Mais de uma semana havia se passado desde a briga de Rony e Hermione e os dois ainda não estavam se falando. Era esquisito para os amigos, já que com o passar dos dias os dois concordaram silenciosamente em dividir o espaço de sempre às refeições. Apenas era estranho o fato de não se falarem, apesar de estarem agindo normalmente com Harry e Gina. Parecia até que eram completos desconhecidos ou mesmo que não eram capazes de ouvir e enxergar um ao outro, como seres em mundos distintos ou pessoas que não falavam o mesmo idioma. Era incômodo mas pelo menos não era insuportável, como todos imaginaram que seria.
Naquela manhã chuvosa o professor Lupin passou por eles e deu um leve tapinha nas costas de Harry.
- Estou indo encontrar os meninos Weasley – referiu-se aos gêmeos. – Recebi uma coruja deles ontem à noite. Têm novidades para nós. Agora mostraremos ao seboso do Snape que você teve uma grande idéia sugerindo os meninos – com isso despediu-se e saiu porta afora. No mesmo instante Olívio caminhou animado até eles.
- Olá pessoal – cumprimentou animado. Harry, Rony e Gina se entusiasmaram.
- Olá Olívio – Gina cumprimentou. – E então? Realmente vamos ter o campeonato?
- É claro que sim – respondeu com veemência. – Estou trabalhando para isso. Aliás, os times que estão desfalcados podem começar a procurar novos jogadores. Teremos oito dias disponíveis para isso. Dois para cada time. Estou me encarregando de informar cada capitão, para que possam abrir vagas e disponibilizá-las no mural das salas comunais – falava depressa, ainda tinha que avisar aos outros capitães. – Cá entre nós – disse em tom mais baixo –, estou torcendo muito por vocês – os três riram, até Hermione esboçou uma risada.
Depois de dar o recado Olívio se retirou para a mesa da Lufa-Lufa, deixando os quatro sozinhos de novo. Simas e Dênis se aproximaram, animados.
- Então vamos mesmo jogar? – Dênis perguntou, sorridente, Harry assentiu.
- Vamos precisar de novos jogadores, Harry – Simas disse com convicção.
- Nem me fale... Vou colocar um aviso hoje mesmo na sala comunal. Temos que encontrar os melhores da Grifinória. É o último campeonato que jogaremos – disse com melancolia, sentindo na pele o que Wood deveria ter sentido em seu terceiro ano, quando finalmente ganharam a Taça de Quadribol.
- Nem todos nós – Gina disse timidamente. – Eu ainda jogarei no ano que vem. E Dênis também - Harry sentiu o estômago afundar. A namorada ainda teria que ficar um ano a mais em Hogwarts, sem ele lá para protegê-la. Aquele pensamento lhe fez mal então resolveu deixar para pensar depois naquilo. Já era ruim o suficiente ter que salvar o mundo, administrar a briga entre os melhores amigos, estudar para as provas finais e no intervalo disso tudo tentar ganhar o campeonato de quadribol.
Harry afixou depois do café um pergaminho explicando como seriam os testes para ingressar no time e quais vagas precisavam ser preenchidas. Depois desceu para a aula de poções. "Como se eu já não tivesse problemas suficientes", pensou enquanto descia com os amigos para as masmorras.
Enquanto isso Remo já estava nos fundos da "Gemialidades Weasley", avaliando o que os gêmeos haviam preparado para a Ordem usar contra Voldemort e os Comensais. Os dois estavam sorridentes e confiantes mas ao mesmo tempo pareciam tremendamente compenetrados e sérios quanto à tarefa que lhes fora designada pelo ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
- E então meninos? – Lupin disse, esfregando uma mão na outra. – Impressionem-me – Fred e Jorge sorriram.
- Acho melhor o senhor se sentar, professor – Remo obedeceu e colocaram uma série de objetos curiosos em cima da mesa. O professor não entendeu do que se tratava tudo aquilo mas logo os gêmeos começaram uma apresentação do arsenal "Gemial" que haviam criado.
- Nós pedimos uma ajuda ao nosso irmão, Percy, já que trabalha no Ministério, para podermos obter autorização de legalizar todo o "arsenal Gemial" – Lupin acenou com a cabeça, admirado com o cuidado e responsabilidade da dupla. – E também pedimos que o nosso irmão nos ajudasse na demonstração. Percy – Jorge chamou o irmão mais velho, que saiu de uma porta com uma roupa engraçada, totalmente acolchoada.
