Capítulo Vinte e Dois - Novos Rumos

Gina caminhava sorridente pelos corredores, finalmente teriam um pouco de paz, o Lord das Trevas estava derrotado de uma vez por todas e agora a vida voltaria à sua normalidade: as aulas recomeçariam, o quadribol também e tudo o mais. É claro que muito teria que ser reconstruído, Godric's Hollow seria refeita, como outros vilarejos bruxos eventualmente atacados, Mas mesmo assim o sentimento que imperava era o de esperança.

Todos estavam felizes e empolgados, Dumbledore tinha permitido os passeios a Hogsmeade novamente e Gina pôde enfim voltar a Hogwarts. Harry ainda não sabia quando ela voltaria, estava na enfermaria ainda, embora estivesse se sentindo bem Madame Pomfrey não havia deixado que fosse embora, queria que passasse pelo menos mais uma noite em repouso. O ataque a Godric's Hollow havia deixado muitos feridos e Harry havia ganhado um grande galo na cabeça.

Estava de olhos fechados, absorto em pensamentos, quando Gina abriu a porta da enfermaria e entrou. Ele sentiu a presença dela mas permaneceu com os olhos cerrados, embora tivesse esboçado um tênue sorriso.

- Acordado? - ela disse em tom divertido. Ele abriu os olhos, desanimado.

- Como você sabia? - respondeu, sentando-se na cama. Ela riu e se aproximou.

- Sexto sentido feminino? - ele riu, ajeitando o travesseiro nas costas. A namorada ajudou. - Como você está? - perguntou, passando a mão de levinho na testa dele. Harry ainda estava com a cabeça enfaixada e sorriu.

- Vou viver... Quando eu casar sara - disse, puxando a menina para mais perto, dando um leve beijo nela, interrompeu subitamente. - O que me lembra... – disse, com um sorriso maroto nos lábios. Ela franziu a testa. Harry pegou a mão direita dela e beijou delicadamente. - Definitivamente, falta um anel nesse dedo - ela sorriu.

- Harry, não precisa nada disso - disse, abraçando-o, encostou o rosto no peito dele, subindo e descendo no compasso da sua respiração. Ele ficou em silêncio por alguns minutos, curtindo a sensação de tê-la de novo tão próxima de si. Por fim, afastou-a delicadamente.

- Precisa sim. A gente só se casa uma vez Gina Weasley - ela sorriu. - E depois... Eu quero que todos saibam que você é minha - ela sacudiu a cabeça e retornou ao abraço dele.

- Você é quem sabe seu bobo - ele riu de forma ameaçadora.

- Eu sou bobo é? - ela tentou se afastar dele mas já a tinha segurado firme. - Eu sou bobo mesmo Gina? Tem certeza? - ela arregalou os olhos enquanto ele começava a fazer cócegas nela, com um sorriso maroto nos lábios.

- Harry! - disse baixinho, tentando segurar os risos. - Estamos na enfermaria. Você era para estar em repouso. Por favor! Alguém pode chegar - ele riu.

- É só a gente ficar bem quietinho - disse, colocando a mão na cintura dela, por baixo da roupa. Ela se arrepiou toda.

- Harry, como eu posso ficar quietinha com você me provocando desse jeito? - ele riu maliciosamente.

- E eu ainda nem comecei - disse, puxando-a bruscamente para si. - Eu estava com saudades do seu cheiro - continuou, sussurrando no ouvido dela. - E do seu gosto - finalizou, apanhando os lábios dela com os seus.

Ela retribuiu o beijo fervorosamente, suspirou fundo enquanto ele acariciava a língua dela com a sua, já estava mole nos braços dele e não oferecia mais qualquer resistência. Ele correu a mão pelas costas dela, também embriagado pelo momento.

- Hum-hum - um pigarro interrompeu o beijo dos dois, que abriram os olhos, assustados e envergonhados, e se viraram, dando de cara com Hermione. Ela sorriu marotamente para os dois. - Vejo que o nosso doentinho está passando muito bem. E que já sabe que Gina está de volta. O que torna inútil a minha visita aqui, a não ser para empatar o namoro de vocês - completou, sorridente. Os dois amigos coraram, desconcertados. - Tudo bem. Foi melhor assim. Ainda bem que eu não deixei o Rony vir aqui avisar que a Gina havia chegado - acrescentou, divertida. Os outros dois riram também. - Eu tenho um recado para você, Harry. Madame Pomfrey disse que você já pode ir. A não ser que queira ficar mais um pouco aqui, sabe... Com a Gina - deu uma olhada de esguelha para a amiga, que sacudiu a cabeça, achando graça.

