Pela manhã a primeira coisa que Sirius fez foi enviar Gina de volta para A Toca. Embora ela e Harry houvessem protestado muito sabia que Molly estava preocupada com a filha e que estaria tão segura em casa quanto ali. E, de qualquer forma, os dois logo se veriam no Beco Diagonal, para comprar o material escolar, e passariam o ano letivo inteiro juntos em Hogwarts.
Assim que chegou em casa, depois de Molly lhe enfiar vários tônicos e fortificantes goela abaixo, Gina descansou. Precisava repousar para se refazer do dia anterior.
Percy estava acordado quando a irmã chegou. Conforme tinha prometido à mãe, sairia para um passeio. Ia até Hogsmeade, dar uma volta e visitar os irmãos na loja. Molly ficou satisfeita de vê-lo bem arrumado e sorridente mas o alertou para que tomasse cuidado.
- Divirta-se querido. Dê um beijo em seus irmãos e tome cuidado. Estamos em guerra, você sabe... - ele sorriu e, dando um beijo na mãe, desaparatou.
Quando chegou em Hogsmeade ficou satisfeito em ver o belo dia que fazia, o sol brilhava e as primeiras cores do outono começavam a colorir as ruas da cidade. Caminhou um pouco pela praça, passou pelas ruínas da Casa dos Gritos e então tomou a rua principal, entrando no Três Vassouras. Imediatamente Madame Rosmerta veio atendê-lo.
- Olá, Percy Weasley, não é? - o rapaz confirmou.
- Como vai a senhora? - Madame Rosmerta começou a falar mas de repente a porta do bar se abriu e não só ele como outros rapazes e meninos que estavam sentados viraram os rostos para observar a moça que acabava de entrar.
Madame Rosmerta deu um sorriso e se retirou, sabia que quando Fleur Delacour entrava no bar os clientes ficavam aéreos e distraídos pelos encantos da descendente de veelas.
Fleur foi até o balcão e pediu o café da manhã na mesa sete, como sempre pedia todas as manhãs, a dona do bar achava graça das suas supertições mas naquele dia seria impossível atendê-la. Já havia alguém em sua mesa.
- RRRosmerrrta, você sabe que eu gosto de tomarrr café todas as manhãs naquela mesa. Como deixou que alguém sentasse nela? - Fleur perguntou, virando-se para ver quem estava ocupando seu lugar cativo. Ela ficou feliz em ver que era um rosto conhecido e sorriu. - Tudo bem, eu vou dividirrr a mesa com o rapaz... - deixou a frase solta enquanto se dirigia à mesa de Percy. Os cabelos loiros balançavam e o rapaz e todos os outros não conseguiam tirar os olhos dela. - Bom dia, Perrrrrcy, não é mesmo? Irrrmão de Virrrgínia, namorrrada de Arrry - disse, simpática. Percy balbuciou algo que ela entendeu como um sim. - Eu posso me sentarrr aqui? Adorrro esta mesa. É perrrto da janela e tem o meu númerrro de sorrrte - ele puxou uma cadeira para ela, que sorriu com a gentileza.
Ele ainda tinha a expressão abobalhada, que só desapareceu quando ela fez um coque nos cabelos, prendendo-os para trás. Ele sacudiu a cabeça, como que acordando do transe.
- Então, meu carrro Perrrcy, o que faz aqui em Hogsmeade? - disse enquanto Madame Rosmerta trazia o café da manhã para os dois.
- Bem, eu estou de férias, e pensei em dar um passeio, espairecer... - ela sorriu.
- Gosto muito daqui. E agorrra que vou terrr que morrrar em Ogwarrrts serrrá muito bom conhecerrr a cidade. Você conhece Ogsmeade? - ele sacudiu a cabeça.
- Na verdade sim. Meus irmãos trabalham aqui. Têm uma loja de "artigos interessantes", por assim dizer - ela sorriu e Percy viu que seus olhos pareciam duas safiras bem lapidadas. - Você gostaria de ir lá comigo, sabe, visitar a loja, depois do café, é claro, se não for incômodo e... - começou a se sentir idiota e desarticulado mas Fleur achou charmoso seu jeito tímido e concordou antes que se enrolasse mais para responder.
