N/A: Gente, finalmente chegamos ao penúltimo capítulo da última fic da.
Essa Trilogia foi deliciosa e mocionante de escrever em quase todos os
momentos, mas em poucos chegou a ser um suplício (faltava inspiração e
idéias de como ligar o início ao final) já que eu tinha os capítulos finais
escritos, antes mesmo de ter os do meio prontos. O próximo capítulo é um
epílogo, que ainda vai ser devidamente betado pela "tilida" Pichi depois de
ser re-re-re-re...visado por mim (Vocês não imaginam como eu já mexi nele
rs). Espero que vocês gostem e comentem. Bjims da Lú.
26 - Presente Divino
Gina acordou sentindo uma pressão na barriga. Algo havia molhado no lençol debaixo dela. Esfregou os olhos. Harry dormia profundamente, virado de frente para ela. Ainda tinha a mão dela entrelaçada à sua. Ela sorriu. Mesmo depois de oito meses casada com ele ainda era uma surpresa reconfortante acordar ao seu lado daquele jeito. - Harry - sussurrou. Ele abriu os olhos na mesma hora, tentando enxergá-la na penumbra do quarto. - Precisa de alguma coisa Gina? - ela deu um sorriso e sacudiu os ombros. - Você vai ser pai - disse calmamente. Ele bocejou, correspondendo o sorriso. - Eu sei - respondeu com calma, trazendo a mão dela aos lábios e a beijando. Gina pigarreou, divertida, e olhou para baixo, indicando os lençóis molhados com os olhos. Harry ergueu as sobrancelhas, entendendo o que ela queria dizer. - Você quer dizer... Agora? Tem certeza? - ela sacudiu a cabeça afirmativamente. Ele sentou bruscamente na cama, acendendo o abajur e apanhando os óculos na mesinha de cabeceira, colocou-os no rosto. Ela olhou terna e preguiçosamente para ele, andando de um lado para o outro do quarto sem saber exatamente o que fazer. - Harry - ela o chamou carinhosamente. Ele ficou de prontidão, esperando alguma instrução. - Fique calmo. É a minha primeira vez também então vamos fazer isso juntos - completou. - Vai dar tudo certo. Minha mãe fez isso sete vezes então isso deve ser algo simples para uma Weasley - Harry sorriu. - Mas você é uma Potter agora - lembrou, ainda sem saber o que fazer. Ela riu. - Você entendeu o que eu quis dizer meu amor. Nós temos que levar as minhas coisas e as do bebê. Estão naquela mala marrom no corredor - ele saiu do quarto e ela gritou pro corredor. - E depois você precisa me ajudar a trocar de roupa. Eu não posso ir para o hospital de pijamas e estou encharcada aqui - disse a última frase em volume normal. Harry já tinha voltado com a mala. Ele sacudiu a cabeça. Abriu o armário e escolheu uma bata branca de florzinhas que a mãe de Gina tinha dado de presente para a filha quando soube que seria avó. O resto da casa ainda estava uma bagunça. Eles tinham conseguido mudar para a mansão Potter, em Godric's Hollow, há apenas um mês e Harry não deixava que Gina se esforçasse em arrumá-la. Não queria prejudicar os últimos meses de gravidez da esposa. Ele, Rony e Mione tinham conseguido dar um jeito na casa mas ainda não estava do jeito que Gina gostaria. Ela esperava poder personalizar a própria casa depois que desse à luz. Ainda assim estava mais feliz de estar morando com Harry na casa deles do que abrigada com o marido n'A Toca ou na casa de Allana e Sirius. Ele ajoelhou aos pés dela, ajudando-a a colocar os chinelos e a se levantar da cama, como fazia todas as manhãs. - Me sinto estranha - disse enquanto ele desabotoava o pijama molhado dela. - Como assim? - perguntou enquanto trazia roupas de baixo limpas para ela. - Eu não sei. Parece que tudo faz sentido agora - ele sorriu. - Gina, nossa vida vai começar agora. Pela primeira vez não temos fantasmas nos assombrando - completou, fazendo com que o vestido passasse pela cabeça dela. Ela enfiou os braços nas mangas e virou de costas para ele, afastando os cabelos, para que abotoasse. Ele finalizou dando um rápido beijo no pescoço dela. Gina sentou-se na cama. - O que você está fazendo mamãe? - perguntou, curioso. - Está tudo pronto - disse, apontando para a mala marrom. - Vamos? Eu sei que você já sabe aparatar mas é melhor levarmos a autorização especial que Moody nos deu para o Hospital, caso alguém resolva encrencar por você ainda não ser uma bruxa formada. Podemos ir? - Gina deu uma gargalhada. - Eu até poderia aparatar agora Harry. Mas duvido que você possa fazer o mesmo... - disse, divertida. Ele franziu a testa. - Por quê? - perguntou, intrigado. Gina apontou para ele. - Imagina o que a Dra. Jones vai pensar se você chegar na Maternidade Bruxa assim, só de cuecas? - Harry corou. Na pressa tinha esquecido de se arrumar. Ele riu e se arrumou depressa, colocando uma calça jeans por cima da cueca samba-canção e vestindo uma camisa de flanela. Pegou as malas e esperou que Gina aparatasse para a Maternidade Saint Claire, fazendo o mesmo em seguida. Assim que chegaram no hospital, Gina foi acomodada em um quarto claro e espaçoso. Uma enfermeira a ajudou a colocar um roupão da própria maternidade. Separou para Harry um capote verde claro, para que usasse quando Gina começasse a dar à luz. A esposa pediu para que ele fosse até o Corujal do hospital e avisasse aos pais dela, Sirius, e Draco Malfoy, fez questão de lembrá-lo disso. Harry fez uma careta mas sabia que era importante para ela então não discutiu. Voltou depois de dez minutos. - Enviou as corujas? - ká estava devidamente acomodada na cama. Aos pés dois suportes para apoiar os pés e uma mesa coberta com um pano verde. - Não toque nessa mesinha, sim Sr. Potter? - disse Elisabeth, a enfermeira que ajudaria no parto. Harry sacudiu a cabeça. - Os instrumentos foram magicamente esterilizados - explicou. Gina o chamou para perto, vendo a expressão assustada que fez quando viu uma enorme tesoura sendo colocada pela enfermeira sobre o pano verde. - Está tudo bem? - ele acenou que sim mas de modo pouco convincente. Ela pegou a mão dele. - Olha bem para mim - ele fez o que ela pediu. - Eu não estou com nenhum pouco de medo. Então por que você estaria? - ele se sentou na beirada da cama mas Beth o advertiu para que não fizesse isso. Ele se levantou, desconcertado, enquanto a enfermeira conjurava um banquinho alto para ele. - São todas essas coisas. Eu estou assustado. Eu realmente acredito que não vá poder fazer muita coisa para ajudar você. Isso me incomoda. Eu não posso ter o bebê por você ou ajudá-la a tê-lo. É uma sensação de impotência - Gina sorriu. - Harry, você colocou o bebê dentro de mim. E você fez bem mais que me ajudar a gravidez inteira. Você me transformou em mulher e depois em mãe. O melhor que posso fazer é dar à luz ao nosso filho e transformá-lo em pai, como agradecimento - Harry ficou agradecido e, vendo que a enfermeira Beth estava de costas, por via das dúvidas, deu um beijo carinhoso na esposa. Nesse momento os dois ouviram um barulho no corredor. - É esse o quarto Arthur. Harry disse na carta. Nossa Gininha está no quarto 412 - era a voz de Molly. Harry piscou para a esposa e abriu a porta. - É aqui sim Sra.Weasley. Boa noite, aliás... - completou, consultando o relógio do corredor, que marcava duas horas da manhã. - Bom dia. Entrem - os pais de Gina entraram. Molly abraçou a filha, sentando-se na beirada da cama mas, ao contrário do que Harry esperava, Beth não reclamou. Ele olhou para o sogro e Arthur riu. Parecia ter adivinhado o que Harry tinha pensado. - As enfermeiras sempre implicam com os pais, filho. Imagine eu, que passei por isso sete vezes - Harry riu. Depois de alguns minutos Sirius e Allana bateram na porta e entraram, seguidos de Rony, Hermione e o resto dos irmãos de Gina. O quarto ficou lotado. - Como vocês souberam? - perguntou Harry, espantado. - Eu só ia avisar vocês mais tarde - Rony deu uma gargalhada. - Edwiges - Mione deu-lhe um cutucão. - E Pichitinho - completou. - Nada escapa a sua coruja branca Harry. Ela percebeu que vocês não tinham avisado a ninguém que tinham saído no meio da noite e resolveu se intrometer. - Era só o que me faltava... - Harry riu. - Edwiges voou até A Toca e acordou o Rony - Mione começou a contar. - Ele estranhou que não tivesse nenhuma carta sua presa nela e foi verificar se os pais sabiam de