Rony e Hermione estavam abraçados no sofá, assistindo ao último filme que ela tinha pegado na locadora de vídeo. Quando acabou a fita ela desligou o videocassete e viram a notícia na televisão. A repórter parecia assustada e surpresa.
"A Ilha de Zithri, um antigo vilarejo, foi hoje atacada. Um dispositivo químico foi detonado no centro dela, fazendo com que toda a sua população, de 753 habitantes, fosse dizimada. Alguns corpos desfigurados foram encontrados às margens de outras ilhas e em praias da Grã-Bretanha."
Rony e Hermione se entreolharam, horrorizados.
"Tudo indica que o atentado, que ainda não foi assumido por nenhum grupo terrorista, tenha ligação com o roubo de um frasco contendo a substância identificada como elemento "D" de um laboratório búlgaro. Agora vocês verão imagens chocantes gravadas por um cinegrafista amador. Ele conseguiu captar o momento após a detonação."
Rony e Hermione se apavoraram ao ver a imagem de algo caindo e se formando um clarão imenso, seguido por uma onda de fumaça esverdeada.
"O mais interessante e macabro foi a imagem formada pela fumaça", a repórter disse com a voz sombria enquanto a imagem mal focada mostrava uma imensa caveira com uma cobra saindo da boca. "Amelie Miles pela BBC, boa noite."
Rony e Hermione sentiram o estômago subir até a boca.
- A Marca Negra, Ron - ela disse, trêmula. - Aquilo era a Marca Negra - ele tentou acalmá-la
- Pode ser uma coincidência Mione - disse sem certeza. Ela sacudiu a cabeça.
- Harry e Gina. Temos que falar com eles - havia urgência em sua voz. Rony sacudiu a cabeça.
- Eu espero mesmo que tenha sido só uma coincidência Mione - disse, apreensivo. - Ou eu vou ter que voltar o mais rápido possível para casa - ela o abraçou.
Depois de alguns minutos desceram as escadas para Hermione mandar um telegrama fonado para Harry. Nem bem retirou o telefone do gancho o Sr. Weasley apareceu na lareira dela. Fora buscar o filho.
Arthur olhou para os dois com a expressão consternada. No mesmo instante entenderam que o que parecia a Marca Negra, pairando sobre a ilha de Zithri, não tinha sido uma coincidência.
- Olá meninos. Me desculpe a hora, Hermione, mas Molly estava muito nervosa. Queria saber notícias dos filhos. Ron está bem querida - disse, voltando-se para a mulher. - Só falta agora termos notícias da Gina - acrescentou, preocupado. Rony arregalou os olhos.
- Gi-Gina? - ele e Mione gaguejaram ao mesmo tempo. Arthur sacudiu a cabeça de forma preocupada.
- É. Ela saiu no final da tarde com Harry. E ainda não voltaram - Rony apertou a mão da namorada.
- Eu devia ter ficado lá com ela - pensou, culpado.
- Estamos preocupados com os dois, filho - Arthur continuou -, e sua mãe quer que você volte para casa. Ela sente muito, Mione, mas você sabe como é... Ela quer ficar perto dos filhos. Está muito nervosa - Rony e Hermione compreenderam.
- Tudo bem papai. Deixe-me só pegar as minhas coisas - disse. puxando Hermione para o andar de cima. - O que você acha que pode ter acontecido com Gina e Harry, Hermione? - perguntou aflito, enquanto colocava as roupas no malão de qualquer jeito. Mione apertou os olhos.
- Bem... Eu conheço o Harry. Ele não faria nada que a colocasse em risco. Ele é muito prudente quando se trata dela - suspirou. - Por outro lado... - Rony parou de forçar as roupas a entrarem na mala e se virou para ela.
- Por outro lado... - gesticulou, incentivando Hermione a prosseguir. Ela torceu os lábios.