Os dois saíram da enfermaria e, depois de conversar sobre os acontecimentos recentes e a batalha de Godric's Hollow, foram almoçar. Rony divertiu os outros três, contando sobre o ciúme excessivo de Percy em relação a Fleur, já que os dois estavam namorando firme há algum tempo.

- Ele esquece que ela é parte veela - disse, divertido. Os outros ficaram contentes que afinal Percy estivesse feliz.

- Cá entre nós - disse Gina em tom discreto. - Eu acho que o ciúme está fazendo bem a ele. Vocês viram como está mais despojado? - Mione concordou.

- É verdade, parece até que remoçou. Perdeu aquele ar metido à besta que sempre teve - os quatro riram mas cessaram o assunto quando o rapaz se aproximou da mesa, com Fleur pela mão. Gina sorriu para a amiga francesa.

- Olá Gina, Rrrrony, Herrrmione. Arry, é bom verrr que você está melhorrr - ela sorriu.

Mione olhou intrigada de Rony para a menina francesa. Não aconteceu nada, Rony não tinha mais nenhuma quedinha por ela. Depois que os dois saíram Mione não resistiu.

- Ron, por que você não fica mais empolgadinho quando a Fleur aparece? - ele deu um sorrisinho maroto para ela e respondeu baixinho, corando até a raiz dos cabelos.

- Já faz um tempo que isso não acontece Mione, você nem reparou... Eu acho que nem um feitiço de veela é páreo para o que eu sinto por você - disse calmamente. - Me impressionou ver você lutando. De uma forma que nada mais me impressionará. Nunca... - completou baixinho no ouvido dela, que sorriu.

- É bom mesmo Rony Weasley... Porque eu posso fazer outras coisas que te deixarão bem mais impressionado - disse, fingindo ciúme, implicando.

- Mione? - ela olhou nos olhos dele.

- Ahn?

- Cale essa boca - e encostou de leve os lábios nos dela. Os outros não repararam, estavam ainda rindo de Percy e Fleur. Era engraçado como ela havia modificado o rapaz.

Todos ainda estavam rindo quando diversas corujas entraram pelo Salão Principal, esvoaçando e fazendo muito barulho. Gina respirou fundo ao ver que cada um que recebia um exemplar d'O Profeta Diário olhava feio para ela. Na mesa da Sonserina Draco chorava de rir. Harry olhou para o loiro e deu um muxoxo.

- Ele ficou maluco depois da batalha - Rony disse em tom debochado. - E ficou ainda mais insuportável também - Mione sacudiu a cabeça enquanto lia seu exemplar d'O Profeta.

- Bem, eu não sei mas algo me diz que ele está rindo disso aqui - jogou na mesa a primeira página do impresso.

"Virgínia Weasley e Draco Malfoy casados.

Leia na página 2 sobre como a caçula dos Weasley não esperou o corpo do "menino que sobreviveu" sequer esfriar antes de declarar seu amor pelo filho de um dos piores seguidores de Você-Sabe-Quem."

Harry ficou vermelho de raiva. Gina afundou o rosto nas mãos. Rony engasgou com o cereal e teve uma crise de tosse. Neville, que havia acabado de entrar no Salão Principal, riu da situação.

- Do que você está rindo Nev? - Mione perguntou, irritada. O garoto jogou na mesa um exemplar da revista "O Pasquim" cujo editor era o pai de Luna Lovegood.

- "O Menino Que Sobreviveu sobreviveu mais uma vez"? - Mione leu o título da reportagem principal, onde uma foto de Harry desacordado na enfermaria de Hogwarts estampava a capa. - "Harry Potter vive e Gina Weasley não está casada com Draco Malfoy. Leia toda a verdade por trás dos boatos mentirosos" - Mione leu o subtítulo da reportagem. - Que palhaçada é essa agora Lovegood? - perguntou, irritada. Ainda tinha certa implicância com a garota. Luna ignorou o mau jeito da outra garota.