- Pra que tudo isso, meninos?
- Pra segurança dele, é claro – Fred respondeu, Percy estava visivelmente mal humorado.
- Eu ainda não sei como me convenceram de ser a cobaia de vocês... – Jorge riu.
- Ora, você é o nosso piloto de testes, maninho – Percy deu um sorriso sarcástico para os dois.
- É – Fred completou. – E sabemos que na verdade você está adorando, já que com isso vai poder impressionar uma certa francezinha que conhecemos – Percy corou até a raiz dos cabelos e Remo deu uma gargalhada animada.
- Muito bem. Comecem logo com a demonstração antes que eu mude de idéia – o irmão mais velho disse, encabulado.
- Bem, vamos começar com as coisas mais simples, depois com as mais elaboradas.
Pegaram um pequeno frasco com vários feijõezinhos coloridos mas não eram Feijõezinhos de Todos Os Sabores.
- Essas são as "Pílulas Camaleônicas" – entregaram uma na mão do professor e outra na mão de Percy. – São úteis para camuflagem. Uma vez tomadas por quinze minutos a pessoa pode se disfarçar em qualquer ambiente. Nós fizemos essas com baixa duração, para demonstrações, mas o máximo de tempo que pudemos conseguir foram quinze minutos. Mais do que isso a pessoa tem uma crise de coceira terrível, não é Fred? – Jorge implicou. O irmão rolou os olhos para cima.
- Nem me lembre disso – respondeu, rindo e coçando a parte de trás das orelhas. – Percy, tome uma para o professor poder ver o potencial da "coisa" – o rapaz respirou fundo, pegou uma das pílulas e enfiou na boca, mastigando-a.
- Tem gosto de quê? – Remo perguntou.
- De bala de menta, extra forte – os gêmeos riram.
- É a nossa preferida e não há quem não goste de... – Percy franziu as sobrancelhas.
- Vocês sabem que eu detesto menta – disse, irritado, mas Lupin não prestou atenção no que ele dizia, uma vez que seu rosto estava agora estampado com as cores do papel de parede da pequena sala.
- Meninos, isso é impressionante. Muito bom. Poderemos nos disfarçar em diversos ambientes. Seria inviável encomendarmos capas de invisibilidade para todos da Ordem, além do mais, muito mais rápido do que usar um feitiço da desilusão – os gêmeos ficaram satisfeitos. Percy de um espirro e voltou ao normal, antes de ter ficado da cor da feia cortina roxa que pendia de uma das janelas. - Aprovado – disse, sorrindo. – Nossa, Sirius vai adorar isso – os meninos riram também, inclusive Percy dessa vez.
- Temos mais coisas, professor – separaram umas tiras fininhas e indicaram ao professor.
- Isso é o quê?
- Amarracarrão. Se você colocar no fogo e servir com molho de tomate fica delicioso, porém cru pode amarrar qualquer coisa e agüenta até duzentas libras sem arrebentar – Lupin riu. – Pode ser útil para levarmos nas sacolas. E pode ser encantado para atacar o seu oponente, como uma cobra, se enroscando nele.
- Que massa perigosa, meninos. Um macarrão assassino, eu diria... Mas funciona? – sacudiram a cabeça afirmativamente.
- E é leve e gostoso. Percy provou, não é Percy? – o mais velho concordou, desanimado. Os meninos então passaram ao próximo item da lista.
Encima da mesa espalharam diversas bolinhas coloridas. Remo se aproximou e eles lhe entregaram um pequeno canudinho de madeira.
- Do que se trata? – o professor perguntou, curioso.
- São diferentes armas aqui. Como mesmo princípio. Nós nos baseamos em uma brincadeira que gostávamos de fazer em sala de aula. Você pega uma dessas bolinhas, coloca dentro do canudinho e sopra na direção do inimigo. Elas só são acionadas pela velocidade então não tem como você se auto-enfeitiçar tocando nelas. Cada cor corresponde a um feitiço padrão. Por exemplo... – Fred pegou uma vermelha e colocou no canudinho, apontando-o para Percy. Lupin entendeu o porquê da sua roupa protetora. O gêmeo soprou. – Essa é uma magnética – explicou no mesmo instante em que todos os objetos metálicos da sala voaram em direção ao irmão. – Transforma a pessoa em um imã gigante, é temporário mas ajuda muito no caso de lutas de espada em que você não tem uma – os dois gêmeos Weasley riram.
