a Senhora do Lago descia pelo caminho do Poço Sagrado. – Exijo saber com exatidão sobre os acontecimentos daquela tarde.

         - O que a senh... – Harry estava estupefato. ("Para uma caminhada solitária...") Somente no último instante segurou-se. Seria uma indelicadeza indescritível regular os passos de Dian. – É o que estou tentando fazer, Senhora. – apressou-se a dizer, fazendo uma pequena reverência. – Infelizmente, estou sob efeito de um feitiço...

         - Sim, eu sei. – os olhos azuis da sacerdotisa perfuraram as defesas dele. Tinham um brilho quase sobrenatural. O bruxo não conseguiu sustentar o contato mais que alguns segundos. – Contudo, se faz inadiável descobrirmos o que aconteceu. – ela voltou-se para Elenna.

         "Vocês tem forte ligação." – afirmou, seca.

"Desde sempre, Senhora."

        

         "Você vê que ele matou?"

         "Não claramente."

         "Pode destruir a barreira que obstrui a mente dele?"

         "Não sei, Senhora. Creio que se tiver a concentração adequada, poderia libertá-la, mas... Não sei quais serão as conseqüências."

         "Faça." – a voz dela cortava como lâmina afiada.

         "Pode ser perigoso para ele, Dian." – ela não podia ter se tornado tão cruel! Quantas conversas e juras de amizade tinham compartilhado naquele mesmo lugar?

         "Apenas faça."

         "Não. Não arriscarei a..."

         "Ou você faz, ou o sangue dele será derramado para lavar a honra do Tor." – o rosto estava duro como aço. Elenna entendeu que não estava diante de Dian, mas da Senhora de Avalon.

         Elenna engoliu em seco. Virou-se temerosa para o bruxo, que observava novamente o sangue na grama. Aproximou-se sem ruído e tocou seu ombro.

         - Querido... – ele pulou, tirado de suas meditações.

         - Vocês se entenderam?

         - De certa maneira... – era hesitação na voz dela? – Harry, você confia em mim?

         - Que tipo de pergunta é essa? Sou eu quem deveria perguntar...

         - Por favor... Escute... Existe uma possibilidade de eu desfazer o feitiço. É arriscado, mas tem uma margem de segurança. – ela voltou o rosto para a mulher, firme e ereta, aguardando o cumprimento da ordem. – Não temos muito tempo.

         Harry seguiu o olhar da esposa.

         - Ela ameaçou você? Olhe para mim, Elenna. Dian ameaçou você?

         - Não importa agora. Você me deixaria tentar? Prometo ser cuidadosa.

         - O que tenho que fazer?

         - Deite-se... – Harry estendeu-se na grama. Elenna ajoelhou-se ao lado. – Eu vou tocá-lo e você deve relaxar... Tentarei buscar e trazer de volta o que foi apagado.

         Harry, os olhos fechados, sentiu a mão fria da meio-elfo acariciando sua nuca. Percebia o nervosismo, mas a carícia delicada da pele dela transportou-o para outra realidade.

         - Relaxe... Abaixe a guarda... Relaxe... – a voz doce de Elenna soava como um mantra. A última sensação que teve antes de entrar em órbita foram os dedos dela apertando suavemente suas pálpebras.

         Enquanto ela repetia ao bruxo para relaxar, seu pensamento foi entrando pouco a pouco nas memórias dele. Era como se ela percorresse uma sala com enormes telões, numa sucessão rápida e ininterrupta de imagens desconexas.

         Eles nunca tinham ido tão longe vasculhando a mente um do outro. O trato de não explorar lembranças e idéias adiou o que agora tornava-se a experiência mais íntima do casal.

         O corpo psíquico de Elenna atravessava os telões. Ela revivia a tristeza, o amor, a ira, o ódio, a felicidade que Harry sentira naquelas passagens da vida dele. Isso tornava imensamente complicado raciocinar.