- Bem, eu tomei a liberdade de pedir ao Dênis Creevey que tirasse uma foto do Harry na enfermaria enquanto ainda estava desacordado e resolvi aproveitar o furo de reportagem, já que ouvi a Gina comentar com o Malfoy que estava chateada que os jornais fossem inventar mentiras sobre os dois. Daí eu tirei a foto e mandei pro meu pai, pedi que ele fizesse a reportagem... Fiz mal? - disse de uma só vez de modo alegre e casual. Gina ergueu o rosto.

- Você fez isso mesmo Luna? - a menina confirmou, acenando com a cabeça.

- Bem, então isso explica a cara de insatisfeito que o Malfoy acabou de fazer - Rony disse, indicando o sonserino por cima dos ombros. Draco segurava um exemplar da revista nas mãos e todos riam da cara dele agora. Parecia que a qualquer momento sairia fumaça pelas orelhas do loiro. Harry riu.

- Eu pedi ao papai que distribuísse exemplares grátis aqui em Hogwarts, principalmente, mas creio que Harry não vai se importar em dar uma entrevista exclusiva contando tudo sobre a batalha. Pelo menos eu prometi ao papai que eu conseguiria isso em troca das revistas e da reportagem esclarecedora n'O Pasquim - Harry acenou, concordando.

- É claro. Você limpou nossa reputação e ainda deixou Malfoy na pior. É só combinar que dou a entrevista - disse, sorrindo, satisfeito, na direção da mesa da Sonserina.

- Obrigada mesmo Luna - a garota sorriu para Gina.

- Bem, na verdade eu é que agradeço a oportunidade. Realmente Malfoy fica irresistível zangado daquele jeito. Ai, ai... - disse de forma sonhadora e saiu andando de volta para a mesa da Corvinal, sem tirar os olhos do sonserino. Rony e Harry fizeram cara de nojo.

- Urgh! Bem, mau gosto não se discute, se lamenta - Mione disse, também enojada. - Pelo menos ela parou de dar em cima de você, Ron...

- Obrigado pela parte que me toca Mione. Mau gosto... Humpft... - Mione sorriu.

- Você entendeu bem o que eu quis dizer Rony Weasley - disse, cruzando os braços e franzindo a testa. Harry deu um sorriso na direção dos amigos.

- É bom isso né? - Gina captou os pensamentos do namorado. - Tudo de volta à normalidade... Tudo exatamente como sempre foi - Harry entrelaçou a mão dele na dela, por baixo da mesa.

- Discordo redondamente de você, Gina Weasley - a ruiva se surpreendeu, franzindo o nariz.

- Discorda?

- Bem, nem tudo é como sempre foi, ainda bem... Se é que você me entende - disse a última parte bem próximo ao ouvido dela, causando-lhe arrepios. A menina corou.

- Eu sei onde você está querendo chegar Harry - sussurrou, devolvendo-lhe os arrepios.

- Não. Você não tem a menor idéia de onde eu quero chegar mocinha - enfatizou antes de colar os lábios nos dela, roubando-lhe um beijo.

Depois do almoço os quatro foram caminhar pelo lado de fora do castelo. Gina contou como Draco havia tido a idéia idiota de dizer que estava casado com ela. Explicou também que havia sido Draco quem havia encontrado Harry e o trazido de volta.

- Bem, isso explica ele ter dito aquela mentira idiota cara. O infeliz realmente teve que se superar, salvando a sua vida - Rony constatou, Harry torceu os lábios.

- Eu sei. É só por isso que eu ainda não quebrei a cara dele. De certa forma nós ficamos quites: ele salvou a minha vida e tentou destruir a minha reputação - Gina e Hermione se encolheram entre os braços dos garotos. Estava um dia frio e o final da tarde e o pôr-do-sol não estavam melhorando muito isso.

- Vamos entrar? - Hermione disse quando os quatro já estavam tremendo de frio.

- Vamos sim Mione - Harry respondeu, passando a mão pelas costas de Gina, que se arrepiou ainda mais, não de frio.

Os dias anteriores ao baile foram de pura agitação. Os aurores prenderam quase todos os Comensais que haviam desaparecido da batalha, a exceção de alguns, entre eles Lúcio Malfoy, que evidentemente havia desaparecido na poeira. Os bens dele foram confiscados e mantidos sob controle do Ministério da Magia. A Mansão Malfoy foi selada e os incontáveis cofres da família lacrados em Gringotes. Draco obteria, é claro, os direitos sobre a fortuna assim que completasse seus estudos. Era agora, sozinho, o bruxo mais rico de toda a Inglaterra e algumas meninas estavam esboçando interesse. Draco havia se tornado um bom partido afinal de contas e a notícia se espalhava como um rastilho de pólvora.