- Eu adorrrarrria. Querrro conhecerrr bem a cidade e adorrro coisas exóticas e diferrrentes. Me faz lembrrrarrr de casa - ele sorriu.
- Então está combinado... - parou de repente. - Mas por que você vai morar aqui? - ela suspirou.
- Bem, na verrrdade eu errra parrra estarrr em casa mas o currrso de Aurrrorrr toma muito tempo e sacrrrifícios também. Madame Maxime me trouxe para cá ano passado, depois que a Beauxbatons foi destrrruída, mas agorrra que meu trrreinamento acabou eu fui indicada porrr ela parrra darrr aulas em Ogwarrrts - ele se surpreendeu.
- Aulas? Aulas de que matéria? - ela colocou a mão na boca, depois de engolir um pedaço de pão doce.
- Eu não poderria falarrr mas você está sendo tão gentil... - ele corou como um bom Weasley, o que ela achou adorável. - Prrrovavelmente devo ajudarrr em Defesas Contrrra as Arrrtes das Trrrevas. É o que se esperrra que um Aurrror saiba, não é? - ele riu.
- Falando assim eu fico impressionado... - ela riu.
- Oh! Porrr favorrr, eu não sou nada imprrressionante... - disse timidamente.
- É sim... - pensou alto e ela disfarçou, vendo que ele tinha corado novamente. - Vamos? - disse, colocando as moedas na mesa e pagando a conta. Ela agradeceu com um sorriso enquanto ele puxava a cadeira para que se levantasse.
Seguiram pelas ruas. Fleur falava o tempo todo e Percy ia mostrando onde ficavam as lojas de artigos para magia, tônicos para saúde, roupas e outras coisas. Ela estava encantada e adorou a loja dos gêmeos.
Os dois estavam nos fundos da loja quando um trombone anunciou que fregueses haviam entrado. Os dois taparam os ouvidos enquanto Fred e Jorge riam por terem assustado o irmão.
- Percy, quem diria? Que honra o nosso ilustre irmão visitar a nossa humilde lojinha de bugigangas - Fred implicou. Percy ergueu a sobrancelha para ele e indicou Fleur.
- Olá Fleur - Jorge fez uma reverência exagerada e a garota francesa riu. - E então? Gostou da nossa pequena loja? - ela sacudiu a cabeça.
- Muito interrressante meninos. Eu virrrei aqui mais vezes, fazerrr comprrras e converrrsarrr. É bom encontrrrarrr rrrostos conhecidos... - Fred deu uma cotovelada nas costelas do irmão gêmeo ao ver que Fleur segurou involuntariamente no braço de Percy, que engoliu em seco. Os dois abafaram risadas, que viraram gargalhadas depois que os dois saíram da loja.
- Quem diria Fred? Percy conquistando os "corrraçõeszinhos estrrrangeirrros" - imitou Fleur.
- É, Jorge, o "charrrme" Weasley é infalível... - gargalharam mais um pouco e depois voltaram a fazer a contagem do estoque.
Depois de alguns minutos escutaram novamente o trombone tocar.
- Percy esqueceu alguma coisa? - gritaram mas não era Percy. - Professor Lupin? - pareceram surpresos.
- Olá garotos. Tenho algo para falar com vocês. Vocês me dão um minuto? -perguntou, olhando à sua volta e observando as diversas "gemialidades".
Depois de Lupin explicar toda a situação eles ficaram, pela primeira vez na vida, sem fala. Queriam ajudar mas não se julgavam capazes. Foi preciso que Remo os incentivasse a dizer alguma coisa.
- E então rapazes? O que me dizem? Vão ou não ajudar? - deram de ombros e se entreolharam.
- Bem, professor, se o senhor diz que nós podemos então nós podemos. Nos dê algum tempo para pensarmos em alguma coisa e depois venha ver se aprova - Fred disse de modo prático.
Ele apertou a mão dos dois e se retirou, deixando os gêmeos desconcertados e com uma grande responsabilidade nas mãos para trás.
