De manhã Gina acordou cedo, ainda estava com a capa de Harry e foi coberta com ela até o dormitório do namorado. Lentamente entreabriu a porta, tomando cuidado para que ninguém percebesse sua presença. Foi na ponta dos pés até o dossel de Harry e, afastando delicadamente as cortinas, esgueirou-se por baixo das cobertas. Harry abriu os olhos e ficou assustado ao sentir que não estava mais sozinho mas Gina lhe cobriu a boca com a mão, evitando que gritasse.
- Sou eu, seu bobo. Vim te devolver a capa – sussurrou. Harry descobriu o rosto dela e riu.
- Sua doida! E se alguém vir você aqui comigo? – ela cobriu de novo a cabeça e riu.
- É por isso que se chama "capa da invisibilidade", Harry. A idéia é que ninguém veja a gente – disse numa vozinha tentadoramente baixa. Harry passou o rosto por baixo da capa e lhe deu um beijo demorado, abraçando a namorada com vontade.
- Gina... Gina... Eu te amo... – murmurou.
- Harry? Harry? – Gina cutucou o namorado, acordando-o do sonho. Ele abriu os olhos. Ela estava segurando os óculos dele na mão, de pé ao lado da cama, semi-coberta pela capa. – Já é de manhã. Hora de levantar – sussurrou.
- Ahn? – perguntou, confuso.
- Eu vim chamar você. Rony e Mione já estão lá embaixo. Temos que conversar sobre certas coisas, se é que me entende – ele deu um sorriso sem graça.
- Estava sonhando com você – disse, ajeitando os óculos no rosto. Gina deu um leve sorriso.
- Eu percebi. Quase fiquei com inveja do seu travesseiro. Mas creio que se fosse eu mesma estaria asfixiada a essa altura – brincou, apontando o travesseiro, que estava esmagado entre os dois braços e as duas pernas do namorado. Ele sorriu, desconcertado, olhando em volta e percebendo que os colegas de quarto dormiam ainda pesadamente.
- Me espere aqui – disse em tom baixo. Foi até o banheiro e trocou de roupa rapidamente. - Vamos descer então – murmurou. Os dois saíram pela porta em seguida. Harry, de brincadeira, entrou debaixo da capa com ela, roubando-lhe um beijo.
Chegaram invisíveis ao andar de baixo. Encontraram Rony e Hermione se beijando intensamente. Gina prendeu o riso e fazendo um sinal de silêncio para Harry, colocando o dedo indicador nos lábios, e indicou com um olhar que chegassem bem perto dos dois.
- Bonito, Ronald Weasley – Gina disse baixinho, embora firme, no ouvido do irmão. Rony ficou branco de susto e caiu sentado debaixo da mesa, fazendo com que os outros três tivessem uma crise de risos.
- Isso foi um golpe baixo, Gi... – o ruivo reclamou, passando a mão nas costas.
Os quatro se sentaram em volta da mesa.
- Eu tenho que contar como foi ontem, com o Draco – Harry e Rony fizeram caretas. Mione ignorou o comportamento imaturo dos dois.
- O que ele descobriu, Gina? – ela perguntou, curiosa.
Gina enfiou a mão no bolso e repousou o desenho da moeda sobre a mesa. Harry examinou o pergaminho cuidadosamente, passando-o em seguida aos amigos, que também observaram bem, identificando a Marca Negra.
- O que é isso, Gina? – Rony perguntou, curioso.
- Uma moeda – respondeu em coro com Hermione. Harry e Rony se surpreenderam.
- Como você sabia que era uma moeda? – Rony perguntou, com os olhos arregalados, para a namorada.
- Bem, é muito óbvio. O desenho é redondo, obviamente mostra duas faces diferentes e trabalhadas de um objeto redondo e chato. Além disso, pelas pequenas distorções, poderíamos dizer que há a espessura de uma moeda entre cada face e é obviamente feito de metal, já que não há sinal de deformação do objeto... – explicou com simplicidade. Harry e Rony deram de ombros.
- Continue Gina – Harry pediu e esperou que ele guardasse o papel no bolso.
- Bem, a moeda era negra, de algum metal escuro e desconhecido, tudo indica que é dinheiro de Você-Sabe-Quem – os outros franziram a testa.