Faltavam dois dias para o baile e Harry ainda não havia conseguido estar a sós com os amigos, muito menos Gina. Era solicitado a todo momento. Concedeu diversas entrevistas, embora tenha sido fiel à sua promessa e concedido a'O Pasquim a maior e mais completa, com direito a fotos e tudo.

Gina estava aliviada mas ao mesmo tempo apreensiva. Nas semanas seguintes à batalha ela e Harry haviam passado pouquíssimos momentos juntos. Harry, Rony e Hermione haviam iniciado os exames de NIEMs e estavam completamente atolados em pergaminhos e livros.

No final da tarde da véspera do baile Gina finalmente tomou coragem para falar com Harry sobre um assunto que a estava incomodando. Ele estava na biblioteca, sendo argüido, muito à contragosto, junto com Rony, por Hermione. A menina franziu a testa ao ser interrompida por Gina mas não se chateou, uma vez que Rony permaneceu sentado e respondendo as perguntas intercaladas que fazia sem parar sobre Feitiços, Defesa Contra as Artes das Trevas e Poções.

- Você salvou a minha vida. Eu realmente precisava de alguns momentos de paz. Hermione não está dando trégua para a gente - Harry sussurrou enquanto se afastava com Gina e entrava em um dos corredores empoeirados e cheios de livros. Os dois podiam ouvir ao longe a voz ritmada e inexpressiva de Hermione "torturando" Rony.

- O que houve? - a menina abaixou a cabeça. Ele lhe segurou a pontinha do queixo, levantando-a. Gina estava com os olhos repletos de lágrimas.

- Eu sinto sua falta. E vou sentir ainda mais ano que vem, quando estiver sozinha aqui e você estiver estudando para ser auror ou no quadribol profissional - choramingou; Harry sorriu.

- Hey. Eu também sinto sua falta. Mas não vai ser assim. Sabe, se você estiver casada poderá passar os finais de semana em casa, o Ministério tem uma lei antiga sobre isso. Eu me informei com Hermione - Gina sorriu.

- Mas nós somos muito jovens para casar ainda Harry. E como a gente vai se manter? Onde vamos morar? Eu não sei se meus pais vão concordar com isso e os meninos... - Harry apertou os lábios com força nos dela, fazendo-a se calar. As pernas da menina bambearam por alguns instantes e retribuiu ao beijo fervorosamente.

- Mais calma agora? - perguntou quando finalmente a soltou do beijo. Ela ficou apenas abraçada a ele, ouvindo o som das batidas do coração de Harry.

- Aham - disse baixinho, confirmando.

- Sabe, tem outra coisa que eu também sinto falta - sorriu maliciosamente. Ela entendeu o que queria dizer.

- Eu também sinto falta disso meu amor. Mas não temos tido tempo de ficar sozinhos - lamentou.

- Bem, isso vai mudar. Depois do baile de formatura e comemoração do fim de Voldemort nós vamos ter todo o tempo do mundo e vamos nos aproveitar muito disso - ela corou mas sorriu.

- Eu vou esperar ansiosamente então. Bom estudo para vocês e boa sorte na prova daqui a pouco - Harry sorriu a ver Gina caminhando lentamente até sair da biblioteca, então se voltou para Hermione e Rony, que parecia já ter sofrido o suficiente. Tinha a impressão de ter sido atropelado por um trasgo.

- Até que enfim você voltou. Não agüentava mais sofrer sozinho - disse com expressão aliviada. - Minha cabeça já está doendo, acho que a qualquer minuto vai sair fumaça pelos meus ouvidos - Hermione soltou um muxoxo.

- Então Harry? Posso prosseguir a revisão com você? Esse frouxo aqui obviamente não agüenta mais - Rony nem teve forças para protestar, apenas afundou o rosto nos braços e começou a cochilar, num estupor incontrolável. - Bem, enquanto Rony ronca a gente pode terminar a última parte dos exercícios - Hermione esticou a varinha e proferiu alguns encantamentos de transfiguração, mudando a cor e o comprimento do cabelo do namorado. Harry arregalou os olhos.

- Mione, você acha que deveria... - começou, cauteloso - Treinar em alguém indefeso? - ela deu de ombros.