         Conseguia distinguir memórias comuns, como o nascimento de Elanor ("É uma menina, querido"), a promoção para comandante de Aurores ("Agora você finalmente vai mandar em mim, hein, Potter?"), o Quadribol ("Você é genial, meu amor!"), a decepção pela esposa não estar grávida ("É tão horrível, Harry."). Era como viver a vida de novo, de novo e de novo, pois algumas telas se repetiam na confusão da mente dele.

         À medida que penetrava em cantos mais escuros, a resistência da consciência de Harry começou a dificultar. Um lugar particularmente sombrio e encoberto por uma densa cortina parecia guardar as lembranças da infância triste. Elenna não quis saber. Se estavam enterradas, assim deveriam permanecer.

         De alguma forma, ela sabia que o bruxo se recordaria vivamente do que fosse compartilhado entre eles ali.

         Pensava em como seria mais rápida e menos intrometida, quando bateu numa superfície de sombras sólidas.

         - Que diabos...! Como isso veio parar aqui?

         Tateou, empurrou, esmurrou em vão.

         - O feitiço de memória. – deduziu, tocando a superfície lisa e estranhamente morna. – Como vou removê-lo, se ele próprio quer esquecer?... Luz... Vou tentar.

         Concentrou-se, e seu corpo começou a brilhar, como há anos não acontecia. Encostou a mão na estrutura e ela se encolheu, desfazendo-se.

         "Deixe aí!", a voz de Harry trovejou ao redor.

         - É preciso destruir o feitiço! – ela retrucou, colando o corpo inteiro na parede.

         Criaturas enormes e disformes, feitas de sombra, agarraram-na para afastá-la. Os monstros, junção de urso, escorpião e águia, seguraram seus braços e pernas, puxando-a para trás.

         - Harry! – gritou alucinada, contorcendo-se. – Harry! Eu prometo não libertar tudo!! – as criaturas fincavam as garras na carne. – Confie em mim!!... – inspirou e desistiu de gritar. - Eu preciso fazer, meu amor... Me solte... Mande me soltar... Harry!!

         Funcionou. As garras desapareceram, deixando marcas das unhas. Elenna saltou a frente, o corpo brilhando como nunca. A parede cedia com a proximidade da luz, recuando para abrir um buraco. A Elfa sentia uma melancolia inquietante e  crescente enquanto transpunha a estrutura, que parecia ter quilômetros de largura.

         - Onde estamos? – perguntou baixinho, ao deparar-se com uma sala de visitas e dois bruxos duelando. Um era igual ao Harry de hoje, mas a mobília... Era de uns trinta anos atrás. – Ah, não! Desculpe, querido. – apertou os olhos. - Não pretendia despertar 'essa' lembrança. – caminhou às cegas, atravessando aquele registro desagradável, ouvindo o grunhido sibilante de Voldemort em triunfo, subindo as escadas atrás de Lílian e do bebê.

         De súbito, o ar abafado de Godric's Hollow sumiu e ela ouviu folhas e grama sendo pisadas. Abriu os olhos em tempo de abaixar-se e desviar de um feitiço que errou por pouco o loiro ao seu lado. Os dois rolaram, tentando chegar perto do bruxo com uma adaga cutucando o monte de trapos.

         - Você viu o que tem lá? – Malfoy indagou.

         Elenna sentiu sua cabeça assentir, o rosto contraído de fúria.

         - Ele pode matá-la.

         - Ele 'vai' matá-la, seu estúpido. Não faça movimentos bruscos.

         - Deixe a menina. – ela dirigiu-se ao homem. A voz não era a sua. ("Obvio. Lembranças de Harry, corpo de Harry.") – Deixe-a e você pode ir. Tem a minha palavra.

         O inimigo pareceu considerar a proposta e cometeu o erro de virar-se para os arbustos, talvez pedindo instruções ao comparsa.

         Os dois pularam ao mesmo tempo, tarde demais para evitar do outro enterrar a arma de qualquer jeito no embrulho. Harry percebeu Malfoy rolando, socando e chutando; porém isso ocorria num lugar distante.

         O embrulho de trapos estava encharcado de sangue. Caíra com um ruído surdo e mole no chão. Os dedos trêmulos dificultavam descobrir o corpinho pálido da nenê.