- E por que Você-Sabe-Quem ia querer moeda própria?
- De certo porque quer acabar com o mundo da forma que o conhecemos, Ron. E que forma melhor de provar para todos que o mundo pertence a ele do que tendo moeda própria? – Mione acenou com a cabeça, concordando com o amigo.
- O que mais o idiota do Malfoy te disse, Gina? – Rony perguntou, distraído, e Mione lhe chutou a canela, para que respeitasse as amizades da irmã. A ruiva ignorou e prosseguiu.
Contou tudo sobre Karkaroff e a reunião com alguém misterioso na biblioteca, sobre o jantar para pessoas influentes no mundo bruxo. Deu todos os detalhes que Draco havia contado, parando algumas vezes para checar o papel em que tinha rabiscado as informações mais importantes, por fim deu um sorriso amarelo e se desculpou.
- Estava quase me esquecendo – riu. – Krum – Rony sentiu as orelhas arderem.
- O que tem esse panaca? – perguntou, irritado.
- Ele estava lá na casa do Draco também, de cochichos com Karkaroff – Harry franziu a testa.
- Ele deve ser um Comensal. Os dois – Rony protestou, levantando da mesa. – Eu odeio aquele idiota, patético, cretino, panaca, estúpido – tomou fôlego. Os outros estavam impressionados com a quantidade de insultos por minuto. – Filho da...
- Rony! – Harry tapou a boca do amigo. – Temos meninas aqui, por favor – Mione estava impressionada.
- Roniquinho está com ciúmes – Gina caçoou. O irmão pareceu ficar possesso com o comentário.
- Quem está com ciúmes aqui? Quem está com ciúmes aqui? Harry? – o amigo deu de ombros. Se já não gostava de tomar partido de nenhum lado quando se tratava de brigas entre Rony e Hermione quem dirá entre ele e Gina.
- Senta aí Ronald Weasley. Antes que eu realmente me irrite. Afinal, não era eu que tinha uma miniatura dele jogando quadribol. Miniatura essa que eu sei que você explodiu e queimou os pedaços nas férias do ano passado – Gina ficou branca. Tinha sido ela quem tinha contado a travessura do irmão para Hermione.
- Obrigado por isso, maninha – reclamou em meio à briga. Mas Mione ainda não tinha acabado.
- Então não me venha acusar o Vítor. Você nem ao menos o conhece – ele a interrompeu, furioso, parecia ter o corpo em brasa, as orelhas fumegavam, parecia que a qualquer momento ele cuspiria uma labareda de fogo, como os dragões que Carlinhos cuidava.
- VÍTOR? – perguntou em tom elevado de voz. – Agora é Vítor? E depois é o quê? Vitinho? Você o está defendendo muito para quem o achava mais metido que o Malfoy. Posso imaginar o quanto você o conheceu a fundo, Hermione Granger – disse em tom debochado. Harry afundou o rosto nas mãos, depois de trocar um olhar apreensivo com Gina. Sabia que o amigo agora tinha ido longe demais. Mione ficou de pé.
- Você nunca mais vai pôr em dúvida a minha integridade, Rony Weasley. Nunca – os olhos se encheram de lágrimas, que tentou segurar em vão. Rony quase se arrependeu do que disse naquele instante mas o arrependimento o atingiu como uma maldição imperdoável, segundos depois, com a última frase dela. – Você entendeu tudo errado. Eu pensei que me conhecesse o suficiente mas você não conhece – lamentou-se, entre soluços. - Está tudo acabado entre nós – completou secamente, colocou o anel de compromisso que ele lhe havia dado encima da mesa e subiu correndo as escadas para seu quarto.
Rony olhou para a irmã e depois para Harry. Os dois estavam chocados mas o ruivo se sentia muito pior. Sentia-se atropelado por um trasgo. Respirou fundo algumas vezes. O silêncio era desesperador. Fungou. Nunca tinha sentido tanta vontade de chorar em toda a sua vida. Pegou o anel e o colocou no bolso. Harry e Gina se entreolhavam. Não sabiam se deveriam dizer alguma coisa. Por fim, a algazarra dos alunos preencheu a sala comunal.