alguma coisa. Aí ele encontrou um bilhete dos dois avisando que estavam na Maternidade Saint Claire pois Gina estava tendo o bebê. Acordou os irmãos e me mandou um aviso pelo Pichi. E aparatamos todos aqui - completou, animada. Harry sorriu. - Está doendo filhinha? - disse Molly, a expressão preocupada. Gina sacudiu a cabeça. - Não mamãe. Não está - Harry se aproximou dela, entrelaçando a mão na da esposa. Ela pôs a outra mão na barriga e fez uma expressão enigmática. - O que houve? - perguntou Molly, falando alto e chamando a atenção de todos no quarto. Gina sorriu. - Uma contração... Acho eu - respondeu sem ter certeza. - Impossível - disse Molly. - Contrações doem, filha. Eu me lembro quando tive o Gui. Ele era tão grande que parecia que eu estava expelindo uma melancia pelo buraco de uma fechadura - Gina arregalou os olhos e Molly disfarçou. - Mas foi um ótimo parto aquele... - prosseguiu, tentando consertar a falta de tato. Harry poderia rir se não fosse a mulher dele que estivesse prestes a passar pela mesma experiência e ele tivesse tão vívida na memória a lembrança do parto complicado de Allana. Então alguém começou a abrir caminho por entre a multidão de pessoas ruivas. - Dra. Jones - Gina exclamou, vendo a médi-bruxa extremamente, baixinha e gordinha, passar entre os seus irmãos gêmeos. - Por favor pessoal. É maravilhoso que estejam aqui e que a minha paciente seja assim tão querida - disse, sorrindo e recebeu vários sorrisos em resposta. - Mas eu preciso que todos saiam agora - os sorrisos murcharam. - Vamos, vamos... - ela os tangeu para fora, batendo palmas, ajudada pela enfermeira Beth, que já tinha tentado esvaziar o quarto várias vezes mas ninguém havia lhe dado atenção. Molly tentou ficar, em vão, e Harry já ia saindo também, desanimado. - Eu te amo - disse, transmitindo segurança para Gina enquanto abria a porta mas a Dra. Jones o segurou pelo colarinho. - O senhor pensa que vai onde, Sr. Potter? Trate de vestir o capote - indicou a enfermeira Beth, que já segurava o capote verde para ele vesti-lo - e fique junto da sua esposa - ele abriu um sorriso para Gina e virou-se para a medi-bruxa. - Então eu posso ficar e assistir? - perguntou, ainda sem acreditar. - Não só pode como deve. O senhor não ajudou a essa mocinha a fazer esse bebê? Agora nada mais natural e justo do que o senhor ajudá-la a trazê-lo ao mundo - Gina sorriu para ele, que gostou da idéia. - E o que eu posso fazer, digo, eu sei que não posso literalmente ajudá-la no parto mas... - a Dra. o interrompeu. - Quem disse? - ela riu. - Está vendo essas pedrinhas de gelo? - Harry sacudiu a cabeça. - O senhor pode passá-las nos lábios da sua esposa. Ela vai sentir sede e isso irá relaxá-la também, como as compressas úmidas na testa. Mantenha-a confortável e apóie as costas dela na hora que eu mandar. Lembre-a de respirar profundamente - ele sacudiu a cabeça, fascinado por poder fazer tantas coisa por Gina. A esposa sorriu e levou a mão de novo ao ventre. - Outra contração - disse para o marido. A médica franziu a testa. Colocou a mão na barriga de Gina, que estava contraída e dura como uma pedra. - Não está doendo? - perguntou após examiná-la. Gina sacudiu a cabeça. - Estranho - pensou a medi-bruxa. - A bolsa d'água rompeu? - Gina confirmou. - Há quantas horas? - olhou para cima e tentou calcular nos dedos mas Harry respondeu prontamente. - Nós nos deitamos às nove, Gina acordou molhada às dez e meia então creio que sejam mais ou menos quatro horas - a Dra. Jones sorriu. Harry piscou para Gina. - Muito bem, vou verificar o andamento do parto. Acho que não vai demorar embora seja incomum em mães de primeira viagem - examinou Gina. - Bem, estamos com ótima dilatação. Vamos preparar tudo - disse, sinalizando para a enfermeira, que apoiou os pés de Gina nos suportes e descobriu a mesa com os instrumentos, colocando-a ao lado da Dra. Jones - Assim que vier a próxima contração você avisa Gina. Eu vou dizer o exato momento que quero que você empurre. Nessa hora faça força para baixo sim? - a garota assentiu. Ela entrelaçou a mão na de Harry, apertando. Ele estava atento. - Acho que vem vindo mais uma contração Dra. Jones. - Faça força querida - Gina prendeu a respiração. - Respire amor - Harry a lembrou. Ela soltou o ar, empurrando. - Estou com sede - sussurrou para o marido. Harry passou o gelo carinhosamente nos lábios rubros dela e o observou derreter rapidamente com o calor que ela emanava. Ela agradeceu. A testa dela estava molhada de suor. - Outra contração - avisou calmamente. A barriga ficou entumecida. A medi-bruxa estava impressionada como ela podia não estar sentindo dor alguma. - Estão bem próximas. Agora você vai empurrar com vontade Gina - a garota sacudiu a cabeça. A enfermeira pegou um pano esterilizado da mesinha e o colocou próximo, para envolver o bebê. - Outra - Gina disse. - Mais outra - completou. Harry passava a compressa na testa dela, aliviando-lhe. - Mais um pouco de força agora. Apóie sua esposa Sr. Potter - Harry segurou o tronco de Gina e a ajudou a praticamente sentar na cama, colocando travesseiros atrás dela. - Respire Gina - ele disse, lembrando-a de relaxar. Ela sacudiu a cabeça e respirou fundo duas vezes, tomando fôlego e empurrando o mais que pôde. Fincou as unhas nas mãos de Harry, que agora estava amparando-a por trás e tinha os braços em volta dela, as duas mãos seguras por ela. - Quase. Só a última forcinha - a medi-bruxa disse, animada. Gina fechou os olhos e sorriu, recostando-se em Harry. Estava exausta mas não tinha sentido qualquer dor. - Vamos meu amor - ele disse, beijando a bochecha vermelha e quente dela. Sentiu o corpo dela se contrair num último esforço e ouviu um choro forte preencher o silêncio do quarto. Gina abriu os olhos, relaxando o corpo no dele. Ela chorava. Tinha conseguido. Ou melhor, tinham conseguido juntos. Ela se virou para ele, que também chorava de emoção. - É uma menina - disse a medi-bruxa, terminando de enrolá-la. - Quer cortar o cordão papai? - ela estendeu a tesoura para Harry. Ele sorriu e aceitou o convite. Gina sorria e chorava ao mesmo tempo. A enfermeira pegou o precioso embrulhinho e entregou nos braços de Gina enquanto a Dra. Jones terminava os cuidados com a paciente. Harry nunca tinha se sentido tão pleno. Poderia explodir de tanta felicidade. Apenas ficou ali, segurando a família, os dois choravam e riam um para o outro, orgulhosos da filha. A enfermeira tornou o quarto mais apresentável enquanto a medi-bruxa arrumava as coisas. Elas já iam saindo quando os dois as chamaram e agradeceram por tudo. - Ora, de nada. Foi o parto mais especial que fizemos. Nunca vimos uma mãe dar à luz sorrindo - a Dra. Jones disse. A enfermeira concordou. - Não se esqueça Sra. Potter. Beba bastante líquido, leite e água. Amamentar dá muita sede - Gina sacudiu a cabeça. - Parabéns pela linda menina, r. Potter - as duas saíram do quarto. Harry ouviu o burburinho dos Weasley e dos Black do lado de fora fazendo perguntas mas queria ficar um minuto a sós com a família. Não conseguia falar nada. Gina abriu a parte superior do roupão e colocou a filha para mamar. Harry ficou admirado com a avidez que a menina abocanhou o seio da mãe e mamou com vontade, fazendo força e um barulho de sucção. As bochechinhas ficaram coradas imediatamente e o rubor se alastrou até as orelhinhas miúdas e perfeitas. Ele sorriu, constatando que a filha era, sem dúvida alguma, uma legítima Weasley. - Isso dói? - perguntou, distraído. Gina sorriu. - Não. É uma sensação estranha. De alívio, eu acho. É maravilhoso poder alimentar a nossa filha Harry. - Você é maravilhosa. Aliás, as duas são. Estou tão orgulhoso de vocês... - ele deu um beijo carinhoso nos lábios de Gina e outro na mãozinha da filha, que acabava de mamar. - Meu Deus. As nossas famílias. Eles estão lá fora. Devem estar loucos para entrar e conhecer a mais nova Potter e Weasley - Gina riu. - Harry - ela disse antes que abrisse a porta. - Vem aqui - ele se sentou na beirada da cama. Ela sorriu para ele. - Você ainda não segurou a nossa filha - ela estendeu o bebê para ele. Harry colocou a