         - Elanor... minha princesinha... meu amor... – ele murmurou, a voz embargada. Procurou o ferimento: um grande e fundo corte no braço. Sangue. Os trapos estavam empapados de sangue. Estancou e fechou a ferida com a varinha.

         - Tire-a daqui, Potter! – o grito de socorro. – Faça-a desaparecer! Agora!

         "E eu a encontrei no cesto, dormindo. Um banho com Athelas resolveu a palidez. Pensei que ela estivesse anêmica" Elenna completou, vendo a filha desaparecer com um comando verbal do marido.

         Harry correu para ajudar Draco, mas o loiro já tinha levado o golpe. Sangrava na têmpora e na nuca, inconsciente.

         Ondas de um ódio frio inundavam o corpo do bruxo. Elenna sentiu-o guardar a varinha. Não ia ser misericordioso, não ia ser limpo. Ela conteve um grito de medo quando Harry atirou-se, derrubando o agressor.

         Os anos como o melhor auror da Federação e a prática de Quadribol tornaram o domínio do estranho questão de minutos. Logo estava com a adaga na mão.

         Elenna mal acreditou quando impulsionou a adaga, rasgando pano, pele, músculo, nervo e osso. Ela sentiu a lâmina sendo torcida e puxada no interior do corpo. Três vezes a mesma ação e as mesmas reações. Duas vezes o outro gritou. Depois, um gorgolejo sangrento o silenciou.

         "Os gritos que chamaram a platéia."

         Harry soltou o corpo já sem vida. A adaga pingando continuava segura na mão sangrenta, as vestes sujas e manchadas. O rosto pálido começava a mudar, a morte acabando com a transfiguração, quando um feitiço vindo dos arbustos fez o rosto de Blás Zabin retroceder à forma do aluno de Oengus. O próprio Harry o prendera poucos meses atrás, mas o bruxo conseguiu um bom álibi e saiu da prisão.

         Um raio violeta o atingiu pelas costas. Ele caiu de joelhos, o olhar perdido e embaçado. Notou que Malfoy também era enfeitiçado, antes de tudo à volta do corpo psíquico da Elfa adquirir uma cor branca ofuscante.

         Ela sentiu-se sugada com urgência de volta.

         Piscou. Estava debruçada sobre o corpo inerte do marido, a mão da sacerdotisa pousada em sua fronte.

         - Chega, Elenna. – a voz melodiosa retornara. – Leve-o para a cabana.

         - Você viu? – ela sentou-se, meio zonza.

         - Sim. O suficiente para não degolá-lo. – Dian ergueu-se e retomou o caminho para o Poço.

         A minúscula cabana nada mais era que uma construção circular, onde havia um fogareiro, uma cama de palha (que ela substituira por acolchoados macios) e uma porta. Ela e Dian compartilharam o lugar quando estudavam juntas e a meio-elfo decidiu ficar ali com a filha quando Harry foi separado delas.

         Elenna enfeitara as paredes e o telhado de palha com flores e ramos verdes, lançando um feitiço térmico para manter a temperatura agradável.

         - Não sabia que ainda existiam as casas circulares dos bretões. – ele disse quando acordou à noite.

         - Construímos essa, Dian e eu, porque não gostávamos da agitação da Casa das Donzelas. Tome. – ofereceu um prato de sopa a ele. – Você não comeu nada desde o almoço.

         Harry comeu em silêncio, observando-a movimentar-se, ajeitando o fogo, saindo para ver a noite, enviando uma mensagem pedindo que Hermione cuidasse da filha, examinando o céu.

         Elenna estava radiante no vestido de linho branco, os cabelos trançados cingidos na testa pela estrela sustentada por um filete de prata. Os dedos dele flexionaram-se, querendo tocar aquela pele que brilhava levemente, como se refletisse a luz da lua lá fora. Ela sorriu para ele.

         - Terminou?

