ATO II
O Castelo
Eles voltaram pelo buraco da tapeçaria e saíram do Salão Comunal, com muito cuidado para não acordar a Mulher Gorda.
- Vocês já notaram que ela é o único quadro por aqui que não tem nome? "Mulher Gorda"... Sei lá, é cruel de mais!
- Xiu, Lílian! - repreendeu Remo - Você não está acostumada a sair com a gente, mas já sabe que a regra número um é...
- Fazer mais silêncio que um fantasma mudo. Eu sei, Remo. Então siga a regra você também.
Remo sentiu um leve calor nas orelhas e, enquanto continuavam caminhando, agora por uma passagem oculta, Sirius falou:
- Pontas, você pegou sua capa, filho?
- Droga! Esqueci de novo!
- Pra que serve essa capa, mané? Pra esconder sua coleção de revistas de mulher pelada?
- Remo, eu tenho a Lílian, quem precisa destas revista é você, amigo!
Lílian deu um tapa no ombro de Tiago, sorrindo.
- Empresta o mapa de novo, Tiago.
Tiago estendeu o mapa para Remo, que o olhou por alguns instantes e em seguida guardou nas próprias vestes, dizendo:
- Bom, sem a capa, é melhor a gente mudar um pouco o caminho e ir pelas passagens que o Filch não conhece.
- A gente explodiu uma delas semana passada, lembra, Aluado?
- A gente uma vírgula! O Rabicho explodiu! - Reclamou Remo.
- Coitado do moleque, cara, ele só tava querendo assustar aquela gata maldita! - Sirius sabia ser justo quando era necessário.
- Mas era a melhor passagem pro dormitório da Sonserina. Como vamos colar o Ranhoso na cama agora?
Lílian amarrou a cara, numa clara expressão de desaprovação, e começou a dar tapas nas costas de Remo:
- Você... É... Monitor!
- E o Ranhoso... É... Feio! - imitou Sirius.
- Pessoas, resolvam seus problemas sexuais amanhã, por favor, não queremos acordar os quadros, queremos? - Tiago falava em tom conciliador, passando a mão pelos cabelos, sorrido displicentemente.
Eles tornaram a caminhar em silêncio, evitando ao máximo tomar as passagens mais conhecidas, o que fez com que demorassem muito mais que o planejado. Quando chegaram à última câmara antes de seu destino final, a quarta hora do dia estava perto de chegar.
Eles sentaram no chão e raciocinaram por alguns minutos. Lílian entrelaçou os dedos aos de Tiago e deitou a cabeça no ombro do namorado, bocejando. Remo estava claramente com sono e Sirius segurava a cabeça abaixada com ambas as mãos.
- Acho melhor a gente voltar. Tá tarde e eu tô morrendo de sono. - Remo parecia voltar à responsabilidade a cada dez minutos.
- Eu vou ficar com o mapa pra ver se o Filch não vai aparecer, e você vai ficar por que é nosso melhor guia, Aluado. - Disse Sirius, erguendo a cabeça e afastando os longos cabelos negros dos olhos.
- É o que eu ganho por ser amigo do Pontas!
- Maroto uma vez, maroto sempre! - Falou Lílian molemente - E como eu sei disso!
- Escuta Pontas, se a Lili disser "Os Marotos ou eu!" o que você escolhe, cara? - Desafiou Sirius.
- Os Marotos, claro - Antes que Lílian pudesse protestar, ele continuou - Afinal, ela é uma de nós!
Ela sorriu, sem graça, e beijou o rosto de Tiago como quem afaga um cãozinho e diz "Bom garoto!".
- Mas ela não passou pela iniciação.
- Nós não temos iniciação, Aluado. - Riu-se Sirius.
- Ah! É mesmo, tinha esquecido... Então, os pombinhos vão voar ou vão continuar pousados um no outro? Assim eu fico com ciúmes!
Sirius pendeu o corpo pro lado e tentou puxar o rosto de Remo, dizendo:
- Fica assim não, amor, dá um beijinho aqui, dá!
Todos riram, pela primeira vez na noite sem se preocupar com o volume. Estavam numa parte tão isolada do castelo que nem os fantasmas deveriam conhecê-la e, subitamente, Lílian pareceu tomar conhecimento disso:
- Essa câmara... Vocês acham que serve para quê?
- Para alunos transgressores descansarem antes de saírem com a namorada pelos jardins do castelo durante a madrugada, oras. Para que mais? - Remo tinha feito uma falsa expressão pensativa ao dizer isso.
- Amor, a gente já viu tanta coisa totalmente sem propósito nesse castelo, que uma câmara assim se tornou banal.
- É. Eu ainda quero encontrar de novo aquela sala cheia de sapos de chocolate! - Falou Remo lambendo a própria boca.
Lílian bocejou e se aconchegou no peito de Tiago, que começou um cafuné na namorada, após beijar-lhe o topo da cabeça:
- Quer voltar, linda?