- Ron... – Gina disse carinhosamente. – Eu... Sinto muito – ele tentou sorrir.
- Não. Não sinta. Eu sempre fui um grande idiota mesmo. Era só uma questão de tempo até que ela percebesse isso – lamentou-se, dando de ombros. – Vamos descer – Harry franziu a testa e indicou o andar de cima para Gina, para que fosse ver como Mione estava, ele cuidaria do amigo. Sabia como deveria estar se sentindo agora.
- Eu vou buscar a... A... – Harry olhou Gina, para que inventasse uma desculpa mais rápido. – A minha pena de repetição rápida, a que você me deu, Harry. Tenho Poções hoje – mentiu. Despediu-se dos dois e subiu as escadas correndo.
Gina chegou arfando na porta do quarto de Hermione. Esperou um tempo, para que estivesse menos ofegante, e bateu na porta.
- Mione? Sou eu. Posso entrar? – a menina soluçou algo agudo e alto, o que Gina interpretou como um sim. Abriu a porta devagar e encontrou a amiga deitada de bruços na cama.
- Eu não vou voltar para ele, Gina. Pode esquecer – disse, chorando, o rosto estava vermelho e molhado. Olhos vermelhos como os de um vampiro. Gina se sentou perto dela e afagou seus cabelos.
- Eu não vim aqui porque estou preocupada com o meu irmão, Mione. Eu estou preocupada com você – a amiga se sentou. Tentou sorrir para Gina mas não conseguiu. Novamente duas lágrimas grossas escorreram.
- Ele foi um completo estúpido. Como pôde falar algo como aquilo para mim? Você sabe o quanto eu amo aquele idiota...
- Eu sei, Mione, e ele ama você...
- Por favor não diga isso agora. Não o defenda. Eu não mereço me sentir culpada por algo que é inteiramente culpa dele – a ruiva assentiu.
- Me desculpe. Eu só não sei o que fazer para fazer você se sentir melhor, Mione – disse, abraçando a amiga, que soluçou seguidas vezes.
- Temos que descer, Gina. As aulas vão começar a qualquer minuto – fungou.
- Você não está em condições de ir, Mione. Vou mandar o Harry avisar que você está doente – a amiga sacudiu a cabeça.
- Não Gina. Eu vou. Eu tenho minhas responsabilidades. Não me interessa se o seu irmão vai ou não vai estar lá. E não me interessa se eu pareço um bicho-papão deformado e inchado – terminou, a voz chorosa. Gina tentou consolá-la.
Enquanto isso Harry caminhava apressadamente, tentando acompanhar Rony até a aula de Transfiguração. Rony não conversou sobre o assunto durante todo o café e fez o possível para disfarçar o que estava sentindo. Os outros meninos acharam estranho a ausência de Hermione e Gina mas não comentaram, limitando-se a achar que Harry e Rony estavam particularmente estranhos naquela manhã.
- Rony. Hey, Rony, espere – Harry finalmente o alcançou na porta da sala da professora McGonagall.
- Estamos atrasados – respondeu, entrando e sentando em uma das carteiras do fundo da sala.
Harry ficou meio na dúvida se deveria ou não se sentar ali, afinal era amigo de Hermione também. Ficou mais calmo quando viu a amiga entrar na sala acompanhada por Lilá e Parvati. As três se sentaram na primeira fila. Rony acompanhou até que Hermione se sentasse mas disfarçou quando ela virou para trás para pegar o material na mochila e passou os olhos pela sala, procurando por ele. Assim que avistou Harry ela se voltou para frente rápido. Rony fingiu que não viu nada.
- Rony... – Harry ensaiou o início de uma conversa mas a professora começou a aula.
Embora a aula da professora McGonagall fosse, em geral, uma das preferidas de Rony permanecer no mesmo recinto que Hermione o estava fazendo se sentir péssimo. Ele podia observá-la de costas, suspirando de vez em quando. Sabia o quanto a havia magoado e se sentia um idiota por isso.
