Harry Potter estava ali, em seu quarto, sentado na cama, simplesmente olhando para ela, como inúmeras outras vezes. Mal podia acreditar, dessa vez ele parecia iluminado, tinha uma luz diferente nos olhos verdes, era como se o tempo tivesse parado só para permitir o encontro dos dois. Ainda ficou algum tempo parada, quieta, contemplando cada detalhe do seu rosto. Finalmente correu ao seu encontro, era a melhor surpresa que já tinha feito para ela.
Harry se levantou, sorrindo, e abriu os braços para recebê-la. Ela se pendurou no seu pescoço e, tomando um impulso do chão, passou as pernas em volta do namorado, derrubando-o com um baque, sentado na cama. Eles riram por alguns instantes. Gina olhou dentro dos olhos dele e então ficaram sérios, quietos, apenas curtindo o momento.
- Eu não acredito que você está mesmo aqui! Depois de todo esse tempo sem te ver... Parece até uma alucinação. Diga que não é um sonho - seus olhos brilhavam enquanto Gina dizia isso.
- Se você soubesse o trabalhão que me deu... Como foi difícil "escapar" dos outros - valorizou o seu esforço. - Impressionante como Sirius estava irredutível, tentou me arrancar a vassoura. Dumbledore teve que interceder para que permitisse que eu viesse... Mas valeu a pena! Só poder ver essa sua carinha de surpresa já valeu tudo que fiz - segurou a ponta do queixo dela. - Eu não estava mais agüentando ficar longe de você - era a vez de ele apreciar cada detalhe da namorada. Estava particularmente especial aquela noite, podia até ser o "tempero" da saudade mas que tinha algo de diferente nela tinha.
- Hey! Já é mais de meia-noite. Feliz ano novo - Gina disse, sorrindo. Harry olhou para ela.
- É verdade... Feliz ano novo, Gina. Não nos vemos desde o ano passado - completou, brincando. - Com tudo isso de guerra e luta... - o sorriso morreu nos lábios dela.
- Eu não queria que você lutasse amanhã - choramingou, interrompendo-o. Harry fez uma expressão triste.
- Eu sei meu amor. Mas nós já falamos sobre isso. Eu não quero que você se preocupe - Gina tentou sorrir.
- Eu gostaria de poder ir com você - disse, olhando para baixo.
- Não. Eu quero você longe disso. Não é à toa que você está aqui. Você tem que ficar protegida, Dumbledore foi claro quanto a isso. Eu devo proteger quem eu mais amo. E é isso que estou tentando fazer - ela sacudiu a cabeça.
- Tudo bem. Vamos mudar de assunto? Eu quero fingir que estamos em paz e que você não vai para a guerra amanhã. Pode ser? - ele sorriu.
- Parece perfeito para mim, Srta. Weasley - brincou.
- E então? - ela mudou de tom. - Nota algo de diferente em mim? - ele a observou bem.
- Você cortou o cabelo - reparou. - Ficou ainda mais linda! - disse, segurando os cabelos vermelhos dela com pontas dos dedos. Gina tinha o cabelo na altura dos ombros agora. Ela ainda permanecia em seu colo, as pernas enlaçadas à sua cintura. Harry tinha os braços em volta dela.
- Allana cortou para mim no Natal. Que bom que você gostou... Fiquei receosa de que você estranhasse assim - disse, sacudindo as madeixas ruivas, agora menores.
- Gina! Não tem nenhuma possibilidade de eu não gostar de alguma coisa em você, mesmo se Fred e Jorge pintassem o seu cabelo de verde - ela sorriu e continuou sob um olhar divertido de Harry.
- Estava bem mais curto, meu pescoço estava quase todo de fora. Achei que quando nos víssemos de novo ele já teria voltado ao comprimento de antes mas Allana disse que um bruxo pode interferir no crescimento dos cabelos - ela parou bruscamente de tagarelar sobre assuntos menores, voltando ao principal. - Demorou tanto tempo para a gente se ver, Harry - ele sorriu, alisando de leve a nuca dela, Gina fechou os olhos. Ela estava com os braços repousados sobre os ombros dele, as mãos cruzadas atrás de seu pescoço, e aproximou seu rosto para beijá-lo.
Os lábios se encostaram, timidamente a princípio, cessando rapidamente o toque. Eles se olharam nos olhos. Sucessivamente, aproximaram e afastaram os lábios em beijos rápidos. Era como se estivessem fazendo um reconhecimento do terreno, demarcando o território de cada um. Então de repente um dos beijos se transformou. Tinham os lábios agora entreabertos e o beijo se tornava cada vez mais intenso e profundo. Ele se inclinava para trás, cedendo ao peso que Gina fazia sobre seu corpo, tentando se apoiar com o braço esquerdo apoiado na cama. Toda a situação já tinha começando a fugir ao controle deles.
