Draco já estava sentado ao lado de Lucius, e Dumbledore levantava-se para os deixar a sós. Mal Dumbledore fechou a porta, Lucius levantou-se e ordenou que Draco fizesse o mesmo. Parecia estar chateado com qualquer coisa... E Draco temia que fosse, o que na realidade, era!

- Bem Draco... Ouvi umas coisas que não me deixaram nada contente!

- O quê pai?

- Não te faças de santinho Draco... Sabes muito bem ao que me refiro! – Lucius parecia profundamente irritado e não estava com disposição para conversas. Mas Draco não ia confessar... Nem que lhe mandasse com um Avada Kedavra!

- Não pai... Não sei ao que se refere.

- Não? Então eu explico... Refiro-me ao caso que tu tens com uma daquelas sangues-de-lama nojentas que por aí andam! Hermione Granger, diz-te alguma coisa?...

- A Hermione não é nojenta! – Afinal, não foi preciso um feitiço... Lucius sabia as palavras que devia usar para que ele confessasse. Conhecia-o bem, infelizmente. Draco reparou no que tinha dito, tarde demais. – Quero dizer... A Granger.

Lucius pegou na sua bengala, que tinha a cabeça de uma cobra, e foi em direcção a Draco.

- Draco... Draco... Sou teu pai. A mim nem tu, nem ninguém me engana! – Lucius levantou a bengala e quando a baixou fez questão de bater com ela na cara de Draco. O lábio deste começou a sangrar e a doer-lhe como nunca nada lhe doera. Mas nem uma lágrima iria sair dos seus olhos azuis... Ele não ia dar esse prazer a Lucius.

– Quero que acabes imediatamente com essa rapariga! Fui suficientemente claro? – Perguntou Lucius voltando a levantar a sua bengala.

Draco tinha medo... Apenas acenou afirmativamente com a cabeça.

- Então agora sai daqui para eu poder continuar a conversa com Dumbledore, que tu interrompeste! Quando chegarem as férias do Verão, falaremos sobre o teu castigo.

Draco correu até à porta, ainda com a mão no lábio de onde o sangue caía, como meninos que correm e brincam livremente. Correu para a enfermaria. Sabia que Madame Pomfrey faria um escândalo por um simples corte no lábio, mas pelo menos ficaria bem tratado. Correu que nem um louco.

- Onde é que fez isto menino Malfoy?

Draco não respondeu logo... Passados segundos, a sua voz ecoou na sala vazia. – Tropecei numa pedra e caí.

A enfermeira acabou de fazer o curativo em silêncio... Quando acabou e se preparava para deixar Draco sozinho disse-lhe apenas, – O menino não é distraído para andar aí a tropeçar... Mas eu vou fingir que acredito. – E piscou-lhe o olho. Draco ficou um pouco chocado com aquilo mas fez um sorriso e abandonou o compartimento.

Ao chegar à porta, o toque da entrada soou, e ele viu Hermione ao fundo do corredor. Sem pensar em mais nada, correu na direcção contrária e foi para onde tudo aquilo começara... O lago. Sentou-se na frente dele e cruzou os braços. Ao olhar aquela água cristalina e reluzente com a qual a lula gigante brincava alegremente, uma pequena lágrima, inesperadamente, percorreu o seu rosto... Porque é que ele tinha que ter um pai assim? Porque é que ligavam tanto ao sangue? Porque é que... Ele não podia ser feliz?!

No céu, passavam sobre ele nuvens brancas. Sorriu quando viu uma que se parecia com um coração... Não sabia o que fazer! Permaneceu ali, até que o branco deu lugar ao rosa, amarelo e vermelho. O sol punha-se com umas cores magníficas! Eram horas do jantar, mas aquilo era bonito demais para não ser visto. Continuou sentado e observou tudo, até as estrelas se instalarem no seu céu escuro. Deviam ser umas onze horas quando se levantou. Limpou uma última lágrima, e começou a andar em direcção ao castelo. Não iria contar a Hermione nada do que se passara porque, afinal, só faltavam dois meses para o final das aulas... Ele aguentaria até ao fim! Deve ter demorado cerca de trinta minutos a chegar à sala comum. Pensou que devia ser bastante tarde pois já ninguém se encontrava lá, e dirigiu-se para o quarto.

Mais um dia de Primavera amanhecia em Hogwarts. Para muitos, um dia lindo! Para poucos, era apenas mais um...

Hermione desceu as escadas e foi ter com Ron e Harry que a esperavam junto à lareira.

- Bom dia meninos! – Disse energicamente.

- Ai... Logo de manhã com essa energia toda! – Ron bocejava cheio de sono.

Hermione apenas sorriu e começou a andar em direcção ao quadro, o que fez com que Ron dissesse a Harry, "ela anda maluquinha..."

Os três encaminhavam-se para os seus lugares quando Malfoy, Crabe e Goyle se levantaram e começaram a sair do salão. Hermione ainda tentou olhar Draco, mas este parecia não querer confronta-la, o que a deixou pensativa. "Será que ele não me viu?", pensou... "Ou será que voltou a ser o antigo Malfoy?", falou outra voz. "Não! Ele mudou..." Ela não queria acreditar naquilo que pensava, "Espero eu...".

Assim se passou uma semana. Com Hermione a tentar falar com Draco, e este sempre a esquivar-se. Ele não aparecia no salão às mesmas horas que ela, nas aulas sentava-se o mais longe possível e já nem na sala comum ele se via. Mas Hermione precisava saber o que se passava! E um dia, decidiu esperar por ele na sala comum... O relógio tocou as nove horas. As dez. As onze... Por volta das onze e trinta, Hermione sentiu os seus olhos fechar. Aconchegou-se mais no cadeirão e adormeceu pensando em Draco, sem saber que naquele exacto instante, alguém também pensava nela.

Draco desceu as escadas que conduziam à sala comum esperando que ninguém lá estivesse. Para sua surpresa, viu uma menina, que parecia um anjo, a dormir profundamente, num cadeirão. Aproximou-se e viu que era Hermione que ali estava. Baixou-se e acariciou os seus cabelos... Provavelmente pela última vez. Beijou a sua testa muito suavemente, agarrou nas malas, olhou mais uma vez em volta e preparou-se para abandonar a sala. Algo o impedia... Era difícil fugir daquela maneira! E a presença de Hermione não facilitava. Agarrou num pedaço de pergaminho e escreveu um bilhete que colocou no manto da sua amada. Pegou novamente nas malas e caminhou para o retrato. Quando este se abriu, olhou uma última vez para trás e sorriu pensando que iria guardar aquela imagem, estivesse onde estivesse. E, assim, numa noite, fugiu daquilo que sem saber, levava consigo num sítio que não pensava ter... O amor que existia dentro do seu coração!

Draco chegou ao portão da escola à meia-noite em ponto. Olhou em volta para ter a certeza de que ninguém o observava e montou na sua vassoura. Infelizmente, não viu que uma figura com um grande capuz preto o observava cada movimento seu, da orla da floresta proibida.

Mais um capítulo! ihih

Pandora - winda, bigada pela review! =) xpero que continues a gostar da fic