- Não, só queria te abraçar um poquinho.
Sirius ficou de pé, entortou a cabeça para o lado e começou a tocar, com a varinha, um violino inexistente:
- Querem o quê? Debussy? Paganini?
- Black Sabbath, amigo Black! - Respondeu Tiago, irônico.
- Ê! Falou o trouxa moderninho! - Brincou Remo.
- Cara, párem com essa mania! Eu nunca fui trouxa! Eu só gosto deles! - E lançou um olhar sorridente para Lílian - Que horas são, Aluado?
- Sem ponteiro, cara! - respondeu Remo mostrando os pulsos para Tiago.
- Sirius? Li?
Os dois responderam negativamente, e Tiago continuou:
- Bom, melhor a gente ir antes que amanheça.
- Vamos então, amor. Remo, pode fazer o favor?
Remo se levantou e olhou atentamente uma das paredes até localizar um tijolo solto, que ele puxou. Aquilo acionou uma magia que fez os tijolos grandes daquela parede se reorganizarem e abrirem um largo portal para os jardins ao lado esquerdo do castelo, o mais isolado. Daquele lado estava o dormitório da Lufa-Lufa e, mais atrás, o da Sonserina.
A luz do luar era como um holofote e podia-se ver com clareza as cores de cada uma das flores que coalhavam aquele lugar. Tiago e Lílian se levantaram e saíram da câmara, indo de encontro à suave e refrescante brisa da noite. O ar tinha um cheiro estranho, como de lavanda misturada com vapor d'água.
Sirius apertou a mão de Tiago e sussurrou algumas palavras ao pé de seu ouvido, que o outro retribuiu com um sorriso.
Remo aproximou-se e, após acenar para Lílian, dirigiu-se com uma voz fria e paternal para um Tiago que passava a mão esquerda pelos cabelos:
- Pontas, pres'tenção: Se alguém se aproximar das janelas desse lado, eu vou lançar algumas faíscas verdes e prata para o céu, assim, se desconfiarem de algo, pensarão em um aluno da Sonserina. Se virem estas faíscas é importante que não saiam correndo, mas sim esperem um minuto e venham calmamente para cá. O sinal para vocês correrem será de faíscas amarelas.
Tiago fez como se estivesse anotando tudo o que Remo falara, e disse:
- O.k., mamãe. Não falaremos com estranhos, nem aceitaremos doces de duendes. Mais alguma coisa?
- Sim. - Remo sorriu, colocando as mãos nos ombros de Tiago - Divirtam-se.
O Castelo
Eles voltaram pelo buraco da tapeçaria e saíram do Salão Comunal, com muito cuidado para não acordar a Mulher Gorda.
- Vocês já notaram que ela é o único quadro por aqui que não tem nome? "Mulher Gorda"... Sei lá, é cruel de mais!
- Xiu, Lílian! - repreendeu Remo - Você não está acostumada a sair com a gente, mas já sabe que a regra número um é...
- Fazer mais silêncio que um fantasma mudo. Eu sei, Remo. Então siga a regra você também.
Remo sentiu um leve calor nas orelhas e, enquanto continuavam caminhando, agora por uma passagem oculta, Sirius falou:
- Pontas, você pegou sua capa, filho?
- Droga! Esqueci de novo!
- Pra que serve essa capa, mané? Pra esconder sua coleção de revistas de mulher pelada?
- Remo, eu tenho a Lílian, quem precisa destas revista é você, amigo!
Lílian deu um tapa no ombro de Tiago, sorrindo.
- Empresta o mapa de novo, Tiago.
Tiago estendeu o mapa para Remo, que o olhou por alguns instantes e em seguida guardou nas próprias vestes, dizendo:
- Bom, sem a capa, é melhor a gente mudar um pouco o caminho e ir pelas passagens que o Filch não conhece.
- A gente explodiu uma delas semana passada, lembra, Aluado?
- A gente uma vírgula! O Rabicho explodiu! - Reclamou Remo.
- Coitado do moleque, cara, ele só tava querendo assustar aquela gata maldita! - Sirius sabia ser justo quando era necessário.
- Mas era a melhor passagem pro dormitório da Sonserina. Como vamos colar o Ranhoso na cama agora?
Lílian amarrou a cara, numa clara expressão de desaprovação, e começou a dar tapas nas costas de Remo:
- Você... É... Monitor!
- E o Ranhoso... É... Feio! - imitou Sirius.
- Pessoas, resolvam seus problemas sexuais amanhã, por favor, não queremos acordar os quadros, queremos? - Tiago falava em tom conciliador, passando a mão pelos cabelos, sorrido displicentemente.
Eles tornaram a caminhar em silêncio, evitando ao máximo tomar as passagens mais conhecidas, o que fez com que demorassem muito mais que o planejado. Quando chegaram à última câmara antes de seu destino final, a quarta hora do dia estava perto de chegar.