filha no colo. Olhou com ternura para ela. Gina tinha os olhos rasos de lágrimas. - Eu te amo. Obrigado - disse, olhando para a filha, e voltou-se para Gina. - Por você existir - as lágrimas escorriam dos olhos dela. - Eu ainda não acredito. Às vezes eu acho que vou acordar e descobrir que tudo foi um sonho. Que eu ainda sou aquela garotinha insegura que você não dava a mínima. - Eu te amo. Não fale assim, é tudo real - ela sorriu. - Harry Potter me ama e é meu marido. MARIDO - ela encheu a boca, em tom divertido. Ele riu. - Harry Potter, o pai da minha filha. Quem diria? - Eu diria - os dois se assustaram e deram de cara com Dumbledore, os olhos miúdos brilhando por cima dos óculos de meia-lua. - Olá professor - Gina disse, sorrindo. - A nossa filha não é linda? - ele se aproximou de Harry, que segurava a menina no colo. Abriu um grande sorriso. - De fato ela é - os olhos azuis cintilaram. - E muito especial. A primeira descendente de dois bruxos muito poderosos. A primeira Weasley Potter - Harry sorriu. - Ela é perfeita - disse, passando a filha para o colo do diretor. - É um milagre. Um presente divino - Gina completou. - Hannah - Dumbledore disse baixinho. Harry e Gina se entreolharam. - O que o senhor disse? - perguntou Gina. - Hannah - disse mais alto. - Significa presente divino - Harry sorriu. Realmente não poderia haver um nome mais perfeito para a filha. Gina acenou para o marido e ele consentiu. - Harry, vá lá fora chamar a nossa família para conhecer nossa Hannah - Dumbledore sorriu, satisfeito. - Eu já vou meus caros - disse, devolvendo a menina para Gina, e desaparatou logo em seguida. Em segundos o quarto estava lotado pelos Weasley, Hermione se espremia para tentar ver o bebê. A pequena Hannah dormia calmamente enquanto passeava de colo em colo. Gina e Harry riam, divertidos, vendo Fred e Jorge discutindo quem ia pegá-la no colo primeiro. Hermione acabou conseguindo segurar a menina antes deles e a entregou a Rony. - Hey! Isso não vale cunhadinha - disse Fred. - É, favoritismo com o Roniquinho... Que apelação - Mione riu enquanto Rony chorava como criança, segurando a sobrinha nos braços. De repente a senhora Weasley percebeu que a filha estava cansada e que logo a neta acordaria para mamar. Lembrava bem dessa parte. - Vamos, vamos... Todos para fora - tocou os filhos para o corredor. Apenas ela, Arthur, Sirius e Allana ficaram no quarto. Rony saiu abraçado a Hermione, que abafava risadas enquanto Fred e Jorge implicavam com ele. - Roniquinho está louco para ser mãe, vejam só - até mesmo Percy e os irmãos mais velhos riram dele. Sirius ficou olhando para Hannah, admirado. Allana segurou a menina perto dele e caminhou até os pais de Gina. Harry estava orgulhoso pela filha já ser tão querida. Arthur e Molly estavam também embevecidos pela neta. Como tinha sido com os filhos, Arthur não quis segurá-la. - Pode quebrar alguma coisa. Ela é muito pequena - respondeu diante da insistência da filha. Harry e Gina riram. - Seu pai só vai segurá-la quando estiver ficando com a cabeça em pé - Allana e Sirius também riram. - Não sei quanto a você - Sirius disse, olhando Arthur - mas eu quero segurar a minha... - parou mas Harry emendou, sorrindo. - Sua netinha? - disse, pegando Hannah do colo de Allana e a colocando no colo do padrinho. Sirius abriu um sorriso. - Tem certeza? - Harry piscou o olho para ele. - A tia dela não é muito mais velha, não é mesmo? - brincou, referindo-se à pequena Lílian. - Espero que Hannah não tenha medo de cachorro - Arthur deu uma gargalhada mas levou um tapa no braço, dado pela esposa. Gina tinha acabado de dormir.
- Vamos sair - disse Allana. - Ela precisa descansar. E de bastante água - Harry se lembrou da recomendação da médica. - Sra. Weasley, a senhora pode ficar um pouco com ela e Hannah enquanto eu trago água? - a sogra sorriu. - É claro querido. Vá - disse, apertando as bochechas de Harry como se fosse um garotinho. Ele saiu porta afora. Os Weasley quase todos já tinham ido embora. Apenas Rony e Mione estavam do lado de fora, esperando por Molly e Arthur. - Harry - Mione disse, sorrindo. Rony estava cochilando no sofá da sala de espera. Ela apontou o namorado com o olhar - Ele chorou até dormir. Tadinho. Muita emoção - Harry riu. - A Sr. Weasley está lá com ela. Eu vou buscar água. Ela vai querer quando acordar para amamentar nossa filha - Mione deu um sorriso, os olhos dela se encheram de lágrimas. - Ah Harry!- ela abraçou o amigo. - Eu vou sentir tanta saudade. Nós crescemos. Você já é pai. Hogwarts acabou. Nos formamos... - suspirou. - Mione, acho que agora nós vamos passar por outras aventuras. Diferentes mas igualmente interessantes - a amiga sorriu. - Eu suponho que sim não é? - Harry sacudiu a cabeça. Allana se despediu dele e Arthur foi cochilar ao lado do filho enquanto esperava por Molly. Harry observou o sogro babando no ombro de Rony e resolveu se apressar. - Deixa eu correr na copa e trazer uma jarra d'água antes que o nosso sogro afogue o coitado do Ron - Mione riu ao ver a sinfonia de roncos que pai e filho produziam. - Vá logo. Isso aqui é um hospital e devemos manter o silêncio - Harry sacudiu a cabeça, concordando. Sirius passou por eles e acompanhou o afilhado até o fim do corredor. - Eu estou muito feliz. - Eu também, Sirius. Allana já foi? - Já. Ela está cansada. Sabe como é a sua irmã, Lílian estava com a Arabella e ela também merece um descanso - Harry riu. Sabia que a irmã adorava ficar acordada de noite. - Estou orgulhoso de vocês dois filho - Harry não se abalou dessa vez. - Eu estava esperando que você dissesse isso Sirius - abraçou o padrinho como quem abraça um pai. - Agora eu entendo exatamente o que você quis dizer naquele dia. Sobre me amar como um filho - Sirius bagunçou ainda mais o cabelo dele, segurando a emoção. - Eu te amo muito Sirius. Da mesma forma que a um pai. E a Allana é a mãe que eu pude conhecer. Direi isso a ela assim que tiver oportunidade - Sirius fungou. - Ah garoto! Assim você acaba com a minha fama de durão - os dois riram e o padrinho desaparatou quando chegaram na porta da copa. Harry entrou e falou com a copeira de plantão. - Boa noite, digo, bom dia - disse, constatando ser quatro horas da manhã. A velha senhora sorriu para ele. - Ah! Então é verdade? Harry Potter é papai? - ele sorriu e balançou a cabeça. - É, e na verdade, sabe, eu gostaria de levar algo para minha esposa beber. Ela vai precisar, para amamentar nossa filha - a mulher sorriu e começou a separar vários tipos de suco, leite e água. Harry arregalou os olhos enquanto a mulher se desdobrava em mil. Mal sabia ele que nesse exato momento sua mulher estava recebendo uma visita que ainda não tinha aparecido. Draco bateu na porta, acordando Gina, e foi recebido por Molly Weasley, que abriu apenas uma fresta da porta. - Pois não? - disse, olhando desconfiada para o garoto. Pelo que podia lembrar e pelos cabelos ruivos presumiu que fosse a mãe de Gina. - Me desculpe Sra. Weasley - ele se esforçou para ser um cavalheiro. - A sua filha me avisou para vir para cá. Eu só recebi a coruja agora - Molly fez uma cara feia para ele. - Mamãe, quem está aí fora? - Gina perguntou. - É o garoto Malfoy - disse, muito a contragosto. Gina sorriu. - Então o mande entrar mamãe - Molly abriu o resto da porta para que entrasse. Ele entrou e ficou parado no meio do quarto, em pé, olhando para Gina. Hannah dormia profundamente no berço. Molly tinha as duas mãos na cintura. Olhava desconfiada para ele. Seguiu-se um desconfortável silêncio no qual os olhos cinzentos de Draco rodaram pelo teto do quarto. E de novo ouviram batidas na porta. A mãe de Gina foi abrir. Era Hermione, que estava tentando avisar que os dois Weasley tinham sido convidados a se retirar, pelos roncos altos. Molly olhou para a filha. Gina sorriu. - Vá mamãe. Por favor. Draco me fará companhia até o Harry voltar - insistiu. Molly saiu mas estava contrariada. Ela, o marido e Rony aparataram para casa, Mione voltou para a sua. Draco continuou de pé, distante do berço e de Gina. Ela sorriu para ele e o chamou com a mão. - Dá para você chegar mais perto? Eu só tive um bebê. Não estou com uma doença contagiosa - disse, sorrindo. Ele deu alguns passos para frente e Gina indicou o berço. Ele espichou o pescoço e olhou para a menina. - Ela não é linda? - perguntou, embevecida. Draco torceu o lábio. - Eu não sei... Se você e fã de joelhos... - Gina jogou um dos travesseiros nele. Draco riu e se abaixou. - Calma mamãe coruja. Eu estou só brincando - disse, devolvendo o travesseiro. - Ela seria mais bonita se não ficasse me encarando com os mesmos olhos verdes daquele pai dela... - disse cinicamente. - Mas, por outro lado, se ela for ruiva... - Gina não prestou atenção no resto que ele disse. - Ela está de olhos abertos? - prosseguiu, curiosa. - Está sim. De que outra forma eu poderia conferir a cor dos olhos dela ruiva? Eu não tenho aquele olho indiscreto do Moody sabia? - completou, sarcástico.