25 - Muito Que Explicar
Harry não largou a mão de Gina até que os dois estivessem em Hogwarts de novo. O caminho até o castelo foi feito em silêncio pelos dois. Não sabiam como explicariam tudo o que havia acontecido sem mencionar o bebê.
Gina mantinha a cabeça encostada no peito de Harry e ele involuntariamente vez ou outra lhe acariciava o ventre, embevecido. A carruagem que levava os dois era seguida de perto por duas outras, levando os outros membros da Ordem e Draco.
- Como vamos contar a eles? - Gina disse em meio a um suspiro. Harry abaixou os olhos na direção dela.
- Achei que você estivesse dormindo... - ela sorriu.
- Eu não conseguiria dormir agora Harry... - o rapaz a segurou mais firme, ela colocou a mão sobre a dele, apoiada em sua barriga, e sorriu. - Você está com medo?
- Não. Estranho né? Eu deveria estar apavorado mas não estou. Vamos ter um filho e eu não consigo parar de sorrir, por mais que eu ache não vai ser nada fácil... - disse sinceramente.
- Eu entendo como você se sente. Eu me sinto da mesma forma. Eu só me preocupo com o que os meninos vão pensar... - Harry apertou os lábios imaginando a fúria dos 6 meninos Weasley.
- Gina, eles não vão ter muito que pensar. Você está grávida e, bem, só teria um jeito de você engravidar... - emendou, corando.
- Eu sei. Mas é estranho. Todos vão finalmente saber que eu e você... E eu ainda vou ter que aturar as provocações do Draco... - ele sacudiu os ombros.
- Bem, Draco já sabia, se isso te ajuda... - a menina se mexeu no colo dele e o olhou de frente.
- Como assim ele já sabia? Você contou para ele? - Não propriamente contei mas eu não pude evitar mencionar que...
- HARRY! - ela ficou escandalizada. - Eu não acredito que você falou para o Draco. Logo para o Draco, que nem é seu amigo...
- Não. Eu não falei...
- Mas você disse que...
- Não. Eu recebi por meio de um sonho, aliás um sonho não. Um pesadelo. Eu sabia onde você estava. Eu senti. Vi você na masmorra da mansão Malfoy. E eu fui pedir ajuda ao Draco e quando ele me perguntou como eu sabia onde estava você eu não pude evitar dizer que a nossa ligação estava mais forte depois que nós... Bem, aí eu juro que não disse mais nada e...
- E nem precisava, não é Harry Potter? - ele se sentiu envergonhado.
- Eu sinto muito, eu não estava conseguindo pensar. Logo depois eu ajoelhei aos pés dele e implorei para ele ajudar... Você não sabe o quanto eu estava desesperado... - ela passou a mão pelo rosto dele.
- Você fez isso? - Harry meneou a cabeça de olhos fechados. Gina sorriu. - Você é maravilhoso sabia?
- É o efeito que você causa em mim Gina... - ela suspirou.
- Bem, vamos ver como os outros reagirão a isto. De certa forma até que foi bom, pelo menos não preciso me preocupar com escândalos do Draco... Apenas dos outros seis irmãos que eu tenho... - os dois riram.
- Isso sem mencionar seu pai... - Harry concluiu com pesar.
- Oh! Merlin nos ajude... - disse, afundando, desanimada, no colo dele de novo.
A carruagem não tardou a parar. Logo estavam acomodados em uma enorme mesa oval. Em volta dela estavam sentados todos os membros da Ordem e os Weasley, menos Rony, que estava agora na enfermaria com Hermione. Todos olhavam para os dois, esperando que começassem a contar como haviam destruído Voldemort.
- E então? Como foi que tudo aconteceu Potter? - Snape perguntou de forma brusca. O rapaz não demonstrou nenhuma raiva. Ao contrário.
- Eu gostaria de antes de contar como foi que Gina pudesse ser levada para a enfermaria e examinada professor - disse, dirigindo-se a Dumbledore. - Talvez o chocolate que ela comeu durante a viagem não tenha sido suficiente diante das circunstâncias... - o diretor concordou mas Gina apertou a mão de Harry com força.
- Não Harry - sussurrou. - Eu quero estar aqui com você quando você contar isso... - Snape deu um muxoxo.
- Gina, eu acho que é melhor eu falar sozinho...
- Não Harry...
- Dá para os dois pombinhos se decidirem de uma vez? - Snape falou novamente, sarcástico. Os outros membros da Ordem mantinham-se olhando pra os dois.
- Harry, nós fizemos isso juntos. Então vamos falar tudo. [u]Tudo[/u]. Juntos... - o rapaz concordou.
- Bem, Voldemort foi destruído...
- Isso nós sabemos Potter. Queremos a novidade agora...
- Cale a boca Snape - Sirius finalmente interrompeu. - Deixe os garotos falarem como fizeram isso...
- Nós não fizemos, Sirius - Harry emendou. Todos se espantaram.
- N-na-não? - Mundungo perguntou curioso.
- Então ele não está morto? - Arabella completou, curiosa.
- Sim, está morto... - Harry respondeu.
- O que queremos dizer é que fomos nós que o destruímos... - Gina disse, segurando com mais força a mão de Harry. Os dedos entrelaçados nos dele. - Pelo menos não diretamente...
- Então quem foi? - Remo perguntou, curioso. Harry engoliu em seco. Virou- se para o pai de Gina.
- Sr. Weasley, eu sei que não é uma boa hora mas eu gostaria de pedir a mão da Gina em casamento... - Arthur não entendeu absolutamente nada. Molly ficou comovida mas também estava atônita. Os cinco meninos perderam a fala. Dumbledore parecia estar quase dormindo na cabeceira da mesa.
- Sim Harry. Vai ser uma honra um dia ter você como meu genro e meu filho também mas...
- Um dia não Sr. Weasley. Agora. Tem que ser agora... - ele lançou um olhar para Gina e se voltou para os pais dela. - Não fomos nós que destruímos Voldemort. Mas ele foi destruído por nossa causa como a Gina disse... - Snape deu outro muxoxo.
- Quando vocês decidirem a explicação me chamem - ele ia se levantar mas Harry aumentou a voz.
- Voldemort foi destruído por nossa causa porque foi destruído pelo nosso descendente... - todos ficaram parados. Os olhos dos gêmeos pareciam que saltariam e seriam expelidos das órbitas a qualquer momento. Percy engasgou com um copo de suco de abóbora e quase cuspiu os pulmões.
- Gina? Minha filha? - Molly olhou para a garota.
- É verdade mamãe... - ela abaixou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. - Harry e eu... - ele segurou a ponta do queixo dela e ergueu. - Hey! Não há do que se envergonhar... - sussurrou para ela, que assentiu. - Estamos juntos nisso... - ele se virou para os outros. - Nós vamos ter um filho. E eu quero fazer as coisas direito. Quero me casar com a Gina e formar com ela a família que eu não pude ter... - todos ficaram chocados. Dumbledore pareceu finalmente acordar e observou o casal de jovens por cima dos óculos de meia lua.