- Ah, Ron... - ele olhou sério para ela. - Bem... Eles são jovens, certo? Estão fazendo um ano de namoro hoje... São sadios, se amam, é natural que queiram... - Rony arregalou os olhos, horrorizado.
- Ok. Ok. Eu não estou ouvindo isso... Nem termine a frase Hermione - ela sorriu. - Minha irmã é uma garotinha ainda. Harry não faria... - Mione ergueu as sobrancelhas para ele e piscou os olhos significativamente. Rony suspirou, resignado. - Tudo bem. Ele faria sim. Mas eu prefiro pensar que não. Francamente, não sei o que é pior, as coisas que estava imaginando antes ou o que você me fez pensar agora... - Mione deu de ombros, ajudando-o a guardar o resto das coisas. Quando estava tudo arrumado os dois se abraçaram forte. - Eu te amo. Obrigado pelos dias maravilhosos - disse, beijando-a carinhosamente. Ela retribuiu, sorrindo em seguida.
- Tudo bem. Foi ótimo. Eu também amo você. Muito, Ron - respondeu, aninhando-se em seu peito. Ele lhe afagou os cabelos.
- Diga aos seus pais que eu agradeço muito a hospitalidade, imensamente. Mas que houve um imprevisto lá em casa - ela concordou.
- Pode deixar que eu cuido disso. Também não quero preocupá-los - desceram as escadas. Quando Rony já estava dentro da lareira ela percebeu sua expressão apreensiva e insegura. Esticou a mão para ele com ternura antes que ele jogasse o pó de Flu aos seus pés.
- Ron, Harry e Gina estão bem. Eu tenho certeza de que ele não deixaria nada de mal acontecer a ela - ele apertou sua mão, retribuindo o apoio, e jogou o punhado de pó de Flu na lareira, sendo enviado direto para A Toca, onde foi recebido pelos pais e irmãos.
Durante todo o caminho de volta para casa Gina chorava copiosamente, abraçada a Harry, recostada em suas costas. Ele guiava a moto do padrinho de forma alucinada, ansioso para pousarem em local seguro. Estava extremamente preocupado com o que tinha acontecido e com Gina também. Nunca a tinha visto tão nervosa.
Pousaram a moto silenciosamente nos fundos da casa de Harry. Achou por bem levá-la para lá, já que era mais próxima que A Toca e igualmente protegida pelo Fidelius. Assim que desceram da moto Harry sentiu as pernas de Gina bambearem e a mão dela amoleceu na dele, estava tonta e em pânico. Ele a amparou da melhor forma que pôde mas também estava alerta. Não sabia se precisaria ter que tirá-los dali de repente.
- Shhhh. Calma meu amor - disse abraçando-a de forma protetora. Ela tremia mas conseguiu andar até a porta dos fundos.
Quando Harry olhou para as janelas estranhou todas as luzes estarem apagadas, e, sem que Gina percebesse, empunhou a própria varinha. Parecia não haver ninguém em casa mas assim que passaram pela porta foram recebidos por um Sirius e uma Allana apavorados. Allana se projetou para eles, abraçando-os juntos.
- Nunca mais faça isso comigo - disse, chorando, para Harry. Tinha ficado apavorada quando Sirius acabou confessando ter emprestado a moto. - Eu vou esfolar o seu padrinho por isso... - acrescentou, olhando para Sirius. - Vocês não imaginam o que poderia ter acontecido e... - Harry trocou um olhar cúmplice com Sirius e Allana não continuou o que dizia. - Oh! Meu Deus, Gina. Eu sinto muito, querida - observou a palidez da menina. – Harry, coloque-a no sofá. Sirius traga um pouco daquela poção calmante que mamãe guarda no quarto dela. Nós a assustamos - disse com urgência.
Harry se sentou com Gina no sofá, deixando que ela recostasse nele. Sirius e Allana se sentaram em frente aos dois depois de darem um gole de poção para a menina. Sirius estava muito sério.
