Capítulo Quinze - Onde Estavam Os Fundamentos

Gina chegou atrasada na aula de Defesa Contra A Artes Das Trevas. Não perdeu pontos para Grifinória mas o olhar de repreensão de Carlinhos foi pior do que se tivesse perdido. Ela se misturou ao resto da turma e rapidamente foi localizada - pelo lampejo ruivo de seus cabelos - e discretamente chamada para perto dos amigos por Harry, que havia passado todo o início da aula praticamente rastreando a namorada, preocupado por ela estar na companhia de Draco Malfoy.

- Como foi lá? – perguntou, curioso. Gina abriu a boca para contar as novidades mas Hermione a cutucou. Gui estava olhando sério para eles e parecia não querer ouvir conversas paralelas em sua aula.

- Depois eu falo... – sussurrou entre os dentes mas decidiu que não contaria nada a Harry. Não valeria à pena preocupá-lo com preocupações sem nenhum fundamento.

Draco se juntou ao grupo e não percebeu o mesmo olhar de Carlinhos, já que estava de cabeça baixa e nitidamente furioso. Rony abriu um sorriso maroto.

- O que você fez com ele, maninha? Estuporou, foi? – Gina fez um sinal de silêncio quando Gui começou a falar.

- Bem, como vocês sabem as aulas de Defesa Contra As Artes Das Trevas estão sendo divididas esse ano. Hoje vocês começam a lidar com bastões e arcos. Eu e meu irmão aqui – colocou a mão nos ombros de Carlinhos – orientaremos vocês nessa tarefa. A professora Delacour continuará ministrando as aulas de manejo de espada e contará com um assistente para isso. Mas isso não vem ao caso agora – ele se aproximou dos alunos e começou a observar as expressões curiosas, ansiosas e até amedrontadas de alguns deles. - Vocês serão divididos. Metade treinará com os arcos e para isso formarão cinco filas aqui. A outra metade será dividida em duplas, para treino com os bastões. Depois trocarão.

Ele organizou os alunos em dois grupos aparentemente homogêneos. Colocou misturados alunos de todas as casas e não se preocupou em separar os alunos do sexto e sétimo anos.

Gina, Harry e Hermione ficaram juntos em um grupo, enquanto Rony estava em mesmo outro, junto com Draco e, para seu desgosto, a nova batedora da Corvinal, que sorria sem parar para ele.

- Muito bem, façam duplas – Carlinhos comandou um dos grupos enquanto Gui fez com que o outro se dividisse organizadamente nas filas, atrás de uma linha demarcada no chão.

- Vocês podem começar a atirar nos alvos. Não se preocupem em mirar no centro, primeiro precisam aprender a fazer com que as flechas sejam deferidas corretamente, depois se preocuparão com a mira. Façam dessa forma – Gui demonstrou com o seu arco a posição correta para cada aluno que estava na primeira fila. Harry deu de ombros para Hermione e apontaram para o alvo, imitando o ruivo.

As flechas da primeira bateria foram lançadas. Harry havia conseguido acertar o batente que prendia o alvo, estava satisfeito, já que Neville sequer havia conseguido se aproximar do alvo, a flecha estava fincada a um palmo do seu próprio pé. Hermione, por sua, vez estava espantada. Sua flecha havia atingido o centro do alvo e mesmo que fosse o centro do alvo de Neville era uma grande vitória para ela. Harry riu e ela franziu a testa.

Enquanto isso Gina, atrás de Hermione, deu um passo à frente e se posicionou. Harry observou a namorada antes de voltar para o final da fila. Gina passou a língua de leve na parte de trás da sua flecha. Ele sentiu a boca ficar seca, ela estava extremamente concentrada, teve dificuldade de se conter em agarrá-la ali mesmo. O simples gesto o atingiu em cheio, literalmente como uma flecha.

Gina puxou o arco, mirou, prendeu a respiração e soltou. A flecha cruzou o ar em linha reta e cravou exatamente no centro do seu alvo. Gui arregalou os olhos.

- Gina? – Harry sorriu, orgulhoso, enquanto o irmão mais velho dava parabéns a caçula Weasley.

- Sorte de principiante? – Dino perguntou para Harry, que torceu os lábios mas duvidava que ela errasse aquele alvo alguma vez.