- É o que acontece quando se está acordado. Ela abriu os olhos quando eu me aproximei do berço - disse, sério. Gina continuou surpresa.- O que foi? - perguntou, intrigado. - Nada... Esquece... - disse, desanimada. - Eu te conheço, Weas... Aliás, Potter - disse para irritá-la. - Eu sei quando está mentindo - Gina suspirou. - Você foi a primeira pessoa que a minha filha viu. Ela ainda não tinha aberto os olhos. Bebês demoram a fazer isso - pareceu desapontada. - Foi melhor do que ela ver a cara feia do pai dela - implicou. - Contanto que ela não pense que eu sou a mãe dela tudo bem por mim e... - mas ele percebeu que Gina tinha ficado triste com o que tinha acontecido. - Hey... Estou brincando aqui - ele se aproximou dela, vendo lágrimas brotarem dos olhos castanhos. Ela tinha ficado sensível pelos hormônios da gravidez, pensou. Ele lhe enxugou as lágrimas. Ela tentou sorrir. - Eu quero ser uma boa mãe. Mas a minha filha não olhou para mim - completou, choramingando. Draco poderia rir mas se controlou. - Olha só ruiva. Você é maravilhosa. Então vai ser uma mãe maravilhosa. É só usar o que você tem aí, dentro de você, e depois pelo número de filhos que a sua mãe teve vocês têm que ser bons nisso - disse, fazendo o melhor que podia. Não soube se eram os hormônios ou o quê mas o Gina puxou e, fazendo com que se sentasse na beira da cama, abraçou-o apertado. Então ela disse sem pensar. - Muito obrigada Draco. Você quer ser o padrinho da Hannah? - ele engoliu em seco. Mas o abraço era tão apertado e o cheiro dos cabelos dela era tão gostoso que a proposta se pareceu irrecusável. - Quero - respondeu mecanicamente. Nesse instante Hannah começou a chorar. Gina soltou-o do abraço e ele pareceu tonto. - Então comece a agir como padrinho e me passe a sua afilhada. Eu tenho que dar de mamar para ela - Draco olhou em volta. A menina continuou a chorar. Gina olhou curiosa para ele. - Draco, o que você está esperando? Me dê ela aqui. Eu ainda não posso levantar para pegá-la - disse de modo prático. Ele olhou em volta. - Você não prefere que eu chame alguém? Sabe, para pegar a menina... - Gina riu. - Draco você está com medo de quê? Ela não morde, ainda. Não tem dentes. É medo de se afeiçoar à filha de Harry Potter? - provocou. Draco fingiu que não tinha acertado e resmungou. - É claro que não é isso - disse, sem saber como segurar o bebê. - É que... Droga, Weasley... Como se segura esse negócio? - perguntou, desajeitado. Gina riu. - Esse negócio é minha filha, sua afilhada... Você devia ter mais respeito - ela riu. - Faz o seguinte, segure-a sempre sustentando a cabecinha, não é difícil. Eu confio em você. "Ótimo", ele pensou. "Era tudo o que eu queria ouvir: 'eu confio em você'. Como se eu, sem querer, deixasse essa garota com cara de joelho cair de cabeça no chão ela não fosse ser a primeira a me chamar de Malfoy e a me acusar de matar a filha do Potter" mas o pensamento sumiu da cabeça dele quando Hannah grudou os vivos olhos verdes nele e parou de chorar. Sabia que não a deixaria cair. Ele leu isso nos olhinhos dela. E isso o fez se sentir confiante. Ele a pegou do berço e entregou nos braços de Gina. Olhou para as duas e sentiu algo estranho. Era como se o que ele sentisse por Gina se estendesse agora para a filha dela. Dane-se que as duas eram Potter, nunca se importou quando Gina era uma Weasley. Isso nunca o tinha impedido de amar aquela garota ruiva, que corava por tudo. Embora fosse sempre ser o melhor amigo dela. De repente parou de pensar. Gina fez algo que o assustou. Ela começou a abrir a parte de cima do roupão. - Hey! Você não pode estar tão agradecida assim. Controle seus hormônios ruiva. O que você pensa que está fazendo? Quer me arrumar problemas? - perguntou, virando de costas imediatamente. - Draco, eu tenho que dar o seio para ela. Chama-se amamentar - ela riu, oferecendo o seio para Hannah, que o abocanhou animadamente. - E... E... Você simplesmente faz isso? Coloca o peito para fora e... E as pessoas? O que acham disso? - ela riu. - Draco, é normal amamentar. É sublime, algumas pessoas dizem. Aposto que você, como filho único, deve ter mamado por muito tempo. E eu não vou deixá- la morrendo de fome. Não é meu amor? - completou, fazendo carinho na bochecha contraída da filha. Draco permaneceu de costas. - Aí que você se engana. Depois que eu nasci minha mãe entrou em depressão. Ela não queria nem me ver. Na verdade ela ficou um ano assim. Os elfos domésticos cochichavam isso pelos corredores quando eu era malvado com eles, na realidade sempre. Eles diziam que eu tinha sido amamentado por uma ama de leite que foi arrancada de mim quando eu comecei a chamá-la de mamãe. Eu não me lembro direito - Gina ficou com os olhos rasos d'água e ele, mesmo de costas, adivinhou. - Não dê importância a essa história - ele se arrependeu de ter contado. - Na verdade, ela é uma das mais felizes da minha infância, eu nunca lhe contei sobre chibatadas e visitas às masmorras, você adoraria... - completou cinicamente. Gina tentou sorrir. Sabia que ele estava tentando apenas diverti-la. - Eu imagino o que você teve que suportar. Eu sinto muito. Pode se virar. Ela já acabou - ele se voltou para ela, que tinha a filha nos braços ainda. Ele não se lembrava de outra vez que a tivesse visto em que parecesse tão linda e perfeita. Ele se aproximou mas parou antes de poder tocá-la. - Eu vou indo... - disse, hipnotizado pela cena. - Visito vocês outro dia - saiu do quarto, fugindo dos próprios sentimentos. - Espera - Gina ainda tentou chamá-lo, em vão. Draco esbarrou em Harry, cheio de garrafas em uma bandeja, e quase o derrubou. - Malfoy? Você aqui? - perguntou, irritado. - O que você está fazendo aqui? - Draco bufou e respondeu antes de desaparatar. - A sua mulher me convidou. Insistiu para eu ficar lá dentro, olhando-a amamentar a minha afilhada, mas eu preferi sair - e desaparatou, deixando um Harry nada satisfeito para trás. Ele entrou no quarto e Gina estava acalentando Hannah. Antes que soubesse que era ele, ela disse. - Mudou de idéia Draco? - ela desfez o sorriso ao ver a expressão de Harry. - O que ele estava fazendo aqui? E que história é essa de ele ser o padrinho da Hannah? - disse, aborrecido. Gina suspirou. - Ele é meu amigo. Me ajudou depois que a mamãe saiu e... - a expressão dela mudou. - Mas que droga Harry. Eu não tenho que te dar explicações desse jeito. Isso é ridículo. Não estamos mais em Hogwarts. Estamos casados e temos uma filha agora, precisamos pelo menos parecer adultos... - disse, irritada. - Eu pensei que você confiasse em mim - emendou, visivelmente magoada. Ele percebeu que tinha sido rude. - E confio, só que... - ele ia completar mas ela o cortou. - Só nada. Faz parte da confiança você confiar nas minhas escolhas. Draco é meu amigo. Meu melhor amigo. Ele foi muito leal a nós e à Ordem. E eu quero que ele batize a Hannah. Pode ser? - Harry suspirou e concordou. A esposa sempre o fazia ver as coisas de um outro modo. Ele riu, de repente, enquanto servia um copo de suco para ela. Gina ergueu as sobrancelhas. - O que foi? - ele riu ainda mais. - Nada. Só estou pensando. Já que Malfoy será o padrinho de Hannah Cho Chang poderia ser a madrinha - disse entre risadas. Foi sua vez de levar uma travesseirada no rosto.