Eles sentaram no chão e raciocinaram por alguns minutos. Lílian entrelaçou os dedos aos de Tiago e deitou a cabeça no ombro do namorado, bocejando. Remo estava claramente com sono e Sirius segurava a cabeça abaixada com ambas as mãos.
- Acho melhor a gente voltar. Tá tarde e eu tô morrendo de sono. - Remo parecia voltar à responsabilidade a cada dez minutos.
- Eu vou ficar com o mapa pra ver se o Filch não vai aparecer, e você vai ficar por que é nosso melhor guia, Aluado. - Disse Sirius, erguendo a cabeça e afastando os longos cabelos negros dos olhos.
- É o que eu ganho por ser amigo do Pontas!
- Maroto uma vez, maroto sempre! - Falou Lílian molemente - E como eu sei disso!
- Escuta Pontas, se a Lili disser "Os Marotos ou eu!" o que você escolhe, cara? - Desafiou Sirius.
- Os Marotos, claro - Antes que Lílian pudesse protestar, ele continuou - Afinal, ela é uma de nós!
Ela sorriu, sem graça, e beijou o rosto de Tiago como quem afaga um cãozinho e diz "Bom garoto!".
- Mas ela não passou pela iniciação.
- Nós não temos iniciação, Aluado. - Riu-se Sirius.
- Ah! É mesmo, tinha esquecido... Então, os pombinhos vão voar ou vão continuar pousados um no outro? Assim eu fico com ciúmes!
Sirius pendeu o corpo pro lado e tentou puxar o rosto de Remo, dizendo:
- Fica assim não, amor, dá um beijinho aqui, dá!
Todos riram, pela primeira vez na noite sem se preocupar com o volume. Estavam numa parte tão isolada do castelo que nem os fantasmas deveriam conhecê-la e, subitamente, Lílian pareceu tomar conhecimento disso:
- Essa câmara... Vocês acham que serve para quê?
- Para alunos transgressores descansarem antes de saírem com a namorada pelos jardins do castelo durante a madrugada, oras. Para que mais? - Remo tinha feito uma falsa expressão pensativa ao dizer isso.
- Amor, a gente já viu tanta coisa totalmente sem propósito nesse castelo, que uma câmara assim se tornou banal.
- É. Eu ainda quero encontrar de novo aquela sala cheia de sapos de chocolate! - Falou Remo lambendo a própria boca.
Lílian bocejou e se aconchegou no peito de Tiago, que começou um cafuné na namorada, após beijar-lhe o topo da cabeça:
- Quer voltar, linda?
- Não, só queria te abraçar um poquinho.
Sirius ficou de pé, entortou a cabeça para o lado e começou a tocar, com a varinha, um violino inexistente:
- Querem o quê? Debussy? Paganini?
- Black Sabbath, amigo Black! - Respondeu Tiago, irônico.
- Ê! Falou o trouxa moderninho! - Brincou Remo.
- Cara, párem com essa mania! Eu nunca fui trouxa! Eu só gosto deles! - E lançou um olhar sorridente para Lílian - Que horas são, Aluado?
- Sem ponteiro, cara! - respondeu Remo mostrando os pulsos para Tiago.
- Sirius? Li?
Os dois responderam negativamente, e Tiago continuou:
- Bom, melhor a gente ir antes que amanheça.
- Vamos então, amor. Remo, pode fazer o favor?
Remo se levantou e olhou atentamente uma das paredes até localizar um tijolo solto, que ele puxou. Aquilo acionou uma magia que fez os tijolos grandes daquela parede se reorganizarem e abrirem um largo portal para os jardins ao lado esquerdo do castelo, o mais isolado. Daquele lado estava o dormitório da Lufa-Lufa e, mais atrás, o da Sonserina.
A luz do luar era como um holofote e podia-se ver com clareza as cores de cada uma das flores que coalhavam aquele lugar. Tiago e Lílian se levantaram e saíram da câmara, indo de encontro à suave e refrescante brisa da noite. O ar tinha um cheiro estranho, como de lavanda misturada com vapor d'água.
Sirius apertou a mão de Tiago e sussurrou algumas palavras ao pé de seu ouvido, que o outro retribuiu com um sorriso.
Remo aproximou-se e, após acenar para Lílian, dirigiu-se com uma voz fria e paternal para um Tiago que passava a mão esquerda pelos cabelos:
- Pontas, pres'tenção: Se alguém se aproximar das janelas desse lado, eu vou lançar algumas faíscas verdes e prata para o céu, assim, se desconfiarem de algo, pensarão em um aluno da Sonserina. Se virem estas faíscas é importante que não saiam correndo, mas sim esperem um minuto e venham calmamente para cá. O sinal para vocês correrem será de faíscas amarelas.
Tiago fez como se estivesse anotando tudo o que Remo falara, e disse:
- O.k., mamãe. Não falaremos com estranhos, nem aceitaremos doces de duendes. Mais alguma coisa?
- Sim. - Remo sorriu, colocando as mãos nos ombros de Tiago - Divirtam-se.