- O que os olhos não vêem o coração não sente Harry. E, depois, ele nem vai perceber, do jeito que dorme - apontou o namorado, que roncava à sono solto, babando em cima dos pergaminhos de rascunho. Harry sorriu e desfez os cachos azuis que Hermione tinha feito no amigo, substituindo-os por ondas loiras. Mione riu e os dois prosseguiram mais um pouco, causando risadas aos alunos que passavam.

De tarde fizeram as últimas provas de NIEMs e foram finalmente descansar na sala comunal. Assim que chegaram lá havia um bilhete de Gina, informando que estava na cabana de Hagrid, aguardando por eles. Os três deram de ombros e se dirigiram até a casa do meio gigante.

Assim que entraram Hagrid estava chorando feito um bebê. A enorme cabeça repousada sobre a mesa. Gina o consolava, meio sem jeito. Foi quando os três pigarrearam. Hagrid ergueu o rosto e limpou as lágrimas, desconcertado.

- Ah! Vocês estão aí meninos? Como foram nas provas? - o meio gigante perguntou, fungando. Hermione lhe estendeu um lenço para que o amigo parasse de limpar as lágrimas na manga o casaco e Hagrid agradeceu, dando uma forte assoada no nariz.

- Fomos muito bem, obrigada - respondeu, desconcertada.

- Fale por você - Rony resmungou, puxando uma cadeira e afundou-se nela, ao lado da irmã.

- Ahn, Hagrid, por que você está chorando? - Harry perguntou, sem graça, colocando a mão por sobre os ombros de Gina.

- Ah! Harry, bem, eu... - fungou mais algumas vezes e voltou a chorar. Hermione torceu os lábios e Gina se adiantou para os amigos.

- Se me permite - ela se voltou para Hagrid, pedindo sua autorização para explicar.

- À fondade - o gigante disse entre uma assoada do enorme nariz e outra. Hermione constatou que não ia querer o lenço de volta nunca mais.

- Bem, Hagrid está chorando porque Madame Maxime voltará definitivamente para a França. Agora que a guerra acabou Dumbledore sugeriu que ela retomasse as atividades em Beauxbatons e Hagrid sentirá muita falta dela, pobrezinho...

- Mas você não pode ir com ela Hagrid? - Rony perguntou, numa tentativa de ajudar.

- Dão - o gigante respondeu tristemente, a voz fãnha. - Eu breciso dobar conta das terras de Hogwarts e também dar aulas de Drato das Criaturas Bágicas - prosseguiu entre soluços.

- Não necessariamente - uma voz soou da entrada da cabana.

- Dumbedore? - o diretor sorriu para o amigo gigante. Atrás dele, Vasta, Miúdo e Colossus sorriam também.

- Olá amigos. Bão esperaba bê-los de nobo. Achei que voltariam para as montanhas - Hagrid cumprimentou educadamente, já com a voz normal.

- Nós não íamos embora sem nos despedir Rúbeo - Vasta disse, dando um abraço apertado no gigante.

- Exatamente. Nós fomos nos despedir do diretor e agradecer a hospitalidade mas ele nos deu uma sugestão. Na verdade nos fez uma proposta irrecusável - Miúdo piscou para Vasta.

- E só depende de você, Hagrid, decidir se devem ou não a aceitar - Dumbledore sorriu para o gigante, olhando por cima dos óculos meia-lua.

- Como assim professor? - Harry perguntou, curioso.

- É. Como assim? - Hermione franziu a testa.

- Bem, falei com Madame Maxime. Hagrid infelizmente foi expulso de Hogwarts e essa decisão é irrevogável. Mas Olímpia me sugeriu algo que creio que será ótimo para você, meu caro Hagrid.

- Meu Deus, é o que estou pensando? - Hermione abriu um sorriso.

- É sim Hermione. Hagrid, você vai ter a oportunidade de concluir seus estudos. Olímpia se ofereceu para ser sua tutora pessoal em Beauxbatons. Se você aceitar não só poderá ficar perto dela como também concluir seus estudos e voltar para Hogwarts como um bruxo graduado - o meio gigante abriu um enorme sorriso e abraçou Vasta ainda mais. Colossus fez uma cara feia.

- Cuidado aí Rúbeo meu velho. Assim você quebra uma costela dela - disse, enciumado. Miúdo riu.

- Francamente Colossus, Rúbeo está apaixonado por Madame Maxime. Não precisa ter tantos ciúmes de Vasta - o gigante corou e deu um sorriso amarelo.