Enquanto isso Carlinhos tentava ensinar as duplas a trabalharem com os bastões. Para desgosto de Rony ele estava frente a frente com Malfoy, que tinha uma expressão perigosamente furiosa no olhar. Carlinhos percebeu a fúria assassina do sonserino e o recrutou para ser o seu ajudante na demonstração, afinal seria responsabilidade dele contar para Molly Weasley caso o irmão caçula perdesse um olho ou alguma de suas partes móveis tão ou mais úteis quanto.

- Malfoy? – Carlinhos segurou o rapaz pelos ombros. – Você vai me ajudar a demonstrar os movimentos básicos. Você – apontou Luna – pode fazer dupla com o meu irmão ali – indicou Rony com o queixo, o grifinório rolou os olhos para cima ao ver a expressão animada da menina. Hermione percebeu a movimentação da posição onde estava, no fim da fila, e soltou um muxoxo.

- O que foi? – Harry perguntou antes de se colocar ao lado dela, na outra fila.

- Nada. Eu só acho que vai ser impossível acertar algum alvo – Harry observou para onde a amiga olhava e entendeu.

- Bem, a Gina acertou no alvo e você sempre pode usar um pequeno artifício.

- O que você está falando, Harry? – ele riu e olhou na direção de Rony.

- Você pode fingir que o alvo é a nova batedora da Corvinal – Hermione corou e olhou furiosa para ele.

- Ou eu posso simplesmente mirar no meio da sua cara – Harry riu.

- Está bem Mione. Não está mais aqui quem falou – Gina, que tinha acabado de entrar na fila atrás de Hermione, perguntou o que estava havendo. Harry indicou Rony e Luna juntos.

- Ah! – a ruiva disse baixinho. – Entendi... – sussurrou ainda mais. Harry sacudiu a cabeça.

O grupo com bastões tentava imitar Carlinhos, que estava lutando contra Draco. Alguns alunos ainda pareciam alarmados e desajeitados mas a maioria já estava pegando o jeito e batendo bastão contra bastão, fazendo bastante barulho em cada movimento.

- Você luta muito bem – Luna disse em meio a um golpe. Rony mal podia acreditar. A menina o estava paquerando?

- Obrigado – respondeu secamente.

A fila de arcos e flechas andou novamente e Hermione errou o alvo dessa vez, sua flecha não atingiu nem dez centímetros à sua frente.

- Atenção Hermione. Você está distraída – Gui lhe chamou a atenção. Ela acenou e voltou ao fim da fila. Gina mirou, passando a língua da mesma forma de antes na flecha, e acertou. Harry sentiu as bochechas arderem e, passando ao lado dela sussurrou.

- Se você fizer isso mais uma vez eu vou ter que me retirar para um banho frio – ela sorriu maliciosamente.

- Bom saber disso – disse, voltando para trás de Hermione.

Rony já estava começando a ficar realmente irritado com Luna. Ela sorria o tempo todo, adivinhava os golpes dele e quando ele levava a melhor parecia ainda mais feliz.

- Você é muito bom nisso mesmo, Ronald – ele abriu a boca, espantado pela ousadia, e perdeu boa parte da concentração.

"Pow". Um baque surdo e ele estava no chão, tonto e desorientado. Um filete de sangue escorreu pela sua testa. Luna gritou algo que não pôde identificar antes de apagar por completo.

- Ronald! Me desculpe – a menina se abaixou perto dele. Harry ergueu os olhos e correu até o amigo. Gina fez o mesmo e Hermione instintivamente foi atrás.

- Calma – Carlinhos tentou afastar a pequena multidão da volta do irmão mais novo.

- Olha só o que você fez com ele sua idiotazinha insignificante e desajeitada – Hermione afastou Harry e Gina e empurrou Luna para longe de Rony, que agora jazia completamente desacordado no chão.

- Hey, você é muito metida a besta, sua... – Luna avançou para cima de Hermione mas Gina segurou a menina, que era mais baixa que ela, pela cintura.

- Como ousa? Sua Jezebel. Você acabou de nocautear o Rony, depois de ficar se jogando descaradamente em cima dele – Harry segurou a amiga pelos ombros.

- Meninas – Gui chamou a atenção das duas. – Que comportamento é esse? Hermione, você é chefe das monitoras, por favor se comporte – Luna apertou os olhos, soltando fagulhas na direção da outra garota, mas não estava livre de ser chamada a atenção. – E você, Srta. Lovegood, por favor vá para a sua sala comunal. Vamos levar meu irmão para a ala hospitalar. Esses acidentes infelizmente acontecem...