Sirius pareceu subitamente se recuperar do choque. Arthur ainda não tinha conseguido manifestar qualquer reação, apenas estava ouvindo Molly resmungar qualquer coisa sobre serem avós pela primeira vez com um filho da filha caçula.
- Garoto, você é um irresponsável... - foi a primeira coisa que Sirius conseguiu dizer. De certa forma doeu em Harry. Sabia que não deveria ter deixado de se prevenir. Sabia que era novo para ser pai mas mesmo assim esperava outra reação do padrinho. - Droga Harry. O que foi que eu te falei? - ele se levantou da cadeira e foi caminhando até os dois. Remo acompanhou o amigo com o olhar.
- Almofadinhas, deixe o garoto... - disse, tentando acalmá-lo.
- Harry, você é um tremendo filho da mãe - ele disse de frente para o rapaz, dando-lhe um tapa de leve atrás do pescoço. - Mas é o filho da mãe mais corajoso que eu já vi na minha vida. Garoto, o que eu lhe falei sobre correr riscos? Como você faz uma declaração destas assim? A garota tem seis irmãos - Harry entendeu o que Sirius estava tentando dizer. - Você foi irresponsável... Vocês dois – virou-se para Gina, que corou levemente. - Mas demonstraram que podem lidar com isso perfeitamente... - Harry sorriu. - Acho que vamos ter uma festa de casamento Arthur, isto é, se você permitir... - Harry e Gina buscaram a reação do outro homem. Arthur Weasley se levantou da mesa e pigarreou. Os outros meninos e Molly ficaram apreensivos.
- Bem, teremos que providenciar isso logo ou teremos que fazer o batizado do meu neto, ou neta, junto - Harry e Gina se entreolharam e sorriram, mais calmos.
Gina foi em direção ao pai e o abraçou. Os outros Weasley foram encorajados, - ou empurrados - por Molly, que tinha os olhos marejados, a irem até os dois.
- Obrigada papai... - ela disse, sorrindo. Harry trocou um olhar cúmplice com Sirius e Remo. - Depois você pode me agradecer pela bronca que eu acabei de encenar - Sirius sussurrou entre dentes para o afilhado. Sabia que se ele próprio "brigasse" com Harry os Weasley não o fariam e fez a cena de propósito. Harry agora estava certo disso também.
- Felicidades queridos - Molly disse, abraçando Harry e dando dois beijos nas bochechas do rapaz.
- Finalmente a Gininha arranjou um meio infalível de fisgar o "famoso Harry Potter" - Gina sacudiu a cabeça, rindo. - E quanto a você, Harry. - virou- se pro rapaz. - Cuide bem da nossa irmãzinha seu pervertido duma figa - Fred implicou.
- Hey cunhadinho! Imagina o que nós não vamos ensinar ao seu filho depois de você ter desgraçado a nossa Gininha? - Jorge disse, sorrindo, levando um tapa na cabeça, dado pela mãe. - É melhor que vocês tenham tapetes a prova de fogo... - ele parou e sorriu. - Quem diria? Uma nova geração de bardeneiros Weasley em Hogwarts - todos riram.
Logo o clima era ameno e Harry e Gina puderam contar com detalhes como foi a destruição de Voldemort. Responderam a todas as perguntas de todos. Durou um bom tempo. Ao final de tudo os dois quiseram ir até a enfermaria, visitar Rony, que ainda estava convalescendo, e, é claro, Hermione.
Enquanto passavam pelos corredores Gina viu que Draco estava sentado em uma das salas de aula vazias. Harry olhou para ela.
- Vá lá falar com ele. Eu espero você na enfermaria... - ela assentiu.
Gina entrou na sala e parou em frente ao loiro, que fingiu não a ver mesmo estando olhando fixo na direção dela.
- Você está cego mesmo ou está me ignorando? - ela perguntou em tom de brincadeira.
- Escolha um... - respondeu, azedo.
- Então você já soube? - ele torceu os lábios.
- Sobre o pequeno bastardo que você espera? - ela fechou a cara. - Os gêmeos maravilha fizeram algumas piadas a respeito e eu não pude deixar de ouvir. Eu não sou idiota como eles e pude concluir isso sozinho. Se bem que eu sei que a intenção deles era de que eu ficasse ciente.
- Harry e eu vamos nos casar. O bebê não vai ser bastardo Draco... - tentou explicar.
- Isso é para me fazer sentir melhor ruiva? Não está tendo grande efeito... - ela sacudiu a cabeça.
- Como você é mimado não é? Eu não devo nenhuma satisfação para você. Você não poderia ao menos ficar feliz por mim? - ele deu um muxoxo.
- Ficar feliz por que você vai ser mãe aos dezessete anos? Ficar feliz porque você vai inchar e engordar como um balão e ficar igual a sua mãe? Ficar feliz porque você vai ter um filhinho bastardo com a cara de idiota do Potter? Ah! E que vai se casar com ele? Obrigado, não. Não preciso ficar feliz com isso... - cruzou os braços.
- Amigos ficam felizes um pelo outro Draco. É assim que a coisa deve funcionar...
- Eu não queria ser seu amigo ruiva. Não pedi isso... - ela sacudiu a cabeça.
- Eu também não pedi nada disso. Mas te considero um amigo. Apesar de tudo que você fez e faz eu te considero meu amigo... - ele encarou o lado de fora.
- Então você sabe o que vão fazer com os Comensais que sobraram? - ele mudou de assunto.
- Se você quer saber do paradeiro do seu pai é desconhecido. Ele conseguiu fugir. Mas a boa notícia é que todos os bens da sua família que estavam ilegalmente no nome do seu pai foram confiscados e vão ser distribuídos pelo Ministério da Magia para entidades de caridade e pessoas carentes... - ela parou um pouco e Draco riu.
- Tem alguma chance de eu estar incluído nessas pessoas carentes?
- Não... - Gina riu. - Mas você receberá uma condecoração por serviços prestados e tem uma vaga garantida na academia de aurores. E receberá uma importância significativa em galeões...
- Hum! Isso começou a me deixar animado...
- Eu sabia que deixaria... - ela deu uma pausa. - Você já pode ficar um pouco menos chatea...
- Não. Não posso. Mas eu vou ficar. Com o tempo. Me dê um tempo para assimilar tudo isso, okay ruiva? - Gina sorriu e saiu da sala deixando um Draco pensativo para trás.
Quando chegou no corredor da enfermaria podia ouvir os berros de Rony. Ela saiu correndo na direção dos gritos.