- Ou se você quiser transformar o seu oponente num idiota – Percy resmungou, coberto de panelas, garfos e outras bugigangas metálicas da sala.
- Essa – Jorge continuou mostrando uma azul – é uma embaraçadora – soprou em Percy quando o irmão já estava se recuperando da magnética. O rapaz ficou tonto e caiu no chão, não conseguindo se levantar de modo algum. – Ela faz com que a pessoa enxergue o mundo de cabeça para baixo. É temporário também mas se você usar seguidas vezes pode fazer o oponente vomitar – Remo estava impressionado.
- Mais alguma?
- Sim, mais duas. A adormecedora, que faz com que a pessoa durma. E tem a verde, que é a curarizante, pode apenas adormecer os músculos, depende do adversário, mas se for muito fraco pode até matá-lo se usada seguidas vezes. É como um "Petrificus Totalus" instantâneo – Fred completou a explicação, seriamente compenetrado. Percy agradeceu por não testarem as duas últimas nele.
- Nós também adaptamos algumas bombas de bosta. É claro que nossos bruxos terão que usar um feitiço bloqueador de cheiro especialmente criado por nós, pois a Cortina de Fedor pode ser fatal – Jorge disse, sorrindo. - Você joga a bomba e uma fumaça marrom e fedorenta cobre tudo num raio de cinco metros. É boa para fugir e também para passar incógnito – o professor achou tudo muito bom.
- Bem, agora só nos resta levar tudo isso ao Moody, para que ele assine a aprovação e autorize a fabricação disso em larga escala. Vamos precisar desse arsenal pronto para cada bruxo da Ordem – Remo emendou e Percy pigarreou.
- Bem, eu falarei pessoalmente com Alastor, professor. Eu pretendo ajudar com essas questões burocráticas e...
- Conquistarrr a adimirração de estrrrangeirros – Fred implicou, imitando Fleur. Percy se retirou, mal humorado, para trocar de roupa e Lupin se despediu, agradecendo aos três pela demonstração.
De noite, após o jantar, já havia um pequeno grupo de interessados nas vagas de batedor e artilheiro, pertencentes no ano anterior a Edward Newton, que já tinha se formado, e Anne Marie, uma das alunas provisórias de Beauxbatons. Depois de inscrever os pretensos jogadores Harry se sentou com os amigos em frente à lareira. Rony e Hermione pareciam alheios a qualquer conversa que Harry e Gina tentavam puxar. A garota estava com o rosto afundado no Livro Interminável de Aritmancia e Rony parecia estar muito interessado em contar o número de buracos de cupim nos troncos de lenha da lareira. Gina trocou um olhar com Harry e os dois deram de ombros. O ex-casal não estava para conversa mesmo naquela noite.
Não demorou muito pra Hermione colocar o grande livro debaixo do braço e se retirar da sala comunal. Rony foi o próximo. Acenou para a irmã e para o amigo e também se retirou em silêncio. Gina, que até então estava no sofá, ao lado de Hermione, bateu a mão ao seu lado, chamando Harry mais para perto.
- Você acha que isso vai durar muito? – perguntou ele, preocupado. – Eu nunca vi eles ficarem sem se falar assim. Quer dizer, sem nem mesmo tocarem no assunto conosco. É como se tivessem morrido uma para o outro – Gina concordou.
- Eu sei. Eu também acho isso muito estranho – ele colocou o braço em volta dela e Gina deitou a cabeça em seu ombro. – Eu sei que eles se amam mas também imagino que esse tempo vai ajudar de alguma forma a superarem as diferenças que têm. Rony é tão cabeça dura que às vezes dá até raiva – Harry riu.
- A Mione também não é nada fácil Gi. Ela não dá muito descanso para ele – a menina concordou.
Enquanto conversavam a sala foi se esvaziando. Fazia tempo que não ficavam sozinhos. Passavam o dia inteiro divididos entre os amigos, que agora não se falavam, então exigiam mais atenção da parte deles. De repente se viram sozinhos. Olharam para os lados e perceberam que já era tarde. Haviam passado horas apenas conversando sobre vários assuntos, quadribol, Rony e Hermione e por fim, como não podiam evitar o assunto, a guerra iminente.