- Arabella está no Ministério. Nós ficamos sabendo de algo terrível, por isso sua madrinha está desse jeito, hoje à noite... - Harry o interrompeu.
- Uma ilha foi destruída por Voldemort - disse friamente. Allana e Sirius se entreolharam. - Eu senti - indicou a cicatriz, rolando os olhos para cima. - Nós vimos os corpos - Gina inclinou a cabeça para frente subitamente e vomitou no tapete. Harry segurou a testa dela até que acabasse. - É por isso que ela está assim, Allana. Não foram vocês que a assustaram. Gina viu tudo - ela recostou nele novamente. - Ela está quente - disse, preocupado, virando-se para a madrinha. - Acho melhor eu cuidar dela - levantou e a pegou no colo. Sirius trocou um olhar significativo com ele.
- Leve-a lá para cima e volte. Allana toma conta dela. Nós temos que ir para o Ministério agora. Dumbledore e o resto da Ordem estão aguardando por nós - explicou de modo prático.
Gina passou o braço por trás do pescoço de Harry, que subiu as escadas com ela, colocando-a deitada em sua cama. Allana se sentou ao lado dela e olhou admirada para o afilhado enquanto ele passava a mão carinhosamente pelo rosto de Gina. Ficava impressionada com o jeito dele, idêntico a Tiago.
- Você vai ficar bem meu amor - disse baixinho. Ela segurou a mão dele.
- Não me deixe sozinha... - choramingou. Ele se inclinou para ela e a beijou na testa.
- Eu não vou deixar você nunca - sussurrou em seu ouvido. - Eu te amo - ela estava febril e delirante agora. - Allana vai tomar conta de você até eu voltar - disse, observando a madrinha buscar compressas úmidas para passar na testa de Gina. - Cuide dela Allana. Eu preferia não ter que ir... - disse, preocupado, enquanto Gina tremia.
- Pode deixar filho. Ela está com febre nervosa. Vai melhorar. Vá para a sua reunião - ele deu uma última olhada para Gina e saiu.
Quando Harry e Sirius chegaram ao Ministério da Magia perceberam que as coisas tinham sido bem piores do que imaginavam. O lugar estava em polvorosa. As pessoas andavam de um lado para o outro. Bruxos de vestes roxas davam declarações extra-oficiais para repórteres do Profeta Diário e para outros tablóides bruxos dos quais nunca ninguém havia ouvido falar. Curiosos se aglomeravam do lado de fora, em total frenesi.
Entraram rapidamente no salão de reuniões. Dumbledore estava sério. Olhou para os dois, apenas acenando com a cabeça para cumprimentá-los. Quando todos estavam acomodados Alastor começou a falar.
- Muito bem meus caros. Hoje é um dia negro para os dois mundos. Trouxa e Mágico. Voldemort lançou mão de um artifício trouxa de destruição em massa e dizimou a população de uma Ilha próxima à costa. Era um pequeno povoado bruxo, a Ilha de Zithri - disse em tom fúnebre.
Os outros membros da Ordem começaram a falar ao mesmo tempo. Dumbledore ainda permaneceu em silêncio por alguns instantes, mantinha os olhos fechados, como se estivesse tentando ouvir algum sussurro em meio àquela confusão. Então, de repente, falou calmamente, fazendo com que os outros se calassem instantaneamente.