- COMO ASSIM GRÁVIDA? - foi o que ouviu assim que abriu a porta da ala hospitalar. Fez menção de dar meia volta mas era tarde demais.
As orelhas de Rony fumegavam. Harry e Hermione assistiam impassíveis ao show do ruivo, sentados na cama em frente. Gina não entendeu absolutamente nada quando o irmão começou a rir e, virando-se para ela, mandou que se sentasse com os outros para que acabasse de contar como foi que Arthur reagiu quando Molly disse que estava grávida pela sétima vez.
- Você está imitando o papai? - perguntou com a voz trêmula. - Apenas isso? - Rony torceu o lábio.
- Claro que sim. O que você pensou que eu estivesse fazendo? - ela trocou um olhar com Harry.
- Nada. Eu achei que Harry te contaria umas coisas... - ela franziu a testa.
- E ele contou... - Gina ficou espantada. - Ele contou o quê?
- Bem, ele contou que vocês dois foram transformados em trouxas por Voldemort e que depois Voldemort te atingiu com um "Avada Kedavra" - Hermione respondeu.
- E que depois o bebê salvou os dois e que Você-Sabe-Quem foi destruído... - Rony completou e o queixo de Gina caiu.
- Mas então você sabe...
- Que vou ser tio? Claro que eu sei, Gina.
- E você não...
- Pirei a respeito disso?
- Bem, é...
- Claro que não Gina. Pelo menos agora eu sei que ansiedade você não tem mais... - ela jogou um travesseiro nele e Harry e Hermione riram.
- Eu ainda não sei como você não ficou daquele jeito que você fica... - Gina não conseguia entender. Hermione riu.
- Bem, digamos que ele teria ficado se eu não tivesse mencionado o fato de que eu tenho me precavido durante todo esse tempo para que não aconteça o mesmo conosco... - Gina riu. Sentou ao lado de Rony e o irmão a envolveu num abraço.
- Eu estou feliz que esteja bem. E estou feliz que se case com o meu melhor amigo... - ela sorriu para Harry. - Mas eu espero sinceramente que o bebê se pareça comigo... - os quatro riram e uma chuva de travesseiros caiu sobre a cabeça de Rony.
Dumbledore se encarregou de escrever um documento histórico explicando como se passara a destruição de Voldemort. Ele mencionou a Tríade de Poder que formavam Gina, Harry e Aquele-Que-Não-Devia-Ser-Nomeado, que o último havia transferido uma parte de seus poderes para Harry quando bebê e depois outra parte para Gina, por ter tentado tomar sua alma. E que tentava reaver os poderes a qualquer custo desde então. Que tentou separar Harry de Gina por estes formarem juntos uma poderosa aliança mas que, por fim, o amor dos dois o havia destruído e banido para sempre da face da Terra. Não mencionou nada sobre bebês e casamentos.
Na manhã do primeiro domingo do mês seguinte o jardim do castelo estava especialmente enfeitado. Hagrid e Madame Maxime haviam feito as flores desabrocharem antes do tempo com a ajuda da professora Sprout. E à beira do lago havia um pequeno altar armado, pronto para a cerimônia.
Gina estava nervosa. As mãos geladas e úmidas de suor. Hermione, Allana e Molly a estavam ajudando a terminar de se arrumar enquanto Lílian, que já andava graciosamente, brincava de pegar com Dobby.
- Do-bí - ela balbuciava enquanto mordia as orelhas do elfo.
- Lili, não machuque Dobby, seja boazinha... - Allana disse carinhosamente.
- Sra. Black, ela não machuca Dobby. A pequena senhorita Black está apenas brincando não é? - o elfo fazia a menina gargalhar e Gina sentia o estômago dar voltas.
- Talvez não tenha sido boa idéia casar pela manhã. Os enjôos estão me deixando verde. Eu pareço uma lesma do pântano... - disse a garota, desanimada, sentando-se numa cadeira.
- Tome esse chá querida - Molly ofereceu. - Eu sempre melhorava com isso.
- Não sinto falta dessa parte também... - Allana mencionou. Hermione sorriu.
- Eu não me lembro muito de outras partes - Molly respondeu, rindo - Eu achava que ficaria eternamente grávida... - todas riram.
- Bem, eu vou ver como os garotos estão indo... - Hermione disse após pararem um pouco de rir. - Eu vou com você. Sirius é um bebê. Não sabe dar nós na gravata borboleta - Allana segurou Lílian no colo e Dobby as seguiu. Mãe e filha ficaram sozinhas.
- Eu tenho uma coisa para você querida... - ela estendeu para Gina uma caixinha.
Dentro um par de brincos de pérolas delicadas faziam conjunto com uma pequena grinalda também de pérolas.
- Mamãe, que lindo! - ela disse, olhando-se no espelho enquanto a mãe adornava a cabeça com a grinalda.
- Querida, essas são as únicas jóias que temos na família. Foram de sua avó, Nana. Dizem que os sereianos deram de presente por ter ajudado a curar o soluço de um bebê sereiano... - Gina sorriu.
- Mamãe, você já me deu outras jóias mais valiosas, como o carinho e o amor que sempre teve por nós... - Molly ficou emocionada.
- Oh! Minha garotinha, pare de falar essas coisas ou eu vou borrar a maquiagem... - as duas riram.
- Como será que está o Harry, mamãe? Será que já está pronto?
Batidas na porta.
- Pode entrar... - Sirius colocou a mão na maçaneta e vislumbrou o afilhado. Um homem feito.
- Estou pronto. O que acha? - Harry perguntou, apreensivo.
- Bem, você se saiu melhor do que eu com a gravata mas ainda não está pronto... - abriu um pequeno saquinho de feltro verde e de lá de dentro tirou duas abotoaduras douradas. Duas letras "P" perfeitamente confeccionadas em ouro maciço. Harry apertou os olhos enquanto Sirius as colocou para ele. - Eram de seu avô. Foram usadas por cada Potter no dia do casamento. Eu estava guardando isso para mais tarde mas... - Harry agradeceu e abraçou o padrinho.
- Obrigado por tudo Sirius...
- Harry, outra coisa. Você tem certeza de que quer se mudar mesmo para Godric's Hollow? Você sabe que ficaria melhor alojado conosco - coçou atrás da cabeça, um pouco embaraçado.
- Eu sei disso. Mas eu e Gina temos certeza. Não quisemos ficar n'A Toca também. E depois, eu, Rony, e todos demos um duro naquela casa para ela se tornar habitável. Nós precisamos começar uma vida só nossa, para começarmos uma vida nossa... - Bem, desculpe a redundância, mas você me entendeu... - Sirius riu.
- Tudo bem, garoto... - ele se retirou mas parou na porta e acrescentou. - Harry, você se tornou um grande homem. E um grande pai. Tiago e Lílian devem estar orgulhosos, onde quer que estejam agora... - Harry agradeceu e Sirius foi se juntar aos outros para a cerimônia.