- Todos estão liberados. Vão. Não há nada mais aqui para ser visto aqui – Carlinhos completou e Draco deu uma risada.

- Patético, como todo Weasley – referiu-se a Rony, encarando Gina, que ia abrir a boca mas os dois professores o repreenderam imediatamente.

- Sr. Malfoy – Gui se adiantou. – Menos vinte pontos para a Sonserina – Draco ia retrucar mas Carlinhos tomou à frente.

- E menos vinte da minha parte. Se reclamar poderá pegar uma detenção para acompanhar – Harry riu, Hermione e Gina ignoraram Malfoy enquanto Rony era carregado para a ala hospitalar.

Assim que o rapaz foi acomodado em uma das camas Hermione olhou para ele, desolada. Harry segurou a mão de Gina, que também estava preocupada.

- Ele vai ficar bom, Gui? – perguntou para o irmão, que sorriu.

- É claro que vai Gininha. Se tem uma coisa que nós somos é cabeça dura. Ele só vai ter uma baita dor de cabeça por uns dias mas vai ficar ótimo.

- Em poucos dias o Sr. Weasley vai estar muito bem, agora por favor, se retirem para que ele descanse – Madame Pomfrey pediu educadamente.

Os três saíram da enfermaria. Hermione foi andando rápido na frente e Harry achou melhor deixar a amiga esfriar um pouco a cabeça.

No dia seguinte Harry e Gina mal viram Hermione, ela só se juntou aos dois nas refeições. Até mesmo nas aulas parecia distante e não trocou mais do que duas palavras com ambos. Não perguntou de Rony também mas, ao final da tarde, Harry a viu saindo da enfermaria.

Rony estava dormindo mas tinha certeza de que a garota tinha ido receber notícias do amigo. Harry entrou na enfermaria e ficou sentado ao lado da cama. Assim que o menino acordou Harry explicou o que havia acontecido, não entrou em detalhes mas mencionou a preocupação de Hermione. Rony não esboçou nenhuma reação então ele se calou. Alguns minutos depois Gina se juntou aos dois.

- Você está bem? – perguntou para o irmão, que tinha uma faixa em volta da cabeça.

- Bem, eu poderia estar melhor mas acho que vou sobreviver, pelo menos vou estar bom para jogar quadribol daqui duas semanas. Madame Pomfrey disse que eu recebo alta assim que o galo da minha cabeça diminuir – respondeu, ranzinza. – Então foi a "No mundo da Luna" que me nocauteou mesmo, é? Que péssimo para a minha reputação – mudou de assunto enquanto se sentava na cama.

- É, mas ela é uma batedora, lembra-se? É o trabalho dela: bater. Por isso a pancada foi tão forte... E ela mandou que eu te entregasse isso, estava se sentindo tão mal que nem se atreveu a vir aqui – Gina mostrou um pacote para o irmão e deu uma risadinha. Era uma caixinha em forma de coração com chocolates dentro. Rony bufou.

- Ainda bem que ela não veio. Já é bastante "atencioso" da parte dela – debochou, Gina sacudiu a cabeça.

- É, mas ela foi de grande ajuda, se não fosse por ela a Mione não teria vin... – Harry segurou a mão da namorada, indicando que Rony não estava muito interessado naquilo. Mas ela não deteve a língua e prosseguiu. - Se você não estivesse nocauteado Hermione não teria vindo aqui te visitar e nem teria quase quebrado a cara da Luna de tanto ciúme. Pense nisso, maninho – ela se virou para Harry. – Está na hora de ele crescer Harry. Precisa saber que as pessoas se preocupam com ele, mesmo sendo o patético cabeça dura que é – ela deixou os chocolates e saiu da enfermaria, furiosa. Rony deu um sorriso sem graça.

- Desculpe amigo. Acho que eu arrumei confusão para você também – Harry olhou para a porta se fechando atrás de Gina e deu de ombros.

- Tudo bem. Digamos que estamos passando por uma fase um tanto quanto ansiosa do nosso relacionamento - Rony franziu a testa mas Harry não quis entrar em detalhes, afinal a garota ainda era a irmã caçula do amigo. – Descanse Rony. Eu separei o seu dever de casa de hoje. Gina vai te entregar tudo quando você estiver de volta. Até lá tente descansar e esquecer os problemas – Rony concordou e Harry saiu da enfermaria, tentaria achar Gina e acalmá-la. Depois que saiu Rony ficou pensativo, assim passou os dias que se seguiram até a sua recuperação.