A aula pareceu durar um século e ao final era como se ele tivesse travado uma árdua batalha contra um lobisomem ou dois. Sentia o corpo doer, a cabeça latejava. A sensação de vazio não melhorou durante o almoço mas mesmo assim se alimentou. Sabia que à tarde teriam aulas de esgrima com Fleur e precisava estar bem disposto.
Harry e Gina não almoçaram juntos. Ambos sabiam que deveriam estar com os amigos naquele momento, por isso apenas trocaram olhares solidários e carinhosos um com o outro. Estavam sentados cada um em um extremo da mesa da Grifinória. Gina se sentia mal pelo irmão e achava que parte da responsabilidade da briga dos dois era sua, que embora não tivesse interferido e não justificasse nada, tinha sido por uma provocação sua que Rony havia ficado tão fora de controle. Harry imaginava o que a namorada estava sentindo e estava ansioso para conversar com ela, abraçá-la e consolá-la também.
Depois do almoço os alunos do sexto e sétimo ano se dirigiram para os jardins, onde Fleur os ensinaria a manejar as espadas de madeira. Foram separados por casa e altura. Gina ficou particularmente calma por ter certeza de que, pelo menos durante as aulas de Fleur, Harry e Draco não lutariam. Mas estava enganada.
- Muito bem pessoal – Fleur disse em tom simpático. Rony percebeu que Hermione estudava, disfarçadamente, os efeitos da descendente de veelas nele e forçou um sorriso para a professora. – Agorrra que estão divididos, vou ensinarrr como se maneja uma espada.
Fleur se colocou na frente dos grupos de alunos e mostrou a postura correta, fazendo alguns movimentos básicos, para que fossem imitados. Depois de quase uma hora do aquecimento ela começou a passar entre eles e selecioná-los por aptidão. Isso colocou Draco, Harry e, para surpresa de todos, Gina em um mesmo grupo. Rony e Hermione ficaram juntos em um nível intermediário.
Fleur começou a separá-los aos pares, colocando um de frente para o outro. Deveriam formar duplas para iniciar os duelos. Ela colocou Rony e Hermione, numa atitude que a última considerou proposital, um de frente para o outro. Fez o mesmo com Draco e Gina e puxou Harry sua frente dela.
- Arry, Você pode me ajudarrr a demonstrrrarrr alguns movimentos básicos enquanto os outros imitam? – Harry concordou. Sabia que Fleur tinha plena consciência de que ele manejava muito bem uma espada, só estava agora um tanto quanto preocupado com o fato de Gina duelar com Malfoy mas sua preocupação se dividia com Rony e Hermione, que pareciam estar prontos para se matarem a qualquer momento. - Querrridos, vocês devem fazerrr o mesmo que eu e Arry fizerrrmos. Não querrremos que ocorrram acidentes aqui como o que aconteceu com a prrrofessorrra Chang que, porrr sinal, está convalescendo na ala hospitalar, tem um elfo doméstico responsável porrr ela, já que a pobrrrezinha não pode mexer os brrraços – lamentou-se enquanto se posicionava. – Podemos começar, Arry? – Harry segurou uma risada, assentiu e começaram a duelar devagar, sendo seguidos pelos alunos, alguns mais ousados e empolgados, outros mais desajeitados e tímidos.
Depois de seguir uma série básica ela mudou o ritmo, passando a algo mais emocionante, lutando com um pouco mais de seriedade. Harry estava se saindo bem e observava que Draco estava sendo particularmente gentil com Gina, permitindo que a garota desenvolvesse uma luta graciosa e esportiva, com cuidado para não a machucar. O que o estava preocupando mais eram Rony e Hermione, que lutavam de forma entusiasmada demais para o temperamento de ambos, e sabia que aquele que perdesse ficaria perigosamente furioso.
Os dois batiam as espadas rapidamente e com força, descontando a tensão. Depois de algum tempo os outros alunos pararam de lutar e formaram um círculo em volta deles.
- Faça alguma coisa Gina – Neville cutucou a amiga, que estava chocada com aquilo. Draco riu e disse baixinho entre dentes, sem mexer os lábios.