Gina entrou de braços dados com Molly e Arthur. Harry a esperava no altar improvisado. O sol da manhã fazia as pérolas reluzirem sobre o vermelho dos cabelos dela, que caiam em cachos perfeitos sobre os ombros. Harry prendeu a respiração ao olhar para ela. Parecia uma visão. Um anjo.
Ela deslizou até ele graciosamente. Arthur e Molly beijaram a testa da menina e a entregaram na mão de Harry, após abraçarem o rapaz. Hagrid chorava feito um bebê ao lado de Madame Maxime. Os outros gigantes riam dele.
Estavam todos presentes. Menos Draco, que havia decidido não ir. Gina, de certa forma, podia entender o amigo.
Harry a recebeu e o velho bruxo capelão iniciou a cerimônia. Falou por alguns minutos sobre o fim dos tempos de guerra e o início de um era de paz e amor. Relembrou com honrarias os mortos em batalha e louvou o jovem casal que se formava ali. Chegou então o momento de Harry dizer os seus votos. - Hoje eu recebo o maior presente que poderia receber. E o mais valioso tesouro. Hoje eu te recebo diante de todos, Virginia Weasley. Mas já a tenho em meu coração desde sempre e a terei por toda a eternidade... - Gina sorriu.
- Hoje eu me torno parte sua, parte de sua família, e recebo o seu nome no meu. Mas eu já sou parte sua desde a primeira vez que te vi. E não me reconheceria sem você, Harry Potter... - ele retribuiu o sorriso.
- Coloque o anel no dedo dela filho - o capelão instruiu.
- Com esta aliança eu me torno seu. Para sempre - Harry lhe beijou a mão.
- Com esta aliança eu me torno sua. Para sempre - Gina fez o mesmo.
- Apresento a vocês o Sr. e a Sra. Potter. Pode beijar a noiva... - todos aplaudiram e Harry levantou Gina de leve pela cintura, beijou-a com vontade. Estavam casados agora. Mal podiam acreditar.
- Preparada para a lua-de-mel Sra. Potter? - Harry perguntou enquanto valsavam pela pista de dança. Ela sorriu.
- Bem, eu estou. Mas será que o meu maridinho está? Sabe, eu sou uma noiva muito difícil de satisfazer. E eu ando cheia de desejos...
- Hum... Eu devo interpretar isso como uma ameaça ou como uma promessa? - ela mordeu o lábio inferior.
- Eu vou pensar no seu caso e depois eu dou uma resposta para isso...
- Eu esperava que dissesse isso...
- Mas você não perde por esperar... - acrescentou, corando, e ele a girou no ritmo da música enquanto ela ria sem parar.
Os meses seguintes foram complicados. Harry fez as últimas provas e depois de Hermione insistir muito ele se inscreveu no curso para auror. Afinal, seria isso ou o quadribol. Rony também se formou com boas notas, "não tão dignas de seu brilhante caráter", como Hermione disse, mas ainda assim boas o suficiente para escolher qualquer carreira. Ainda faltavam alguns meses para a escolha definitiva mas Hermione estava pensando em ser uma Aritimágica, já que adorava tanto a matéria.
Gina é que se sentia um tanto quanto desanimada. Com a barriga crescendo e os cuidados excessivos de Harry e dos outros ela não podia participar muito da reforma da casa. O cheiro de tinta na maioria das vezes a enjoava e Harry vivia mandando-a tomar leite para se desintoxicar e se hidratar adequadamente. Ela não saía muito também. Havia ido ao Beco Diagonal comprar várias coisas para o quarto do bebê e visitava o medi-bruxo sempre, para se certificar de que corria tudo bem com a gravidez, mas ainda sentia um vazio por ter que esperar ainda um ano para se formar em Hogwarts, quando todos os outros já estavam começando a procurar carreiras e empregos.
Mesmo assim os dois nunca haviam sido tão felizes. Ás vezes Harry chegava tarde. Havia arrumado um emprego provisório no Ministério da Magia e fazia o curso preparatório mas mesmo assim estavam dividindo uma vida muito feliz juntos. Ela agradecia por isso todos os dias.
Draco, aos poucos, havia se reaproximado. Enviava algumas corujas perguntando por ela, dava notícias sobre o curso preparatório que fazia na Alemanha, que havia optado por fazer por julgar que o nome Malfoy seria menos mal visto no exterior, o que depois descobriu ser um engano. Harry ainda sentia ciúmes do loiro mas ficava feliz pela esposa. Sabia que eram apenas amigos.
Naquela noite, quando Harry chegou em casa, Gina já estava deitada. Ele tomou um banho rápido e, colocando apenas a parte de baixo dos pijamas, se esgueirou, devagarinho e em silêncio, para debaixo das cobertas com ela. Gina falou, sem abrir os olhos.
- Até que enfim você chegou - bocejou e ele se assustou.
- Você estava acordada meu amor? - ela virou de barriga para cima, com uma certa dificuldade, agora a gravidez atrapalhava um pouco. - O bebê não quis dormir e, assim, eu também não consegui. Ficou me chutando em represália à sua ausência na cama - ela disse, virando para ele. Ela observou os olhos verdes dele se iluminarem com o comentário.
Harry se esticou para ela, tentando alcançar-lhe os lábios para beijá-la, mas riu. A barriga proeminente impedia o acesso. Gina deu um sorriso maroto.
- Nosso bebê está literalmente entre nós agora - ele correspondeu ao sorriso e deitou-se de lado, apoiando-se no braço, conseguindo finalmente dar um beijo na esposa. Ela fez uma careta e colocou a mão sobre o ventre.
- Que foi? - ele disse curioso.
- Ela não pára de se mexer. Está tão agitada - Harry baixou o olhar e viu a pele do abdome de Gina se erguendo, de dentro para fora. O bebê chutava com força agora. Ele olhou dentro dos olhos dela e esticou a mão por debaixo da blusa fina do pijama dela, acariciando-lhe a barriga devagar. Gina fechou os olhos, curtindo o momento. Ele abaixou a cabeça e deu um beijo em sua barriga.
- Dorme filhinha, papai já chegou. Deixa a mamãe descansar um pouco. Ela merece - sussurrou. Gina abriu um sorriso, aliviada. Na mesma hora o bebê parou de chutar.
- Eu adoro quando você a chama de filhinha - disse, virando-se de costas e aninhando-se nele. Ele a abraçou, mantendo a mão repousada na barriga.
- Eu amo vocês duas - ele disse em seu ouvido. - Tanto - completou, dando um beijo na bochecha dela. Ela virou o rosto, apanhando os lábios dele no ar.
- Eu também te amo - respondeu, sonolenta. Harry sorriu, satisfeito. A vida dele inteira estava ali, naquela cama. Em alguns segundos toda a família Potter dormia calmamente.