Duas semanas passaram mais rápido do que todos imaginavam, antes que pudessem perceber estavam na manhã do jogo de quadribol. Rony estava tentando tomar coragem para procurar Hermione desde que saíra da enfermaria. Gina já havia dado diversas indiretas no irmão até que se cansou e o chamou para conversar no vestiário, antes do jogo.

- Eu acho bom que você converse logo com ela, Ron. Ou você vai se arrepender pro resto da vida. Ela não vai te esperar para sempre. Esperar que você tenha nervos para assumir que foi um panaca e peça desculpas. Eu sei que ela já deve imaginar que você sabe que ela esteve lá na enfermaria enquanto você dormia então imagina o quanto não deve estar se sentindo idiota. Ela nem ao menos tem conversado comigo e com o Harry, não é Harry? – o rapaz não teve tempo de responder. – E eu preciso pedir um favor importantíssimo para ela e nem ao menos tive coragem. E isso é tudo culpa sua, Ronald Weasley. Agora eu vou lá para o campo trucidar aqueles panacas da Lufa-Lufa, isso vai me fazer muito bem – Rony ficou impressionado com a irritação da irmã mais nova e arregalou os olhos para Harry, o amigo riu, sem graça.

- Ansiedade. Eu te disse... – Rony não compreendeu.

- Amigo, Deus se apiede de sua alma se ela não melhorar logo – Harry sorriu, sabia exatamente o que precisava fazer para que Gina melhorasse, só não sabia quando teria a chance de fazê-lo.

Os dois times sobrevoaram o campo e iniciaram a partida após Harry apertar a mão do capitão da Lufa-Lufa. O jogo estava muito tranqüilo. Gina estava jogando um pouco mais agressiva mas a Grifinória estava na liderança. Hermione não tinha ido assistir ao jogo. Estava na biblioteca preparando um ensaio de Aritmancia. Agora estava com o hábito de andar sozinha pelo castelo.

Draco, por sua vez, não estava com a menor paciência de assistir o jogo àquela manhã. Estava particularmente irritado com o Potter perfeito para vê-lo capturar mais uma vez o pomo de ouro. "Grande novidade", pensou. "Grifinória vence! Bah." Deixou-se cair na poltrona da masmorra gelada e vazia e jogou alguma lenha na lareira, na esperança de não congelar até a morte, embora não estivesse muito incomodado se isso acontecesse.  A lareira crepitou por alguns instantes e uma silhueta surgiu nela.

- Pai? – Draco se espantou, Lúcio sorriu para ele.

- O que está fazendo aqui dentro, Draco? Há uma partida de quadribol lá fora, sabia? – o rapaz deu de ombros.

- Grifinória contra Lufa-Lufa? Quem merece isso? Eu ainda prefiro arrancar as minhas próprias unhas com um alicate – Lúcio apertou os olhos.

- Isso até poderia ser arranjado – estava falando sério. - Mas no momento sugiro que vá ao campo e assista. Garanto que o jogo será mais interessante que pensa – Draco sentiu um peso no estômago.

- Como assim?

- Bem, digamos que a partida vai ser um estouro, ou você pensou que o jogo de bolas novas havia sido mandado por quem? – Draco fez força para sorrir mas agora estava imaginando o que aconteceria. – Basta que aquela pirralha pobretona encoste na goles e em dez segundos ela vai explodir pelos ares. Potter vai passar a vida catando os pedacinhos da namoradinha – deu uma gargalhada sinistra. Draco se manteve firme e riu também.

- Está bem, pai. Eu vou até lá assistir. Isso vai ser divertido... – completou, por via das dúvidas. No mesmo instante Draco subiu as escadas para o dormitório e montou em sua vassoura. Não teria tempo para descer as escadas. Arrombou a janela e saiu voando por ela.

As arquibancadas estavam lotadas de alunos gritando, o jogo havia acabado de começar. O sonserino sobrevoou a área próxima e viu que Harry estava longe de Gina, que estava tentando roubar a goles da artilheira grandalhona da Lufa-Lufa.

Harry varria o campo em busca do pomo então achou estranho quando se deparou com Draco montado em sua vassoura.