Depois de uma semana do atentado não havia acontecido mais nada de anormal. As corujas com a lista de material finalmente chegaram. Harry abriu ansioso e se surpreendeu. Além dos livros textos havia alguns materiais estranhos e inusitados em uma lista à parte:
"Todos os alunos deverão trazer:
Um bastão de madeira flexível de um metro e meio de comprimento
Uma espada talhada em madeira inquebrável
Um quimono preto
Conjunto de Arco e flecha sem ponta simples"
Ele releu a lista algumas vezes e levou para Sirius ver. O padrinho imaginou que se tratava da mudança curricular que Arabella tinha sugerido.
- Teremos que ir ao Beco Diagonal para comprar todas essas coisas. Você pode marcar com os Weasley e Hermione e irmos todos juntos, como sempre fez - ele sorriu.
No dia marcado se encontraram cedo no Beco. O lugar estava lotado de alunos confusos, procurando as lojas indicadas para cada material novo.
Harry encontrou os Weasley e Mione em frente ao Gringotes e, depois de Allana demonstrar para Molly todas as novas gracinhas que Lílian estava fazendo e Rony e Hermione entregarem os presentes a Harry e Gina, as duas famílias foram juntas às compras.
Como no ano anterior, a primeira parada foi a "Floreios e Borrões". Molly e Allana deixaram as "crianças" com os homens e conseguiram furar a enorme fila de bruxos para comprar o material de Harry, Gina, Hermione e Rony. Depois de separarem três conjuntos de livros do sétimo ano e um do sexto as duas voltaram vitoriosas para os maridos, que ainda estavam impressionados com a rapidez das duas.
- Nossa, mamãe, isso é porque a senhora sempre me disse que passar à frente dos outros era uma coisa muito feia... - Rony disse, boquiaberto. Molly abriu um sorriso.
- Ora, meu filho, eu tenho culpa se os outros não se decidem o que querem comprar? - Rony franziu a testa.
- Eu pensei que eles também tinham listas, mãe... - Molly fingiu que não ouviu o comentário de Gina, que ria junto com o irmão.
Saíram da loja de livros e compraram pergaminhos na loja em frente. Harry comprou uma Pena de Repetição Rápida para que Gina acompanhasse melhor as aulas de Poções, o que Hermione condenou, já que era muito melhor, segundo ela, o velho e lento método de transcrever pessoalmente cada palavra e gesto dos professores.
- É muito mais eficaz, Gina - argumentou enquanto Harry e Rony sacudiam as cabeças. - Você pode estudar enquanto copia e, depois, qual é a graça de assistir aula e não copiar?
- Você quer mesmo que eu responda, monitora? - Rony implicou. Ela ergueu uma sobrancelha e o ignorou, de modo superior.
- Eu não ia comentar mas já que tocaram no assunto... - os outros três se viraram para ela. - Eu não sou mais monitora. Agora a monitora da Grifinória é uma menina do sexto ano. Da sua turma, Gina - ficaram surpresos.
- Você foi afastada do cargo? Que ultrage, absurdo. Como eles puderam fazer isso? - Rony parecia um pimentão enfurecido. - Eles não podem ter preferido uma pirralha irresponsável e... - Mione sorria, satisfeita.
- Então você assume que sou responsável? - ele olhou aborrecido para ela.
- É claro que é e, depois, sem você como monitora como vamos nos safar das encrencas em que nos metemos? - ela deu um muxoxo; Harry e Gina abafaram uma risada.
- Diante do seu último comentário eu não deveria contar... Mas a verdade é que vocês estão falando com a nova Chefe das Monitoras de Hogwarts - os três ficaram boquiabertos, Rony perdeu a fala, pareceu extremamente animado.
- Isso significa que... - ela arregalou os olhos, repreendendo-o, para que ele se calasse imediatamente.
- Ela vai ter um quarto só para ela, Ron... - Gina sussurrou de modo implicante no ouvido dele, que a cutucou nas costelas.
- Ai - murmurou. Harry não percebeu nada, estava distraído pela vitrine da loja de espadas de madeira.
Havia uma placa feita obviamente de madeira no alto da loja: "O Nó da Madeira". O nome da loja estava escrito em baixo relevo e parecia ter sido gravado a fogo na placa.