26 - Presente Divino
Gina acordou sentindo uma pressão na barriga. Algo havia molhado no lençol debaixo dela. Esfregou os olhos. Harry dormia profundamente, virado de frente para ela. Ainda tinha a mão dela entrelaçada à sua. Ela sorriu. Mesmo depois de oito meses casada com ele ainda era uma surpresa reconfortante acordar ao seu lado daquele jeito. - Harry - sussurrou. Ele abriu os olhos na mesma hora, tentando enxergá-la na penumbra do quarto. - Precisa de alguma coisa Gina? - ela deu um sorriso e sacudiu os ombros. - Você vai ser pai - disse calmamente. Ele bocejou, correspondendo o sorriso. - Eu sei - respondeu com calma, trazendo a mão dela aos lábios e a beijando. Gina pigarreou, divertida, e olhou para baixo, indicando os lençóis molhados com os olhos. Harry ergueu as sobrancelhas, entendendo o que ela queria dizer. - Você quer dizer... Agora? Tem certeza? - ela sacudiu a cabeça afirmativamente. Ele sentou bruscamente na cama, acendendo o abajur e apanhando os óculos na mesinha de cabeceira, colocou-os no rosto. Ela olhou terna e preguiçosamente para ele, andando de um lado para o outro do quarto sem saber exatamente o que fazer. - Harry - ela o chamou carinhosamente. Ele ficou de prontidão, esperando alguma instrução. - Fique calmo. É a minha primeira vez também então vamos fazer isso juntos - completou. - Vai dar tudo certo. Minha mãe fez isso sete vezes então isso deve ser algo simples para uma Weasley - Harry sorriu. - Mas você é uma Potter agora - lembrou, ainda sem saber o que fazer. Ela riu. - Você entendeu o que eu quis dizer meu amor. Nós temos que levar as minhas coisas e as do bebê. Estão naquela mala marrom no corredor - ele saiu do quarto e ela gritou pro corredor. - E depois você precisa me ajudar a trocar de roupa. Eu não posso ir para o hospital de pijamas e estou encharcada aqui - disse a última frase em volume normal. Harry já tinha voltado com a mala. Ele sacudiu a cabeça. Abriu o armário e escolheu uma bata branca de florzinhas que a mãe de Gina tinha dado de presente para a filha quando soube que seria avó. O resto da casa ainda estava uma bagunça. Eles tinham conseguido mudar para a mansão Potter, em Godric's Hollow, há apenas um mês e Harry não deixava que Gina se esforçasse em arrumá-la. Não queria prejudicar os últimos meses de gravidez da esposa. Ele, Rony e Mione tinham conseguido dar um jeito na casa mas ainda não estava do jeito que Gina gostaria. Ela esperava poder personalizar a própria casa depois que desse à luz. Ainda assim estava mais feliz de estar morando com Harry na casa deles do que abrigada com o marido n'A Toca ou na casa de Allana e Sirius. Ele ajoelhou aos pés dela, ajudando-a a colocar os chinelos e a se levantar da cama, como fazia todas as manhãs. - Me sinto estranha - disse enquanto ele desabotoava o pijama molhado dela. - Como assim? - perguntou enquanto trazia roupas de baixo limpas para ela. - Eu não sei. Parece que tudo faz sentido agora - ele sorriu. - Gina, nossa vida vai começar agora. Pela primeira vez não temos fantasmas nos assombrando - completou, fazendo com que o vestido passasse pela cabeça dela. Ela enfiou os braços nas mangas e virou de costas para ele, afastando os cabelos, para que abotoasse. Ele finalizou dando um rápido beijo no pescoço dela. Gina sentou-se na cama. - O que você está fazendo mamãe? - perguntou, curioso. - Está tudo pronto - disse, apontando para a mala marrom. - Vamos? Eu sei que você já sabe aparatar mas é melhor levarmos a autorização especial que Moody nos deu para o Hospital, caso alguém resolva encrencar por você ainda não ser uma bruxa formada. Podemos ir? - Gina deu uma gargalhada. - Eu até poderia aparatar agora Harry. Mas duvido que você possa fazer o mesmo... - disse, divertida. Ele franziu a testa. - Por quê? - perguntou, intrigado. Gina apontou para ele. - Imagina o que a Dra. Jones vai pensar se você chegar na Maternidade Bruxa assim, só de cuecas? - Harry corou. Na pressa tinha esquecido de se arrumar. Ele riu e se arrumou depressa, colocando uma calça jeans por cima da cueca samba-canção e vestindo uma camisa de flanela. Pegou as malas e esperou que Gina aparatasse para a Maternidade Saint Claire, fazendo o mesmo em seguida. Assim que chegaram no hospital, Gina foi acomodada em um quarto claro e espaçoso. Uma enfermeira a ajudou a colocar um roupão da própria maternidade. Separou para Harry um capote verde claro, para que usasse quando Gina começasse a dar à luz. A esposa pediu para que ele fosse até o Corujal do hospital e avisasse aos pais dela, Sirius, e Draco Malfoy, fez questão de lembrá-lo disso. Harry fez uma careta mas sabia que era importante para ela então não discutiu. Voltou depois de dez minutos. - Enviou as corujas? - ká estava devidamente acomodada na cama. Aos pés dois suportes para apoiar os pés e uma mesa coberta com um pano verde. - Não toque nessa mesinha, sim Sr. Potter? - disse Elisabeth, a enfermeira que ajudaria no parto. Harry sacudiu a cabeça. - Os instrumentos foram magicamente esterilizados - explicou. Gina o chamou para perto, vendo a expressão assustada que fez quando viu uma enorme tesoura sendo colocada pela enfermeira sobre o pano verde. - Está tudo bem? - ele acenou que sim mas de modo pouco convincente. Ela pegou a mão dele. - Olha bem para mim - ele fez o que ela pediu. - Eu não estou com nenhum pouco de medo. Então por que você estaria? - ele se sentou na beirada da cama mas Beth o advertiu para que não fizesse isso. Ele se levantou, desconcertado, enquanto a enfermeira conjurava um banquinho alto para ele. - São todas essas coisas. Eu estou assustado. Eu realmente acredito que não vá poder fazer muita coisa para ajudar você. Isso me incomoda. Eu não posso ter o bebê por você ou ajudá-la a tê-lo. É uma sensação de impotência - Gina sorriu. - Harry, você colocou o bebê dentro de mim. E você fez bem mais que me ajudar a gravidez inteira. Você me transformou em mulher e depois em mãe. O melhor que posso fazer é dar à luz ao nosso filho e transformá-lo em pai, como agradecimento - Harry ficou agradecido e, vendo que a enfermeira Beth estava de costas, por via das dúvidas, deu um beijo carinhoso na esposa. Nesse momento os dois ouviram um barulho no corredor. - É esse o quarto Arthur. Harry disse na carta. Nossa Gininha está no quarto 412 - era a voz de Molly. Harry piscou para a esposa e abriu a porta. - É aqui sim Sra.Weasley. Boa noite, aliás... - completou, consultando o relógio do corredor, que marcava duas horas da manhã. - Bom dia. Entrem - os pais de Gina entraram. Molly abraçou a filha, sentando-se na beirada da cama mas, ao contrário do que Harry esperava, Beth não reclamou. Ele olhou para o sogro e Arthur riu. Parecia ter adivinhado o que Harry tinha pensado. - As enfermeiras sempre implicam com os pais, filho. Imagine eu, que passei por isso sete vezes - Harry riu. Depois de alguns minutos Sirius e Allana bateram na porta e entraram, seguidos de Rony, Hermione e o resto dos irmãos de Gina. O quarto ficou lotado. - Como vocês souberam? - perguntou Harry, espantado. - Eu só ia avisar vocês mais tarde - Rony deu uma gargalhada. - Edwiges - Mione deu-lhe um cutucão. - E Pichitinho - completou. - Nada escapa a sua coruja branca Harry. Ela percebeu que vocês não tinham avisado a ninguém que tinham saído no meio da noite e resolveu se intrometer. - Era só o que me faltava... - Harry riu. - Edwiges voou até A Toca e acordou o Rony - Mione começou a contar. - Ele estranhou que não tivesse nenhuma carta sua presa nela e foi verificar se os pais sabiam de alguma coisa. Aí ele encontrou um bilhete dos dois avisando que estavam na Maternidade Saint Claire pois Gina estava tendo o bebê. Acordou os irmãos e me mandou um aviso pelo Pichi. E aparatamos todos aqui - completou, animada. Harry sorriu. - Está doendo filhinha? - disse Molly, a expressão preocupada. Gina sacudiu a cabeça. - Não mamãe. Não está - Harry se aproximou dela, entrelaçando a mão na da esposa. Ela pôs a outra