"Mas o quê?", antes que Harry pudesse pensar no que o sonserino fazia ali Lino Jordan narrou uma espetacular tomada de bola feita por Gina: "Essa ruivinha tem fome de bola", a goles agora estava com ela. Não havia mais tempo para explicações e avisos. Draco direcionou a vassoura para ela, o mais rápido que pôde. Harry o seguiu.

- Ruiva, solte a goles. Gina! Solte a goles agora – ela não ouvia. Estava determinada a marcar um gol para Grifinória.

Harry estava bem próximo de Draco agora. O sonserino conseguiu chegar ao lado de Gina e deu um empurrão violento na menina, quase a derrubando da vassoura, e tomou a goles. Harry, indignado, foi atrás dele. Gina não estava entendendo absolutamente nada e enquanto isso Lino Jordan narrava, tão perplexo quanto os dois, o que Draco havia acabado de fazer, Olívio Wood paralisava o jogo.

- Malfoy, você está louco? Perdeu a noção? Como você ousa machucá-la, você vai ser ver comi...

- Cala a boca, Potter – ele segurou a goles e a atirou para cima.

Uma explosão enorme fez com que ele e Harry fossem jogados para trás. Todos ficaram em silêncio absoluto no campo. Uma enorme cortina de fumaça cinzenta encobriu a visão de todos. Quando se dissipou Gina gritou. Os dois haviam caído da vassoura e estavam desacordados no chão.

A professora Minerva mandou que todos voltassem em silêncio para suas salas comunais, sendo orientados pelos respectivos monitores. Rony tentou se aproximar mas foi forçado a ir também. Gina foi correndo na direção de Harry e Draco, sem se importar com a onda de alunos andando na direção oposta.

Ela viu Dumbledore colocar os dois suspensos no ar e acompanhar Madame Pomfrey na direção da ala hospitalar. McGonagall fez menção de impedi-la mas o diretor assentiu a presença de Gina ali com um olhar na direção da professora.

- Como eles estão? – Gina perguntou com os olhos cheios de água. Dumbledore olhou sério para ela.

- Estão feridos, Srta. Weasley. Mas vão ficar bem – Madame Pomfrey respondeu de imediato.

Quando chegaram na ala hospitalar Gina viu que havia um corte feio o rosto de Draco e vários arranhões no de Harry. Os dois estavam cobertos de estilhaços chamuscados da goles explodida e sujos de terra e cinzas. Ela ficou sentada entre os dois enquanto eram cuidados pela enfermeira e a professora McGonagall. Harry estava em melhor estado que Draco e acordou logo. Gina se abraçou a ele, chorando. O namorado a acalentou.

- Eu fiquei apavorada. Achei que você, que vocês... – ela olhou para Draco, que ainda estava desacordado na cama ao lado. Harry passou a mão por seu rosto.

- Eu estou bem, meu amor. Não chore... – ela suspirou.

- Eu tenho medo de perder você – disse baixinho, deitada em seu peito. Harry forçou um sorriso. Sabia que corria esse risco mas estava preocupado com ela mais do que com si mesmo.

- Muito bem Potter – a enfermeira se aproximou. – Você precisa tomar essa poção calmante, vai ajudá-lo a relaxar e diminuir esse galo atrás da sua cabeça – Harry tateou e realmente estava com uma saliência na nuca. Gina assentiu. Ele deu de ombros e bebeu um gole da poção. Em dois minutos estava dormindo.

Gina continuou ali, de mãos dadas com ele, até que um resmungo a fez acordar do cochilo que tirava. Draco havia acabado de acordar. Ele se virou para ela e disse, mal humorado.

- Droga, se você está aqui isso deve significar que eu não estou morto – ela não conseguiu evitar de sorrir.

- Também fico feliz que esteja vivo, Draco. Esse seu bom humor é um ótimo sinal de sua plena recuperação – ele torceu o lábio.

- Fala sério, ruiva. Não é você que está quebrada em cima de uma cama e não é você quem está deserdada, ou você acha que meu querido pai não vai saber disso? – a menina ficou séria.

- Desculpe. É culpa minha. Eu não ouvi você. Eu sei que deve estar doendo – ele se virou para ela e encarou os olhos castanhos arrependidos.

- Bem, pelo menos agora você sabe que as minhas preocupações tinham fundamentos. E doeria mais se você estivesse aos pedaços, espalhada pelo campo de quadribol, como Lúcio pretendia. Acredite – ela engoliu em seco. Harry acordou mas não se mexeu nem abriu os olhos. Preferiu ouvir a conversa dos dois.