Harry não largou a mão de Gina até que os dois estivessem em Hogwarts de novo. O caminho até o castelo foi feito em silêncio pelos dois. Não sabiam como explicariam tudo o que havia acontecido sem mencionar o bebê.
Gina mantinha a cabeça encostada no peito de Harry e ele involuntariamente vez ou outra lhe acariciava o ventre, embevecido. A carruagem que levava os dois era seguida de perto por duas outras, levando os outros membros da Ordem e Draco.
- Como vamos contar a eles? - Gina disse em meio a um suspiro. Harry abaixou os olhos na direção dela.
- Achei que você estivesse dormindo... - ela sorriu.
- Eu não conseguiria dormir agora Harry... - o rapaz a segurou mais firme, ela colocou a mão sobre a dele, apoiada em sua barriga, e sorriu. - Você está com medo?
- Não. Estranho né? Eu deveria estar apavorado mas não estou. Vamos ter um filho e eu não consigo parar de sorrir, por mais que eu ache não vai ser nada fácil... - disse sinceramente.
- Eu entendo como você se sente. Eu me sinto da mesma forma. Eu só me preocupo com o que os meninos vão pensar... - Harry apertou os lábios imaginando a fúria dos 6 meninos Weasley.
- Gina, eles não vão ter muito que pensar. Você está grávida e, bem, só teria um jeito de você engravidar... - emendou, corando.
- Eu sei. Mas é estranho. Todos vão finalmente saber que eu e você... E eu ainda vou ter que aturar as provocações do Draco... - ele sacudiu os ombros.
- Bem, Draco já sabia, se isso te ajuda... - a menina se mexeu no colo dele e o olhou de frente.
- Como assim ele já sabia? Você contou para ele? - Não propriamente contei mas eu não pude evitar mencionar que...
- HARRY! - ela ficou escandalizada. - Eu não acredito que você falou para o Draco. Logo para o Draco, que nem é seu amigo...
- Não. Eu não falei...
- Mas você disse que...
- Não. Eu recebi por meio de um sonho, aliás um sonho não. Um pesadelo. Eu sabia onde você estava. Eu senti. Vi você na masmorra da mansão Malfoy. E eu fui pedir ajuda ao Draco e quando ele me perguntou como eu sabia onde estava você eu não pude evitar dizer que a nossa ligação estava mais forte depois que nós... Bem, aí eu juro que não disse mais nada e...
- E nem precisava, não é Harry Potter? - ele se sentiu envergonhado.
- Eu sinto muito, eu não estava conseguindo pensar. Logo depois eu ajoelhei aos pés dele e implorei para ele ajudar... Você não sabe o quanto eu estava desesperado... - ela passou a mão pelo rosto dele.
- Você fez isso? - Harry meneou a cabeça de olhos fechados. Gina sorriu. - Você é maravilhoso sabia?
- É o efeito que você causa em mim Gina... - ela suspirou.
- Bem, vamos ver como os outros reagirão a isto. De certa forma até que foi bom, pelo menos não preciso me preocupar com escândalos do Draco... Apenas dos outros seis irmãos que eu tenho... - os dois riram.
- Isso sem mencionar seu pai... - Harry concluiu com pesar.
- Oh! Merlin nos ajude... - disse, afundando, desanimada, no colo dele de novo.
A carruagem não tardou a parar. Logo estavam acomodados em uma enorme mesa oval. Em volta dela estavam sentados todos os membros da Ordem e os Weasley, menos Rony, que estava agora na enfermaria com Hermione. Todos olhavam para os dois, esperando que começassem a contar como haviam destruído Voldemort.
- E então? Como foi que tudo aconteceu Potter? - Snape perguntou de forma brusca. O rapaz não demonstrou nenhuma raiva. Ao contrário.
- Eu gostaria de antes de contar como foi que Gina pudesse ser levada para a enfermaria e examinada professor - disse, dirigindo-se a Dumbledore. - Talvez o chocolate que ela comeu durante a viagem não tenha sido suficiente diante das circunstâncias... - o diretor concordou mas Gina apertou a mão de Harry com força.
- Não Harry - sussurrou. - Eu quero estar aqui com você quando você contar isso... - Snape deu um muxoxo.
- Gina, eu acho que é melhor eu falar sozinho...
- Não Harry...
- Dá para os dois pombinhos se decidirem de uma vez? - Snape falou novamente, sarcástico. Os outros membros da Ordem mantinham-se olhando pra os dois.
- Harry, nós fizemos isso juntos. Então vamos falar tudo. [u]Tudo[/u]. Juntos... - o rapaz concordou.
- Bem, Voldemort foi destruído...
- Isso nós sabemos Potter. Queremos a novidade agora...
- Cale a boca Snape - Sirius finalmente interrompeu. - Deixe os garotos falarem como fizeram isso...
- Nós não fizemos, Sirius - Harry emendou. Todos se espantaram.
- N-na-não? - Mundungo perguntou curioso.
- Então ele não está morto? - Arabella completou, curiosa.
- Sim, está morto... - Harry respondeu.
- O que queremos dizer é que fomos nós que o destruímos... - Gina disse, segurando com mais força a mão de Harry. Os dedos entrelaçados nos dele. - Pelo menos não diretamente...
- Então quem foi? - Remo perguntou, curioso. Harry engoliu em seco. Virou- se para o pai de Gina.
- Sr. Weasley, eu sei que não é uma boa hora mas eu gostaria de pedir a mão da Gina em casamento... - Arthur não entendeu absolutamente nada. Molly ficou comovida mas também estava atônita. Os cinco meninos perderam a fala. Dumbledore parecia estar quase dormindo na cabeceira da mesa.
- Sim Harry. Vai ser uma honra um dia ter você como meu genro e meu filho também mas...
- Um dia não Sr. Weasley. Agora. Tem que ser agora... - ele lançou um olhar para Gina e se voltou para os pais dela. - Não fomos nós que destruímos Voldemort. Mas ele foi destruído por nossa causa como a Gina disse... - Snape deu outro muxoxo.
- Quando vocês decidirem a explicação me chamem - ele ia se levantar mas Harry aumentou a voz.
- Voldemort foi destruído por nossa causa porque foi destruído pelo nosso descendente... - todos ficaram parados. Os olhos dos gêmeos pareciam que saltariam e seriam expelidos das órbitas a qualquer momento. Percy engasgou com um copo de suco de abóbora e quase cuspiu os pulmões.
- Gina? Minha filha? - Molly olhou para a garota.
- É verdade mamãe... - ela abaixou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. - Harry e eu... - ele segurou a ponta do queixo dela e ergueu. - Hey! Não há do que se envergonhar... - sussurrou para ela, que assentiu. - Estamos juntos nisso... - ele se virou para os outros. - Nós vamos ter um filho. E eu quero fazer as coisas direito. Quero me casar com a Gina e formar com ela a família que eu não pude ter... - todos ficaram chocados. Dumbledore pareceu finalmente acordar e observou o casal de jovens por cima dos óculos de meia lua.