         - Elenna... Eu sei o que você viu. – começou, cauteloso. – Eu não queria... Pensei que ele tivesse matado Elanor... Foi tanto sangue... Nunca matei alguém com tanto sangue... Poderia tê-lo capturado, não pensei... Eu só queria ferir como ele me feriu...

         - Não, querido. – ela ergueu a mão, pedindo que ele parasse. - Não quero falar sobre isso, está bem? Já nos causou aborrecimentos suficientes. Era ele ou você.

         Para ela, não havia nenhum como Harry. Vestido com a túnica cinzenta dos druidas, as serpentes azuis nos pulsos, os olhos brilhantes por trás dos indefectíveis óculos e os cabelos bagunçados. Ele deixava-a embriagada. Logo estava sentada ao seu lado, sem desviar o olhar.

Estivera esperando desde a festa.

         Devagar, pôs-se entre os braços dele, sentindo a respiração quente nos seus cabelos, as mãos trêmulas tocando-a, procurando-a. Sabia o que ele queria, pois era seu desejo também.

         - Não quero abusar da hospitalidade de Dian. – ele levou a mão para acariciar-lhe o rosto. A respiração dela estava forte.

         - Acho que ela não se importaria. – Elenna sorriu. Decidiu-se em fração de segundos e puxou-o para um beijo.

         Harry a beijava como há muito não fazia. Não importava que estivessem na Ilha Sagrada, ou que talvez infringissem regras. Na verdade, ele não tomava conhecimento de outra coisa se não da mulher nos seus braços.

         E mesmo assim, não tinha pressa. Enquanto suas mãos percorriam preguiçosas as costas, braços e ombros dela, sua língua passeava lentamente pela boca da esposa, tocando a dela e enviando choques e arrepios para sua coluna. Sorria, satisfeito com o efeito das carícias dela pelo seu corpo.

         Elenna agarrava-se a ele como se fosse a sua tábua de salvação. Olhava-o dentro dos olhos enquanto o beijava, assanhando os cabelos rebeldes, tocando seu rosto quente com a ponta dos dedos. Ofegando ao se ver deitada com ele, acariciada e protegida pelo seu homem.

De vez em quando, soltavam um gemido baixo ou um suspiro. Aqueles podiam ser os últimos momentos íntimos dos dois, e eles aproveitaram bem. Ninguém ousaria repreendê-los por essa demonstração de amor.

Horas depois, quando Elenna aninhou-se nos braços de Harry, escutando as batidas aceleradas do coração dele, o silêncio trouxe os barulhos da noite. A fogueira estalava e faiscava. O vento balançava os galhos. Em algum lugar, uma pessoa riu alto. Por entre as palhas do telhado, as estrelas cintilavam.

- O brilho das estrelas é atraído pelos seus olhos, meu amor. – sussurrou o bruxo. Ela sorriu de encontro ao peito dele.

- Você não toma jeito, hein?! – provocou.

- Jeito para quê? Vai dizer que você não gosta desses comentários melosos...!

- Você é louco, Potter! E eu mais louca ainda, por ter casado com você!

- Srta. Perturbadora da Paz... Com esse nome, eu é que sou louco?!

Quando pensou que seria atacado numa sessão de cócegas, Harry desapontou-se ao perceber que Elenna tinha pousado novamente a cabeça em seu peito. Ela beijou-o e acomodou-se em silêncio, suspirando.

- Não pense nisso, amor. – pediu, afastando-se para olhá-la nos olhos. Tentou transmitir confiança a ela.

- Desculpe. – ela forçou um sorriso. - Não consigo evitar.

- Era apenas mais uma das artimanhas de Malfoy. Lembro-me bem agora. Eles achavam que poderiam nos forçar a cooperar se tivessem Elanor.

- Não é isso... A viagem. É uma aventura além das nossas forças, Harry. E não vamos sozinhos.

Harry só a abraçou forte, acalentando-a com os lábios e as mãos.

- Não se preocupe. Morreria por você e morreria por nossa filha. Você sabe disso.

Elenna não disse nada. Apenas aconchegou-se no calor dele. Nem quando dormiram o abraço se desfez.

         Estavam indo para as Terras Imortais.

                            Continua...