- Realmente este será um dia que ficará marcado na história da humanidade, independente da sua origem, mágica ou não. Mas não será pela destruição e fogo de Voldemort, velho amigo - disse para Moody. - Mas pela resistência da Ordem da Fênix. A Ordem não tem esse nome à toa - fechou os olhos. - Fênix são animais incríveis. Suas lágrimas têm poder de cura - disse, olhando para Harry, que se lembrou de Fawkes na Câmara Secreta, chorando sobre seu ferimento e o curando, mas também não pôde esquecer das suas próprias lágrimas que, carregadas do verdadeiro amor, trouxeram Gina de volta à vida. - As fênix podem carregar cargas imensas, muito mais pesadas do que supõe quem a avalie por sua aparência exterior - ainda encarava Harry, que começava a imaginar se o diretor estava mesmo se referindo à espécie de Fawkes. - E, por fim, a fênix têm a capacidade de renascer das cinzas... - sorriu. - Esse nome não foi dado à toa para esta Ordem de Bruxos. Significa alguma coisa - os olhos azuis adquiriram um tom brilhante e claro. - E é o que vamos fazer. Renascer, resistir... Nós vamos precisar de muito mais do que conhecimentos mágicos. - Precisaremos de determinação - encarou Sirius, que acenou em concordância. - Perspicácia - olhou nos olhos escuros de Snape. - Paciência - sorriu para Arabella. - Lealdade - Lupin ergueu os olhos para o diretor. - Simplicidade - sorriu para Mundungo. - E, sobretudo, coragem - voltou-se novamente para Harry. - Com sabedoria - Harry sabia que Dumbledore era o mais sábio dentre todos ali. - Conseguiremos reunir as nossas forças, curando os feridos, carregando o nosso pesado fardo e renascendo para um novo mundo. Não podemos deixar outras cidades serem atacadas da forma como aquela ilha foi. Se uma cidade trouxa cair dessa forma a repercussão será muito maior e poderemos ter uma guerra entre os próprios trouxas - disse, olhando em volta da mesa de reunião. Somos sete bruxos mas os braços da Ordem podem ser longos se soubermos dar as mãos. Nós só temos que abri-los e alcançaremos novos recursos - completou, trocando um olhar com Moody.
- Precisaremos separar algumas tarefas, Alvo. Para organizarmos a resistência, e mesmo os ataques - Dumbledore sacudiu a cabeça.
- É por isso que abriremos os braços, Alastor. Eu creio que a primeira medida seria encontrarmos alguém de confiança, que possa nos dar informações do lado inimigo - disse, olhando para Snape.
- Se o nosso colega não tivesse sido imprudente, insubordinado e infantil, ainda poderíamos dispor dos meus serviços de espião - Snape disse em tom altivo. Sirius torceu o canto da boca.
- Você diz isso como se não tivesse sido rebaixado antes de ter que fugir... - Harry disfarçou um sorriso e Severo teve que engolir a resposta diante da expressão de Dumbledore.
- Meus caros, não podemos ter dissidências internas. Temos que manter a unidade - os dois acenaram com a cabeça, desculpando-se. - Eu preciso que pensem em quem poderia ocupar essa posição de espião. Na nossa próxima reunião, em Hogwarts, teremos que dispor de um nome - todos concordaram.
- Eu vou encontrar uma pessoa da minha confiança para me substituir, professor - Snape disse, fuzilando Sirius com os olhos.
- Muito bem Severo. Eu conto com isso. Precisamos obter informações do lado inimigo. Eu quero abrir espaço para sugestões agora, creio que sete cabeças funcionando juntas são bem melhores do que uma velha mente preocupada - Arabella tomou a palavra.
- Sugiro que o currículo de Defesa Contra Artes das Trevas mude, Alvo. Creio que o que os alunos estejam precisando é de uma grande quantidade de aulas práticas. Eu gostaria de subdividir a cadeira e encontrar novos professores para dividi-la comigo. Eu poderia coordenar... - Dumbledore abriu um sorriso.
- Muito bem Bella. Uma boa idéia. Teremos que reunir o Conselho Acadêmico para aprová-la mas não será difícil... - completou.
- E-eu acho que te-temos que proteger os trouxas. Precisamos impedir que sejam atingidos por feitiços de Vo-Você-Sabe-Quem. Ta-talvez criar equipes de vigilância. Posso di-dispor de pe-pessoal para isso, Moody? - ele sacudiu a cabeça.
- Sim Mundungo. O Ministério tem uma facção secreta especializada em incidentes com trouxas. Você pode comandá-los.