Sirius pareceu subitamente se recuperar do choque. Arthur ainda não tinha conseguido manifestar qualquer reação, apenas estava ouvindo Molly resmungar qualquer coisa sobre serem avós pela primeira vez com um filho da filha caçula.
- Garoto, você é um irresponsável... - foi a primeira coisa que Sirius conseguiu dizer. De certa forma doeu em Harry. Sabia que não deveria ter deixado de se prevenir. Sabia que era novo para ser pai mas mesmo assim esperava outra reação do padrinho. - Droga Harry. O que foi que eu te falei? - ele se levantou da cadeira e foi caminhando até os dois. Remo acompanhou o amigo com o olhar.
- Almofadinhas, deixe o garoto... - disse, tentando acalmá-lo.
- Harry, você é um tremendo filho da mãe - ele disse de frente para o rapaz, dando-lhe um tapa de leve atrás do pescoço. - Mas é o filho da mãe mais corajoso que eu já vi na minha vida. Garoto, o que eu lhe falei sobre correr riscos? Como você faz uma declaração destas assim? A garota tem seis irmãos - Harry entendeu o que Sirius estava tentando dizer. - Você foi irresponsável... Vocês dois – virou-se para Gina, que corou levemente. - Mas demonstraram que podem lidar com isso perfeitamente... - Harry sorriu. - Acho que vamos ter uma festa de casamento Arthur, isto é, se você permitir... - Harry e Gina buscaram a reação do outro homem. Arthur Weasley se levantou da mesa e pigarreou. Os outros meninos e Molly ficaram apreensivos.
- Bem, teremos que providenciar isso logo ou teremos que fazer o batizado do meu neto, ou neta, junto - Harry e Gina se entreolharam e sorriram, mais calmos.
Gina foi em direção ao pai e o abraçou. Os outros Weasley foram encorajados, - ou empurrados - por Molly, que tinha os olhos marejados, a irem até os dois.
- Obrigada papai... - ela disse, sorrindo. Harry trocou um olhar cúmplice com Sirius e Remo. - Depois você pode me agradecer pela bronca que eu acabei de encenar - Sirius sussurrou entre dentes para o afilhado. Sabia que se ele próprio "brigasse" com Harry os Weasley não o fariam e fez a cena de propósito. Harry agora estava certo disso também.
- Felicidades queridos - Molly disse, abraçando Harry e dando dois beijos nas bochechas do rapaz.
- Finalmente a Gininha arranjou um meio infalível de fisgar o "famoso Harry Potter" - Gina sacudiu a cabeça, rindo. - E quanto a você, Harry. - virou- se pro rapaz. - Cuide bem da nossa irmãzinha seu pervertido duma figa - Fred implicou.
- Hey cunhadinho! Imagina o que nós não vamos ensinar ao seu filho depois de você ter desgraçado a nossa Gininha? - Jorge disse, sorrindo, levando um tapa na cabeça, dado pela mãe. - É melhor que vocês tenham tapetes a prova de fogo... - ele parou e sorriu. - Quem diria? Uma nova geração de bardeneiros Weasley em Hogwarts - todos riram.
Logo o clima era ameno e Harry e Gina puderam contar com detalhes como foi a destruição de Voldemort. Responderam a todas as perguntas de todos. Durou um bom tempo. Ao final de tudo os dois quiseram ir até a enfermaria, visitar Rony, que ainda estava convalescendo, e, é claro, Hermione.
Enquanto passavam pelos corredores Gina viu que Draco estava sentado em uma das salas de aula vazias. Harry olhou para ela.
- Vá lá falar com ele. Eu espero você na enfermaria... - ela assentiu.
Gina entrou na sala e parou em frente ao loiro, que fingiu não a ver mesmo estando olhando fixo na direção dela.
- Você está cego mesmo ou está me ignorando? - ela perguntou em tom de brincadeira.
- Escolha um... - respondeu, azedo.
- Então você já soube? - ele torceu os lábios.
- Sobre o pequeno bastardo que você espera? - ela fechou a cara. - Os gêmeos maravilha fizeram algumas piadas a respeito e eu não pude deixar de ouvir. Eu não sou idiota como eles e pude concluir isso sozinho. Se bem que eu sei que a intenção deles era de que eu ficasse ciente.
- Harry e eu vamos nos casar. O bebê não vai ser bastardo Draco... - tentou explicar.
- Isso é para me fazer sentir melhor ruiva? Não está tendo grande efeito... - ela sacudiu a cabeça.
- Como você é mimado não é? Eu não devo nenhuma satisfação para você. Você não poderia ao menos ficar feliz por mim? - ele deu um muxoxo.
- Ficar feliz por que você vai ser mãe aos dezessete anos? Ficar feliz porque você vai inchar e engordar como um balão e ficar igual a sua mãe? Ficar feliz porque você vai ter um filhinho bastardo com a cara de idiota do Potter? Ah! E que vai se casar com ele? Obrigado, não. Não preciso ficar feliz com isso... - cruzou os braços.
- Amigos ficam felizes um pelo outro Draco. É assim que a coisa deve funcionar...
- Eu não queria ser seu amigo ruiva. Não pedi isso... - ela sacudiu a cabeça.
- Eu também não pedi nada disso. Mas te considero um amigo. Apesar de tudo que você fez e faz eu te considero meu amigo... - ele encarou o lado de fora.
- Então você sabe o que vão fazer com os Comensais que sobraram? - ele mudou de assunto.
- Se você quer saber do paradeiro do seu pai é desconhecido. Ele conseguiu fugir. Mas a boa notícia é que todos os bens da sua família que estavam ilegalmente no nome do seu pai foram confiscados e vão ser distribuídos pelo Ministério da Magia para entidades de caridade e pessoas carentes... - ela parou um pouco e Draco riu.
- Tem alguma chance de eu estar incluído nessas pessoas carentes?
- Não... - Gina riu. - Mas você receberá uma condecoração por serviços prestados e tem uma vaga garantida na academia de aurores. E receberá uma importância significativa em galeões...
- Hum! Isso começou a me deixar animado...
- Eu sabia que deixaria... - ela deu uma pausa. - Você já pode ficar um pouco menos chatea...
- Não. Não posso. Mas eu vou ficar. Com o tempo. Me dê um tempo para assimilar tudo isso, okay ruiva? - Gina sorriu e saiu da sala deixando um Draco pensativo para trás.
Quando chegou no corredor da enfermaria podia ouvir os berros de Rony. Ela saiu correndo na direção dos gritos.
- COMO ASSIM GRÁVIDA? - foi o que ouviu assim que abriu a porta da ala hospitalar. Fez menção de dar meia volta mas era tarde demais.