- Se eu fosse você não me meteria nisso, ruiva. Pode sobrar para você. É um "duelo de titãs" – debochou. – O panaca versus a sangue-ruim. Realmente é algo que não se vê todo dia. E até divertido, apesar de patético. Na minha opinião deveriam arrumar um quarto e gastar toda essa energia de forma útil mas quem entende vocês, grifinórios – Gina ignorou o comentário, deu alguns passos e se infiltrou entre os alunos, pararando ao lado de Harry.
- Harry, isso tem que parar. Vou falar com Fleur – os dois olharam para a professora, que estava impressionada com a luta do ex-casal.
- Vamos lá Weasley – Hermione gritou, provocando. – Não pode fazer melhor? – Rony apertou os olhos.
- Estou apenas me esquentando, Granger – respondeu, ficando púrpura até a raiz dos cabelos. Mione ergueu uma das sobrancelhas.
Começaram a se mexer por entre os alunos, que abriam caminho para eles. Hermione atacava agora, Rony ia andando cada vez mais para trás, até que os golpes rápidos da garota o fizeram encostar-se a uma árvore. Gina ergueu os olhos para Harry e depois para Fleur, que piscou para a amiga, que não entendeu absolutamente nada.
Hermione deu mais alguns golpes e desarmou Rony, fazendo com que a espada do rapaz voasse longe. Ela apontou a própria espada para o peito dele e sorriu, triunfante. Os dois ofegavam e estavam suados.
- Você perdeu, Weasley – ela disse com a voz rouca, quase falhando.
- Perdi é? – Rony perguntou, debochado, e com um reflexo rápido segurou Hermione pela nuca e a puxou para si, colando os lábios nos dela.
Ela sentiu as pernas bambearem mas logo se desvencilhou, empurrando-o para o chão. Virou às costas e saiu correndo de volta ao castelo. O ex-namorado estava pasmo com a própria atitude. Os alunos começaram a se dispersar, alguns chocados, outros rindo muito. Harry foi ajudar o amigo mas Gina tinha resolvido fazer uma pergunta importante para a professora.
- Por que você não os separou? Eles poderiam ter se matado lá – Fleur riu.
- Minha querrida Gina, tem cerrtas diferrrenças entrrre casais que só se rrresolvem de duas maneirrras – riu. – Crrreio que a prrrimeirrra maneirrra não foi eficiente então eles vão decidirrr da segunda – as duas riram juntas.
Harry ergueu Rony e Gina se juntou a eles.
- Você está bem, Ron? – Gina perguntou, mais por falta do que dizer do que por preocupação. O irmão franziu a testa.
- Eu acabei de perder uma luta para uma garota, para a minha garota. Hey! Espere, minha não, já que ela deixou claro na frente da escola inteira que não é mais minha garota – prosseguiu de forma sarcástica. – Então como estou? Estou ótimo. Melhor impossível. Para ficar mais divertida a minha situação só se eu fosse escaldado ou tivesse os ossos removidos ou algo que pessoas patéticas como eu devem sofrer – ele se lembrou do segundo ano e do feitiço de Lockhart. – Desculpe por isso, Harry. Nada pessoal – o amigo deu de ombros.
Os três continuaram o resto do caminho para o castelo em silêncio. Harry sentiu a mão de Gina gelada entre a sua. Sabia que estava nervosa. Assim que chegaram na sala comunal Rony subiu as escadas para se lavar e não desceu mais. Harry e Gina decidiram deixar os dois um tempo sozinhos, para pensar sobre tudo que tinha acontecido. Além disso, ele sabia que a namorada estava se sentindo mal por tudo aquilo.
Os dois estavam abraçados em silêncio no sofá, em frente à lareira. Quando a sala estava vazia ela finalmente abriu a boca para falar mas foi interrompida.
- Não, eu não acho que seja culpa sua. Você fez apenas uma brincadeira com Rony. E, se quer saber, ele explodiria mesmo se você não fizesse – ela se surpreendeu.
- Você está lendo meus pensamentos de novo, Harry? Combinamos que não usaríamos mais a telepatia até que soubéssemos como usá-la de forma segura e... – ele riu da postura responsável e adulta dela, com as mãos na cintura e o semblante sobressaltado.
- Não. Eu não preciso realmente de usar telepatia para adivinhar você, meu amor. Eu percebi como você estava se sentindo. E passei o dia todo preocupado com você, nos intervalos em que o seu irmão não estava me levando à loucura pela pior crise de dor de cotovelos da história – Gina sorriu.