- Gina, você está sentindo... - o calor subia em ondas, não conseguia mais articular as palavras normalmente, a voz saía rouca e com dificuldade.
- O que eu estou sentindo? - ele virava os olhos enquanto acariciava as costas dela, a cintura, as pernas. Ela agora tinha deslizado as mãos dos seus ombros para seu peito e abria afoita, um a um, os botões da camisa.
- Sim! Estou... Eu te amo, te amo, te amo - dizia enquanto abria cada botão e tocava a pele descoberta dele com os lábios, beijando cada novo espaço conquistado.
Gina estava descendo, lentamente, pelo corpo dele. Quando finalmente acabou, simplesmente abriu a sua camisa e o livrou dela. Encostou a cabeça em seu peito e aninhou-se, ouvindo o coração dele bater forte e acelerado. Harry olhou para ela, que tinha a respiração rápida, e, sorrindo, disse, apoiando os dois braços para trás, ainda inclinado, tentando parecer razoável.
- Gina, o que você está fazendo? - o rapaz estava um tanto quanto surpreso com a atitude impulsiva da namorada. - Eu também te amo! Mas diante do nosso histórico de tentativas frustradas estamos indo longe demais... Sempre alguma coisa terrível acontece quando a gente tenta fazer isso. Acho mais seguro pararm... - mas ela não o deixou terminar a frase. Pressionou, ávida, a boca na dele, fazendo-o perder o apoio dos braços e cair deitado, de costas na cama.
Quando ele sentiu a língua dela, quente e úmida, tocar à sua, não se controlou mais, retribuindo a carícia. Abraçou-a contra o próprio corpo e rolou com ela na cama, ficando por cima agora. Quando a encarou, de cima para baixo, ela sorriu maliciosamente, triunfante. Tinha acendido fogo nos olhos verdes dele e sussurrou em seu ouvido.
- Você tem certeza de que quer mesmo parar agora, Harry? - o rapaz engoliu em seco. Gina ria para ele, de modo quase perverso. Ela revidava, "punindo-o" por tê-la deixado naquele estado, fora de controle. - Não está me parecendo muito, não - dizia enquanto beijava a sua orelha e acariciava o pescoço dele com a pontinha da língua. Ela corria as duas mãos pelo seu peito descoberto, arranhando-o de levinho. Estava-o deixando enlouquecido daquele jeito.
Harry mantinha os olhos fortemente fechados, tentando ao máximo manter o autocontrole. Nunca tinha se sentido tão excitado quanto naquele instante, tinha certeza de que ela podia perceber. Literalmente. Sentia tensa cada parte do seu corpo. Tentava, a qualquer custo, evitar os pensamentos que invadiam sua imaginação. Precisava estar cada vez mais próximo dela. Mas tinha medo de se precipitar, de fazer algo de modo impensado. De que pudessem se arrepender depois.
- Gina - ele respirou fundo, tentando bombear algum oxigênio para o cérebro. - Você está me deixando maluco desse jeito - o rapaz não sabia mais o que fazer para se controlar. Esperava poder contar com o bom-senso da namorada naquele instante.
- Eu quero você, Harry... Agora... Pra sempre - Gina gemia baixinho no ouvido dele, causando arrepios à sua espinha enquanto diminuía o espaço entre ambos, abraçando-a cada vez mais.
Ela parecia estar muito certa do que queria. Estava conduzindo Harry rapidamente à beira do abismo. E ele já não estava mais em seu juízo perfeito, em alguns segundos não seria mais capaz de parar, poderia dar adeus à própria razão. Era como se estivesse com o juízo cada vez mais deteriorado, fundido pelo calor que os dois corpos produziam, unidos daquela forma, se continuasse assim não poderia se controlar e acabaria fazendo uma loucura.
- Gina - ele roçava os lábios na pele dela, sussurrando em sua orelha. Beijava seu pescoço. Agora ele havia encontrado, com os dedos, os botões da blusa que ela usava, deixando-se guiar pelos próprios impulsos, involuntariamente, e não mais pela razão. - Você... - como ela tinha feito antes, abria um botão de cada vez, só que calmamente, beijando a pele recém-descoberta. - Tem mesmo... - estava quase abrindo o último botão. - Certeza? - terminava agora e o contato dos dois corpos era quase absoluto. Podia sentir o contorno dela, quente e macio, pressionado contra si.