Entraram e ficaram impressionados com a perfeição das imitações de espadas esculpidas em madeira inquebrável e semi-flexível. Algumas eram coloridas, simulando metal, prateado ou dourado. Harry escolheu uma muito parecida com a espada de Godric Gryffindor. Gina preferiu um modelo mais simples e delicado, o que tranqüilizou muito o namorado, o mesmo modelo que Hermione escolhera. Já Rony queria levar uma exagerada espada Vicking mas Harry argumentou que não teria como brandir uma espada daquele tamanho a não ser que fosse parente de gigantes ou de trasgos. Os quatro riram. Separaram os bastões e pagaram a conta, dirigindo-se à loja de roupas.
Para surpresa deles ao invés de vestidos e roupas de gala havia alguns modelos de quimonos e roupas de luta que nunca haviam visto na vitrine da Madame Malkin. A loja estava lotada de ajudantes com fitas métricas penduradas no pescoço e tirando medidas dos clientes. Havia um livro com o nome de todos os alunos de Hogwarts e a casa a que pertenciam, para que o emblema fosse bordado no quimono negro. Havia também faixas para a cintura nas cores das casas mas estavam apenas no mostruário e eram opcionais, podendo ser utilizadas faixas negras, como o quimono. As meninas optaram pela faixa colorida nas cores vermelha e dourada e os meninos preferiram a preta. Depois da atendente anotar a preferência deles e suas medidas ao lado de seus nomes pagaram as encomendas e saíram da loja para tomar ar.
- Minha nossa, que calor que estava fazendo lá dentro! - Gina disse, abanando-se.
- É, mais um pouco e nós íamos derreter... - Rony completou com as bochechas coradas; Mione sorriu.
- Por que não tomamos um sorvete antes de irmos para a próxima loja? Poderemos deixar os adultos tomando conta dos livros e voltarmos com tudo já comprado - concordaram com a idéia.
Depois de se refrescarem na Florean Fortescue deixaram os Weasley e os Black conversando com o dono da sorveteria e rumaram para a próxima loja, que atendia pelo nome de "Mirabolantemente na Mira".
Estranharam a loja. Era bem diferente de todas as lojas do Beco Diagonal. O vendedor havia comprado o espaço de várias lojas e feito toda uma reforma no interior, que parecia muito com uma loja de departamentos trouxas, com prateleiras exibindo os produtos, de forma que os clientes mesmo quem separavam o que comprariam.
Separaram-se para procurar pelos arcos e flechas sem pontas. Cada um entrou em um corredor. Era possível, de vez em quando, verem um ao outro pelos espaços entre os produtos expostos. Harry observava Gina de costas. Ela estava examinando a prateleira oposta e ele estava a um corredor de distância dela. Rony e Mione estavam no outro extremo da loja.
Gina passava os olhos despreocupadamente pela prateleira quando percebeu que estava sendo observada por alguém do outro lado. Ela levou a mão ao peito e quase deu um grito. O par de olhos cinzentos faiscou divertido com o susto que pregara nela.
- Fazendo compras, ruiva? - Draco perguntou através da estante.
- O que você acha, Draco? - sussurrou.
Harry franziu a testa, estranhando ela estar parada em frente à prateleira. Gina percebeu e começou a caminhar lentamente enquanto conversava com Draco. Queria evitar um incidente entre os dois.
- Eu não sei Weasley... Você pode estar pretendendo roubar a loja... - ela riu.
- Encantador como sempre... Estou procurando pelo arco e flecha - acrescentou, sem dar importância ao comentário.
- Seria este aqui? - ergueu o modelo que deveria constar no material de volta às suas aulas.
- É. Onde encontrou? - ele riu.
- Ruiva, na última vez que conversamos você me pareceu mais esperta. O convívio com o panaca do Potter está fundindo os seus miolos - apontou para o alto do corredor e havia em cada um deles uma placa indicando o que havia em cada setor.
Ela respirou fundo. Harry estranhou a expressão corporal dela mas continuou no mesmo corredor de antes.
- Você é irritante, Draco - ele sorriu. Os dois continuaram se dirigindo às extremidades dos seus corredores.