mão na barriga e fez uma expressão enigmática. - O que houve? - perguntou Molly, falando alto e chamando a atenção de todos no quarto. Gina sorriu. - Uma contração... Acho eu - respondeu sem ter certeza. - Impossível - disse Molly. - Contrações doem, filha. Eu me lembro quando tive o Gui. Ele era tão grande que parecia que eu estava expelindo uma melancia pelo buraco de uma fechadura - Gina arregalou os olhos e Molly disfarçou. - Mas foi um ótimo parto aquele... - prosseguiu, tentando consertar a falta de tato. Harry poderia rir se não fosse a mulher dele que estivesse prestes a passar pela mesma experiência e ele tivesse tão vívida na memória a lembrança do parto complicado de Allana. Então alguém começou a abrir caminho por entre a multidão de pessoas ruivas. - Dra. Jones - Gina exclamou, vendo a médi-bruxa extremamente, baixinha e gordinha, passar entre os seus irmãos gêmeos. - Por favor pessoal. É maravilhoso que estejam aqui e que a minha paciente seja assim tão querida - disse, sorrindo e recebeu vários sorrisos em resposta. - Mas eu preciso que todos saiam agora - os sorrisos murcharam. - Vamos, vamos... - ela os tangeu para fora, batendo palmas, ajudada pela enfermeira Beth, que já tinha tentado esvaziar o quarto várias vezes mas ninguém havia lhe dado atenção. Molly tentou ficar, em vão, e Harry já ia saindo também, desanimado. - Eu te amo - disse, transmitindo segurança para Gina enquanto abria a porta mas a Dra. Jones o segurou pelo colarinho. - O senhor pensa que vai onde, Sr. Potter? Trate de vestir o capote - indicou a enfermeira Beth, que já segurava o capote verde para ele vesti-lo - e fique junto da sua esposa - ele abriu um sorriso para Gina e virou-se para a medi-bruxa. - Então eu posso ficar e assistir? - perguntou, ainda sem acreditar. - Não só pode como deve. O senhor não ajudou a essa mocinha a fazer esse bebê? Agora nada mais natural e justo do que o senhor ajudá-la a trazê-lo ao mundo - Gina sorriu para ele, que gostou da idéia. - E o que eu posso fazer, digo, eu sei que não posso literalmente ajudá-la no parto mas... - a Dra. o interrompeu. - Quem disse? - ela riu. - Está vendo essas pedrinhas de gelo? - Harry sacudiu a cabeça. - O senhor pode passá-las nos lábios da sua esposa. Ela vai sentir sede e isso irá relaxá-la também, como as compressas úmidas na testa. Mantenha-a confortável e apóie as costas dela na hora que eu mandar. Lembre-a de respirar profundamente - ele sacudiu a cabeça, fascinado por poder fazer tantas coisa por Gina. A esposa sorriu e levou a mão de novo ao ventre. - Outra contração - disse para o marido. A médica franziu a testa. Colocou a mão na barriga de Gina, que estava contraída e dura como uma pedra. - Não está doendo? - perguntou após examiná-la. Gina sacudiu a cabeça. - Estranho - pensou a medi-bruxa. - A bolsa d'água rompeu? - Gina confirmou. - Há quantas horas? - olhou para cima e tentou calcular nos dedos mas Harry respondeu prontamente. - Nós nos deitamos às nove, Gina acordou molhada às dez e meia então creio que sejam mais ou menos quatro horas - a Dra. Jones sorriu. Harry piscou para Gina. - Muito bem, vou verificar o andamento do parto. Acho que não vai demorar embora seja incomum em mães de primeira viagem - examinou Gina. - Bem, estamos com ótima dilatação. Vamos preparar tudo - disse, sinalizando para a enfermeira, que apoiou os pés de Gina nos suportes e descobriu a mesa com os instrumentos, colocando-a ao lado da Dra. Jones - Assim que vier a próxima contração você avisa Gina. Eu vou dizer o exato momento que quero que você empurre. Nessa hora faça força para baixo sim? - a garota assentiu. Ela entrelaçou a mão na de Harry, apertando. Ele estava atento. - Acho que vem vindo mais uma contração Dra. Jones. - Faça força querida - Gina prendeu a respiração. - Respire amor - Harry a lembrou. Ela soltou o ar, empurrando. - Estou com sede - sussurrou para o marido. Harry passou o gelo carinhosamente nos lábios rubros dela e o observou derreter rapidamente com o calor que ela emanava. Ela agradeceu. A testa dela estava molhada de suor. - Outra contração - avisou calmamente. A barriga ficou entumecida. A medi-bruxa estava impressionada como ela podia não estar sentindo dor alguma. - Estão bem próximas. Agora você vai empurrar com vontade Gina - a garota sacudiu a cabeça. A enfermeira pegou um pano esterilizado da mesinha e o colocou próximo, para envolver o bebê. - Outra - Gina disse. - Mais outra - completou. Harry passava a compressa na testa dela, aliviando-lhe. - Mais um pouco de força agora. Apóie sua esposa Sr. Potter - Harry segurou o tronco de Gina e a ajudou a praticamente sentar na cama, colocando travesseiros atrás dela. - Respire Gina - ele disse, lembrando-a de relaxar. Ela sacudiu a cabeça e respirou fundo duas vezes, tomando fôlego e empurrando o mais que pôde. Fincou as unhas nas mãos de Harry, que agora estava amparando-a por trás e tinha os braços em volta dela, as duas mãos seguras por ela. - Quase. Só a última forcinha - a medi-bruxa disse, animada. Gina fechou os olhos e sorriu, recostando-se em Harry. Estava exausta mas não tinha sentido qualquer dor. - Vamos meu amor - ele disse, beijando a bochecha vermelha e quente dela. Sentiu o corpo dela se contrair num último esforço e ouviu um choro forte preencher o silêncio do quarto. Gina abriu os olhos, relaxando o corpo no dele. Ela chorava. Tinha conseguido. Ou melhor, tinham conseguido juntos. Ela se virou para ele, que também chorava de emoção. - É uma menina - disse a medi-bruxa, terminando de enrolá-la. - Quer cortar o cordão papai? - ela estendeu a tesoura para Harry. Ele sorriu e aceitou o convite. Gina sorria e chorava ao mesmo tempo. A enfermeira pegou o precioso embrulhinho e entregou nos braços de Gina enquanto a Dra. Jones terminava os cuidados com a paciente. Harry nunca tinha se sentido tão pleno. Poderia explodir de tanta felicidade. Apenas ficou ali, segurando a família, os dois choravam e riam um para o outro, orgulhosos da filha. A enfermeira tornou o quarto mais apresentável enquanto a medi-bruxa arrumava as coisas. Elas já iam saindo quando os dois as chamaram e agradeceram por tudo. - Ora, de nada. Foi o parto mais especial que fizemos. Nunca vimos uma mãe dar à luz sorrindo - a Dra. Jones disse. A enfermeira concordou. - Não se esqueça Sra. Potter. Beba bastante líquido, leite e água. Amamentar dá muita sede - Gina sacudiu a cabeça. - Parabéns pela linda menina, r. Potter - as duas saíram do quarto. Harry ouviu o burburinho dos Weasley e dos Black do lado de fora fazendo perguntas mas queria ficar um minuto a sós com a família. Não conseguia falar nada. Gina abriu a parte superior do roupão e colocou a filha para mamar. Harry ficou admirado com a avidez que a menina abocanhou o seio da mãe e mamou com vontade, fazendo força e um barulho de sucção. As bochechinhas ficaram coradas imediatamente e o rubor se alastrou até as orelhinhas miúdas e perfeitas. Ele sorriu, constatando que a filha era, sem dúvida alguma, uma legítima Weasley. - Isso dói? - perguntou, distraído. Gina sorriu. - Não. É uma sensação estranha. De alívio, eu acho. É maravilhoso poder alimentar a nossa filha Harry. - Você é maravilhosa. Aliás, as duas são. Estou tão orgulhoso de vocês... - ele deu um beijo carinhoso nos lábios de Gina e outro na mãozinha da filha, que acabava de mamar. - Meu Deus. As nossas famílias. Eles estão lá fora. Devem estar loucos para entrar e conhecer a mais nova Potter e Weasley - Gina riu. - Harry - ela disse antes que abrisse a porta. - Vem aqui - ele se sentou na beirada da cama. Ela sorriu para ele. - Você ainda não segurou a nossa filha - ela estendeu o bebê para ele. Harry colocou a filha no colo. Olhou com ternura para ela. Gina tinha os olhos rasos de lágrimas. - Eu te amo. Obrigado - disse, olhando para a filha, e voltou-se para Gina. - Por você existir - as lágrimas escorriam dos olhos dela. - Eu ainda não acredito. Às vezes eu acho que vou acordar e descobrir