- Vocês investigarão o roubo da substância trouxa que matou todos aqueles inocentes? - Sirius perguntou, curioso. Mundungo respondeu.
- Co-com certeza houve traição de-dentro daquele la-laboratório búlgaro. Um do-dos trouxas que trabalhava lá de-desapareceu há du-duas semanas. Não há no-notícias de-dele. Eu ve-verifiquei co-com a po-polícia trouxa - Dumbledore apertou os olhos.
- Investigue isso a fundo meu caro Fletcher. Você deve ir até à Bulgária ou arrume um contato por lá. Nós talvez encontremos mais mistérios nessa história do que gostaríamos... - disse, sério.
- E quanto à luta, diretor, é muito bonito falarmos em teoria na resistência mas realmente sabemos que invariavelmente isso vai acabar em duelos, mortes e sangue derramado, como já foi antes... - Severo disse de modo frio.
- De fato meu caro. Isso é uma verdade mas se estamos em guerra aberta agora deveremos ser prudentes. Teremos que saber avaliar antes de atacar e também preparar aqueles que, por ventura, estejam despreparados para a luta - explicou.
- Potter, por exemplo, terá que ser melhor preparado - Snape disse entre os dentes. Sirius não pôde deixar de pensar que o comentário era alguma espécie de provocação. - Se realmente faz parte da Ordem deve aprender a lutar, manejar uma espada, duelar e... - Dumbledore cortou o professor de poções.
- Entendo sua preocupação, Severo, mas creio que Harry já tenha feito todas essas coisas em todos os seus encontros com Voldemort - Harry acenou, agradecido pelo diretor ter intercedido em seu favor. - Mas eu concordo que deva ser dispensada uma atenção maior a ele quando chegar a hora... Alguém sugere mais alguma coisa? - Harry ergueu a mão. Todos os outros se viraram para ele.
- Eu pensei, já que Voldemort está usando artifícios trouxas, em também adaptarmos algumas coisas... - Lupin e Mundungo pareceram gostar da idéia.
- Co-como assim Ha-Harry ? - Mundungo perguntou.
- Bem, eu sei que vocês podem não levar a sério mas Fred e Jorge Weasley... - Snape deu um muxoxo.
- Por favor Potter. Uma guerra não é uma brincadeira de garotos. Não se vence um comensal com Snap Explosivo ou Bombas de Bosta. Requer inteligência e... - Lupin interrompeu.
- Criatividade. Que é algo que não falta aos gêmeos Weasley. Eu acho a idéia de Harry muito boa. Eu vou visitar a loja e ver o que pode ser adaptado à nossa causa. Garanto que ajudarão com prazer, são dois ótimos rapazes... - Dumbledore concordou.
- Remo, eu também gostaria que fizesse o favor de contatar Hagrid e colocá-lo de sobreaviso em relação aos gigantes. Quanto mais gente ao nosso favor melhor. E Carlos e Guilherme Weasley também serão de grande utilidade. Seus contatos na Romênia e Egito podem ajudar. Temos também de colocar todos ao aurores em alerta... São tantas coisas a se fazer... - parou por alguns minutos e sorriu. - Mas nós conseguiremos. A reunião está encerrada. Não há muito mais o que se fazer agora. Eu os verei em breve em Hogwarts e até lá teremos concretizado algumas dessas medidas. Passem bem - todos se despediram e desaparataram, menos Harry e Sirius. Dumbledore chamou Harry, percebendo a sua ansiedade e preocupação, e disse, olhando sério em seus olhos. - Harry, sua hora ainda não chegou. Mas está próxima. O seu papel na luta é fundamental, não se esqueça disso. E continue protegendo quem ama... - o rapaz sacudiu a cabeça e foi para a casa com o padrinho.