- Então você acha mesmo que as coisas vão piorar? – Gina perguntou enquanto colocava as pernas para cima do sofá e abraçava os joelhos. Harry assentiu. Ela encostou o queixo nas pernas, abaixando a cabeça.
- Hey, não precisa ficar assim. Você vai ficar bem – consolou.
- Harry, você sabe que não é isso que me preocupa. E como eu posso ficar bem sabendo que posso perder você de forma tão estúpida? – ele não sabia o que dizer.
- Vem cá, vem – puxou-a para perto de si e a deitou sobre o peito. O coração dele batia apressado. Ela ficou escutando as batidas por alguns momentos.
- Eu quero lutar ao seu lado – Harry se levantou do sofá bruscamente.
- Não me peça isso, Gina – ela ficou séria.
- Eu não estou pedindo. Eu estou informando – respondeu com simplicidade.
- Você tem idéia do que está dizendo? Do risco que vai correr? – ela assentiu.
- Se você pode correr esse risco eu também posso, Harry. Dumbledore está nos preparando para a guerra, afinal de contas. E eu já passei por coisas piores. Eu já fui possuída por Você-Sab... Por Voldemort – disse o nome sem tremer. Harry ficou impressionado.
- Eu sei disso. Eu sei. Mas eu não quero – ela sorriu de modo condescendente.
- Harry, isso não é sobre o que queremos ou não. O que eu quero é ficar com você aqui, para sempre, aconchegada no seu peito, como se não precisássemos fazer mais nada na vida, mas não é assim. Infelizmente não é assim. E você sabe disso...
- É, eu sei – ele a abraçou com força, e beijou sua na testa. "Mas eu preciso pensar em um modo de te proteger disso tudo", pensou. – Venha, vamos fazer uma coisa que não fazemos há um bom tempo. Me espere aqui – subiu as escadas e voltou com a capa de invisibilidade do pai dobrada nas mãos e sua vassoura nos ombros. Cobriu ambos e saiu pelo buraco do retrato devagar. Caminharam em silêncio até o Hall de entrada e foram até o lago.
Harry retirou a capa e a colocou em cima de um dos bancos de cimento. Posicionou Gina à sua frente e os dois, montados na vassoura, deram um pequeno impulso no chão. Em segundos estavam voando alto.
Estava frio e o vento mantinha as vestes de ambos coladas ao corpo. Harry a enlaçou com uma das mãos e repetiram o vôo duplo do ano anterior. Ainda estavam em silêncio. Era como se o momento fosse feito apenas para relaxar e limpar as mentes de preocupações e medos.
Quando desceram se sentiam bem melhor, a adrenalina correndo pelas veias e a enorme quantidade de endorfinas liberadas com o vôo havia deixado os dois relaxados e com as bochechas vermelhas.
Enquanto entravam embaixo da capa Gina parou Harry e sorriu. Encostou os lábios nos dele devagar e então respirou fundo, tomando coragem para dizer algo. Harry percebeu.
- O que houve? – perguntou, preocupado. – Está tudo bem? – ela acenou que sim, abriu a boca e encarou o chão, vermelha até as orelhas. - Gina? – ela suspirou.
- Está bem. Eu quero tentar de novo – ele franziu a testa.
- De novo...? – gesticulou para que ela especificasse o quê. A ruiva franziu as sobrancelhas e ele entendeu do que se tratava. - Ah! Você diz tentar, tentar – parou sem acreditar. – Mesmo? Quando? Agora? – ela riu da animação dele.
- Eu vou combinar com a Mione. Vou fazer com que ela afaste o Rony e nos empreste o quarto. Talvez no final de semana de Hogsmeade, logo depois do jogo. Vamos jogar contra a Lufa-Lufa em duas semanas, não é? E depois do jogo poderemos escapulir, como quem não quer nada, ninguém vai dar pela nossa falta, por causa da agitação do jogo e do passeio a Hogsmeade, a escola vai ficar vazia e... – Harry riu. – O que foi?
- Você planejou tudo isso agora? – ela piscou.
- Bem, digamos que o vôo duplo me deu muita inspiração – os dois riram. Harry lhe deu um beijo mais demorado desta vez.
- Eu vou me lembrar disso – disse enquanto voltavam para o castelo.