que tudo foi um sonho. Que eu ainda sou aquela garotinha insegura que você não dava a mínima. - Eu te amo. Não fale assim, é tudo real - ela sorriu. - Harry Potter me ama e é meu marido. MARIDO - ela encheu a boca, em tom divertido. Ele riu. - Harry Potter, o pai da minha filha. Quem diria? - Eu diria - os dois se assustaram e deram de cara com Dumbledore, os olhos miúdos brilhando por cima dos óculos de meia-lua. - Olá professor - Gina disse, sorrindo. - A nossa filha não é linda? - ele se aproximou de Harry, que segurava a menina no colo. Abriu um grande sorriso. - De fato ela é - os olhos azuis cintilaram. - E muito especial. A primeira descendente de dois bruxos muito poderosos. A primeira Weasley Potter - Harry sorriu. - Ela é perfeita - disse, passando a filha para o colo do diretor. - É um milagre. Um presente divino - Gina completou. - Hannah - Dumbledore disse baixinho. Harry e Gina se entreolharam. - O que o senhor disse? - perguntou Gina. - Hannah - disse mais alto. - Significa presente divino - Harry sorriu. Realmente não poderia haver um nome mais perfeito para a filha. Gina acenou para o marido e ele consentiu. - Harry, vá lá fora chamar a nossa família para conhecer nossa Hannah - Dumbledore sorriu, satisfeito. - Eu já vou meus caros - disse, devolvendo a menina para Gina, e desaparatou logo em seguida. Em segundos o quarto estava lotado pelos Weasley, Hermione se espremia para tentar ver o bebê. A pequena Hannah dormia calmamente enquanto passeava de colo em colo. Gina e Harry riam, divertidos, vendo Fred e Jorge discutindo quem ia pegá-la no colo primeiro. Hermione acabou conseguindo segurar a menina antes deles e a entregou a Rony. - Hey! Isso não vale cunhadinha - disse Fred. - É, favoritismo com o Roniquinho... Que apelação - Mione riu enquanto Rony chorava como criança, segurando a sobrinha nos braços. De repente a senhora Weasley percebeu que a filha estava cansada e que logo a neta acordaria para mamar. Lembrava bem dessa parte. - Vamos, vamos... Todos para fora - tocou os filhos para o corredor. Apenas ela, Arthur, Sirius e Allana ficaram no quarto. Rony saiu abraçado a Hermione, que abafava risadas enquanto Fred e Jorge implicavam com ele. - Roniquinho está louco para ser mãe, vejam só - até mesmo Percy e os irmãos mais velhos riram dele. Sirius ficou olhando para Hannah, admirado. Allana segurou a menina perto dele e caminhou até os pais de Gina. Harry estava orgulhoso pela filha já ser tão querida. Arthur e Molly estavam também embevecidos pela neta. Como tinha sido com os filhos, Arthur não quis segurá-la. - Pode quebrar alguma coisa. Ela é muito pequena - respondeu diante da insistência da filha. Harry e Gina riram. - Seu pai só vai segurá-la quando estiver ficando com a cabeça em pé - Allana e Sirius também riram. - Não sei quanto a você - Sirius disse, olhando Arthur - mas eu quero segurar a minha... - parou mas Harry emendou, sorrindo. - Sua netinha? - disse, pegando Hannah do colo de Allana e a colocando no colo do padrinho. Sirius abriu um sorriso. - Tem certeza? - Harry piscou o olho para ele. - A tia dela não é muito mais velha, não é mesmo? - brincou, referindo-se à pequena Lílian. - Espero que Hannah não tenha medo de cachorro - Arthur deu uma gargalhada mas levou um tapa no braço, dado pela esposa. Gina tinha acabado de dormir.
- Vamos sair - disse Allana. - Ela precisa descansar. E de bastante água - Harry se lembrou da recomendação da médica. - Sra. Weasley, a senhora pode ficar um pouco com ela e Hannah enquanto eu trago água? - a sogra sorriu. - É claro querido. Vá - disse, apertando as bochechas de Harry como se fosse um garotinho. Ele saiu porta afora. Os Weasley quase todos já tinham ido embora. Apenas Rony e Mione estavam do lado de fora, esperando por Molly e Arthur. - Harry - Mione disse, sorrindo. Rony estava cochilando no sofá da sala de espera. Ela apontou o namorado com o olhar - Ele chorou até dormir. Tadinho. Muita emoção - Harry riu. - A Sr. Weasley está lá com ela. Eu vou buscar água. Ela vai querer quando acordar para amamentar nossa filha - Mione deu um sorriso, os olhos dela se encheram de lágrimas. - Ah Harry!- ela abraçou o amigo. - Eu vou sentir tanta saudade. Nós crescemos. Você já é pai. Hogwarts acabou. Nos formamos... - suspirou. - Mione, acho que agora nós vamos passar por outras aventuras. Diferentes mas igualmente interessantes - a amiga sorriu. - Eu suponho que sim não é? - Harry sacudiu a cabeça. Allana se despediu dele e Arthur foi cochilar ao lado do filho enquanto esperava por Molly. Harry observou o sogro babando no ombro de Rony e resolveu se apressar. - Deixa eu correr na copa e trazer uma jarra d'água antes que o nosso sogro afogue o coitado do Ron - Mione riu ao ver a sinfonia de roncos que pai e filho produziam. - Vá logo. Isso aqui é um hospital e devemos manter o silêncio - Harry sacudiu a cabeça, concordando. Sirius passou por eles e acompanhou o afilhado até o fim do corredor. - Eu estou muito feliz. - Eu também, Sirius. Allana já foi? - Já. Ela está cansada. Sabe como é a sua irmã, Lílian estava com a Arabella e ela também merece um descanso - Harry riu. Sabia que a irmã adorava ficar acordada de noite. - Estou orgulhoso de vocês dois filho - Harry não se abalou dessa vez. - Eu estava esperando que você dissesse isso Sirius - abraçou o padrinho como quem abraça um pai. - Agora eu entendo exatamente o que você quis dizer naquele dia. Sobre me amar como um filho - Sirius bagunçou ainda mais o cabelo dele, segurando a emoção. - Eu te amo muito Sirius. Da mesma forma que a um pai. E a Allana é a mãe que eu pude conhecer. Direi isso a ela assim que tiver oportunidade - Sirius fungou. - Ah garoto! Assim você acaba com a minha fama de durão - os dois riram e o padrinho desaparatou quando chegaram na porta da copa. Harry entrou e falou com a copeira de plantão. - Boa noite, digo, bom dia - disse, constatando ser quatro horas da manhã. A velha senhora sorriu para ele. - Ah! Então é verdade? Harry Potter é papai? - ele sorriu e balançou a cabeça. - É, e na verdade, sabe, eu gostaria de levar algo para minha esposa beber. Ela vai precisar, para amamentar nossa filha - a mulher sorriu e começou a separar vários tipos de suco, leite e água. Harry arregalou os olhos enquanto a mulher se desdobrava em mil. Mal sabia ele que nesse exato momento sua mulher estava recebendo uma visita que ainda não tinha aparecido. Draco bateu na porta, acordando Gina, e foi recebido por Molly Weasley, que abriu apenas uma fresta da porta. - Pois não? - disse, olhando desconfiada para o garoto. Pelo que podia lembrar e pelos cabelos ruivos presumiu que fosse a mãe de Gina. - Me desculpe Sra. Weasley - ele se esforçou para ser um cavalheiro. - A sua filha me avisou para vir para cá. Eu só recebi a coruja agora - Molly fez uma cara feia para ele. - Mamãe, quem está aí fora? - Gina perguntou. - É o garoto Malfoy - disse, muito a contragosto. Gina sorriu. - Então o mande entrar mamãe - Molly abriu o resto da porta para que entrasse. Ele entrou e ficou parado no meio do quarto, em pé, olhando para Gina. Hannah dormia profundamente no berço. Molly tinha as duas mãos na cintura. Olhava desconfiada para ele. Seguiu-se um desconfortável silêncio no qual os olhos cinzentos de Draco rodaram pelo teto do quarto. E de novo ouviram batidas na porta. A mãe de Gina foi abrir. Era Hermione, que estava tentando avisar que os dois Weasley tinham sido convidados a se retirar, pelos roncos altos. Molly olhou para a filha. Gina sorriu. - Vá mamãe. Por favor. Draco me fará companhia até o Harry voltar - insistiu. Molly saiu mas estava contrariada. Ela, o marido e Rony aparataram para casa, Mione voltou para a sua. Draco continuou de pé, distante do berço e de Gina. Ela sorriu para ele e o chamou com a mão. - Dá para você chegar mais perto? Eu só tive um bebê. Não estou com uma doença contagiosa - disse, sorrindo. Ele deu alguns passos para frente e Gina indicou o berço. Ele espichou o pescoço e olhou para a menina. - Ela não é linda? - perguntou, embevecida. Draco torceu o lábio. - Eu não sei... Se você e fã de joelhos... - Gina jogou um dos travesseiros nele. Draco riu e se abaixou. - Calma mamãe coruja. Eu estou só brincando - disse, devolvendo o travesseiro. - Ela seria mais bonita se não ficasse me encarando com os mesmos olhos verdes daquele pai dela... - disse cinicamente. - Mas, por outro lado, se ela for ruiva... - Gina não prestou atenção no resto que ele disse. - Ela está de olhos abertos? - prosseguiu, curiosa. - Está sim. De que outra forma eu poderia conferir a cor dos olhos dela ruiva? Eu não tenho aquele olho indiscreto do Moody sabia? - completou, sarcástico.