- Nem me fale. Mione também está péssima. Eu realmente me sinto culpada – abaixou a cabeça.
- Hey – disse, erguendo o queixo dela. – Combinamos de não sentir mais isso, lembra? Não foi culpa sua. Você conhece muito bem o seu irmão. Sabe como ele e Mione sempre foram explosivos um com o outro – ela concordou.
- Eu sei. Mas me sinto tão desanimada com isso. Eu gostaria de poder ajudá-los de alguma forma. Eles se amam, Harry. Sabe? É como se de repente as coisas estivessem diferentes, como se estivéssemos em um mundo paralelo, onde tudo pode acontecer ou algo assim – ele olhou dentro de seus olhos.
- Muito bem, entendi onde você quer chegar. Vamos lá, pode dizer – Gina ficou sem graça.
- Dizer o quê? – ela disfarçou e ele sorriu.
- Não me faça usar a telepatia em você, mocinha – brincou.
- Está bem. Eu não quero que aconteça o mesmo conosco, se quer saber – Harry a abraçou com força, beijando-lhe o alto da cabeça.
- Isso não vai acontecer, baixinha – ela protestou, ainda nos braços dele.
- Hey, eu não sou baixinha – os dois riram um pouco. – E, depois, as minhas preocupações são legítimas. Eu sei o que você sente quando eu vou me encontrar com o Dra... – ele tentou dissimular. – Malfoy. Está vendo? É só eu falar o nome dele que você fica estranho – Harry se ajeitou no sofá. – Eu entendo você. Eu também não gostaria que estivesse vendo aquela idiota da Chang – Harry riu e Gina não entendeu. - Você acha engraçado? Eu também tenho ciúmes e...
- Não. Não é isso. Eu estou rindo porque sei de algo sobre a Cho que você não sabe – ela franziu a testa, tentando ignorar o fato de ele ter chamado a sua ex-rival pelo primeiro nome.
- E eu posso saber por acaso o que é? – colocou as mãos na cintura, fazendo com que Harry risse ainda mais e a puxasse de novo para si.
- Lembra-se do que Fleur disse hoje? Que tem um elfo doméstico cuidando de Cho na enfermaria? – Gina já ia perguntar se ele tinha feito uma visita a ex-apanhadora da Corvinal mas Harry foi mais rápido em responder. - Eu não a visitei, se quer saber, mas fui visitado hoje. Por Dobby – explicou. - Ele fez questão de me contar que é o responsável pelos cuidados com a "professora Cho-Chata", como ele mesmo a chama – Gina esboçou um sorriso. – Ele me visitou antes da aula de Fleur e foi por isso que eu tive grandes dificuldades em conter o riso quando ela tocou no assunto do "acidente" com Cho. Dobby disse que está se encarregando de pôr bastante sal na comida dela, inclusive nos doces e na água – Gina deu uma gargalhada. – E que apesar de saber que ela é alérgica a gatos, que a fazem sentir vontade de se coçar, embora com os braços quebrados não seja possível fazê-lo – o próprio Harry começou a gargalhar a partir daí, tendo dificuldade para continuar. Gina estava com lágrimas nos olhos de tanto rir. – Ele a deixa a tarde inteira na companhia de Bichento – mais risadas dos dois. – E... – tomou fôlego. – Agora vem a parte mais engraçada – respirou fundo. – Dobby disse: "Estou fazendo pouco, devia lhe quebrar as duas pernas, deixando uma bigorna cair acidentalmente em cima dela, por ela ter aborrecido a 'Srta. sua Wheezy', Harry Potter, senhor" – imitou o elfo doméstico e os dois gargalharam um bom tempo.
- Dobby é realmente uma criaturinha adorável – ela disse, rindo mais. Depois parou, colocando a mão no peito, recuperando o fôlego, mas antes que pudesse retomar uma respiração normal Harry pressionou os lábios furiosamente nos dela e enquanto Gina se deixava beijar fez uma nota mental para si mesma, lembrando-se de dar uma ótima coleção de meias de lã a Dobby no Natal.