As orelhas de Rony fumegavam. Harry e Hermione assistiam impassíveis ao show do ruivo, sentados na cama em frente. Gina não entendeu absolutamente nada quando o irmão começou a rir e, virando-se para ela, mandou que se sentasse com os outros para que acabasse de contar como foi que Arthur reagiu quando Molly disse que estava grávida pela sétima vez.
- Você está imitando o papai? - perguntou com a voz trêmula. - Apenas isso? - Rony torceu o lábio.
- Claro que sim. O que você pensou que eu estivesse fazendo? - ela trocou um olhar com Harry.
- Nada. Eu achei que Harry te contaria umas coisas... - ela franziu a testa.
- E ele contou... - Gina ficou espantada. - Ele contou o quê?
- Bem, ele contou que vocês dois foram transformados em trouxas por Voldemort e que depois Voldemort te atingiu com um "Avada Kedavra" - Hermione respondeu.
- E que depois o bebê salvou os dois e que Você-Sabe-Quem foi destruído... - Rony completou e o queixo de Gina caiu.
- Mas então você sabe...
- Que vou ser tio? Claro que eu sei, Gina.
- E você não...
- Pirei a respeito disso?
- Bem, é...
- Claro que não Gina. Pelo menos agora eu sei que ansiedade você não tem mais... - ela jogou um travesseiro nele e Harry e Hermione riram.
- Eu ainda não sei como você não ficou daquele jeito que você fica... - Gina não conseguia entender. Hermione riu.
- Bem, digamos que ele teria ficado se eu não tivesse mencionado o fato de que eu tenho me precavido durante todo esse tempo para que não aconteça o mesmo conosco... - Gina riu. Sentou ao lado de Rony e o irmão a envolveu num abraço.
- Eu estou feliz que esteja bem. E estou feliz que se case com o meu melhor amigo... - ela sorriu para Harry. - Mas eu espero sinceramente que o bebê se pareça comigo... - os quatro riram e uma chuva de travesseiros caiu sobre a cabeça de Rony.
Dumbledore se encarregou de escrever um documento histórico explicando como se passara a destruição de Voldemort. Ele mencionou a Tríade de Poder que formavam Gina, Harry e Aquele-Que-Não-Devia-Ser-Nomeado, que o último havia transferido uma parte de seus poderes para Harry quando bebê e depois outra parte para Gina, por ter tentado tomar sua alma. E que tentava reaver os poderes a qualquer custo desde então. Que tentou separar Harry de Gina por estes formarem juntos uma poderosa aliança mas que, por fim, o amor dos dois o havia destruído e banido para sempre da face da Terra. Não mencionou nada sobre bebês e casamentos.
Na manhã do primeiro domingo do mês seguinte o jardim do castelo estava especialmente enfeitado. Hagrid e Madame Maxime haviam feito as flores desabrocharem antes do tempo com a ajuda da professora Sprout. E à beira do lago havia um pequeno altar armado, pronto para a cerimônia.
Gina estava nervosa. As mãos geladas e úmidas de suor. Hermione, Allana e Molly a estavam ajudando a terminar de se arrumar enquanto Lílian, que já andava graciosamente, brincava de pegar com Dobby.
- Do-bí - ela balbuciava enquanto mordia as orelhas do elfo.
- Lili, não machuque Dobby, seja boazinha... - Allana disse carinhosamente.
- Sra. Black, ela não machuca Dobby. A pequena senhorita Black está apenas brincando não é? - o elfo fazia a menina gargalhar e Gina sentia o estômago dar voltas.
- Talvez não tenha sido boa idéia casar pela manhã. Os enjôos estão me deixando verde. Eu pareço uma lesma do pântano... - disse a garota, desanimada, sentando-se numa cadeira.
- Tome esse chá querida - Molly ofereceu. - Eu sempre melhorava com isso.
- Não sinto falta dessa parte também... - Allana mencionou. Hermione sorriu.
- Eu não me lembro muito de outras partes - Molly respondeu, rindo - Eu achava que ficaria eternamente grávida... - todas riram.
- Bem, eu vou ver como os garotos estão indo... - Hermione disse após pararem um pouco de rir. - Eu vou com você. Sirius é um bebê. Não sabe dar nós na gravata borboleta - Allana segurou Lílian no colo e Dobby as seguiu. Mãe e filha ficaram sozinhas.
- Eu tenho uma coisa para você querida... - ela estendeu para Gina uma caixinha.
Dentro um par de brincos de pérolas delicadas faziam conjunto com uma pequena grinalda também de pérolas.
- Mamãe, que lindo! - ela disse, olhando-se no espelho enquanto a mãe adornava a cabeça com a grinalda.
- Querida, essas são as únicas jóias que temos na família. Foram de sua avó, Nana. Dizem que os sereianos deram de presente por ter ajudado a curar o soluço de um bebê sereiano... - Gina sorriu.
- Mamãe, você já me deu outras jóias mais valiosas, como o carinho e o amor que sempre teve por nós... - Molly ficou emocionada.
- Oh! Minha garotinha, pare de falar essas coisas ou eu vou borrar a maquiagem... - as duas riram.
- Como será que está o Harry, mamãe? Será que já está pronto?
Batidas na porta.
- Pode entrar... - Sirius colocou a mão na maçaneta e vislumbrou o afilhado. Um homem feito.
- Estou pronto. O que acha? - Harry perguntou, apreensivo.
- Bem, você se saiu melhor do que eu com a gravata mas ainda não está pronto... - abriu um pequeno saquinho de feltro verde e de lá de dentro tirou duas abotoaduras douradas. Duas letras "P" perfeitamente confeccionadas em ouro maciço. Harry apertou os olhos enquanto Sirius as colocou para ele. - Eram de seu avô. Foram usadas por cada Potter no dia do casamento. Eu estava guardando isso para mais tarde mas... - Harry agradeceu e abraçou o padrinho.
- Obrigado por tudo Sirius...
- Harry, outra coisa. Você tem certeza de que quer se mudar mesmo para Godric's Hollow? Você sabe que ficaria melhor alojado conosco - coçou atrás da cabeça, um pouco embaraçado.
- Eu sei disso. Mas eu e Gina temos certeza. Não quisemos ficar n'A Toca também. E depois, eu, Rony, e todos demos um duro naquela casa para ela se tornar habitável. Nós precisamos começar uma vida só nossa, para começarmos uma vida nossa... - Bem, desculpe a redundância, mas você me entendeu... - Sirius riu.
- Tudo bem, garoto... - ele se retirou mas parou na porta e acrescentou. - Harry, você se tornou um grande homem. E um grande pai. Tiago e Lílian devem estar orgulhosos, onde quer que estejam agora... - Harry agradeceu e Sirius foi se juntar aos outros para a cerimônia.