- Não é ciúme. É, é... - ficou embaraçado - Vasta me ajude aqui, por favor - todos riram.

- É excesso de cuidado, não é queridinho - a gigante explicou, apertando as bochechas coradas do namorado.

- E então Hagrid? - Dumbledore perguntou, sobrepondo a voz às gargalhadas. - O que decidiu?

- Bem, eu gostaria de saber como os alunos vão ficar sem as aulas de Trato das Cri...

- Ora Rúbeo, nós as ministraremos. Foi essa a proposta que recebemos. Aprendemos bastante com você - Miúdo respondeu prontamente.

- E quem vai cuidar dos terrenos da escola?

- Eu vou - Colossus deu um passo à frente. - Eu tenho jeito pra isso e sinceramente não gosto tanto de dar aulas como a Vasta e o Miúdo aqui - os dois sorriram.

- E então Hagrid? - o gigante olhou à sua volta. Em silêncio.

- Pro inferno. Quando eu posso fazer as malas? - todos aplaudiram. - Eu vou morrer de saudades de vocês todos mas eu volto, viu? - todos ficaram felizes.

- Você poderá ir logo após o baile Hagrid - Colossus emendou, sorrindo para Vasta.

Passaram a tarde inteira juntos. Vasta fez um bolo de frutas e esquentou leite achocolatado pra todos. Fazia bastante tempo que não conversavam e se divertiam tanto assim, de forma despreocupada.

No dia do baile os alunos e professores estavam em polvorosa. Algumas meninas ainda não tinham par e corriam apressadas pelos corredores, propositalmente perfumadas e arrumadas, na esperança de convites de última hora.

Gina estava terminando de ajudar a professora Sprout a juntar algumas mudas quando foi abordada por Draco. O loiro parecia profundamente irritado e aborrecido. Puxou Gina pelo braço e a arrastou até a lateral da estufa número sete.

- Ai! Draco, assim você vai arrancar meu braço - massageou onde o garoto havia apertado.

- Nem me fale em arrancar ruiva. O que há com as garotas daqui? Estão todas doidas? - Gina franziu a testa.

- Como assim doidas? - Draco deu um tapa na própria testa.

- Por Merlin ruiva, o convívio com o Potter te deixou retardada? Você não sabe o evento que vai haver hoje na escola?

- Claro que eu sei sobre o baile, Draco - cruzou os braços. - E sempre que tem um as meninas ficam agitadas. É natural...

- Agitadas? - Draco deu uma gargalhada sarcástica. – Bem, ruiva, sinto informar que redefiniram o termo "agitadas" - Gina ainda não tinha entendido. Draco abriu os primeiros botões do colarinho e mostrou uma marca roxa.

- O que é isso? - ele deu um muxoxo.

- O que é isso? Bem, eu fui atacado, se quer mesmo saber... Aquelas garotas estão loucas. Hormônios em fúria tem limite - Gina riu.

- Draco, isso foi um chupão? - o garoto apertou os olhos.

- Agora escute aqui ruiva. Se você considera Emilia Bulstrode te encostar na parede do armário de vassouras à força, porque aquela garota é forte, e sugar o seu pescoço como uma vampira pervertida um chupão então isso é um chupão. Mas eu sempre considerei um chupão algo que envolvesse a vontade de ambos e não eu agora estar com medo de ter pego a doença da vaca louca - Gina não conteve as gargalhadas. - Você está rindo de quê? Do fato de todas estarem apaixonadas por mim?

- Draco, as meninas não estão apaixonadas por você - o garoto franziu a testa.

- Ok, essa é a parte em que eu pergunto por que você considera isso assim tão óbvio? Eu sou tão impossível assim de ser alvo de uma paixão - Gina sacudiu a cabeça.

- Não Draco. Claro que não. Deixa de ser neurótico. Mas é que você se esquece que é agora o solteiro mais cobiçado da Inglaterra? - ele rolou os olhos para cima e fez uma careta.

- Mas eu sempre fui rico ruiva. Por que agora as meninas resolveram que eu sou um bom partido? - ela riu.

- Porque agora além de rico você caiu nas graças do Ministério da Magia. Agora sua fortuna é ainda maior e intransferível. E você não é de se jogar fora, convenhamos - Draco sorriu.

- É, mas você jogou - Gina arregalou os olhos.