- Obrigada por salvar a minha vida Draco – ela esticou a outra mão para ele, sem largar a de Harry. Ele segurou a mão e ficou parado, encarando-a na penumbra. Harry observou o modo como Draco olhava para ela.

- Saia daqui ruiva. Não torne as coisas mais difíceis do que elas já são – Gina soltou a mão dele e a de Harry. Era tarde e sabia que logo a enfermeira a mandaria voltar para a sala comunal. Além disso Rony e Hermione deveriam estar aflitos para saber como o amigo estava.

Assim que a grifinória deixou a ala hospitalar Harry disse, sem abrir os olhos.

- Não fique cheio de idéias, Malfoy. Só por que salvou a minha namorada não significa que...

- Bem típico de você: pensar numa coisa dessas. Como você é desprendido, não é mesmo, super Potter? – Draco o interrompeu. – Fingindo que dormia para vigiar a namorada. Patético...

- Eu não preciso vigiar a Gina. Eu confio nela, Malfoy. Eu não confio é em você – o sonserino riu.

- Você é um idiota. Eu realmente não entendo como ainda não se tocou de que está acabando com essa garota. Você vive quase morrendo e ela quase morre junto a cada vez, não percebe? – Harry ia protestar mas Draco prosseguiu. – Você só a faz chorar, desde... Desde sempre, aliás. E agora você coloca a vida dela em risco de novo. A explosão não era para você. Nem tudo é sobre você, grande herói. Era para ela. Era para reduzi-la a pó no meio do jogo, na frente de todo mundo. Na sua frente. Só para causar dor a você. Lúcio explodiria a garota para te atingir mas garanto que ela não te contou que eu já suspeitava disso - Harry sentou na cama subitamente. - Então deixe de ser idiota e achar que isso é sobre o seu ciúme, porque não é. Isso é sobre o seu egoísmo e sobre como você vai roubar cada segundo da vida preciosa daquela ruiva. Você é um patético mimado mesmo. Ela deixou de contar para você o que eu temia que acontecesse porque ela é tão preocupada com a sua segurança que se esquece de si mesma. A vassoura dela despencou ano retrasado e ela quase morreu – Harry sabia o quanto ela tinha realmente chegado perto de morrer. - Ela já deixou o país por sua causa, deixou a família, os amigos. Aquele dormitório em Beauxbatons foi pelos ares para tentar pegá-la. Você a está destruindo, a está matando aos poucos – Harry não conseguiu pensar em nada para contra argumentar.

- Cale a boca, Malfoy – disse, irritado, e Draco riu.

- Você quer que eu cale a boca porque sabe que digo a verdade. Você está tão preocupado olhando para o próprio umbigo que se esquece de que você vai afundar acompanhado por aqueles que te cercam. A sangue-ruim, o puxa-saco patético e, infelizmente, aquela ruiva.

- CALA ESSA BOCA – Draco sacudiu a cabeça.

- Sabe? Eu poderia cuidar dela, Potter. Eu não deixaria nada de mal acontecer com aquela garota, ela realmente merece ser fel... – Harry se levantou da cama e segurou Draco pelo pescoço.

- Não toque nela, Malfoy. Não ouse. Ela é minha – Draco lhe deu um soco no braço e o grifinírio o largou, empurrou-o, Harry caiu sentado na cama.

- Viu só o que eu falei? Egoísmo puro. Meu, meu, meu. Minha, minha, minha. Eu, eu, eu. É nisso que você se resume. Você está tão fascinado por si mesmo que não enxerga o que faz com a Gina todos os dias. Prometendo sonhos de um futuro perfeito para ela, prometendo filhos quatro-olhos e feios como você. Prometendo que não vai morrer, quando você sabe que é bem provável que morra e, nesse caso, é quase certo que ela vá junto. Faça um favor a você mesmo e se toque, Potter. Vá dormir e me deixe em paz. Eu não vou ensinar você a viver, estou muito ocupado cicatrizando aqui para fazer isso.

Harry deitou na cama mas não conseguiu dormir. De certa forma sabia que as palavras que o outro rapaz havia dito não eram só fruto de maldade e inveja. Depois de algum tempo sentiu o estômago afundar e as lágrimas arderem nos olhos quando concluiu que Draco Malfoy estava absolutamente certo: tinha que deixar a garota ser feliz e viver. Tinha que terminar o namoro. Só precisava arranjar um jeito de dizer isso para Gina.