- Eu... - ela não conseguia mais falar, entorpecida, provando do próprio veneno enquanto Harry corria a mão pelo seu corpo. Apenas acenava, de olhos fechados, que sim, com a cabeça.
Harry agora beijava sua barriga delicadamente, fazendo com que ela se contorcesse na cama, mas não de cócegas. Ela apertava, com força, a colcha com as mãos. Subitamente o puxou para cima, para encontrar novamente os seus lábios entreabertos. Ele sentiu fogo vivo correndo nas veias. Estava se consumindo em Gina, dissolvendo-se nela, perdendo-se.
Eles apertaram ainda mais os lábios um contra o outro. As línguas se tocando cada vez mais intensamente, mais rápido. O beijo estava se tornando mais profundo. Faminto. Quase agressivo. Mal conseguiam respirar, era como se o mundo estivesse girando depressa demais. Gina tremia, sôfrega, nos braços de Harry, esperando ansiosa pelo que aconteceria em seguida. O calor que emanavam era quase insuportável, como se os dois estivessem com uma febre altíssima. As roupas que restavam estavam atrapalhando um contato mais intenso, mais íntimo, mais completo.
Então, num rompante, eles se livraram deste último empecilho. Agora tinham toda a extensão dos corpos unida. Gina entrelaçou suas pernas às dele e o abraçou. Podiam escutar as batidas dos dois corações juntos, num mesmo compasso acelerado, enquanto continuavam a se beijar. Mantinham os olhos fechados e se sentiam cada vez mais próximos. Mais próximos, mais... Até que não restou mais como se aproximarem. Já tinham ido até o limite que era possível se chegar. Gina sentiu o próprio corpo vibrar, invadido pelo dele. Abriu os olhos abruptamente, encontrando os de Harry em chamas. Ele era parte dela agora. Já não sabiam mais onde começava um e terminava o outro. Agora não apenas as almas eram únicas como também os corpos. Sentiam-se plenos um do outro. Completamente preenchidos pelo amor que faziam agora, pela primeira vez.
Harry estava, da mesma forma que Gina, se contendo para não gritar. Era a sensação mais maravilhosa que já tinham experimentado na vida inteira. Se encaixavam perfeitamente, como se tivessem sido feitos um para o outro. Se esforçavam para falar, para conseguir expressar o que sentiam. Tentavam manter os olhos abertos para poderem se olhar:
- Gi...na... - Harry estava quase sem fôlego, a respiração dele, como a dela, era rápida, entrecortada, e não permitia que falasse normalmente. - Tu...do... Bem?... - ele sentia a própria pulsação, latejando dentro dela.
- Harry, eu... - ela não podia responder mais, acenava afirmativamente apenas. Deslizava as unhas pelas suas costas e ombros, enterrando-as com força nos braços dele. Sentia um fogo queimar, consumindo-a, o calor vindo dele, de fora para dentro, de dentro para fora, freneticamente. Era quase uma dor o que ela sentia mas uma dor diferente, prazerosa.
Ele então entrelaçou com força as mãos dele nas dela e apertou, pressionando-as contra o colchão. O calor era tanto que podiam sentir que estavam quase explodindo, quase morrendo, juntos ali, daquela forma. Seguravam um no outro para não sucumbirem. Não sabiam quanto tempo mais poderiam suportar, resistir.
Quando não restavam mais forças sentiram como se estivessem caindo muito rápido num abismo sem fim. A vertigem fazia cócegas na barriga deles e sussurraram, baixinho, o nome um do outro, olhando-se nos olhos. Gemeram longamente e por fim suspiraram fundo com lágrimas nos olhos.
Estavam trêmulos, ofegantes, o suor e as lágrimas dos dois misturados, muito vermelhos, as bochechas coradas, marcados de unhas, beijos mas, acima de tudo, felizes e satisfeitos. Riram muito então, abraçados um ao outro. Quando finalmente recuperaram o fôlego Harry falou primeiro, olhando dentro dos olhos castanhos, ainda afogueados, dela.
- Você é minha agora Gina Weasley! – sorria, satisfeito, olhando orgulhoso para ela.
- Eu sempre fui sua Harry! E você meu... - ela retribuía o sorriso, abraçando-o forte.
- Eu sei disso! Mas agora é diferente. Não por isso... Eu não sei por quê, Gina, estou com uma sensação nova, boa. É como se... Sei lá, não acredito que nós realmente conseguimos - ele olhava para ela, os olhos verdes brilhando. - Minha nossa! Eu estava mesmo louco de saudades de você...