No dia seguinte Harry ficou às voltas com a seleção do novo batedor e artilheiro. Depois de diversos testes escolheram como batedora uma menina da turma de Gina e, para surpresa de todos, Dino Thomas conseguiu uma vaga na artilharia. Harry ficou satisfeito com os novos jogadores. Agradeceu a participação de todos e fez um rápido discurso de boas vindas aos novatos.
Depois assistiram a seleção dos novos jogadores do time da Corvinal. Um novo goleiro foi escolhido e uma menina do sexto ano, Luna Lovegood, como batedora. Depois o capitão fez um discurso parecido com o de Harry.
Luna não estava dando muita atenção a ele, parecia estar interessada em contar as sardas de Rony ou o rapaz tinha alguma sujeira no nariz, já que ela não parava de encará-lo. Ele cutucou a irmã.
- Essa garota tem alguma coisa contra sardas, Gi? – Gina riu.
- Não sei, Ron. Ela é meio maluquinha. Eles a chamam de "No mundo da Luna" Lovegood mas é muito inteligente. Tem que ver a pontuação dela no ano passado, foi a melhor de todo o quinto ano, bem, ela perdeu para mim em Herbologia e em Defesa Contra as Artes das Trevas, mas você tinha que ver a cara do Snape quando foi obrigado a pontuá-la com a nota máxima em Poções. Eu não teria passado com o mínimo se não fosse pelo Draco – Rony fez uma careta e os dois se calaram para ouvir os agradecimentos finais do capitão.
Quando o discurso acabou e todos foram liberados, após marcarem dois dias inteiros de treinamento, Olívio chegou animado ao campo.
- Harry, Harry. Que bom que você ainda está aqui – Rony e Gina olharam para Wood e ele se retratou. – Vocês dois também... Bem – mudou de assunto. – A escola ganhou um novo jogo de bolas. Novinhas. Vocês precisam ver o pomo de ouro. Brilha como, como... Ora, brilha como ouro, mas novo em folha sabe? E a goles? Nossa! A antiga estava tão surrada e velha. Até os balaços parecem mais animados e dispostos a voar. Nós vamos estrear o jogo novo na abertura da temporada, isso significa que se você pegar o pomo, e você vai, né, Harry? – emendou. – Vai ser o primeiro a pegar aquele pomo, isso é um fato histórico, não? – Harry não achou grande coisa mas concordou para não desanimar o amigo.
Os quatro caminharam enquanto falavam até que a confusão nas escadas, no horário antes do almoço, fez com que Wood desanimasse e fosse procurar os outros capitães para contar a novidade.
Depois de se trocar se juntaram a Hermione à mesa. Novamente nenhuma palavra foi trocada por ela e Rony. Embora estivessem quase frente a frente. Neville estava animado com a escolha de Dino e Luna, a batedora nova da Corvinal, estava treinando a rebater almôndegas enfeitiçadas em seu prato. A loira as rebatia com o garfo e elas voltavam, antes de enfiá-las na boca e comê-las. Rony olhou para aquilo horrorizado.
- Espero que não resolvam voltar depois de mastigadas – murmurou para Gina, que estava ao lado de Hermione. Esta não riu mas ficou incomodada quando a menina deu uma enorme gargalhada pelo comentário de Rony. Ele riu, sem graça, então fez um gesto rodando o indicador na têmpora, indicando que a menina era, obviamente, doida.
- Pelo menos é boa batedora – Harry comentou entre dentes.
- É, é muito bonita também – Neville disse disfarçadamente. Hermione emburrou a cara e saiu da mesa. - O que deu nela? Eu disse alguma coisa? – emendou e Gina deu de ombros.
- Não esquente, Nev. E aí? Como está o seu ensaio de Poções? – mudou de assunto.
Terminaram de almoçar mas antes que pudessem ir para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas Draco trocou um sério olhar com Gina, o que fez com que a menina entendesse que tinha algo para lhe falar. A garota alcançou a mão de Harry e lhe deu um firme apertão. Ele apenas abaixou a cabeça e se soltou da namorada, vendo com o canto dos olhos a menina entrar na sala de aula vazia mais próxima. Ela não podia imaginar o quanto estava sendo difícil controlar o ciúme. "Eu quero tentar de novo... Depois do jogo", ele lembrou das palavras dela na noite anterior e melhorou, seguindo Rony, para descansar um pouco do almoço antes da aula. Quem sabe um pouco de xadrez?