- É o que acontece quando se está acordado. Ela abriu os olhos quando eu me aproximei do berço - disse, sério. Gina continuou surpresa.- O que foi? - perguntou, intrigado. - Nada... Esquece... - disse, desanimada. - Eu te conheço, Weas... Aliás, Potter - disse para irritá-la. - Eu sei quando está mentindo - Gina suspirou. - Você foi a primeira pessoa que a minha filha viu. Ela ainda não tinha aberto os olhos. Bebês demoram a fazer isso - pareceu desapontada. - Foi melhor do que ela ver a cara feia do pai dela - implicou. - Contanto que ela não pense que eu sou a mãe dela tudo bem por mim e... - mas ele percebeu que Gina tinha ficado triste com o que tinha acontecido. - Hey... Estou brincando aqui - ele se aproximou dela, vendo lágrimas brotarem dos olhos castanhos. Ela tinha ficado sensível pelos hormônios da gravidez, pensou. Ele lhe enxugou as lágrimas. Ela tentou sorrir. - Eu quero ser uma boa mãe. Mas a minha filha não olhou para mim - completou, choramingando. Draco poderia rir mas se controlou. - Olha só ruiva. Você é maravilhosa. Então vai ser uma mãe maravilhosa. É só usar o que você tem aí, dentro de você, e depois pelo número de filhos que a sua mãe teve vocês têm que ser bons nisso - disse, fazendo o melhor que podia. Não soube se eram os hormônios ou o quê mas o Gina puxou e, fazendo com que se sentasse na beira da cama, abraçou-o apertado. Então ela disse sem pensar. - Muito obrigada Draco. Você quer ser o padrinho da Hannah? - ele engoliu em seco. Mas o abraço era tão apertado e o cheiro dos cabelos dela era tão gostoso que a proposta se pareceu irrecusável. - Quero - respondeu mecanicamente. Nesse instante Hannah começou a chorar. Gina soltou-o do abraço e ele pareceu tonto. - Então comece a agir como padrinho e me passe a sua afilhada. Eu tenho que dar de mamar para ela - Draco olhou em volta. A menina continuou a chorar. Gina olhou curiosa para ele. - Draco, o que você está esperando? Me dê ela aqui. Eu ainda não posso levantar para pegá-la - disse de modo prático. Ele olhou em volta. - Você não prefere que eu chame alguém? Sabe, para pegar a menina... - Gina riu. - Draco você está com medo de quê? Ela não morde, ainda. Não tem dentes. É medo de se afeiçoar à filha de Harry Potter? - provocou. Draco fingiu que não tinha acertado e resmungou. - É claro que não é isso - disse, sem saber como segurar o bebê. - É que... Droga, Weasley... Como se segura esse negócio? - perguntou, desajeitado. Gina riu. - Esse negócio é minha filha, sua afilhada... Você devia ter mais respeito - ela riu. - Faz o seguinte, segure-a sempre sustentando a cabecinha, não é difícil. Eu confio em você. "Ótimo", ele pensou. "Era tudo o que eu queria ouvir: 'eu confio em você'. Como se eu, sem querer, deixasse essa garota com cara de joelho cair de cabeça no chão ela não fosse ser a primeira a me chamar de Malfoy e a me acusar de matar a filha do Potter" mas o pensamento sumiu da cabeça dele quando Hannah grudou os vivos olhos verdes nele e parou de chorar. Sabia que não a deixaria cair. Ele leu isso nos olhinhos dela. E isso o fez se sentir confiante. Ele a pegou do berço e entregou nos braços de Gina. Olhou para as duas e sentiu algo estranho. Era como se o que ele sentisse por Gina se estendesse agora para a filha dela. Dane-se que as duas eram Potter, nunca se importou quando Gina era uma Weasley. Isso nunca o tinha impedido de amar aquela garota ruiva, que corava por tudo. Embora fosse sempre ser o melhor amigo dela. De repente parou de pensar. Gina fez algo que o assustou. Ela começou a abrir a parte de cima do roupão. - Hey! Você não pode estar tão agradecida assim. Controle seus hormônios ruiva. O que você pensa que está fazendo? Quer me arrumar problemas? - perguntou, virando de costas imediatamente. - Draco, eu tenho que dar o seio para ela. Chama-se amamentar - ela riu, oferecendo o seio para Hannah, que o abocanhou animadamente. - E... E... Você simplesmente faz isso? Coloca o peito para fora e... E as pessoas? O que acham disso? - ela riu. - Draco, é normal amamentar. É sublime, algumas pessoas dizem. Aposto que você, como filho único, deve ter mamado por muito tempo. E eu não vou deixá- la morrendo de fome. Não é meu amor? - completou, fazendo carinho na bochecha contraída da filha. Draco permaneceu de costas. - Aí que você se engana. Depois que eu nasci minha mãe entrou em depressão. Ela não queria nem me ver. Na verdade ela ficou um ano assim. Os elfos domésticos cochichavam isso pelos corredores quando eu era malvado com eles, na realidade sempre. Eles diziam que eu tinha sido amamentado por uma ama de leite que foi arrancada de mim quando eu comecei a chamá-la de mamãe. Eu não me lembro direito - Gina ficou com os olhos rasos d'água e ele, mesmo de costas, adivinhou. - Não dê importância a essa história - ele se arrependeu de ter contado. - Na verdade, ela é uma das mais felizes da minha infância, eu nunca lhe contei sobre chibatadas e visitas às masmorras, você adoraria... - completou cinicamente. Gina tentou sorrir. Sabia que ele estava tentando apenas diverti-la. - Eu imagino o que você teve que suportar. Eu sinto muito. Pode se virar. Ela já acabou - ele se voltou para ela, que tinha a filha nos braços ainda. Ele não se lembrava de outra vez que a tivesse visto em que parecesse tão linda e perfeita. Ele se aproximou mas parou antes de poder tocá-la. - Eu vou indo... - disse, hipnotizado pela cena. - Visito vocês outro dia - saiu do quarto, fugindo dos próprios sentimentos. - Espera - Gina ainda tentou chamá-lo, em vão. Draco esbarrou em Harry, cheio de garrafas em uma bandeja, e quase o derrubou. - Malfoy? Você aqui? - perguntou, irritado. - O que você está fazendo aqui? - Draco bufou e respondeu antes de desaparatar. - A sua mulher me convidou. Insistiu para eu ficar lá dentro, olhando-a amamentar a minha afilhada, mas eu preferi sair - e desaparatou, deixando um Harry nada satisfeito para trás. Ele entrou no quarto e Gina estava acalentando Hannah. Antes que soubesse que era ele, ela disse. - Mudou de idéia Draco? - ela desfez o sorriso ao ver a expressão de Harry. - O que ele estava fazendo aqui? E que história é essa de ele ser o padrinho da Hannah? - disse, aborrecido. Gina suspirou. - Ele é meu amigo. Me ajudou depois que a mamãe saiu e... - a expressão dela mudou. - Mas que droga Harry. Eu não tenho que te dar explicações desse jeito. Isso é ridículo. Não estamos mais em Hogwarts. Estamos casados e temos uma filha agora, precisamos pelo menos parecer adultos... - disse, irritada. - Eu pensei que você confiasse em mim - emendou, visivelmente magoada. Ele percebeu que tinha sido rude. - E confio, só que... - ele ia completar mas ela o cortou. - Só nada. Faz parte da confiança você confiar nas minhas escolhas. Draco é meu amigo. Meu melhor amigo. Ele foi muito leal a nós e à Ordem. E eu quero que ele batize a Hannah. Pode ser? - Harry suspirou e concordou. A esposa sempre o fazia ver as coisas de um outro modo. Ele riu, de repente, enquanto servia um copo de suco para ela. Gina ergueu as sobrancelhas. - O que foi? - ele riu ainda mais. - Nada. Só estou pensando. Já que Malfoy será o padrinho de Hannah Cho Chang poderia ser a madrinha - disse entre risadas. Foi sua vez de levar uma travesseirada no rosto.