- Eu também Harry... Sabe, às vezes é difícil compensar tanta saudade assim - sorria maliciosamente para ele agora. - A propósito, talvez eu não tenha compensado o suficiente, ainda - disse com as bochechas coradas, rindo muito.
- Gina! - ele fez cara de escandalizado e sorriu para ela. - Vem cá, sua danadinha. Eu vou matar sua saudade... Você vai ver só uma coisa... Eu vou te mostrar... - agora fazia cócegas nela, como tinha feito várias outras vezes. Ela ria com vontade, tentando se desvencilhar do namorado.
- Pára, Harry! Pára! - ela gargalhava. - Eu me rendo, eu me rendo - ele então parou e aconchegou a namorada em seus braços.
Ficaram ali deitados, de frente um para o outro, olhando-se em silêncio. Ela deu um grande bocejo e foi seguida por ele. Já estavam com muito sono, os olhos quase se fechando, lacrimejantes, resolveram descansar só um pouco. Em de poucos instantes dormiam profundamente, abraçados daquela forma, sentiam-se mais felizes e seguros do que nunca. Harry então começou a sonhar.
Estava num jardim muito florido e havia um gramado verde com árvores em volta. Estendida na grama estava uma toalha vermelha coberta de pratos e vasilhas, cheios de comida e garrafas com líquidos coloridos, contendo sucos de diversos sabores. Era uma manhã ensolarada e estava sentado encostado numa árvore, com Gina entre suas pernas, recostada em seu peito. Tinha os dois braços em volta dela, que olhava para cima, sorrindo para ele enquanto conversavam. Podia ver a felicidade brilhando nos olhos castanhos enquanto falava animadamente. Subitamente ela cessou o assunto, parando no meio de uma frase:
- Harry, o bebê está mexendo. Sente só, bem aqui!
Agora olhava para baixo e ela tinha uma das mãos sobre o ventre, que já estava começando a despontar. Rindo, colocou as duas mãos e pôde sentir o bebê chutando com força. Ela colocou as dela por cima, entrelaçando os seus dedos nos dele.
- E eu que esperava que este aqui tivesse um gênio mais tranqüilo, puxasse um pouco pelo lado dos Potter... Pelo jeito vem mais um Weasley por aí - Gina franziu a testa em protesto. Ele se inclinou, apanhando os lábios dela com os seus, antes que dissesse alguma coisa. Enquanto estavam distraídos duas outras crianças chegaram correndo até eles.
- Papai, a Hannah não quer me emprestar "bincincleta" mágica dela – disse um garoto de aproximadamente cinco anos, cabelos pretos desarrumados e olhos castanhos muito expressivos. A menina respondeu antes que o pai pudesse dizer alguma coisa.
- É bicicleta, Tiago, e você não pode andar porque ela é muito grande para você. E você pode cair e se machucar. Mamãe, explica pra ele - a menina tinha uns sete anos, os cabelos ruivos estavam soltos e balançavam ao sabor do vento, os olhos verdes e inteligentes pedindo a cumplicidade da mãe.
- Crianças! - a mãe agora se sentava, apoiada por Harry. - Depois que nós lancharmos o papai leva vocês para uma volta na vassoura dele. Mais tarde vamos pedir para o vovô Arthur uma bicicleta mágica menor para você poder andar, Tiago - ela sorria para Harry. - Concorda, meu amor? - ele sorriu de volta. Era impressionante como a felicidade estava nas coisas mais simples da vida. Tinha uma família completa agora.
O dia estava quase amanhecendo. Ele abriu os olhos e pôde ver que Gina ainda dormia. Parecia tranqüila, aninhada em seus braços, encolhidinha. Ficou por alguns segundos apenas a admirando: as pálpebras cerradas, os cílios compridos e delicados formando uma fina linha escura sob os olhos, os lábios de cereja que adorava beijar, os cabelos de fogo emoldurando aquele rostinho de boneca, o corpo bem feito, com contornos nos lugares certos. Poderia passar a vida inteira apenas contemplando aquela cena. Via o tênue sorriso dela enquanto dormia sossegada, a respiração cadenciada, sentia o perfume suave e doce que emanava de Gina. Poderia se perder naquele momento para sempre. Como amava aquela mulher, que era dele, em todos os sentidos.
Levantou com cuidado para não a acordar, enrolou o lençol na cintura e desceu as escadas na ponta dos pés, certificando-se de que não encontraria ninguém acordado. Foi até a cozinha e separou numa bandeja dois copos de suco de abóbora, alguns bolos de caldeirão, outros quitutes que pôde encontrar e duas fatias de torrada com mel. Com tudo pronto subiu rápido de volta, queria deixar tudo arrumado para quando ela acordasse.