Quando Harry chegou do Ministério foi direto até seu quarto para ver como Gina estava. A menina tinha os olhos fechados mas percebeu quando ele entrou no quarto. Ela olhou para ele, aliviada, e o chamou com um gesto. Harry se sentou na beirada da cama.
- Como você está? - disse, passando as costas da mão delicadamente no rosto dela.
- Bem melhor agora que você está aqui - ele sorriu. - Como foram as coisas por lá? - perguntou, apreensiva. Ele abaixou os olhos.
- Não devia se importar com isso agora. Allana me disse que você teve febre nervosa. Eu fiquei tão preocupado com você... - ela segurou a mão dele.
- É tão sério assim? - ele sacudiu a cabeça.
- Estamos em guerra aberta, Gina - ela arregalou os olhos. - Qualquer coisa pode acontecer agora. Não sabemos mais do que Você-Sabe-Quem é capaz, nem a quem pode ter se aliado ou o que fará a seguir... - lamentou-se, passando a mão nervosamente por entre os cabelos. Gina pareceu perceber que ainda escondia alguma coisa.
- Mas vocês vão impedir que o pior aconteça, não vão? - ele tentou sorrir.
- Vai haver luta armada. Duelos, espadas... - suspirou. - É inevitável, mais cedo ou mais tarde a guerra alcançará a todos... - abaixou a cabeça.
- E o que você está evitando me contar, Harry? - ela ergueu o queixo dele com a mão. Harry encarou os olhos dela, que compreendeu. - Não - ela disse com urgência na voz. - Eu não quero que você lute. Não quero que vá à guerra. Eu não quero perder você... - disse, sentando na cama e o abraçando com força. Ele sentiu as lágrimas quentes dela pingarem em seus ombros.
- A Ordem, Gina, precisa de mim. Eu preciso ajudá-los. O mundo já não é mais seguro para ninguém. Não é seguro para você... - justificou. Ela intensificou a força do abraço.
- Eu não quero um mundo sem você nele. Não me interessa o quão seguro seja... - disse, manhosa. Ele sorriu e a afastou para olhá-la.
- Você não está falando sério - disse, segurando a pontinha de seu queixo. - Você sabe que ninguém consegue ser feliz em um inferno e é o que o mundo vai virar se Volde... - ele parou. - Se ele vencer...
- Eu não sei mais o que pensar - disse com a voz abafada. Ele passou a mão pelos cabelos dela.
- Pense no quanto te amo. No quanto quero você... E tudo vai ficar bem - tentou consolá-la.
- Eu também amo você. Muito. Você é a minha vida... - ficou alguns minutos segura nos braços dele, então bocejou.
- Durma um pouco, descanse. Você passou por muita coisa hoje Gina - disse calmamente enquanto ela deitava no travesseiro. Ele ajeitou as cobertas em volta dela e já ia se levantando quando ela o deteve.
- Fica aqui comigo. Só esta noite. Só até eu dormir... - ele sorriu para ela, que retirou um dos travesseiros que usava e colocou ao seu lado, para ele. Harry deu a volta na cama e ela ergueu as cobertas, deixando que ocupasse o lugar ao seu lado. Gina se aninhou nos braços dele, que a enlaçou de forma protetora. Ela se virou para ele e o beijou carinhosamente. - Obrigada Harry - ele ergueu as sobrancelhas, sem entender.
- Pelo quê?
- Por você existir, ficar, por me manter segura. Por fingir que está tudo bem... - disse, ajeitando-se e fechando os olhos, sonolenta. Ele respirou fundo, sentindo o perfume dela.
- Não precisa agradecer - disse, fazendo-lhe cafuné, e percebeu que ela estava quase dormindo.
- Eu estou com medo Harry - disse, mais dormindo do que acordada. Ele lhe beijou o alto da cabeça, não havia o que dizer.
- Eu também - sussurrou. Em poucos minutos os dois dormiam pesadamente e, embora estivessem assustados, tiveram uma noite vazia de sonhos e pesadelos.