Draco entrou na sala e pigarreou. Gina estava sentada na mesa, balançando as pernas. Ela parou instantaneamente.
- Diga – falou com pressa.
- Oi para você também ruiva – implicou.
- Oi Draco. Diga – insistiu e ele fez uma careta desapontada.
- Então é isso que eu sou para você agora? Uma fonte ambulante de informações? – Gina olhou séria para ele.
- Não – ele já ia ficando satisfeito quando ela continuou. – Você seria isso se estivesse falando e andando – ele apertou os olhos.
- Ouch! Essa doeu Weasley – Gina ficou de pé.
- Você realmente tem algo para me dizer ou só queria irritar o Harry? – deixou escapar.
- Bem, não vou negar que eu esteja bem mais feliz agora mas na verdade eu tenho – ela ficou em silêncio e ele também.
- Então? – ela cruzou os braços, ansiosa. – Estou esperando – disse em tom de comando.
- Nervosinha hoje, hein, Weasley? Potter não está dando conta do recado? – ela corou. – Bem já ouviu a expressão quem cala consente? – implicou e a menina ficou com o rosto contraído de raiva.
- Já ouviu a expressão vai se f...
- Ruiva? – ele a interrompeu e deu uma gargalhada. – Acertei um nervo, hein? Bem... – ele ignorou a frustração da garota e prosseguiu. – A questão é, meu pai está muito feliz – Gina deixou a boca se abrir.
- Bem, percebo que a sua intenção não era irritar o Harry e sim me irritar. Você me chamou aqui só para isso? Para cair na minha pele? Você tem que rever as sua prioridades, Malfoy – Draco se irritou, não por ela o chamar pelo sobrenome mas por ofendê-lo.
- Hey, é a minha pele aqui, ok? O psicopata é meu pai? Alô? Sangue do meu sangue, carne da minha carne, essas nojeiras que as famílias dizem... Mas a questão é: Lúcio Malfoy está feliz. Muito feliz – ele a segurou pelos ombros. – Ele só ficou feliz assim quando colocou aquele diário dentro do seu caldeirão. E quando soube que eu te levaria ao baile – Gina encarou os olhos cinzentos dele. – Eu nunca te expliquei, não é? Ele mandou que eu fosse gentil com você, mandou que te afastasse do Potter. No início eu não queria, me irritava, mas depois... – baixou os olhos.
- Eu sei o que aconteceu depois, Draco. Mas o que isto tem a ver com...
- Gina, algo me diz que é algo sobre você. Ele não ia tentar nada contra o Potter agora. Não depois de saber o quanto Dumbledore está protegendo o precioso "heroizinho". Snape ter sido pego foi uma grande mostra do quanto o diretor pode investir para proteger o Potter, mas você...
- O que tem eu?
- Bem, Lúcio parece ter uma certa obsessão em te fazer sofrer ou de fazer o Potter sofrer com isso e você não parece estar sendo muito protegida pelo patético do Po... – Gina se irritou.
- Eu sou protegida. Harry nunca...
- Fala sério, ruiva – interrompeu - Ele está mais preocupado com o ciúme idiota dele do que...
- NÃO DIGA ISSO - gritou. - O ciúme dele não é idiota e isso não é verdade –protestou.
- Então você assume que o ciúme dele tem fundamento?
- Não. É claro que não tem, eu nunca...
- Que pena, para mim, mas da parte dele então é idiotice – Gina bufou.
- O que fez você pensar que o seu pai está assim tão feliz, Draco? – ela desistiu de discutir e foi prática.
- Bem, ele mandou uma mensagem para mim hoje pelo correio coruja – Draco esticou o pergaminho para Gina. – Você teria reparado se não estivesse ocupada demais bajulando o namoradinho e aquele idiota do Wood – ela ignorou o comentário e leu o bilhete.
"Draco,
Logo você terá motivos para rir...
L.M."
Assinava com o brasão da família. Gina devolveu a carta com certo desdém.
- E você acha que isso tem algum significado? - Draco olhou bem para ela, furioso.
- Eu sei que tem e sei que tem a ver com você e sei que você está em perigo. E isso é MAIS QUE SUFICIENTE PARA MIM – gritou, ressentido, e saiu, batendo a porta atrás de si.
Gina sabia que devia desculpas ao amigo mas faria isso depois. Agora estava atrasada o suficiente para a aula de Defesa Contra as artes das Trevas.