Quando chegou de volta ao quarto ela continuava dormindo e os primeiros raios de sol já apareciam no horizonte, cortando o céu do fim da madrugada, iluminando de leve o ambiente com uma luz dourado-alaranjada bem fraquinha. Com uma idéia em mente ele pegou uma pena e transfigurou numa rosa vermelha. Encostou os lábios delicadamente nos de Gina.
- Gina, acorda meu amor! Está amanhecendo, daqui a pouco eu tenho que ir embora - sussurrou carinhosamente no ouvido dela.
- Harry! - ela bocejou. - Bom dia! Eu nunca dormi tão bem em toda a minha vida - abriu os olhos devagar, esfregou-os e pôde ver a surpresa que ele havia preparado. - Nossa! Café da manhã na cama! Adorei! - ela abriu um grande sorriso e bateu de leve no colchão, para que se sentasse e a acompanhasse. - Você não vai me deixar comer tudo isso sozinha, né? Eu não sou tão gulosa assim... Come um pouquinho também – disse, rindo, enquanto vestia a camisa dele de qualquer jeito, fechando desencontradamente apenas dois dos botões. Sentados frente a frente, com a bandeja no meio, começaram a comer.
- Eu não sabia do que você gostaria então trouxe um pouco de tudo que Allana tinha em casa - mantinha a rosa vermelha escondida às costas.
- Ainda bem! Estou com muita fome - ele olhou para ela e percebeu que Gina estava ainda mais bonita que na noite anterior. Então lhe entregou a rosa.
- Gina, eu sei que por enquanto está tudo muito confuso e perigoso mas quando toda essa confusão acabar, sabe? E Vold... Você-Sabe-Quem não puder nos fazer mais nenhum mal - ele hesitou um pouco. Perguntou finalmente, após respirar fundo, tomando coragem. - Você que se casar comigo? - a garota quase engasgou com o suco de abóbora.
- Harry! Por que você está perguntando isso agora? – disse, tossindo, desajeitada, limpando a boca com a manga da camisa. Tinha ficado feliz mas muito surpresa com a pergunta. Ele sorriu.
- Eu adorei dormir e acordar com você do meu lado. Tudo o que eu mais quero na minha vida é que você seja a última coisa que eu veja quando for deitar e a primeira quando eu me levantar. Eu tenho certeza que vai ser assim para sempre - ele fez uma pausa para ela assimilar tudo o que havia dito. - E aí? Você aceita? - ela abriu um sorriso maroto, deixando o garoto apreensivo.
- Deixa eu pensar... Bem, quem eu mais amo na vida quer se casar comigo e viver comigo para sempre... " dúvida cruel, o que eu devo responder? - ela apertava os olhos, como se estivesse seriamente pensando sobre a proposta dele, enquanto Harry fingia aborrecimento. - É claro que eu aceito! Eu te amo! Não imagino minha vida de outra forma. E nem outro pai para os meus filhos - ele deu um beijo nela e com um sorriso malicioso disse.
- Eu estava pensando outra coisa também - falava com um tom grave e colocou a mão no queixo, como se estivesse analisando uma jogada de xadrez. - Algo muito sério, importante... Ainda vou ficar mas alguns minutos por aqui, então eu pensei... Sabe... Que talvez... Quem sabe... - Gina olhava curiosa para ele, franzindo a testa. Ele fez uma nova pausa e perguntou rápido, piscando para ela timidamente, cortando o clima de suspense. - Você ainda quer compensar a saudade, sabe, um pouco mais? - Gina corou loucamente mas respondeu a pergunta.
- E o que é que você acha, Harry? – disse, sorrindo, de cabeça baixa. Ele a tomou nos braços bruscamente, beijando-a apaixonadamente, afastando com a mão esquerda a bandeja da frente dela, derrubando no chão tudo o que havia sobrado do café da manhã, com a outra habilmente desabotoando os dois únicos botões da camisa que ela usava.
Arrumariam toda a bagunça depois. Queriam curtir, ao máximo, os últimos momentos que ainda tinham juntos, se amando devagar e ternamente dessa vez. O sol já havia raiado completamente e iluminava o quarto agora com uma luz dourado-avermelhada intensa. Dentro de poucos minutos ele teria que partir de novo para um destino incerto e não sabiam quando voltariam a se ver. Desfrutariam os instantes que ainda restavam da noite mais mágica e perfeita de toda a vida deles.