- Draco, por favor nem comece - ele sorriu.

- Eu sempre gosto de testar seus reflexos, Weasley - respondeu, sarcástico. Gina torceu os lábios.

- E você vai com qual das loucas furiosas? - Draco deu um sorriso maroto.

- Bem, já que todas estão loucas resolvi ir com a única que sempre foi louca - Gina riu.

- E quem seria a felizarda? - Draco apontou para trás de Gina.

Luna Lovegood estava saindo da estufa, carregada com uma pilha de mudinhas jovens, para ajudar a professora Sprout. Ela não viu os dois e passou direto. Acompanharam a menina até esta virar o caminho atrás da estufa. Gina sorriu.

- Ah! Você só pode estar brincando. Você não convidou a Luna - Draco sorriu.

- Ainda não. Mas eu vou. Ela nem faz idéia, coitada...

- Coitada? Por que coitada? - Gina franziu a testa. - O que você vai fazer com ela? Draco Malfoy, ela é minha amiga, você não vai... - gesticulou, sem jeito.

- Agarrá-la? Por favor, Weasley, andar com malucos não me faz um deles. Sempre andei com você e nem por isso eu caio de amores pelo Potter. Eu apenas quero ir ao baile com uma louca conhecida, é melhor do que ir com a Emília "boca de ventosa" Bulstrode ou Pansy "mãos bobas" Parkinson - Gina fez uma careta.

- Nem quero pensar no que a Pansy fez para receber esse título - Draco abriu um sorriso maroto.

- De certa forma teria sido até agradável - fez uma expressão sonhadora mas mudou logo para uma outra de completo asco. - Se ela não tivesse aquelas mãos suadas e geladas de morta-viva - Gina fez uma careta.

- Urgh! Draco, se você quer me fazer vomitar o almoço está quase conseguindo - o garoto riu.

- Bem, eu só quero te perguntar uma coisa. Você acha que ela aceita o convite? - Gina torceu os lábios, avaliando a pergunta.

- Por que você não pergunta isso a ela?

- Bem, me pareceu bem óbvio que a idéia aqui é eu não quero receber um não no meio da cara - Gina riu.

- Bem, Draco, dessa vez você vai ter que arriscar sozinho – a grifinória fez menção de ir embora.

- Hey! Isso seriam ciúmes? - fez uma expressão de choque e surpresa. Gina cruzou os braços em resposta. - Ok, não são ciúmes, mas é o quê? - ela abaixou a cabeça.

- A Luna vai me matar por fazer isso mas eu preciso te advertir. Não a machuque, Draco. Não brinque com os sentimentos dela - o garoto não entendeu.

- Como assim? - ela bufou.

- Ela tem meio que uma quedinha por você. Eu só não quero que ela sofra. Ela já sofreu muito na vida. Ela perdeu a mãe... - Draco olhou sério para Gina.

- Sabe, eu não sou esse canalha que você pensa - ela se sentiu mal.

- Eu sei que você não é. Pelo menos não para mim mas ela...

- Nem tudo é sobre você, ruiva. O mundo não gira em torno de você. Eu vou ao baile com a Lovegood e pode deixar que não vou contaminar sua amiguinha com nenhuma doença contagiosa - Gina ficou triste com a reação de Draco e o garoto saiu.

Hermione passou a tarde enfeitiçando os próprios cabelos para que ficassem lisos. Gina ajudou a amiga a se vestir e as duas desceram para encontrar os meninos na sala comunal. Eles se espantaram de como estavam bonitas. Gina usava um vestido rosa bebê, adornado no decote canoa por minúsculas rosas de cetim, Harry ficou embevecido. Hermione estava também muito bonita, em um vestido azul petróleo justo e longo, com uma fenda lateral, que deixou Rony sem fôlego.

Os quatro desceram até o Salão Principal, lá estavam não só os alunos como diversos familiares e os integrantes da Ordem da Fênix, também comemorando a vitória sobre Voldemort. Harry passou os olhos pelo Salão e avistou Sirius e Allana. A pequena Lílian passava de colo em colo. Ele sorriu ao ver a irmã gargalhando no colo de Percy. Fleur estava com os olhos brilhantes e tão logo Hermione segurou a menina Percy anunciou seu noivado com Fleur, beijando-a em seguida e arrancando aplausos e assovios de todos, principalmente dos gêmeos. Harry tirou Gina para dançar, bem como Rony fez com Hermione.