- Eu sei. E eu nem me esforço para isso... - ela sorriu para ele de modo amigável. Estavam próximos agora.
- Eu senti a sua falta também Draco - ela fez menção de abraçar o amigo.
Foi então que perceberam que estavam sendo observados. Gina quase desmaiou. Era a primeira vez que encontrava com o professor de Poções fora de Hogwarts.
Os dois haviam caminhado até o extremo dos respectivos corredores e estavam frente a frente com Snape agora.
- Sr. Malfoy - cumprimentou o rapaz.
Pareceu tentar decifrar o que Draco poderia estar tramando mas depois ficou em silêncio, apenas observando o garoto com um olhar negro aguçado.
- Olá professor Snape - parecia desconcertado, pego em flagrante. Snape pôde notar. - Te vejo no trem, Weasley - disse para Gina, tentando disfarçar, mas era tarde demais.
Snape havia percebido que Draco sentia por ela o que sentira por Lílian Potter. Draco já havia saído e Gina ficou desconfortável na presença do professor.
- Com licença professor - ela disse educadamente, de cabeça baixa, e foi ao encontro de Harry e dos outros.
Snape apertou ainda mais os olhos escuros e avaliou a menina. Ele a acompanhou com o olhar e a viu esticar a mão para Harry, entrelaçando à dele. O rapaz a enlaçou pela cintura enquanto ela o guiava para mostrar onde os arcos e flechas estavam. Ele viu claramente que ela amava o "Potter filho", como Lílian também havia amado o "Potter pai" uma vez. Mas também percebeu o mesmo olhar que Lílian tinha para ele na caçula Weasley só que em relação a Draco. Era inegável: os dois eram amigos. Apenas precisava confirmar isso de alguma forma.
Com todo o material comprado os quatro voltaram para a sorveteria e reencontraram os adultos para irem para casa. Já estavam de saída quando encontraram quatros pessoas que não viam há muito tempo.
- Hagrid! - disseram em uníssono.
O gigante abraçou os garotos de uma só vez, provocando risos em Vasta e nos outros dois gigantes que o acompanhavam.
- Olá Rúbeo - Sirius cumprimentou o ex-guarda caça.
- O que vocês estão fazendo aqui? - Harry se adiantou aos adultos.
- Viemos comprar "boleadeiras" para as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas e... - ele parou. Miúdo disse antes dele.
- Mas você não devia ter dito isso, não é mesmo? - todos riram enquanto Hagrid balbuciou algo.
- Vocês não vão mais dar aulas de Trato das Criaturas Mágicas? - Gina perguntou, a voz desanimada.
- Ah! Vamos sim querida - Vasta respondeu. - Apenas vamos ajudar em Defesa Contra as Artes das Trevas - Rony deu uma gargalhada.
- Imaginem como o seboso do Snape deve estar furioso? - Hermione sorriu.
- É verdade. Ele sempre quis o cargo. Desde que entramos em Hogwarts.
- Antes disso - Sirius corrigiu, dando um sorrisinho cínico. - O seboso sempre quis poder mostrar os talentos sonserinos dele mas...
- Um idiota estragou tudo, revelando o disfarce dele - Snape completou a frase de Sirius, causando um constrangimento geral.
- Professor Snape - Hagrid o cumprimentou. Ele não respondeu. Seguiu-se um incômodo silencio.
- E então? Há quanto tempo está ouvindo nossa conversa? - Colossus perguntou, desinibido, e levou um cutucão nada discreto de Vasta.
Miúdo cobriu o rosto com as mãos. Severo fez uma expressão de nojo e se dirigiu aos Black e aos Weasley.
- O suficiente para ter náuseas... - olhou novamente para a mão de Gina, que estava praticamente congelada na de Harry. Então se retirou, dando um aceno de cabeça.
- Meu Deus, como ele é antipático - Molly deixou escapar.
- E, por Merlin, alguém precisava explicar para ele como se lava os cabelos - Allana disse enquanto aconchegava a pequena Lílian no colo.
- Meu amor, acho que ele adotou fisicamente a sua personalidade escorregadia - Sirius emendou. Novamente todos riram.