Gina entrou de braços dados com Molly e Arthur. Harry a esperava no altar improvisado. O sol da manhã fazia as pérolas reluzirem sobre o vermelho dos cabelos dela, que caiam em cachos perfeitos sobre os ombros. Harry prendeu a respiração ao olhar para ela. Parecia uma visão. Um anjo.
Ela deslizou até ele graciosamente. Arthur e Molly beijaram a testa da menina e a entregaram na mão de Harry, após abraçarem o rapaz. Hagrid chorava feito um bebê ao lado de Madame Maxime. Os outros gigantes riam dele.
Estavam todos presentes. Menos Draco, que havia decidido não ir. Gina, de certa forma, podia entender o amigo.
Harry a recebeu e o velho bruxo capelão iniciou a cerimônia. Falou por alguns minutos sobre o fim dos tempos de guerra e o início de um era de paz e amor. Relembrou com honrarias os mortos em batalha e louvou o jovem casal que se formava ali. Chegou então o momento de Harry dizer os seus votos. - Hoje eu recebo o maior presente que poderia receber. E o mais valioso tesouro. Hoje eu te recebo diante de todos, Virginia Weasley. Mas já a tenho em meu coração desde sempre e a terei por toda a eternidade... - Gina sorriu.
- Hoje eu me torno parte sua, parte de sua família, e recebo o seu nome no meu. Mas eu já sou parte sua desde a primeira vez que te vi. E não me reconheceria sem você, Harry Potter... - ele retribuiu o sorriso.
- Coloque o anel no dedo dela filho - o capelão instruiu.
- Com esta aliança eu me torno seu. Para sempre - Harry lhe beijou a mão.
- Com esta aliança eu me torno sua. Para sempre - Gina fez o mesmo.
- Apresento a vocês o Sr. e a Sra. Potter. Pode beijar a noiva... - todos aplaudiram e Harry levantou Gina de leve pela cintura, beijou-a com vontade. Estavam casados agora. Mal podiam acreditar.
- Preparada para a lua-de-mel Sra. Potter? - Harry perguntou enquanto valsavam pela pista de dança. Ela sorriu.
- Bem, eu estou. Mas será que o meu maridinho está? Sabe, eu sou uma noiva muito difícil de satisfazer. E eu ando cheia de desejos...
- Hum... Eu devo interpretar isso como uma ameaça ou como uma promessa? - ela mordeu o lábio inferior.
- Eu vou pensar no seu caso e depois eu dou uma resposta para isso...
- Eu esperava que dissesse isso...
- Mas você não perde por esperar... - acrescentou, corando, e ele a girou no ritmo da música enquanto ela ria sem parar.
Os meses seguintes foram complicados. Harry fez as últimas provas e depois de Hermione insistir muito ele se inscreveu no curso para auror. Afinal, seria isso ou o quadribol. Rony também se formou com boas notas, "não tão dignas de seu brilhante caráter", como Hermione disse, mas ainda assim boas o suficiente para escolher qualquer carreira. Ainda faltavam alguns meses para a escolha definitiva mas Hermione estava pensando em ser uma Aritimágica, já que adorava tanto a matéria.
Gina é que se sentia um tanto quanto desanimada. Com a barriga crescendo e os cuidados excessivos de Harry e dos outros ela não podia participar muito da reforma da casa. O cheiro de tinta na maioria das vezes a enjoava e Harry vivia mandando-a tomar leite para se desintoxicar e se hidratar adequadamente. Ela não saía muito também. Havia ido ao Beco Diagonal comprar várias coisas para o quarto do bebê e visitava o medi-bruxo sempre, para se certificar de que corria tudo bem com a gravidez, mas ainda sentia um vazio por ter que esperar ainda um ano para se formar em Hogwarts, quando todos os outros já estavam começando a procurar carreiras e empregos.
Mesmo assim os dois nunca haviam sido tão felizes. Ás vezes Harry chegava tarde. Havia arrumado um emprego provisório no Ministério da Magia e fazia o curso preparatório mas mesmo assim estavam dividindo uma vida muito feliz juntos. Ela agradecia por isso todos os dias.
Draco, aos poucos, havia se reaproximado. Enviava algumas corujas perguntando por ela, dava notícias sobre o curso preparatório que fazia na Alemanha, que havia optado por fazer por julgar que o nome Malfoy seria menos mal visto no exterior, o que depois descobriu ser um engano. Harry ainda sentia ciúmes do loiro mas ficava feliz pela esposa. Sabia que eram apenas amigos.
Naquela noite, quando Harry chegou em casa, Gina já estava deitada. Ele tomou um banho rápido e, colocando apenas a parte de baixo dos pijamas, se esgueirou, devagarinho e em silêncio, para debaixo das cobertas com ela. Gina falou, sem abrir os olhos.
- Até que enfim você chegou - bocejou e ele se assustou.
- Você estava acordada meu amor? - ela virou de barriga para cima, com uma certa dificuldade, agora a gravidez atrapalhava um pouco. - O bebê não quis dormir e, assim, eu também não consegui. Ficou me chutando em represália à sua ausência na cama - ela disse, virando para ele. Ela observou os olhos verdes dele se iluminarem com o comentário.
Harry se esticou para ela, tentando alcançar-lhe os lábios para beijá-la, mas riu. A barriga proeminente impedia o acesso. Gina deu um sorriso maroto.
- Nosso bebê está literalmente entre nós agora - ele correspondeu ao sorriso e deitou-se de lado, apoiando-se no braço, conseguindo finalmente dar um beijo na esposa. Ela fez uma careta e colocou a mão sobre o ventre.
- Que foi? - ele disse curioso.
- Ela não pára de se mexer. Está tão agitada - Harry baixou o olhar e viu a pele do abdome de Gina se erguendo, de dentro para fora. O bebê chutava com força agora. Ele olhou dentro dos olhos dela e esticou a mão por debaixo da blusa fina do pijama dela, acariciando-lhe a barriga devagar. Gina fechou os olhos, curtindo o momento. Ele abaixou a cabeça e deu um beijo em sua barriga.
- Dorme filhinha, papai já chegou. Deixa a mamãe descansar um pouco. Ela merece - sussurrou. Gina abriu um sorriso, aliviada. Na mesma hora o bebê parou de chutar.
- Eu adoro quando você a chama de filhinha - disse, virando-se de costas e aninhando-se nele. Ele a abraçou, mantendo a mão repousada na barriga.
- Eu amo vocês duas - ele disse em seu ouvido. - Tanto - completou, dando um beijo na bochecha dela. Ela virou o rosto, apanhando os lábios dele no ar.
- Eu também te amo - respondeu, sonolenta. Harry sorriu, satisfeito. A vida dele inteira estava ali, naquela cama. Em alguns segundos toda a família Potter dormia calmamente.