- Logo seremos nós dois - Harry sussurrou para ela.

- Harry, nós não precisamos ficar noi...

- Shhh! Não estrague o momento, baixinha - Gina fingiu aborrecimento.

- Eu não sou tão baixinha, estou quase da sua altura - reclamou enquanto se comparava a ele. Harry gargalhou.

- Mas você está de salto alto. Assim não vale... E, depois, você está fugindo do assunto. Não quer ser minha noiva? - Gina sorriu.

- É claro que eu quero. Mas somos muito novos...

- Gina, eu sei disso. É só para que possamos ficar juntos no ano que vem - ela fez beicinho.

- Só para isso? - ele riu.

- Tá, não é "s" para isso - ela riu. - Se bem que se casarmos seus irmãos vão ter certeza de coisas que eu preferia evitar que soubessem. Coisas que podem fazer eles quererem me livrar de certas partes móveis supérfluas, se é que me entende - Gina riu maliciosamente.

- Eu não considero essas "partes" nada supérfluas Harry. Nem um pouco, se é que voc me entende - ela se encostou nele propositalmente, beijando-o no pescoço de forma provocante.

- Não faça isso ou vai perder todo o baile, eu juro - ela riu marotamente.

- Hum, eu acho que mal posso esperar acabar - os dois riram e continuaram a dançar.

Depois de algum tempo Gina avistou Luna passar por ela enfurecida. A menina cruzou a pista de dança, vindo dos jardins, e saiu para o corredor. Draco passou alguns segundos depois, mancando, atrás dela. A menina pediu licença a todos na mesa e foi conferir o que tinha acontecido. Alcançou o loiro no meio do corredor. O garoto estava parado, tentando adivinhar em que direção Luna havia ido.

- Você viu para onde aquela doida foi? - Gina achou ruim.

- Não fale assim dela. Eu te disse para ser decente com ela, não disse? Bem feito que ela tenha se defendido. Espero que tenha acertado algo que esteja doendo - Draco arregalou os olhos.

- Decente? DECENTE? - ele elevou o tom de voz, irritado.

- Fale baixo, por Merlin, o pai dela está na festa, conversando com Sirius, você quer que ele venha aqui e te estupore? - Draco riu.

- Ele devia ter era dado modos para aquela filha desmiolada dele, isso sim - Gina ficou surpresa.

- Como assim modos? - Draco torceu os lábios.

- A louca me atacou no jardim. Me disse que queria tomar ar fresco e enfiou a língua na minha garganta, e sabe lá Deus o que mais por dentro da minha roupa - Gina arregalou os olhos.

- Ela agarrou você?

- Eu não sou um ogro sabia? Não sou tão horrendo assim - Gina ignorou.

- Ela agarrou você? Agarrou, agarrou? Ou só agarrou? - perguntou, mudando a entonação. Draco riu.

- AGARROU - enfatizou.

- Oh! Céus... - Gina corou.

- Aquela mulher é louca. Eu tentei explicar que ela era apenas a minha parceira de dança, que não ia tentar nada desse tipo com ela - estava sendo sincero. - E foi aí que ela se enfureceu. Tirou as mãos do meu corpinho na mesma hora, devolveu a minha amídala, o que eu lhe sou muito grato, aliás, pisou forte no meu pé e devo dizer que foi uma sorte ela não ter pisado em outro lugar, e saiu correndo. Quem entende as mulheres? Uma hora a moda é ser comportado, outra hora é: "Por favor haja como um trasgo e me agarre com força"... - Gina sacudiu os ombros.

- Deixa que eu vou atrás dela. Avise Hermione que eu já volto - Draco fez uma careta.

- Eu? Falar com a sangue-ruim? - Gina ignorou.

- Então avise Harry ou a um de meus irmãos, quem sabe o pai da Luna? - ele rolou os olhos.

- 'Tá bem, 'tá bem. Você me convenceu. E veja o que vai falar com a Luna, não quero que ela pense que eu sou esse tipo de garoto - Gina virou para trás mas Draco já havia sumido. Ela sorriu.

O sonserino havia chamado a menina pelo primeiro nome e se importava com o que pensava sobre ele. Aquilo já era alguma coisa. "Quem sabe as coisas não tomam novos rumos também para ele?", Gina pensou, sorrindo, enquanto caminhava pelos corredores, procurando por Luna para consolar a amiga.