- Vamos? - Arthur disse para os dois filhos. Rony e Gina deixaram o desânimo tomar conta.
- Papai, acabamos de chegar... - a caçula choramingou.
- É, pai, ainda nem conseguimos conversar... - Molly e Allana trocaram olhares e viram que Harry e Hermione haviam intensificado a força com que seguravam os dois Weasley.
- Muito bem - Molly disse sorridente. - Hagrid, nós podemos deixar os meninos com vocês? Depois vocês os enviam para casa, via Flu? - o gigante deu um sorriso, que só não foi maior do que os dos dois casais.
- É claro que sim. Nós ainda iremos comprar as "boleadeiras". Isso dará algum tempo para os meninos se distraírem - piscou para Harry e Rony.
- Então está bem. Tomem cuidado, ouviram? - Allana recomendou. Lílian abriu os olhinhos azuis e sorriu para o irmão.
- Até logo Lili - Harry disse, dando um beijinho no bebê.
Os adultos se despediram entre si e deram mais algumas recomendações aos meninos. Depois foram para casa, deixando-os sob responsabilidade dos quatro gigantes.
- Hagrid, o que é uma "boleadeira"? - o gigante sorriu.
- Minha pequena Gina, uma "boleadeira" é um instrumento que serve para caçar ou mesmo para diversão - ela estranhou.
- É um duplo, triplo ou quádruplo eixo de cordas de couro, com bolas de ferro na ponta. De acordo com a sua força e habilidade elas podem ser mais ou menos pesadas - Miúdo explicou de forma técnica. - Depois eu faço uma demonstração... - Rony pareceu curioso.
- Mas para que estão comprando "boleadeiras", afinal?
- Bem, Ronald, é um instrumento que se manejado adequadamente serve para capturar um oponente sem matá-lo. Se você, por exemplo, acertar nas pernas desse você pode quebrá-las e imobilizá-lo - Vasta disse com simplicidade. Gina fez uma careta.
- Mas qual é a finalidade de vocês comprarem?
- Ora, Harry, vocês vão aprender a esmagar os inimigos, é claro... - Colossus explicou, sorridente.
Vasta, que já segurava a mão dele, deu-lhe um novo cutucão. Rony deu um sorriso amarelo.
- Esmagar? - Mione pareceu interessada.
- É algo que eventualmente acontece Hermione. As forças que as bolas giradas a uma alta velocidade e lançadas atingem é muito grande. Se atinge a cabeça, peito, pescoço pode realmente matar o oponente. Nós usamos isso para caçar ursos ou antílopes - Gina arregalou os olhos.
- Mas é claro que as "boleadeiras" de vocês serão apenas atordoantes. Vocês não têm força para girar sessenta libras sobre as cabeças. As boleadeiras serão de três ou quatro libras. De acordo com a força de cada aluno - Gina pareceu mais aliviada por não correr o risco de esmagar nada e nem ninguém. Mione por sua vez achou interessante.
- Nossa! Isso deve ser muito parecido com o boliche... - os outros olharam para ela e apenas Harry e Rony riram.
- Boliche de Gigantes, você quer dizer - Harry completou.
- E essa é a garota que achava Xadrez de Bruxo um jogo bárbaro... - Rony implicou.
Explicaram como era o boliche para os outros e os acompanharam na loja de artigos de metal, "A Bigorna Mágica". Ajudaram os gigantes a escolherem as "boleadeiras" e Mione fez uma pequena demonstração de boliche, derrubando alguns cantis de cobre com uma das bilhas de ferro mais leves. Os gigantes acharam interessante o esporte trouxa.
- De certa forma é parecido com caça. Tirando o fato que derrubamos uma manada de javalis, é claro, ao invés de garrafinhas - Colossus disse, animado. Mione sorriu.
Terminaram as compras e acharam muito engraçado os quatro gigantes dividirem entre si e carregarem as várias toneladas em "boleadeiras" com grande facilidade. Depois foram devidamente despachados via Flu para suas respectivas casas. Agora só se veriam novamente no Expresso de Hogwarts. No dia primeiro de setembro.
